segunda-feira, 30 de outubro de 2017
 LISBOA
Encontrar um lugar para reunir a malta em Lisboa num sábado à noite não foi uma tarefa, de todo, fácil e já estava a entrar em desespero quando o Rui recomendou-me o Don Costini. Quase já sem esperança nenhuma, fiz a minha reserva et voilà...! Os meus problemas estavam resolvidos.
Numa localização bem estratégica — pertinho do metro e do Técnico, embora chatinha para estacionar —, o Don Costini tem um ambiente descolado, jovem e uma particularidade que eu adoro: cozinha aberta. As salas são amplas e quase todas têm uma vista privilegiada para a cozinha que está apetrechada de elementos industriais e claros, conferindo uma luz mais especial a todo o espaço. 
O Don Costini apresenta-se como uma fusão da cozinha italiana com a americana, traduzindo, tem uma carta com uma gigantesca selecção de hambúrgueres e pizzas, nos mais variados ingredientes e feitios (incluindo opções vegetarianas) — perfeito para jantares de grupo, onde queremos agradar Gregos e Troianos —. Além da lista maravilhosa de comidas que nos fazem babar só de ler a descrição, têm também uma carta fantástica de bar, onde podem escolher as vossas bebidas para começar, com sucesso, a vossa noite. Não as experimentei mas são, também, consideradas um dos pontos fortes do restaurante, portanto, fica aqui a dica!
Não consegui memorizar todos os pedidos dos meus convidados mas todos saíram de barrigas felizes, quer entre hambúrgueres, quer entre pizzas. Ninguém saiu desiludido, mas sinto que as pizzas brilham mais do que os hambúrgueres! Alguns dos pedidos foram vegetarianos, calzone e o meu foi com os ingredientes escolhidos por mim: uma marguerita com bacon, cogumelos e camarões. Adoro quando vêm camarões de miolo gordinho, os meus preferidos!
Amei o sabor da pizza, de massa fina e muito rica em ingredientes! O sabor e as texturas recordaram-me imenso as pizzas da Pizzarte, portanto, enquanto não estiver de viagem marcada, vou com certeza recorrer a este espaço para matar as saudades! São mesmo muito parecidas!
Para terminar, e porque a gula estava mesmo a falar mais alto, dividi com uma amiga querida um Petit Gateau com uma bola de gelado e a sobremesa estava maravilhosa! O interior estava verdadeiramente líquido — detesto quando os Petit Gateaus vêm cozidos por dentro, tira todo o propósito da sobremesa e torna-se num queque aborrecido — e apenas mudava o sabor da bola de gelado, por uma questão de preferência pessoal — o sabor é baunilha, mas eu acho que, nesta sobremesa, resulta melhor gelado de nata ou de frutos vermelhos, para cortar o doce —. Tudo cinco estrelas.
Vou, com certeza, regressar numa ocasião mais casual — e gostava que esse regresso ficasse marcado pelo bom tempo e calor, porque o lugar tem uma esplanada fantástica e apetecível — mas não podia deixar de vos recomendar o lugar para um jantar de aniversário para pessoas cheias de gostos e exigências diferentes. Bem localizado, atendimento simpático — ninguém nos apressou para irmos embora nem foram impacientes com os atrasos inevitáveis de alguns convidados e isso é uma particularidade muito rara nos jantares de grupo, em Lisboa — os preços são muito justos e o ambiente é fantástico. Também têm take-away e fazem menus especiais para jantares de grupos grandes. Super aprovado!
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Rua Dona Estefânia, 195D, 1000-155, Saldanha
Lisboa
Contacto: 308 803 584
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Na possibilidade de existir algum leitor membro da resistência a assistir a esta série, não podia deixar de fazer chegar a mensagem de que eu, Inês que não liga nenhuma a séries e que a única que viu até ao fim foi Genius, também faz parte da enorme comunidade de fãs de Stranger Things, logo desde a sua data de estreia, no ano passado.
Decorrendo nos anos 80, a história inicia-se com o desaparecimento sem rasto de um menino, Will Byers. Depois de todas as buscas da polícia se tornarem infrutíferas, o seu grupo de amigos parte em busca de pistas que possam ajudar a encontrar Will, porém, durante a missão, encontram-se com uma rapariga peculiar que pode ser fundamental para desvendarem o caso.
Sou muito sincera: embora adore tudo o que tem a ver com ficção científica, raramente fico conquistada com séries ou filmes do género. Se falarmos de sobrenatural, então, passam-me completamente ao lado. O excesso de fantasia habitual destas séries demove-me de as assistir, porém Stranger Things conquistou o meu coração, especialmente porque não se concentra exclusivamente nessa temática. Um dos detalhes que nos permite criar uma ligação mais forte com a série são as constantes referências à época — a banda sonora, a moda, as referências cinematográficas, entre outros — que tornam todo o ambiente de Stranger Things muito mais envolvente e, na ausência de uma palavra melhor, cool. 
O outro detalhe que nos liga mais à série, é que nenhuma personagem existe ao acaso e são todas bastante ricas e interessantes a nível de personalidade. Ficamos rendidos aos miúdos, interessados pelos graúdos e ainda torcemos pelos adolescentes. Todas as personagens têm algo que nos faz criar empatia com elas e não são meros acessórios de uma história extraordinária. E é isso que dá um certo requinte à série e a eleva das demais da mesma onda.
Com uma música de abertura icónica, um elenco maravilhoso e um toque — muito leve — de terrorzinho e suspense, é aquela série que sabe melhor quando a assistimos com companhia e vibramos juntos cada acontecimento. Os episódios terminam sempre de uma forma surpreendente e ficamos doidos para saber o que acontece a seguir. A vantagem de ser Netflix é que a espera pelo novo episódio não existe! Com a segunda temporada já estreada, hoje, a única pergunta que me resta é: o que há para não gostar?
