terça-feira, 29 de novembro de 2022
Esta é a terceira e última parte do segmento ‘Vamos Falar Sobre Saúde Mental’. Nas duas primeiras partes (I Parte & II Parte) conversei com a psicóloga Dalila Melfe para, de um ponto de vista profissional, esclarecer algumas dúvidas sobre saúde mental e expectativas acerca da consulta de psicologia.
Nesta parte, irei falar do processo terapêutico na lógica de paciente. É, por isso, um relato muito individual e a minha experiência pode não se equiparar, de todo, à vossa. No entanto, pediram-me um testemunho da minha parte, pelo que partilho convosco para que possamos quebrar alguns tabus e pudores em relação à jornada terapêutica.
segunda-feira, 28 de novembro de 2022
sábado, 26 de novembro de 2022
Sinto que a minha higiene do sono está praticamente aprimorada e, quando tudo o resto não se alinha tão bem, pelo menos, o momento de ir dormir não é um fator de stress. Já tinha na minha rotina um cobertor pesado (do qual não abdico por nada!) e um som de despertador suave (o som da chuva), mas juntei, recentemente, mais um elemento: um sunrise alarm.
Já tinha lido várias reviews e feedback positivo, mas o carimbo de qualidade foi decisivo com O Teu Mal é Sono. Um sunrise alarm é um despertador que vai acendendo uma luz que aumenta em intensidade até nos acordar. A ideia é mimetizar o efeito do nascer do sol e permitir-nos um despertar natural e sem o sobressalto do som dos alarmes (que – aprendi com elas – não é muito benéfico termos micro-sustos cardíacos logo pela manhã, todos os dias, com o som dos alarmes).
Há vários despertadores com este modo no mercado, uns com mais funcionalidades, outros mais amigos da carteira, mas depois de todas as reviews que li e da minha própria experiência, a minha escolha foi para o Lumie Spark 100 por alguns pontos-chave: a superfície luminosa é baça, não é brilhante (uma preferência pessoal), tinha ótimas reviews de durabilidade e eficácia e a luz mais intensa é realmente forte para me despertar e para eu conseguir usar como candeeiro de leitura. Existem despertadores com muito mais funcionalidades do que este – alguns têm rádio, coluna Bluetooth, vários sons de alarme suaves (…) – mas havia uma review quase transversal na maioria desses despertadores: que não tinha uma luz final suficientemente intensa para despertar ou para conseguir ler na cama.
Incorporar um sunrise alarm na rotina foi simples e sem grandes mudanças: programei a hora a que quero ser despertada (e é nessa hora em ponto que a luz do despertador estará mais intensa). Meia hora antes, a luz vai ganhando intensidade até chegar ao nível final, tal como o nascer do Sol. Desde que tenho o despertador, tenho acordado sempre com a luz, sem necessidade de alarme, mas é importante salientar que eu não tinha hábito de fazer snooze. Por precaução, tenho sempre o meu alarme da chuva ativado para 30 min. depois da hora que programei no despertador, mas, até agora, nunca mais precisei dele.
Outra programação que adoro nestes despertadores é o sunset timer. Seguindo a lógica inversa, quando me vou deitar, ativo o modo sunset e a luz vai diminuindo a intensidade até apagar. Como a luz é suficientemente forte para servir de candeeiro, uso como luz de leitura e, à medida que a luz vai diminuindo, vou sentindo sono. Estes métodos de despertar e adormecer funcionam também graças à nossa melatonina, que é estimulada ou interrompida conforme os níveis de luz (a melatonina é a conhecida hormona do sono).
