No dia 15 de julho de 1988, Emma e Dexter conhecem-se na noite da sua graduação de licenciatura. Este poderia ter sido um encontro com uma certa validade e alguns sentimentos platónicos, mas rapidamente nos apercebemos do curso da narrativa: duas personagens, vinte anos e sempre a mesma data.
Esta é a originalidade de Um Dia: acompanhamos a evolução de Emma e Dexter ao longo de duas décadas, mas sempre no dia 15 de julho. E embora a adaptação do filme — cuja review deixei aqui mas antecipo que não adorei — seja muito focada neste pormenor cronológico, o livro explora em detalhe a evolução das duas personagens enquanto indivíduos (com as suas aspirações, dificuldades e aprendizagens), mas também na dinâmica entre os dois. Emma sonha poder mudar o mundo através da sua escrita, mas é contida e desvaloriza-se. Dexter aspira poder atingir o estrelato e a popularidade, fazendo uso do seu carisma e aparência. Estes são os votos que acompanhamos no tal dia 15 de julho de 1988 e não conseguimos deixar de pensar onde é que eles estarão dali a alguns anos. E o livro dá essa resposta.
Nunca tive um romance preferido, algo que me arrebatasse ou que eu considerasse um verdadeiro favorito, e achei curioso que esta leitura aleatória numas férias de verão resultasse num encontro perfeito com um romance muito realista, com referências ao passado muito orgânicas e com dinâmicas entre personagens e o ambiente muito autênticas. Ainda que seja uma história fictícia (e que inclua contextos, excessos ou escolhas que não são transversais à vida de todos), esta é uma história que poderia perfeitamente encaixar na realidade e que me relembra o quanto as palavras por dizer, as escolhas que não são feitas com sinceridade e as autossabotagens podem nos atrasar para uma fase de vida mais realizada.
Foi inevitável comparar com Normal People, que fez um sucesso tremendo no ano passado precisamente pelo seu carácter platónico e pela dinâmica não-verbal, que definiu toda a relação. Dava por mim a ler Um Dia e a pensar que, se este livro voltasse às prateleiras de bestseller (onde outrora esteve), seria um êxito ainda mais arrebatador do que quando saiu há mais de dez anos. Não gostei de Normal People, mas Um Dia conquistou-me e guardei a leitura com muito carinho (e não minto nem desminto que me possa ter emocionado nas páginas finais, onde fui totalmente apanhada de surpresa). Recomendo muito!
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Bertrand
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Por acaso ainda não li nem vi o filme.
ResponderEliminarAmei saber que se emocionou e gostou do livro, já fiquei curiosa para ler também e essa edição é linda, a capa me chamou atenção.
ResponderEliminarBeijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Adoro o livro e, desde que notei que o filme está na Netflix, ando com vontade de voltar a esta história... e agora que li a tua publicação essa vontade aumentou ainda mais! Maaaaas discordo de uma parte: eu gostei muito do Normal People! 😂
ResponderEliminarA Sofia World