♪♫Ta-na-naa-naaaa-naaaaa-na...♫♪
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Uma das coisas que sinto que cresceu em mim depois de visitar países mais "diferentes" e fora da bolha da Europa, foi a curiosidade para enriquecer mais os meus conhecimentos sobre História, um pouco por todo o mundo. Sinto que nos apresentam constantemente informações, documentários, manuais e artigos sobre as mesmas épocas históricas e que ficamos absolutamente ignorantes numa infinidade de factos importantes que aconteceram noutros lugares do mundo. E conhecermos a História e acontecimentos principais desses lugares permite-nos, também, compreender um pouco melhor as culturas, tradições e a própria identidade de um país. Tendo em conta que estou cada vez mais curiosa com países como o Vietname ou Camboja, o meu interesse pela História destes lugares é também enorme.
Foi precisamente por isso que decidi assistir ao First They Killed My Father, uma história verídica, produzida pela Angelina Jolie, disponível na Netflix e que retrata o período de 1975, onde o Camboja encontra-se sob o regime Khmer Rouge — um regime ditatorial que gerou um dos maiores genocídios da História —.  Observamos todos os acontecimentos através de Loung Ung, uma menina de cinco anos, a mais nova de seis irmãos, e que é forçada a ser treinada como soldado enquanto os seus irmãos são enviados para campos de trabalho forçados.
Todo o elenco é Cambojano, incluindo a língua e eu achei este detalhe excepcional, que eleva o filme para outro patamar e o aproxima do país onde a história é contada. Não é repleto de acção e tem um ritmo bastante lento, mas foi absolutamente incrível e esclarecedor. Alguns dos melhores pormenores são o facto de tudo ser observado pela inocência de uma criança — que se vai perdendo — e a qualidade da fotografia, que é de perder o fôlego.
É um filme intenso e angustiante mas que acho importante que todos assistam, porque precisamos de conhecer mais sobre o mundo que nos rodeia, mesmo os períodos negros, que não se confinam, de todo, à Europa. Embora não seja um filme cor-de-rosa e tenha um final surpreendente, sinto que compreendi muito melhor um período muito importante do Camboja e que me permitiu conhecê-lo um pouco melhor, mesmo sem ainda o ter pisado. Existe, também, o livro com as informações mais completas, especialmente sobre os pensamentos da Loung e eu estou muito desejosa por ler!
O filme foi seleccionado como representante do Camboja para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2018, e recomendo-o vivamente. Precisamos de abrir horizontes.
terça-feira, 24 de outubro de 2017
É mesmo muito importante manter e cultivar hobbies e outros interesses extra-curriculares: esta é uma daquelas aprendizagens que só se comprova quando, finalmente, saímos da bolha académica para o mundo, cá fora. É difícil conciliar tudo com igual empenho e dedicação, mas estes hobbies e interesses não servem apenas para nos ajudar a espairecer; são, no fundo, aquilo que melhor explora a nossa pluralidade, carácter e competências. No mundo profissional, nem sempre vão questionar-nos apenas acerca de aptidões que aprendemos na faculdade e aquilo que fazemos e somos fora de horas pode ser o ponto fulcral para se tornarem diferentes e conseguirem a oportunidade.
De um dia para o outro, tudo muda: os principais acontecimentos dos meus 22 anos aconteceram assim: num dia estava tudo estável, controlado e harmonioso, no outro, todas as coisas, certezas e bases estavam abaladas, torcidas ou mudadas. Apercebi-me do quanto aquilo que temos — e somos — é volátil e frágil e que temos de ser capazes de nos moldar às novas situações, manter o espírito positivo e usar este conhecimento de que tudo o que temos e sabemos é efémero para aproveitarmos ainda mais o momento presente e as coisas que, neste momento, estão ao nosso redor. Embora esta aprendizagem possa ser assustadora, a verdade é que me ajudou imenso a ser mais consciente do momento presente e a desfrutá-lo com mais plenitude do que antes fazia. 
Perder a minha melhor amiga é ainda mais doloroso do que imaginei: especialmente porque não estava preparada nem tive qualquer tipo de antecipação. A Laika foi a minha companheira de crescimento e vida e, claro, a ideia de que, um dia, ela ia partir já me tinha ocorrido no pensamento e era um golpe absolutamente doloroso. Mas em nada se compara à realidade, ao adeus que somos obrigados a dar. O dia em que a perdi foi o dia em que mais chorei, em toda a minha vida e o dia em que fiz algo que achei que só acontecia em filmes: gritei de dor.
O choque de conhecer o continente africano é ainda maior do que previa: no meu repertório de viagens, já tinha na bagagem a passagem por países com grandes discrepâncias sociais. Já tinha visto a fome, a miséria e a pobreza, portanto, quando marcámos a viagem ao Senegal, fui com alguma confiança de que já tinha o coração e estômago preparado para o choque de realidades. Não estava. Tudo aquilo que me tinha surpreendido nos outros países, tudo aquilo que tinha feito o meu coração ficar apertado, era três vezes pior ali. Era mais doloroso ali. Não consegui deixar de me sentir impotente, inútil, privilegiada e atónita com as diferenças de estilos de vida por todo o mundo. Na impossibilidade de sentir que a minha presença era a melhor ajuda do mundo, fiz questão de conhecer o máximo de pessoas que pude e de ouvir as suas histórias, de me inspirar com elas e de aprender tudo com eles — porque nos ensinam muito mais a nós do que o contrário —.
O Porto é ainda mais apaixonante do que pensava: finalmente, consegui conhecer o Porto e, de tudo o que já tinha visto e ouvido, estar lá, a viver e experimentar todas as sensações da cidade foi ainda mais incrível e surpreendente. Deslumbrei-me com a sensação de estar numa cidade dinâmica, mas muito familiar e com tantos traços de aldeia, com os sabores típicos do Norte que eu amo, com o Sol a que fui presenteada durante as minhas duas visitas invernosas, com as cores, a arquitectura e a vida! O Porto está repleto de vida e energia, e isso deixou-me fascinada e com vontade de regressar, sempre que possível. 