Estou mesmo satisfeita com este despertador, principalmente porque, como já sabem, eu gosto de despertares lentos, e de começar a manhã com calma. Eliminar qualquer som de manhã e simplesmente ser recebida com luz tem feito diferença na minha disposição, confesso. A par do meu cobertor, temos sido bons companheiros de rotina e já estranho quando tenho de dormir em outros lugares e necessito de recorrer ao som de alarme. O design é minimalista e moderno, encaixando perfeitamente no meu quarto. Não coloco as minhas mãos no fogo para a eficácia dos outros despertadores, mas achei que o Lumie acertou em cheio nas expectativas.
sexta-feira, 25 de novembro de 2022
Para mimar e presentear com amor. Para pensarmos nas pessoas da nossa lista com cuidado e carinho e prepararmos uma surpresa planeada ao pormenor. Mais do que qualquer compra, para mim, os presentes estão nisto: no pensar na pessoa, no reservar tempo e cuidado para fazer um embrulho especial, para tentar marcar esta ocasião não como um reflexo de consumismo, mas de simbolismo. Pensei em ti. Acho que vais gostar disto. Sei que é o que queres. Estou confiante de que é o que precisas.
quinta-feira, 24 de novembro de 2022
quarta-feira, 23 de novembro de 2022
terça-feira, 22 de novembro de 2022
Esta é a segunda parte da minha conversa com a psicóloga Dalila Melfe sobre saúde mental – podem aceder aqui à primeira parte. Introduzido o tema da saúde mental e da importância do/a psicólogo/a, nesta segunda parte iremos falar sobre expectativas na 1ª consulta, terapia de grupo, más experiências com psicólogos (e como ultrapassar), o acesso dificultado das consultas de psicologia, entre outras questões finais.
Geralmente, as consultas de psicologia duram 1 hora: o que é que se pode abordar nesse intervalo de tempo?
Há sempre presente uma linha condutora. Por norma, mediante os objetivos do/a cliente de aspetos a trabalhar, sabemos quais os tópicos a abordar em cada consulta.
Por isso, é variável o que pode ser abordado numa hora, mas o expectável passa por abordar como correu o período desde a consulta anterior, analisar planos de ação (que são as tarefas a fazer em casa) e debater os objetivos da sessão, que poderão ser sugeridos pelo/a psicólogo/a ou pelo/a cliente.
A terapia de grupo tem crescido cada vez mais nos últimos tempos. Na tua opinião, identificas diferenças de abordagens e resultados entre a consulta individual e a consulta com um grupo de pacientes?
Já tive oportunidade de dinamizar sessões em grupo e posso dizer que achei fantástico. Conseguem-se ganhos extraordinários quando se trata de um grupo que está realmente disposto a partilhar o que sente e a abrir a porta a esses sentimentos no geral.
Implica, ao nível da gestão, uma tentativa de garantir que todas as pessoas presentes conseguem colher frutos e ver os seus objetivos para a sessão cumpridos, não descurando os de ninguém no processo e o envolvimento de cada pessoa é sempre crucial e muito enriquecedor.
Todavia, reconheço que esta pode não ser a abordagem indicada para todos nós, uma vez que podem existir preferências pela abordagem individual e está tudo bem. Felizmente, há espaço para todos e existe certamente oferta de serviços que vá ao encontro do que cada um de nós precisa.
Fala-se muito, hoje em dia, de red flags (alertas vermelhos para certos comportamentos nas pessoas); na tua visão profissional, que ‘alertas vermelhos’ de má prática clínica é que os pacientes devem ter em atenção?
Antes de mais, quando a formação do/a profissional não é clara em nenhum meio de divulgação e/ou ele não se encontra no diretório da OPP, é uma grande red flag porque podemos não estar a falar de um psicólogo. A formação é essencial para o desempenho das funções e a inscrição na OPP é obrigatória para o exercício da prática psicológica, daí este constituir o primeiro passo.
Também o cumprimento pelos princípios do Código de Ética e Deontologia devem estar sempre presentes, nomeadamente ao nível do respeito pela pessoa como um todo, exercendo a prática de forma competente e responsável, com integridade e beneficência (e não maleficência). Importa também frisar a confidencialidade e privacidade dos dados, que é algo muito questionado em contexto de consulta (e a qual é quebrada, sim, apenas quando existe risco de dolo para a pessoa ou terceiros).
