Amparo: É perfeito que esta seja a primeira palavra da lista porque introduz na perfeição aquilo que 2022 foi, em geral, para mim: um ano alucinante e que, ao contrário de 2021, teve momentos em que me colocou no topo, para depois me fazer cair a pique. E é impossível navegar pelas incertezas de cada ano (seja ele mais estável ou mais inquieto) sem o amparo das nossas pessoas. Sem o colo da família, sem os amigos que nos dão a mão e choram connosco, sem as gargalhadas à mesa, as novidades em dia, as chamadas de emergência, as mensagens e os lembretes ‘estou aqui’ materializados de mil e uma formas. Sem o amparo das pessoas que amo, não conseguiria fazer um balanço do ano com otimismo – talvez nem fizesse balanço, sequer. Sou muito grata por todas as vezes em que não tive de andar nesta montanha-russa sozinha.
Áustria: Este destino esteve durante tantos anos na minha lista dos sonhos que parece quase inacreditável que faça, agora, parte das minhas memórias. E foi uma das minhas viagens favoritas (não só do ano, mas da vida). Não só estava super otimista, como diverti-me imenso e saboreei cada momento desta aventura com companhia excecional.
Berlim: Berlim foi uma viagem que carrego com tanto simbolismo e emoção que, cada vez que me recordo dela, sinto uma profunda intensidade. Berlim simbolizou a nossa primeira viagem em Quarteto – e foi fantástico – o colmatar de saudades de uma amiga que estimo profundamente e que voou além-fronteiras, mas também o gerir de emoções entre estar de coração partido e tentar tirar proveito da viagem. Berlim impressionou-me de uma forma que eu não esperava e deixou uma mensagem clara: ‘já viste que sou incrível até mesmo quando estás triste. Imagina o quão mais incrível estarei quando regressares’. Vou voltar.
Cansaço: Uma carga melancólica brutal, um plano de férias mal decidido por mim, a fragilidade na saúde dos meus e até na minha (o pós-COVID não é brincadeira, mesmo) e a minha insistência em fazer ‘só mais isto’ e ‘mais isto’ resultaram num cocktail que não desejo a ninguém e numa sensação de exaustão profunda. Em 2022, tive de aprender a definir limites (e a aprender duramente com as consequências de não o fazer) e a repetir várias vezes que mereço descansar e que não faz mal se as coisas abrandarem um pouco por largar as mãos. O mundo não entra em colapso. Por isso mesmo, disse muitos nãos, coloquei em pausa planos, fui mais clara naquilo em que estou confortável em fazer ou não (mesmo que isso defraude expectativas) e tirei uma lição gigantesca para 2023: o ‘não’ e o ‘time-off’ têm de estar presentes com regularidade na minha rotina e não como medalha de produtividade. Isso e saber tirar férias como deve ser – ainda estou muito calejada com os planos de férias que eram esperados de nós enquanto profissionais de saúde... never again!
Clube (do livro): Em agosto, comecei com a Carolina o The Characters Club, um clube do livro onde cada vez me sinto mais em casa e orgulhosa por estarmos a criar uma comunidade onde há um sentido de pertença (ou assim tentamos que seja) e onde tenho a possibilidade não só de partilhar ideias sobre o livro do mês, mas também explorarmos as nossas leituras ao longo do tempo, como mood readers. Foi um dos meus destaques do ano e faz-me sentir integrada no meio de tanta gente incrível e com quem posso trocar a minha paixão por livros e tantas outras coisas (viagens, música, podcasts, sentido de humor… até de mini-hortas já conversámos!).
Espetáculos: Viagens e concertos são as duas palavras que fazem o meu coração palpitar mais depressa. Não há nada que me faça sentir mais viva e integrada do que quando estou num espetáculo ao vivo e este ano foi marcado por alguns. Tive direito a experimentar registos de espetáculo novos (Conversas de Miguel e Processo, espetáculos de comédia), mas também de regressar ao teatro com a peça O Diário de Anne Frank, de levar os meus avós a apreciar Ludovico Einaudi – que eu tanto adoro e que deixou a minha avó estarrecida – e, num verdadeiro milagre, de conseguir bilhete para o concerto do Harry Styles praticamente uns dias antes do espetáculo. Perfeito!
Fugas: Viajar para fora é uma das alegrias da minha vida, mas passear pelo nosso país também. Entre dormir numa livraria em Óbidos, rever a família em Aveiro, estar com amigas em Braga e fazer um verdadeiro retiro no Alentejo com uma amiga, todas estas fugas foram pequenas, mas reparadoras, e uma quebra da rotina que me permitiu descansar e realinhar.