Nem todas as tendências ficam bem no meu corpo e não faz mal: aos 22, ganhei uma consciência enorme em relação ao meu corpo. Uma consciência saudável que passou por fazer as pazes com as minhas imperfeições e fisionomia. Durante todo este processo, a roupa teve, também, um papel importante. Sinto que ganhei mais uma batalha ao cuidar da minha auto-estima, na hora de vestir e experimentar novas peças — e, por vezes, é tão difícil, certo? —. Ao longo do ano, fui-me apaixonando por tendências que não combinavam, de todo, comigo; ou porque não tinha altura para fazer a peça vingar, ou porque as minhas ancas alteravam todo o efeito suposto na peça, ou porque não tinha peito para valorizar a peça. E o que compreendi é que isso não me torna menos bonita, com um corpo menos interessante ou belo. A única mensagem possível de se retirar é: a peça não foi feita para mim. Poderia usar, se quisesse e me fizesse feliz, mas não foi desenhada para mim. E num universo feminino cheio de corpos, curvas e linhas diferentes, a mesma peça não pode valorizar todos os corpos infinitos que existem. E não há mal nenhum nisso. Sair dos provadores sem nada e conformar-me, sem culpa ou tristeza, de que certas peças não eram para mim foi uma das minhas melhores conquistas e tornou todo o conceito de compras, moda e auto-estima muito mais leve, suportável e divertido. Até porque há sempre outro lado da moeda e, obviamente, tenho outras tantas centenas de peças que eu já sei que valorizam o meu corpo de uma forma mágica e que combinam a 100% com a minha estrutura. Este ano, perdoei o meu corpo. 
Nem toda a gente compreende o luto por animais de estimação: especialmente quem não os tem. Durante o meu luto pela Laika, ouvi muitos comentários com completa ausência de sensibilidade e os outros tantos, que (inteligentemente) optaram pelo silêncio, observaram-me como se fosse absurdo sofrer a morte de um animal. Sem rodeios de palavras, a verdade é esta; nem todos compreendem que o laço que criamos com os nossos animais é tão forte quanto o que temos com familiares humanos; não compreendem a ligação, a adoração e a admiração. E, certamente, não compreendem o luto. Que perder a Laika foi tão doloroso quanto perder um familiar, porque eu não via diferença. Apercebi-me que o luto por animais é um estigma e que muita gente guarda esse sofrimento porque não lhe dão espaço para viver essa tristeza. Empurram a pessoa para uma ideia de que têm de se recompor o mais rapidamente possível e "voltar à vida" porque foi apenas a "morte de um animal". Aconteceu comigo, aconteceu com uma série de amigos meus que — infelizmente — também perderam os seus companheiros, este ano.
Ser anestesiada é... estranho: este ano, tive de fazer um procedimento médico que envolvia anestesia. Tendo em conta que, desde que nasci, nunca tinha perdido a consciência e não conhecia a sensação de perder os sentidos, a ideia de "adormecer" deixava-me mais assustada e ansiosa do que o procedimento em si. E... é estranho. Num momento estava de coração na boca, no outro estava a ouvir o médico a dizer "até já", a sentir um ardor no braço que se alastrava e, imediatamente a seguir, estava a sentir as pálpebras a pesar de uma forma invencível e a cair em cansaço. A sensação é precisamente a mesma de quando estamos a tentar ficar concentrados num filme, mas estamos constantemente a deixar as pálpebras cair, até cedermos. 
Eu consigo controlar as minhas emoções: ter de lidar com uma série de acontecimentos intensos e infelizes fez-me descobrir que, finalmente, era capaz de viver o momento e de controlar o que estava a sentir. Não deixei as emoções saírem de mim como uma bola de neve e me levarem. Não me senti inebriada com sentimentos, senti-me consciente do que estava a falar, discutir ou perguntar. Isso foi fundamental para confiar mais em mim e na minha capacidade de ser dona do meu corpo e da forma como quero que reaja. Essa confiança permitiu que conseguisse viver o tal momento presente, que já citei, e completamente plena de cada uma das minhas acções e palavras.
Tenho sangue frio para lidar com situações de perigo: já o desconfiava e —  para meu azar —  meti essa desconfiança à prova este ano. Perante o alarme e o perigo, a histeria e o caos, consegui manter a cabeça completamente fria, ser racional e reagir de imediato. Isso preveniu-nos de um desastre ainda maior e mais perigoso e, embora tenha ficado com o coração na boca quando tudo acalmou, descobri que não bloqueei num momento alarmante.
Mergulhar é uma das melhores sensações de sempre: já mo haviam dito e descrito, mas vivê-lo é muito mais extraordinário; quando estamos debaixo de água, com uma botija de oxigénio nas costas, apercebemo-nos do quanto cada inspiração e expiração é um privilégio. Poder observar tudo sem urgência de emergir é uma sensação de invencibilidade. Enquanto mergulhava, sentia que tinha super-poderes e que tudo era possível. Uma das experiências mais incríveis da minha vida. Nunca me tinha sentido tão conectada com a água. 
O campo de basquetebol é mesmo a igreja dos jogadores: no meio de todas as notícias e acontecimentos intensos, voltei a refugiar-me no basquetebol. Principalmente porque é o universo que eu considero mais privado e pessoal; nunca trouxe muitas pessoas para o interior dele e as que já estavam, é como se fizessem parte de toda essa realidade. Fui mais vezes ao meu clube, assisti a jogos, participei em actividades. E, quando somos jogadores de gema, deixamos tudo fora das linhas: os problemas, as dúvidas, as discussões e arrufos, as notícias tristes. Só importa o jogo e o que está a acontecer naquele rectângulo. E transportei isso para mim até quando só estava nas bancadas a assistir. Foi terapêutico. Quando me sinto perdida, triste ou desamparada, regresso ao campo e encontro-me. Porque eu estou ali em toda a minha simplicidade. E é por isso que é a nossa igreja. É lá que nos reencontramos. 