Além disso, a importância da escuta ativa e da postura empática (permitir à pessoa ser realmente ouvida e compreendida), validando as emoções e sentimentos do outro e permitindo à pessoa expressar-se no seu tempo.
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reforço que se existir algo que sintamos não estar de acordo com as nossas expectativas, é importante debater isso com o próprio profissional para que possam ser feitos ajustes sempre que necessário.
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Há quem não tenha tido uma boa experiência com psicólogos, no passado, e tenha receio em tentar de novo. Como ultrapassar este medo e voltar a confiar a nossa vulnerabilidade a um/a profissional?
A verdade é que o psicólogo é também uma pessoa e, ainda que ela tenha sempre presentes os aspetos referidos atrás, podem surgir múltiplas razões pelas quais possa ter corrido mal: não haver identificação de parte a parte, não ser o modo de intervenção adequado naquele momento, etc.
Em primeiro lugar, reforço que se existir algo que sintamos não estar de acordo com as nossas expectativas, é importante debater isso com o próprio profissional para que possam ser feitos ajustes sempre que necessário.
Se esses ajustes não forem suficientes, não existe nada de errado em mudarmos de profissional se assim entendermos. A verdade é que podemos, de facto, não ter uma conexão imediata com alguém só porque se trata de um psicólogo. As expectativas podem ser elevadas, porque é alguém que está ali para ajudar. E está, mas pode não ser a pessoa indicada e isso não quer dizer que não exista ninguém indicado, pelo contrário!
Pessoalmente, quando me chegam pessoas que já tiveram outros acompanhamentos prévios, eu questiono sempre o porquê de ter terminado e o que retiraram desse acompanhamento. No fundo, procuro saber quais as necessidades da pessoa para saber como lhe dar resposta. Sermos honestos nestes aspetos para com um novo profissional pode ser a chave para melhorar esse acompanhamento a priori.
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foram surgindo bastantes profissionais com serviços de consulta inclusiva
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Precisamos de endereçar o elefante na sala: a psicologia ainda é uma área da saúde com acesso condicionado a quem tem poucas condições sociais e económicas?
Na maioria dos casos, sim. Na verdade, por trás do valor das consultas está todo o investimento do profissional. Um psicólogo tem de estar em constante formação: licenciatura e mestrado são só o começo. A partir daí vêm formações, workshops, cursos, pós-graduações… enfim, já perceberam.
No entanto, ao longo dos confinamentos, foram surgindo bastantes profissionais com serviços de consulta inclusiva, ou seja, consulta a preços mais baixos para quem dissesse não ter possibilidade de pagar o valor praticado pelo profissional e, por norma, existe alguma abertura a esse nível.
Existem dicas ou pontos de contacto a que as pessoas possam recorrer para ter consultas de psicologia a um preço mais comportável? Mesmo que não estejam desempregadas, mas não consigam cobrir os custos habituais das consultas?
Sim. Pessoalmente, pratico a modalidade de consulta inclusiva em que, mediante a minha disponibilidade de agenda, aceito marcações a preços mais reduzidos quando apresentados os motivos pelos quais as pessoas referem ter dificuldade em pagar o valor que habitualmente pratico.
Além de mim, existem outras formas, nomeadamente:
SNS24 – Linha de Apoio Psicológica: 808 24 24 24 (tecla 4)
Voz de apoio (das 21h às 24h): 225 506 070, sos@vozdeapoio.pt
Conversa Amiga (das 15h às 22h): 808 237 327
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o nosso diálogo interno é, naturalmente, autocrítico e mudar o chip de forma a sermos mais compassivos parece uma realidade distante.
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Existem alguns exercícios de autocuidado e desenvolvimento que possam ser feitos de forma gratuita para as pessoas iniciarem o seu contacto com as emoções e pensamentos?
