Já queria ler Maria Dulce Cardoso há muito tempo e as
propostas eram tantas que me senti confusa por onde começar. Uma edição
vermelha e um título promissor (afinal, eu também acredito que tudo são
histórias de amor), pareceu-me um bom ponto de partida. Terminada a leitura, sei
que foi a escolha certa.
Tudo São Histórias de Amor é uma coletânea de 19
contos que, de alguma forma, falam de amor. Nem sempre o mais clássico, o amor
romântico, mas todos eles sobre amor.
O meu grande fascínio pela escrita de Dulce Maria
Cardoso — e que não será novidade para quem já é entusiasta da
autora — é a forma sublime como ela descreve certos sentimentos e
raciocínios muito particulares. Não damos conta de que eles estiveram sempre
connosco até ela os descrever de uma forma tão objetiva que nem imaginamos como
poderiam ser descritos de outra forma. É quase como que uma magia, e a prova
viva de que bons autores têm de saber fazer isto e que, quando é bem feito, a
escrita vence.
Adicionalmente,
a minha edição vem com um suplemento inicial chamado ‘Diário de uma cuidadora
informal ou para que servem os velhos?’, onde a autora partilha vários registos
diários e verídicos da sua jornada enquanto cuidadora informal da mãe, que
sofre de uma doença neurológica. Se já me acompanham algum tempo
(principalmente, o meu percurso profissional), não será uma surpresa saberem
que eu tive particular empatia por este segmento e que, não sendo um conto, foi
o meu texto sobre o amor preferido. Expôs de uma forma sublime (mas nunca
romantizada), o desafio de cuidar de alguém, a dualidade de sermos um indivíduo
com necessidades, vontades e uma vida também para viver e o sentido de missão
de proteger e olhar por alguém que outrora olhou por nós. Fala sobre a vida,
sobre a perda de memória. Achei um segmento muito especial e, por isso mesmo,
sem ainda ter lido o restante repertório (que tenho a certeza de que será
fantástico), já sei que este será o meu livro preferido dela.
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Bertrand
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