Existem primeiras experiências de emprego boas: e eu sou exemplo disso. Em toda a minha vida, pouco tinha ouvido sobre sucessos no primeiro emprego; era inundada de histórias assustadoras, fracassos gigantes, e choques infelizes. Mas, a verdade, é que nada disso me aconteceu e o meu primeiro emprego foi incrível. Não foi ao encontro, de todo, do que queria fazer a longo prazo mas fui testemunha de verdadeiros gestos de companheirismo, profissionalismo e familiaridade. Ganhei experiência numa série de competências e ganhei mais confiança enquanto profissional. 
Não tenho de me sentir culpada por sorrir em alturas tristes da minha vida: foi também algo que trabalhei muito este ano. Durante muito tempo, sentia-me mal se sorrisse numa altura de luto ou sofrimento; sentia-me ainda pior se risse. Então, comecei trabalhar muito em mudar esta minha concepção. Sorrir é importante, encontrar pequenos momentos de felicidade nas alturas más é fundamental. Não estou a menosprezar o acontecimento triste nem a ignorá-lo. Não estou a desrespeitar nada. Só estou a tentar encontrar razões para voltar a sorrir e a ser feliz, de novo. Sorrir em alturas tristes não me torna insensível ou irresponsável. Torna-me humana e com vontade de viver. 
Eu consigo conduzir longas distâncias: e esta foi uma vitória muito importante, para mim. Fiz questão de me por à prova e ir a determinados lugares que, em circunstâncias normais, optaria por transportes. Agarrei no meu GPS, no meu CD da Anavitória e confiei nas minhas capacidades de condução para ir até outros destinos. Cada prova superada foi mais um ponto na minha confiança a conduzir e a ser cada vez mais autónoma. Sinto-me mais descansada quando descubro que tenho de ir a algum lugar que não conheço, sozinha, no meu carro. Já sei que sou capaz.
Eu consigo jogar durante a madrugada: com sinceridade, de todas as aprendizagens que escrevi, esta foi a que achei que nunca iria escrever. Sou conhecida, entre os amigos, por ser a Bela Adormecida. O cansaço e o sono têm efeitos muito pesados em mim mas, durante o torneio em que jogámos basquetebol durante a madrugada, fui capaz de estar activa e presente no jogo. E isso foi absolutamente surpreendente. Certo, fui dormindo nas pausas e intervalos, mas saber que tinha energia para mais um sprint, uma defesa, um corte ou um lançamento arriscado deixaram-me orgulhosa. Esta é uma das capacidades que eu sei que, com o envelhecimento, inevitavelmente vou perder, mas fiquei tão feliz por saber que, por uns tempos, ainda posso dar luta às quatro da manhã, com bola na mão. 
Conhecer pessoalmente pessoas da blogosfera é muito divertido: sentia-me muito curiosa em relação a este assunto e ansiosa, também. Tinha — e tenho, admito — um medo tonto de que as pessoas se desiludissem comigo. Nunca ninguém é 100% aquilo que está no seu blog (há tantas coisas da nossa vida e personalidade que não expomos nas nossas páginas...!), portanto, essa parte oculta de nós faz com que pense sempre que a pessoa vai achar-me menos interessante, pessoalmente. Mas, até à data, tenho tido muito boas surpresas e tenho ficado descansada porque garantem-me que sou fiel ao que exponho no Bobby Pins. Inseguranças à parte, é incrível conhecermos, finalmente, as pessoas; ouvirmos a voz, vermos as expressões quando sorriem ou falam. Os trejeitos e tiques. É uma sensação muito boa, especialmente quando sentimos que a relação que temos dentro da blogosfera é exactamente igual offline. Sem constrangimentos ou perdas de química ou empatia. 
É muito bom ter um novo membro da família: Embora tenhamos precisado de algum tempo para recuperar, a ideia de fazermos outro patudo sentir-se feliz e com uma família era aliciante. Mas tinha muito medo de como iria ser a minha relação com um novo membro, que não a Laika. A Belka ensinou-me como amar de novo, mesmo que não amemos da mesma maneira. Da mesma forma que não amamos duas pessoas da mesma maneira, algo semelhante acontece com os nossos animais de estimação. Não amamos mais um do que outro, mas o laço é diferente, embora seguro. A Belka é muito diferente da Laika, mas preenche-me o coração de igual forma e aprendo algo novo com ela, todos os dias. É maravilhoso termos mais um patudo para ver crescer e formar personalidade. Que podemos amar incondicionalmente, como já amámos. 
Sismos são assustadores: este Verão senti, pela primeira vez, dois tremores de terra. Nunca antes tinha acontecido, passavam-me sempre ao lado mas estes, embora não fossem de uma intensidade muito perigosa, fizeram-se sentir e assustaram-me em absoluto. Ver as nossas coisas a mexerem-se sozinhas e os nossos móveis a abanar é uma sensação assustadora e senti-me insegura. Nada à minha volta era estável e, numa das vezes, cheguei mesmo a correr e a dizer para nos colocarmos debaixo das ombreiras das portas. Senti-me pequenina e, embora saibamos a força que a Natureza pode ter e a que medidas consegue responder, é totalmente diferente quando a observamos e sentimos. 
Posso ter uma opinião diferente dos meus pais: e isso é válido e nada tem a ver com insolência ou imaturidade. Esta é uma aprendizagem que demorei muito tempo a alcançar e que, enquanto não a aprendi, sofri muito.