Claro que sim! Há uma tríade essencial: higiene de sono, prática de exercício físico e uma alimentação equilibrada. Estes são os pilares e agora cabe-nos juntar a vertente social: rodearmo-nos de pessoas que nos façam sentir bem e que tragam ao de cima o melhor de nós. Não obstante, praticar tarefas prazerosas como ver uma série, cozinhar, cuidar de plantas, usar uma máscara facial… aquilo que cada um considerar como relevante para si próprio.
Além disso, um aspeto fundamental e muitas vezes descurado: a autocompaixão. A autocompaixão passa por cuidarmos de nós e darmos a nós próprios/as as palavras doces que daríamos a um/a amigo/a. Fazê-lo para connosco parece um desafio acrescido uma vez que, afinal, o nosso diálogo interno é, naturalmente, autocrítico e mudar o chip de forma a sermos mais compassivos parece uma realidade distante.
A dica é: sempre que a nossa vozinha interna nos disser algo, reparar o tom em que o diz e qual o intuito: cuidar ou criticar? Se for criticar, questionar se aceitaríamos isso de alguém e, se a resposta for não, questionar porque o aceitamos de nós mesmos e procurar mais gentileza nas palavras, não só para com os outros, mas, primeiramente, para connosco.
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permitindo que elas façam parte da nossa história, sendo apenas isso: parte da nossa história
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Dalila, há cura para as coisas más que sentimos?
A vida não é nem pode ser unicamente boa, nem unicamente má. A verdade é que as experiências boas fazem parte da experiência humana, tal como as menos boas e até as dolorosas. Não existe uma cura milagrosa para deixarmos de sentir coisas más: elas existem e nenhum de nós está isento de as viver.
Há, porém, formas de treinar a nossa visão das coisas no geral e de, gradualmente, conseguir encará-las como menos más, distanciado-nos delas e permitindo que elas façam parte da nossa história, sendo apenas isso: parte da nossa história, tal como tantas coisas boas também constam na narrativa. Todas as situações pelas quais passamos têm influencia em nós e quem somos é, certamente, uma súmula de tudo aquilo porque já passámos e pelo que vamos passar também.
Não conseguimos controlar aquilo porque já passámos, mas conseguimos gerir e integrar em nós essas experiências de forma adaptativa, analisando o que retirar de cada situação. No fundo, não existem emoções más ou negativas e isso é algo que muitos autores têm vindo a preconizar. As emoções e os sentimentos fazem parte da experiência humana e perante algo triste é normal e adaptativo eu sentir-me triste. É importante, sim, gerir essas emoções e arrumá-las nas gavetas das cómodas de que falei.
No fundo, a hipotética cura passa por ter a casa arrumada para que, em situações adversas, eu saiba como lidar e gerir o que se passa dentro de mim e como agir para me sentir melhor, independentemente de um contexto que poucas vezes se controla.
na terceira parte...
Falo sobre a terapia na lógica de paciente, como foi encontrar a profissional certa para mim e a minha experiência desde então.
Psicóloga Dalila Melfe
Dalila Melfe [CP 25204] é licenciada em Psicologia com mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde e pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos. Atualmente, presta consultas de psicologia para jovens adultos, adultos e adultos maiores no seu consultório na Covilhã e online para todo o país.
Onde podes encontrar?
Para marcações de consulta com a psicóloga Dalila Melfe (mediante disponibilidade de agenda da própria):
E-mail: dalilamelfe@gmail.com
segunda-feira, 21 de novembro de 2022
Publicado pela primeira vez em 1980, Maus surpreendeu as críticas pela positiva ao mostrar uma abordagem original e inesperada daquele que foi o massacre provocado pelo holocausto durante a II Guerra Mundial.
Através da novela gráfica, o cartoonista Art Spiegelman conta a história verídica do seu pai, Vladek Spiegelman, e dos horrores que viveu enquanto judeu perseguido pelos Nazis e sobrevivente num campo de concentração.
