2021 | TOP20 Livros


Não sei o que aconteceu. Quando dei por mim, tinha 66 livros registados como lidos no Goodreads este ano e fiquei completamente chocada. Nunca, na minha vida, tinha lido tanto como este ano — e não estou, de todo, a ser modesta: para referência, em 2020 li 27 livros, que eu já considerava mais do que a minha média habitual. 

Sinto que os livros, nestes últimos dois anos, têm sido um grande refúgio para me abstrair da dura realidade que estamos a viver. Entre confinamentos e limitações de circulação, os livros ofereceram-me a sensação de escapismo que todos nós temos procurado: alguns na moda, outros nas redes sociais, eu, certamente, nos livros.

O resultado? Partilhei convosco um livro por semana no blogue e fiquei com um TOP20 praticamente impossível de decidir. Mas cá está ele, em toda a sua improbabilidade!

Uma última nota antes de saltarmos para este TOP: quero deixar o meu sincero obrigada a todos os que, ao longo deste ano, foram utilizando os meus links de afiliada para comprarem as suas histórias. Isso é um grande apoio para que continue a procurar livros novos para ler e vos recomendar. E um imenso obrigada pelo voto de confiança em todos os livros que compraram por recomendação minha. Eu espero que cada história tenha trazido o conforto, inspiração e entusiasmo que trouxe para mim. Estas foram as minhas histórias preferidas de 2021:


Maria Dulce Cardoso
"O meu grande fascínio pela escrita de Dulce Maria Cardoso  e que não será novidade para quem já é entusiasta da autora — é a forma sublime como ela descreve certos sentimentos e raciocínios muito particulares. Não damos conta de que eles estiveram sempre connosco até ela os descrever de uma forma tão objetiva que nem imaginamos como poderiam ser descritos de outra forma."

E. H. Gombrich
"(...) é exatamente aquilo que o título antecipa: um resumo leve, acessível e muito apelativo sobre a História do mundo, desde religião aos costumes e conquistas. Nasceu de uma premissa muito interessante: Ernst Gombrich quis escrever um livro que contasse a História de várias nações e religiões de uma forma que fosse apelativa para o público juvenil e até adulto. Sem aspeto de manual de História, sem datas desnecessárias que só servem para os exames, sem a cobrança para decorar nomes. Capítulos concisos com alguns pormenores que encantassem o leitor mas, essencialmente, seria um resumo do principal que aconteceu à nossa civilização — e que nos torna quem somos hoje."


María Dueñas
"Sila é uma mulher de origens humildes, delicada e muito talentosa para a costura. Vive em tempos instáveis e numa Madrid que depressa vai sofrer grandes transformações. Uma série de acontecimentos e decisões (...) levam-na a Tetuán, onde conhece personagens improváveis e é levada para uma verdadeira aventura onde quem vence são os espertos e oportunistas."


Catarina Gomes
"Perante este cenário de quase puro horror, Catarina Gomes faz um retrato destes oito pacientes com muita sensibilidade e respeito, recuperando um pouco da dignidade que, dentro daquelas quatro paredes, muitas vezes se parece ter perdido. Sem cair na romantização, cada objeto ganha forma para um ser humano com um percurso de vida que, de alguma forma, foi terminar no hospital Miguel Bombarda (em algumas histórias, muito injustamente)."


Rosa Montero
"Nunca tinha lido um livro sobre luto que encaixasse tão bem nas minhas convicções, e o paralelismo entre a dor que a autora sentiu pela perda do parceiro e a que Marie Curie deixou registado no seu diário é feito de forma orgânica e sublime."


Adam Kay
"Os pacientes insólitos e inesquecíveis, o casos improváveis, as centenas de horas sem descanso ao serviço dos outros, as decisões de vida ou de morte que têm de ser tomadas num par de segundos e a rotina esgotante da profissão são contados, quase paradoxalmente, de uma forma informal, muito cómica, carismática e leve, sem nos poupar, no entanto, às dúvidas profissionais do próprio Adam e a sua constante indagação se esta total dedicação poderá valer a pena."


Martha Medeiros
"Entre amor, amizade, solidão, feminismo e outras tantas aleatoriedades, são raras as vezes em que não me encontro no mesmo comprimento de onda da autora (e quando não estou, compreendo o dela e aceito as diferenças)."



13 | EAT UP!
Ruby Tandoh
"Eat Up! procura explorar este lado mais social, cultural e económico da nutrição. Numa narrativa muito acessível e próxima, Ruby vai dedicando cada capítulo a um aspeto do nosso quotidiano ou da atualidade que influencia os nossos comportamentos à mesa. Desde a comida de conforto à dicotomia do slow fashion no acesso de roupa a mulheres que não estão dentro do padrão económico ou fisionómico, passando pelo contexto histórico de alguns alimentos e até regimes alimentares."


Afonso Cruz
"Esta história bem pequena — que conseguem ler, perfeitamente, numa tarde — conta a história de Elias Bonfim, um menino que procura respostas após o desaparecimento do seu pai, que se perdeu na leitura. Numa mistura entre o real, o metafórico e as referências literárias de peso, entramos numa viagem pela literatura e por aquilo que os livros acrescentam à nossa vida."