Partilho os mesmos valores e princípios que os meus pais me educaram para ter — afinal de contas, concordo com todos eles e fazem todo o sentido, para mim — mas muitas vezes sentia-me errada se tivesse uma opinião ou decisão diferente da que eles fariam ou aconselhariam, porque metia na cabeça que se os meus pensavam dessa forma sobre determinado assunto, era insensato eu considerar outra ideia. Não era, de todo, imposição dos meus pais nem de qualquer outra coisa, era algo que eu e só eu assumia porque os via como mais velhos, sábios, experientes e conscientes de como eu era.
Este assunto é muito delicado e acho que não é tão falado quanto eu acho necessário mas é completamente possível termos opiniões ou tomarmos decisões diferentes daquelas que os nossos pais têm e isso não significa que os estejamos a desafiar, contrariar ou que sejamos menos sensatos que eles. Não há nada de errado ou imprudente em ter uma forma de ver determinada situação diferente da deles e, durante muito tempo, eu sentia isso, o que acabava por me impedir de ser ainda mais autónoma ou confiante no que estava a fazer. Sinto que esta aprendizagem foi ainda mais importante para a qualidade que eu tenho na relação com os meus pais mas também fez com que conseguisse ter mais certezas de que eu sei o que quero para mim (o melhor, sempre). Sei que partilho os valores que eles prezam, as regras de etiqueta que me incutiram e, quando divergimos de opinião, faço questão de os escutar ao máximo e de respeitar o seu ponto de vista. Mas se sinto que o meu caminho é outro, se o meu ponto de vista é completamente diferente, eu respeito-o e atendo-o também, sem me culpar ou diminuir. Faz parte de nos relacionarmos uns com os outros e é importante confiarmos nas nossas vontades, instintos e opiniões também.
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
Cada vez mais sei que sou uma pessoa que arranja pretextos para me reunir com as minhas pessoas. Todos vamos seguindo os nossos caminhos, fazendo as nossas escolhas e o que antes era uma rotina diária e que permitiu que construíssemos um laço, hoje em dia, já não existe. Cada um tem a sua rotina em separado e já não nos vemos todas as manhãs/finais de dia. Por isso mesmo é que, cada vez mais, tudo para mim é pretexto para reunir; o exame que correu bem e que devíamos lanchar para celebrar, a visita de fuga ao lugar x onde uma amiga nossa está e que é perfeito para um almoço, o final da semana cujas possibilidades de encontro são infinitas, o concerto que todos queremos ver e os aniversários. Quanto mais cresço e envelheço, mais me apercebo da importância de usarmos os aniversários para reunirmos as nossas pessoas numa só mesa, a brindarmos à vida.
Admito que, durante muitos anos, descurei esta parte da festa. Acredito que a principal razão tenha sido o facto de os meus amigos estarem todos reunidos num só espaço/cidade, portanto, eu já os encontrava a todos, sem falta, no meu aniversário, o que fazia com que a minha vontade de organizar jantares fosse menos acesa — eu nunca gostei de organizar jantares nem aniversários, confesso. Mas apenas da parte dos preparativos, já do jantar/festa em si eu adoro —. Agora, faz todo o sentido para mim.
Foi assim que passámos a noite de sábado; entre fatias de pizza, hambúrgueres e bebidas frescas, houve espaço para os abraços carregados de saudade, para contarmos as novidades, para sorrisos genuínos. Eu costumo dizer que sabemos que uma refeição em grupo corre bem quando estamos constantemente a mudar de lugares para chegarmos mais perto de pessoas diferentes e vivermos conversas distintas. E é assim que eu gosto de ver um jantar de aniversário, com pessoas que têm um bom coração, personalidades distintas, histórias de vida completamente diferentes mas que encontram sempre elos comuns para se ligarem, interagirem e conviverem. As horas passam, as conversas cruzam-se — tal como os lugares — e os momentos ficam mais doces do que todas as sobremesas do restaurante juntas. No final, há sempre oportunidade para apanhar a amiga que trabalha fora de horas e apenas divertir-nos e libertarmos o cansaço do dia dançando como se ninguém nos estivesse a ver.
O melhor é matar as saudades. É saber as novidades. Num mundo cada vez mais imediato, é fácil — e óptimo! — estarmos à distância de uma mensagem, de um Whatsapp. Podemos ser mais próximos respondendo a Stories de coisas que estão a acontecer, no momento. Podemos ver os rostos uns dos outros em fotografias bonitas ou caretas privadas. Podemos ligar-nos uns aos outros e perder noção do tempo a conversar enquanto fazemos múltiplas tarefas. Mas não há nada que me dê mais prazer do que abraçar os meus amigos e de saber as novidades ali, no momento, enquanto acompanho as suas expressões espontâneas, o brilho no olhar e podemos interagir ali, juntos. O pretexto para encurtar as distâncias que deixam os nossos corações mais apertados são as melhores razões para boas notícias acontecerem e velas se acenderem — ano após ano —. Há poucos prazeres na vida melhores do que brindarmos com quem adoramos.
Admito que, durante muitos anos, descurei esta parte da festa. Acredito que a principal razão tenha sido o facto de os meus amigos estarem todos reunidos num só espaço/cidade, portanto, eu já os encontrava a todos, sem falta, no meu aniversário, o que fazia com que a minha vontade de organizar jantares fosse menos acesa — eu nunca gostei de organizar jantares nem aniversários, confesso. Mas apenas da parte dos preparativos, já do jantar/festa em si eu adoro —. Agora, faz todo o sentido para mim.