O que transforma esta história numa abordagem surpreendente é o facto de o autor ilustrar as personagens através da fábula, onde os ratos são os judeus e os gatos são os nazis alemães. Embora tenha quase uma nuance caricatural, nada neste livro puxa ao riso, muito pelo contrário: os cenários de sofrimento, perseguição e tortura são retratados de forma crua e real, sem paninhos quentes.
Paralelamente aos relatos de sobrevivência de Vladek, temos também acesso a uma parte do que é viver no pós-guerra e de que forma as crueldades que foram vividas e/ou testemunhadas moldaram não só a forma de viver das vítimas, como também a educação que passaram às gerações mais novas. Ao longo da história, vamos observando que a relação do cartoonista com o pai é frágil e, muitas vezes, instável, em parte fruto de tudo o que foi vivido durante a II Guerra Mundial e que influenciou a dinâmica dos dois - incluindo a própria perceção de Art Spiegelman face a este momento terrível da História.
Maus é um livro inesquecível, duro de processar mas fácil de ler num sopro e de desejar que a vida, a sociedade e a Humanidade como um todo sejam mais nobres que isto. É difícil de desenhar a desumanidade, mas Art Siegelman fê-lo como ninguém.
domingo, 20 de novembro de 2022
Se há coisa que Londres sabe ter em bom, são os parques. Enormes e arranjados, com ou sem lagoas, mas sempre com espaços de sombra, zonas recreativas e desportivas, canteiros magníficos e, claro, esquilos por toda a parte! Era capaz de fazer um roteiro em Londres só para desfrutar dos parques, principalmente nos dias de outono, em que a folhagem está dourada e lindíssima, mas principalmente nos dias de verão, onde os piqueniques e pausas para apanhar Sol são de sonho.
sábado, 19 de novembro de 2022
De todos os planos, serviços e plataformas que existem ao dispor, acho que não sou tão apreciadora de nenhuma como sou do Spotify. Sendo uma ávida consumidora de música e tendo a vida toda andado de leitor de cassete (sim!), discman e milhares de músicas no MP3 atrás, a ideia de existir uma plataforma de streaming onde podia ouvir toda a música que me apetecesse sem pagar foi tão surpreendente que ainda me lembro do momento em que mo contaram (em 2012, no metro, e depois de eu ter confirmado uma centena de vezes se não estavam a falar de pirataria).
Pela sua origem tão inovadora e original – nada comparável ao que aconteceu com outras start-ups e negócios – descobrir que existia uma minissérie acerca do nascimento do Spotify e com elenco sueco deixou-me totalmente convencida a assistir.
The Playlist é composta por 6 episódios, cada um deles dedicado a contar a história do Spotify a partir da perspetiva de vários elementos fundamentais para o nascimento da plataforma. Desde o seu fundador, à artista, acompanhamos os desafios de fazer nascer uma ideia destas em pleno arranque do potencial da Internet e numa altura em que a indústria musical estava a passar pelo mais difícil momento da sua história, com a chegada dos websites pirata.
Além de The Playlist ser contado de uma forma dinâmica, que entretém e envolve nas medidas certas, aquilo que acho mais interessante é que reproduz, de facto, o que acontece quando várias pessoas fazem nascer um projeto de sucesso: cada uma tem a sua visão influenciada daquilo que aconteceu e uma interpretação da história. Vão reparar que existem vários momentos que se repetem em alguns episódios, mas os diálogos, o conteúdo das conversas ou o tom não são exatamente os mesmos – porque a realidade é mesmo esta, uma mistura de testemunhos onde nenhum é 100% real. Esse toque subtil fez-me gostar ainda mais desta produção.