Matt Haig
"Midnight Library pega numa pergunta que, certamente, já esteve presente na nossa mente (‘Como seria se tivesse escolhido A? Se tivesse acontecido B? Se fosse C?’) e torna-a numa história muito interessante sobre saúde mental. A forma sensível e articulada com que fala sobre transtornos mentais é comovente, mas também reconfortante, levando-nos a rever o nosso próprio caminho e a pensar que não poderia ter sido de outra maneira ou com outro tipo de personalidade."


10 | HUMANKIND
Rutger Bregman
"Humankind não se limita a provar que o ser humano é bom, mas também demonstra como o nosso sistema político, económico e social está a perder e a prejudicar-nos por não reconhecer este facto. Embora não exista nada nas palavras de Bregman que seja inusitado — muito pelo contrário, todas as suas argumentações têm uma lógica e um raciocínio —, todo o conceito do livro é revolucionário."


Cynthia Kim
"Nerdy, Shy and Socially Inappropriate é escrito na 1ª pessoa e é um testemunho de uma mulher autista que aprendeu não só a aceitar o seu diagnóstico, como a viver com autismo. (...) Cynthia relata o seu percurso, desde as primeiras perceções na infância de que não era 'como os outros', à aceitação do diagnóstico e à dinâmica quotidiana, profissional, social e familiar para contornar as suas fragilidades perante uma condição complexa."


08 | UM DIA
David Nicholls
"No dia 15 de julho de 1988, Emma e Dexter conhecem-se na noite da sua graduação de licenciatura. Este poderia ter sido um encontro com uma certa validade e alguns sentimentos platónicos, mas rapidamente nos apercebemos do curso da narrativa: duas personagens, vinte anos e sempre a mesma data."


Taylor Jenkins Reid
"Os Sete Maridos de Evelyn Hugo é uma história sobre amor e poder (sem que os dois estejam, necessariamente, interligados). Um livro que se lê num sopro e que não nos deixa ficar indiferentes. A cada capítulo, despertamos novas emoções e opiniões em relação a Evelyn e a todas as personagens que orbitam a sua história. A construção do enredo é muito forte e sentimos o amadurecimento das personagens e da própria narrativa."


06 | ATONEMENT
Ian McEwan
"Esta é uma história sobre inocência, sentido de justiça, mas também de culpa e perdão. É uma história que quase roça o cruel, mas a Humanidade das personagens resgata para a transformar numa história real sobre os erros irreversíveis. Acho que, à medida que lemos este livro mais velhos, sentimos mais empatia (mas também tristeza) pelas personagens."


Charlie Mackesy
"Num paralelismo compreensível com O Principezinho, este é um livro que se poderia ler num sopro, mas que damos por nós a saborear as páginas devagar, apreciando os diálogos simples, as analogias poéticas, a sensibilidade de temas como a amizade, saudade, amor e confiança. Deliciamo-nos com as ilustrações e cada momento da história desperta em nós memórias, reflexões ou sensações diferentes, consoante a nossa fase de vida."



Alexandra Lucas Coelho
"É um livro que se lê num sopro mas fica connosco durante muito tempo, que nos transporta para todos os lugares que Alexandra Lucas Coelho vai descrevendo e contextualizando historicamente e ainda as figuras que resgata e embrulha com um pouco de opinião política e social."


03 | EM CASA
Bill Bryson
"(...) muito mais do que um livro sobre casas, este é um livro sobre a evolução da alimentação, sobre arquitetura e decoração, sobre a evolução da ciência e a magnitude das invenções falhadas de tantas figuras da ciência que, entre erros, desvendaram soluções indispensáveis aos dias de hoje. Acima de tudo, é um livro que nos faz pensar no quanto damos por garantido algumas das comodidades que, há bem pouco tempo na História, eram um sonho longínquo."


Bill Bryson
"Uma das coisas que mais gostei neste livro é que Bill Bryson não decidiu escrever um livro sobre a Austrália só visitando Sidney (...). O autor passa pela cidades mais emblemáticas (...), mas também aventura-se pelo outback (assim conhecida a zona deserta e perigosa da Austrália), vê o nascer do sol em aldeias que ainda vivem noutro século, explora as maravilhas do Grande Recife de Coral e parte em busca do Uluru, sempre com o mesmo carisma e humor, que me fez rir alto em algumas passagens."


Jia Tolentino
"Embora seja um livro de leitura recomendada para todos, é uma obra que eu destacaria, sem dúvida, para as mulheres — até porque este é, claramente, um livro escrito de mulher para mulher. Desde a internet e redes sociais, religião, consumo de drogas, assédio, exercício físico, alimentação, literatura, empreendedorismo e até casamento, Jia explora um tema por capítulo tendo sempre como ponto de partida uma experiência pessoal que a fez descobrir o quanto temos, enquanto sociedade, uma ilusão enraizada sobre estes e muitos outros temas."


Leram algum livro desta lista? Qual foi a vossa leitura preferida de 2021?

2 comentários

  1. Tenho lido alguns dos livros que costumas recomendar e tenho gostado muito. Por isso, agora tenho adicionado à minha lista mais e mais livros que tu sugeres e está enorme!

    Um beijinho, Inês!

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  2. Tenho um ou outro na minha lista de livros a ler em 2022.
    Confesso que este foi o ano em que também li mais, batendo o meu próprio record...70! Há uns anos li 51 e nunca mais consegui repetir essa proeza.
    Beijinho e boas leituras.

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