Londres: De todos os planos de viagens que tinha em mente para 2022, Londres foi a surpresa que surgiu numa conversa casual, mas sou muito grata por ter feito parte dos meus voos. É a minha cidade-casa, que já não visitava há anos e onde pude revisitar e apresentar os lugares e ambientes que não me fazem sentir estrangeira. Londres estava à minha espera.
Luna: Já na reta final do ano, recebemos um novo elemento na família: a gatinha Luna, que já se tornou na neta predileta da minha avó. É, na verdade, um gato-cão: adora festas na barriga, quer colo a toda a hora, rói tudo o que lhe aparece à frente, é feroz no que toca à comida e segue religiosamente a sombra da minha avó. Ah, e derrete-vos no Instagram, claro!
Normalidade: Foram tantos planos concretizados, tantos reencontros, tanta vida, saídas e reuniões que aconteceram que parece quase inacreditável que ainda começámos o nosso ano com muitas limitações de segurança e que o meu primeiro voo teve de ser feito com teste de COVID negativo e certificado. 2022 foi o primeiro ano onde voltei a sentir alguma da normalidade e liberdade que parecia ter ficado para trás e foi fundamental para a minha saúde mental.
Planos: Acho que o digital engana, mas eu sou muito introvertida e caseira. Nunca foi algo que me tenha incomodado, mas sentia, sim, falta de preencher um pouco mais a agenda com as minhas pessoas favoritas e com planos. Tinha-me proposto a isso em 2020 (que, por razões óbvias, conseguem imaginar que não se cumpriu), mas sinto que, em 2022, isso aconteceu. Dei por mim com vários meses de agenda recheada com planos, encontros com amigas, marcações no momento e, no geral, a ver mais vezes as minhas pessoas e a fazer coisas novas. E sim, ser introvertida e caseira continua a ser o meu core, mas acho que abri um pouco mais o espectro para outras atividades que me dão conforto, também.
Solitude: 2022 foi o ano em que a minha história seguiu o seu curso comigo a escrevê-la sozinha. Não é fácil, para quê mentir ou aflorar? Doi muito, especialmente quando é uma história cheia de capítulos bonitos. Foi um ano que me fez pensar muito no conceito de solitude e solidão. Embora tenha ficado sozinha (solteira), este ano, nunca me senti só. Mas, igualmente importante, reforçou o quanto preciso de desfrutar dessa solitude para desenvolver outros capítulos só meus. Não é fácil ouvir a lenga-lenga ‘agora tens de te focar em ti’, mas quando realmente fazemos esse exercício, torna-se mais fácil, também, entendermos o que queremos de nós, dos nossos objetivos, dos nossos sonhos, até mesmo de outras pessoas – e sabemos orientar-nos melhor para ir atrás disso. Por isso, cá estou eu a escrever os capítulos que me faltavam e que preciso de viver antes de voltar a pensar em dividir a caneta.
Suíça: A viagem à Suíça foi absolutamente simbólica porque marcou o meu primeiro voo desde a pandemia. Tirando a componente social, a ausência de viagens foi o que me deixou mais devastada durante a pandemia, e ver a possibilidade de regressar ao aeroporto, de voltar a usar a minha mala rosa e de desbravar sítios e culturas novas deixou-me em êxtase. Foi muito especial.
Trabalho: 2022 foi um ano muito desafiante a nível profissional. Novos desafios, responsabilidades e projetos fizeram com que explorasse novas capacidades, aprimorasse outras tantas e identificasse onde preciso de evoluir. Foi um ano bem completo e que culminou com a entrada nos quadros da empresa, o que me deixou muito feliz e orgulhosa deste caminho. A Inês de 2016 emocionar-se-ia só de imaginar tal desfecho.
Vulnerabilidade: É preciso vulnerabilidade para procurarmos o que nos faz melhor, para admitir que não conseguimos fazer tudo, para pedir colo às nossas pessoas, para dizermos o que vai na nossa cabeça, para sermos sinceros. Este ano, sinto que me permiti a ser mais vulnerável e, ao invés de estar sempre a escolher os temas certos, optei por escolher as pessoas certas para colocar cartas na mesa, pedir conselhos, desabafar e receber palavras de apoio. Sempre com a esperança de que permitir-me a momentos de vulnerabilidade promova a segurança e conforto às minhas pessoas para que se sintam à vontade para fazer o mesmo quando a vulnerabilidade também lhes vem bater à porta.
Apesar de tudo de menos bom, creio que 2022 foi espetacular para ti e desejo que 2023 seja ainda melhor e que consigas juntar os pedacinhos do teu coração para aproveitar ainda mais o novo ano cheio de oportunidades...e viagens! Um beijinho grande e Feliz 2023!
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