Sem passar paninhos quentes a momentos duros e reais que esta plataforma tem encarado ao longo dos anos, The Playlist é a aposta certa para quem também gosta deste serviço de streaming e de descobrir não só como é que as ideias nascem, mas também como é que a ideias deixam de ser só ideias.
sexta-feira, 18 de novembro de 2022
Planeamento | Para além das dezenas de roteiros possíveis – com atrações e planos para todos os gostos e preferências – Londres é uma cidade grande e com vários pontos turísticos espalhados. É, por isso, importante planear Londres com tempo e por zonas. Eu diria que 4 dias completos são os mínimos olímpicos para terem uma visão da cidade e que uma semana completa é o ideal, principalmente numa primeira visita.
quinta-feira, 17 de novembro de 2022
Ampelmänncher | Quando estiverem a passear pelas ruas de Berlim, vão reparar que alguns semáforos têm um caricato homenzinho de chapéu. O seu nome oficial é ampelmänncher e, além de um traço característico da cidade, são um dos poucos vestígios que restam da extinta República Democrática Alemã (que correspondia ao território soviético). Quase todos os vestígios da Berlim Oriental foram uniformizados, mas estes semáforos são a exceção. Assim, quando estiverem na capital e não souberem em que (antiga) parte é que estão, basta olharem para os semáforos e saberão!
terça-feira, 15 de novembro de 2022
segunda-feira, 14 de novembro de 2022
Daisy Jones & The Six demorou muito tempo a convencer-me a ler e acho que, se não fosse a incrível experiência com Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, é provável que não lhe tivesse pegado. Durante quase um ano, ouvi reviews extraordinárias sobre uma história contada de forma muito original: uma entrevista.
Daisy Jones & The Six é o título homónimo à banda fictícia que dá protagonismo à história – mas que já se obteve confirmação de que é muito inspirada em Fleetwood Mac. A banda é um verdadeiro fenómeno no final da década de 60 e a forma como todos se juntaram é tão misteriosa quanto a sua separação no auge da fama. O que aconteceu? Através de entrevistas aos membros da banda, décadas mais tarde, a ponta do véu é levantada.
A verdadeira originalidade de Daisy Jones & The Six é toda a estrutura da narrativa: é num formato de entrevista, quase guião, sem parágrafos descritivos ou perspetivas de narrador que não o entrevistado. Por essa razão, acho que é o livro perfeito para: 1) voltar aos hábitos de leitura (é rápido de ler e muito envolvente) e 2) experimentar ouvir em audiobook (onde têm a verdadeira sensação de entrevista e está perfeitamente bem narrado).
Como já é apanágio da Taylor Jenkins Reid, é quase inacreditável pensar que a imprudente Daisy e o deslumbrado Billy não existam e não estejam a escrever canções nem a lidar com noites loucas (cada um à sua maneira). É quase irresistível saltar do livro para o Spotify para procurar as canções (que não existem).
Disse que Daisy Jones & The Six não me convenceu pela premissa porque não é o tipo de história que mais tenho curiosidade em acompanhar. Sexo, drogas e rock & roll (e o livro cumpre mesmo com o lema) não é propriamente algo que me desperte curiosidade, mas estava tão maravilhada com a capacidade da autora em construir universos que quis ir atrás desta história e perceber como é que ela a escreveria – este tipo de formato é muito impessoal quando lido: como é que ela conseguiria envolver-nos na história sem adicionar o menor detalhe além do que é relatado por cada personagem?
Não é o meu livro preferido da autora, mas não só percebo que o seja para muitos, como surpreendeu-me muito pela positiva. Entreteve-me, envolveu-me no universo da criatividade musical, dos concertos, do pós-show e fez-me voltar a ouvir Fleetwood Mac. Está tudo certo.
sábado, 12 de novembro de 2022
sexta-feira, 11 de novembro de 2022
Para quem está de visita em Berlim, é impossível não reparar no Siegessäule, ou a Coluna da Vitória. Foi erguida em 1873 como símbolo da vitória da Prússia sobre a aliança entre o Império Austríaco, Francês e o reino da Dinamarca.