Foi assim que passámos a noite de sábado; entre fatias de pizza, hambúrgueres e bebidas frescas, houve espaço para os abraços carregados de saudade, para contarmos as novidades, para sorrisos genuínos. Eu costumo dizer que sabemos que uma refeição em grupo corre bem quando estamos constantemente a mudar de lugares para chegarmos mais perto de pessoas diferentes e vivermos conversas distintas. E é assim que eu gosto de ver um jantar de aniversário, com pessoas que têm um bom coração, personalidades distintas, histórias de vida completamente diferentes mas que encontram sempre elos comuns para se ligarem, interagirem e conviverem. As horas passam, as conversas cruzam-se — tal como os lugares — e os momentos ficam mais doces do que todas as sobremesas do restaurante juntas. No final, há sempre oportunidade para apanhar a amiga que trabalha fora de horas e apenas divertir-nos e libertarmos o cansaço do dia dançando como se ninguém nos estivesse a ver.
O melhor é matar as saudades. É saber as novidades. Num mundo cada vez mais imediato, é fácil — e óptimo! — estarmos à distância de uma mensagem, de um Whatsapp. Podemos ser mais próximos respondendo a Stories de coisas que estão a acontecer, no momento. Podemos ver os rostos uns dos outros em fotografias bonitas ou caretas privadas. Podemos ligar-nos uns aos outros e perder noção do tempo a conversar enquanto fazemos múltiplas tarefas. Mas não há nada que me dê mais prazer do que abraçar os meus amigos e de saber as novidades ali, no momento, enquanto acompanho as suas expressões espontâneas, o brilho no olhar e podemos interagir ali, juntos. O pretexto para encurtar as distâncias que deixam os nossos corações mais apertados são as melhores razões para boas notícias acontecerem e velas se acenderem — ano após ano —. Há poucos prazeres na vida melhores do que brindarmos com quem adoramos.
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Quando a Carolina me avisou que ia enviar um presente de aniversário, estava longe de imaginar os inúmeros miminhos que vinham a caminho, pensados e escolhidos ao pormenor, para mim.
É certo que já muito disse, no meu Instagram — @innmartinsm —, mas se tudo começou na blogosfera, então faço questão de registar este momento no Bobby Pins.
Andamos há sete anos nisto e éramos miúdas quando começámos. Desde então, acompanhámos as mais variadas fases e acontecimentos; a vida adolescente do secundário, a nossa transformação de miúdas a mulheres, as vitórias, as provas que correram mal e os exames que correram bem, a vida académica, os corações partidos, os corações cheios, as más notícias e as boas. Não é ao acaso que digo que nos acompanhamos desde o tempo dos dinossauros e não é uma colega blogosférica qualquer; embora tenhamos mudado, tenhamos crescido e evoluído numa série de interesses, continuamos a identificar-nos uma com a outra nos valores, em imensas opiniões e nos mais variados princípios. E, como também já referi uma vez, mesmo naquilo em que discordamos, conseguimos compreender perfeitamente o lado uma da outra. Por tudo isso, pelos anos nas costas, pelas alterações subtis que fomos apanhando uma da outra, pelas mensagens que fizemos sempre questão de mandar (de forma pública ou privada) a prometer que estávamos aqui para qualquer coisa e que enviávamos força, o laço estreitou e começava a visitar a página da Carolina não só como uma blogger da vanguarda que admiro, como também de uma amiga à distância, como se enviássemos cartas uma à outra com actualizações da nossa vida e dos nossos interesses. E quando alguém que estimamos faz este tipo de gestos bonitos, o nosso coração fica mais preenchido.
Junto com um postal carregado de mensagens amorosas vinha um bloco de notas lindo, cor-de-rosa, com desenhos alusivos a Londres e dois DVDs para juntar à minha colecção Disney: o Divertidamente e A Dama e o Vagabundo. Escusado será dizer que amei.
A Carolina não escolheu nenhum dos presentes por acaso, mas eu compreendi a sua mensagem ainda antes mesmo de a ler, no postal. E aquilo que me deixa mais contente é que, cada vez que olhar para cada um destes itens, vou recordar-me dela; não só porque foi ela que os escolheu a dedo e com carinho, para mim. Não só porque foi um presente que eu sei que foi pensado com pormenor e empenho, mas também porque cada um destes presentes também reflecte muito a Carolina. 
Afinal de contas, é no filme A Dama e o Vagabundo que o seu beijo preferido do cinema se encontra; Londres não é apenas uma capital bonita e dinâmica aos seus olhos e coração; e eu admiro-a, todos os dias, pelas batalhas que trava na sua cabeça e por expressar de uma forma tão brilhante e delicada sempre tudo o que se passa consigo, de dentro para fora (Inside Out). Todos estes miminhos têm mensagens uma para a outra.
Agradeço este gesto com o coração tão aberto quanto o da Carolina, quando resolveu oferecer-me estes presentes incríveis. Perguntam-me qual é a minha parte preferida de ser blogger inúmeras vezes e eu sempre respondo "conhecermos pessoas que nos inspiram, com quem nos identificamos, e podermos partilhar o que nos faz feliz com elas". Estes gestos offline e sinceros apenas comprovam que tenho razão e que não há distâncias, ecrãs ou desculpas para mostrarmos aos outros o quanto os valorizamos e consideramos. E esta é mais uma opinião em que — quase como sempre — estamos as duas de acordo.
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
No dia do meu aniversário, desafiaram-me a abraçar o meu lado mais fashionista e registar o visual escolhido através da fotografia. Não é a estreia ou o nascimento de uma rubrica, mas recebo imensas vezes —  especialmente pelos Favoritos —  pedidos para que partilhe mais vezes a forma como conjugo as peças que tanto falo e recomendo. Além disso, diverti-me muito com a minha guia, portanto, porque não mostrar-vos como me expresso no vestuário, no dia-a-dia? Alinham nesta publicação atípica?
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Hoje, celebro 23 anos de vida. Uma vida recheada de privilégios e momentos que, em parte, foram partilhados neste espaço, com vocês. Hoje, aos vinte e três, sinto que há muitas esferas da minha vida que não vejo totalmente resolvidas ou compreendidas, sinto que há muitos caminhos que ainda não desbravei totalmente. E faz parte. O meu crescimento, amadurecimento e a própria vida vão acabar por resolver. 
Por outro lado, sinto que criei uma relação muito bonita e especial comigo mesma e com diversos aspectos que, há alguns anos, não estavam resolvidos. Nem sempre me amei. Nem sempre me achei bonita (nem por dentro, nem por fora). Nem sempre tive auto-estima. E este é um dos trabalhos pelos quais mais estou grata: por ter feito as pazes comigo mesma, por ter encontrado beleza onde antes existiam reclamações e imperfeições intoleráveis, por me ter perdoado por todos os defeitos. Por compreender o que realmente é ser bonito, inteligente, interessante, importante e que podia ser tudo isto, sem senãos.
Chego aos vinte e três segura de que tenho o direito de me sentir bonita por fora, se assim o desejar; que tenho coisas interessantes para dizer e ainda mais para conhecer e aprender; que a ausência de interesse ou amor por parte de uma pessoa não anula que eu seja amável ou interessante; que o meu corpo, mesmo que não sendo esculpido por anjos, mesmo tendo um centímetro a mais aqui e outro a menos ali, é meu, e posso aproveitar todas essas características que me foram atribuídas da forma que me fizer sentir mais Inês. Que o meu entusiasmo pelas coisas que me fazem feliz não é patético ou exagerado, é válido porque é o meu entusiasmo. E se me mantiver honesta comigo mesma, com os meus interesses, com os meus desinteresses e com o que me faz feliz, as pessoas que me querem bem também ficarão felizes - mesmo que não partilhemos esses interesses -. Aprendi a abraçar a Inês sem mágoa, sem rancor, sem coisas por dizer ou perdoar. Eu apoio-me e torço por mim. E isso foi uma conquista muito importante, ao longo destas duas décadas.
Tenho vinte e três anos de memórias e obrigados. Tenho uma família que me mostrou o que era amor incondicional antes mesmo de eu ganhar consciência de tal conceito, que me deu uma educação maravilhosa e partilhou valores que levo comigo no coração, todos os dias.
Tive uma companheira maravilhosa que me escolheu e que cresceu comigo, lado a lado: a Laika. A minha amiga leal que me mostrou que o amor ultrapassa defeitos. Tenho uma outra companheira incrível, a Belka, que verdadeiramente me mostrou que podemos sempre voltar a amar, que temos sempre força para voltar a criar um laço e uma ligação forte. Que o "nunca mais" não existe quando somos bons por dentro.
Tenho um grupo de amigos sólido, que não me larga. Quando caio para o fundo do poço, eles agarram-me a mão e não me largam, cheios de teimosia. Não me dão um ombro para chorar. Dão-me os dois. E quando, finalmente, estou no topo do telhado, eles estão lá também. Verdadeiramente felizes por estar feliz. A torcer por mim. Conhecem-me de ginjeira, há anos. Sabem "o que a casa gasta". E eu sou grata pela confiança deles.
Ao longo destes vinte e três anos, li livros que me ensinaram a ver tudo de perspectivas distintas, não só ouvi música como a aprendi, fiquei mais confiante, rija e compreendi perfeitamente o significado de "compromisso" através do basquetebol - que apresentou algumas das pessoas que levo comigo para a vida -. Pisei novos continentes e vi o Sol a nascer do lado do mar. As viagens mostraram-me a arte, a cultura, as tradições, a natureza e as pessoas de uma forma inigualável. Mergulhei em águas únicas, aprendi a relativizar os meus problemas e a compreender a dimensão do mundo. Passei a valorizar ainda mais algumas coisas que damos por garantidas. Deslumbrei-me com os quadros e esculturas mais emblemáticos, caminhei em ruas cujas fotografias não conseguem fazer jus, provei sabores inesquecíveis, contactei com espécies de animais e plantas de uma forma natural e conversei com pessoas absolutamente inspiradoras. Conheci as suas histórias, fiz perguntas, e criei laços pelo mundo. 
Vi quase todos os meus artistas preferidos da primeira arte, escolhi um curso e uma universidade que me fizeram conhecer pessoas espectaculares. Aprendi coisas sobre saúde e sobre o meu corpo que, ainda hoje, me surpreendem. Usei a capa negra a preceito, disse sim a todas as festas que faziam sentido a minha presença. Criei histórias que ainda hoje contamos. Agitei fitas nos céus.
Criei o Bobby Pins e esta comunidade de leitores que eu estimo de coração inteiro. Que lêem o que penso sobre o mundo, sobre mim, sobre tantas coisas que me fazem feliz. Conheci pessoas incríveis graças a esta paixão e que me inspiram a ser ainda melhor.
Celebro estes 23 anos repleta de memórias inesquecíveis. Estas são as esferas da minha vida pelas quais estou mais grata, pois elas foram o principal gatilho para, hoje, ser a Inês que sou. Do jeito que sou. É uma juventude de histórias boas, de pessoas bonitas, de aventuras entusiasmantes, momentos marcantes e aprendizagens únicas. E é isso que eu festejo, hoje. A vida. Celebro a minha jornada pela minha auto-estima, celebro os lugares maravilhosos que me marcaram, celebro as pessoas que gostam de mim tal como sou, celebro as oportunidades únicas que eu não perdi. Celebro a felicidade que vive dentro de mim e a esperança que a acompanha, celebro todos os presentes que estes anos me trouxeram. Alguns materiais. Alguns com batimento cardíaco (os mais importantes). Celebro tudo isso. Porque tudo isso é o que faz a vida fazer sentido e é o que me faz feliz. É o que me deixa completa. Sou eu. Feliz aniversário!