Localizado bem no centro do Tiergarten, o Siegessäule encontrava-se, originalmente, em frente ao Reichtag, tendo sido depois realocado ao sítio atual, mas a mudança não podia ter sido mais bem-vinda – afinal, a vista que proporciona do topo sobre a cidade dá-nos uma perspetiva bem real da dimensão gigantesca do parque.
A coluna com mais de 60 metros de altura tem no seu exterior vestígios do impacto da II Guerra Mundial, permanecendo ainda com alguns buracos deixados pelos projeteis e bombardeamentos na cidade. No topo, dourada e imponente, está a estátua da deusa Vitória.
Admito que não tenho grande hábito, nas minhas viagens, de ir atrás de miradouros e que, se não fosse por recomendação, sozinha não teria subido à Siegessäule, mas foi uma boa experiência. No interior da coluna, e enquanto se distraem dos mais de 200 degraus necessários para chegar ao topo, encontram um pequeno museu com várias miniaturas de monumentos em todo o mundo. A vista, claro, é soberba – embora o clima não estivesse a nosso favor para apreciar em pleno.
Foi uma das nossas experiências turísticas mais baratas – uma raridade, em Berlim – e se gostam de ter a perspetiva aérea da cidade, recomendo.
quinta-feira, 10 de novembro de 2022
Voltar ao teatro – as saudades que eu tinha. Acho que nunca a minha caixa de mensagens se repetiu tanto quando foi anunciada a peça de teatro com a adaptação do livro O Diário de Anne Frank – o que me deixou muito feliz por ter sido tão bem lembrada.
Assim, não existiam dúvidas de que estaria numa sessão no Teatro da Trindade, ansiosa e muito intrigada para saber como iriam interpretar esta história. Tinha algum receio que a peça pudesse tornar-se um pouco monótona por, enfim, todo o contexto de estarem presos num anexo e por as passagens no diário de Anne serem, na verdade, mais reflexões da própria autora do que grandes descritivos de acontecimentos no anexo.
Com um elenco de luxo – embora, em momentos muito específicos, não me tenha sentido 100% convencida com a atriz a interpretar o papel de Anne Frank – o cenário estava brilhante e a interpretação de todos os elementos foi extraordinária, alternando entre os momentos de tensão e sofrimento com pormenores mais ligeiros (tudo o que se espera quando tantas pessoas dividem o mesmo espaço durante anos).
A peça não está 100% fiel ao livro (e não tem de estar), mas eu adorei a experiência e achei que ficou muito bem conseguida. Tem sido um sucesso – alargaram as datas até janeiro de 2023, portanto, ainda vão a tempo de assistir – e achei que os bilhetes não estavam, de todo, inacessíveis, por isso, parece-me uma boa oportunidade para regressarmos ao teatro, apoiarmos a cultura e os atores que deram vida e alma a uma história que mancha a História do mundo.
quarta-feira, 9 de novembro de 2022
Confesso que já há algum tempo que não comprava um livro completamente às cegas, sem ter lido uma review primeiro, sem mo ter sido recomendado ou indicado por alguém de referência. Mas o design interessante da capa e a dedicatória fizeram-me arriscar e trazer None of This is Serious comigo. E ainda bem que fiz.
None of This is Serious acompanha a mente e os pensamentos de Sophie, uma recém-licenciada irlandesa que se sente absolutamente perdida acerca do próximo passo. Enquanto todos os seus amigos parecem ter as próximas etapas bem encaminhadas, Sophie sente-se assoberbada pelas possibilidades (ou pela falta de oportunidades) e à sombra da sua pressão e das expectativas dos outros. E como se isso não bastasse, algo totalmente inesperado acontece no mundo: um rasto violeta atravessa o céu e ninguém faz a menor ideia do que é – nem se existe uma explicação científica para o fenómeno.
Este era um livro que tinha tudo para não gostar: por norma, não costumo ter muita paciência para histórias onde a/o protagonista está sempre na sua bolha e escrutina tudo sem se colocar nos sapatos dos outros. Achei também que a escrita tinha um estilo que orbitava entre Sally Rooney e Emma Jane Unsworth (autora do Adultos), ambas autoras das quais não fiquei fã. E mesmo assim, foi um dos livros que mais sublinhei, este ano.
Acho que None of This is Serious encapsula muito bem para as gerações futuras como foi viver a década dos 20 nesta altura do mundo, com precariedade, expectativas e pressão, a loucura das redes sociais e da especulação digital. É um livro que fala sobre doença mental, laivos de doenças de transtorno alimentar, assédio sexual e violação, solidão (...) quando, supostamente, deveríamos estar na nossa fase mais experimental e social. São temas duros, mas estão escritos de uma forma muito transparente.
É um livro cheio de subtilezas, não só nas reflexões da realidade dos jovens, hoje em dia, mas também na própria construção das personagens. Por exemplo, em vários momentos, a protagonista queixa-se que outra personagem não consegue sair da sua bolha, não consegue ver além de si própria; mas a própria protagonista faz isso também, sem que dê conta.
Acho que, em vários sentidos, podia ser um livro melhor: há partes na história que eu acho que foram forçadas a estarem lá por agenda, temas que achei que ficaram bastante subdesenvolvidos e o próprio final não me arrebatou. Mas pelas reflexões cirurgicamente certeiras – daquelas que sentimos que o autor andou a passear pela nossa mente – e pela construção muito bem feita das personagens, é um dos meus livros favoritos do ano.
terça-feira, 8 de novembro de 2022
BERLIM
Posso dizer que, entre aventuras de viagem, já tive a oportunidade de comer em lugares bastante improváveis: já comi numa igreja, numa livraria, num convento e, portanto, estou sempre pronta para desafios. Mas a derradeira pergunta é: comeriam numa casa de banho pública? Não se precipitem na resposta.
segunda-feira, 7 de novembro de 2022
sexta-feira, 4 de novembro de 2022
Berlim não nos recebeu com o clima mais agradável, mas mesmo no tempo nublado e na incerteza de chuva, o meu deslumbramento com o Tiergarten foi imediato e a minha maior (e melhor) surpresa desta viagem.
Com 210 hectares e localizado mesmo no centro da cidade, o Tiergarten – que tem tradução literal para ‘jardim dos animais’ – é o pulmão de Berlim e o segundo maior parque da capital.
O nome deriva do propósito inicial deste parque, que era um campo de caça da realeza. Com a chegada de Friedrich II – pouco fã desta atividade – o rei encomendou ao arquiteto Georg Wenzeslaus von Knobelsdorff para reabilitar o parque numa área de lazer para a população.
Desde então, o Tiergarten sofreu muitas mudanças e renovações, sendo a mais importante nos anos 50. A II Guerra Mundial devastou o parque, mas foi a crise do carvão que levou a que, das 250 mil árvores iniciais que compunham o parque, sobrassem apenas 700. Foi o enorme projeto de reabilitação que permitiu que o Tiergarten voltasse ao seu esplendor inicial, que me conquistou deste o primeiro momento.
Já o referi anteriormente, mas, para mim, este tipo de parques é aquilo que mais sinto falta em Portugal. O Tiergarten é gigantesco e perfeito para uma tarde de piquenique, ler à sombra, fazer jogging, encontrarmo-nos com amigos ou aproveitar o Sol.
Os vários caminhos de terra batida levam-nos por um percurso labiríntico onde cada recanto tem surpresas naturais, como canteiros arranjados, arvoredos frondosos e estátuas escondidas. Mesmo usando o mesmo ponto de partida, cada caminho leva-nos a uma experiência diferente e o sossego apenas (bem) interrompido pelo canto dos pássaros quase que nos faz esquecer que estamos no meio de uma metrópole caótica.
Quero muito voltar a passear pelo Tiergarten – se possível, num clima mais agradável. Foi a percorrer as árvores aladas e a sentir o som das folhas que, em pleno maio, senti um outono delicioso.
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