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
Depois de ter ficado rendida com o primeiro filme da Lego e Lego Batman - o Filme, fiquei em pulgas para ver o mais recente lançamento, Lego-Ninjago, nome da cidade que é constantemente ameaçada por Lord Garmadon, um terrível vilão cujos seus planos para conquistar a cidade são sempre destruídos graças a um grupo de fantásticos ninjas, guiados pelo Ninja Verde, também conhecido por Lloyd - o filho de Garmadon.
Acontecimentos inesperados levam o Mestre Wu - sábio que lidera o grupo ninja - a levar os seus guerreiros para uma jornada que os fará conectarem-se com os seus elementos de uma forma mais profunda e a compreenderem o verdadeiro significado de família (a de sangue e a que escolhemos).
Confesso que, de todas as criações cinematográficas da Lego, este foi o que menos gostei. Adoro ninjas e toda a cultura oriental, mas achei os dois primeiros filmes mais bem conseguidos, quer ao nível da história, quer ao nível do requinte das piadas. Dos três, eu diria que este é o mais direccionado para as crianças, embora a fórmula vencedora da Lego não se tenha dissipado e ainda conte com a presença de piadas para adultos e pormenores mais subtis que passam ao lado das crianças mas que nós, mais velhos, apanhamos com facilidade.
É um filme super bem disposto, ideal para levarem os miúdos a uma sessão da tarde ou (porque não?) reunirem as vossas pessoas mais divertidas e darem umas gargalhadas. 
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Estava na minha wishlist de aniversário e, quando o ganhei através de um giveaway promovido pela Paula Laranjeira, fiquei radiante. Agradeço o presente de aniversário antecipado!
Ser Blogger traça o perfil de um blogger e de um leitor e dá-nos dicas muito válidas sobre como criar um blog - para quem ainda não reuniu toda a coragem -, como apresentar o nosso blog, fazê-lo crescer, rentabilizá-lo e geri-lo, tudo através de uma linguagem simples e de capítulos muito bem organizados. O Ser Blogger encara o vosso blog não só como um possível passatempo mas como algo sério e confia no vosso potencial para levá-lo a um patamar mais profissional, sem nunca esquecer a razão principal para o termos criado: paixão.
Embora alguns capítulos não se tenham adequado tanto à minha posição enquanto blogger (como saber se devo ser blogger ou onde alojar o meu blog) e eu gostasse de ter visto no livro alguns temas muito pertinentes, este livro respondeu-me a questões e dúvidas que eu nem sabia que tinha e ajudou-me a ter uma linguagem muito mais SEO em relação a este projecto. A verdade é que, sejamos sinceros, se começamos um blog pela razão certa que é a paixão por nos comunicarmos e partilharmos, o mais provável é que nem toda a gente domine todo o backstage de gerir uma página (não só a do próprio blog como das redes sociais), controlar visualizações e taxas porque nunca abordámos esse assunto na vida, sequer. Eu, sem vergonha alguma, admito que era uma dessas pessoas, onde o Bobby Pins nasceu e mantém-se de paixão e cujo os termos de marketing digital, de análise de métricas, de percentagens e tempos médios e tráfegos eram um dialecto completamente estranho para mim e que fui aprendendo na tentativa-erro e na intuição. Tenho absoluta certeza de que muitos outros bloggers sentem o mesmo, e o Ser Blogger foi uma ajuda preciosa para consolidar o que já sabia e compreender melhor alguns pormenores que ainda eram muito confusos para mim.
É um guia muito actual e necessário. Algo que amei neste lançamento é que é inteiramente nacional e, portanto, aplica todas as dicas, truques e parâmetros ao que já se faz e consegue em Portugal, o que nos ajuda a ter um alicerce de conhecimentos mais próximo da nossa realidade. Já perdi a conta de quantas vezes o consultei, desde que o recebi, e dos inúmeros post-its que colei nas páginas para assinalar pontos importantes.
Com sinceridade, embora o livro toque em muitos assuntos de forma superficial e não fale de outros tantos que gostava, achei o livro pertinente e fantástico não só para todos os bloggers que querem olhar para a sua página num tom mais sério e profissional - e não há mal nenhum nisso - como também para quem, inevitavelmente, tem de viver com este universo mesmo fazendo parte indirecta do projecto. Quantas vezes já tentaram explicar aos vossos amigos, familiares ou namorados "o que é ser blogger?" ou "o que fazes com um blog?". Considero que é um livro excelente para quem não compreende inteiramente o conceito de ter um blog e quer perceber um pouco melhor todo o trabalho que a sua amiga/namorada/familiar blogger tem de fazer. Acreditem que quem ler este livro não só vai compreender muito melhor o vosso trabalho como respeitá-lo - que também é algo que sentimos na pele quando diminuem todo o esforço que dedicamos a estas páginas -. Eu garanto-vos isto porque na minha esfera pessoal já quiseram ler alguns capítulos do livro e sentiram-se muito mais próximos com o que faço, portanto, julgo que é uma vitória dupla quando ganhamos mais confiança no que fazer ou como gerir e ainda temos um apoio mais sólido por parte de quem quer não só perceber o que fazemos como ajudar-nos. Ser Blogger é o guia de sonho de qualquer blogger português que está em "começo de carreira".
Autoras: Carolina Afonso e Sandra Alvarez
Número de Páginas: 247
Disponível na Wook (ao comprares o livro através deste link, estás a contribuir para o crescimento do Bobby Pins)
Disponível na Wook (ao comprares o livro através deste link, estás a contribuir para o crescimento do Bobby Pins)
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
Num futuro (talvez não muito distante), a Terra encontra-se por um fio e uma equipa da NASA inicia uma expedição no espaço para avaliar três planetas que, numa missão anterior, foram identificados como potenciais habitats para garantir a sobrevivência da Humanidade. Liderando essa equipa encontra-se Cooper, um ex-piloto da NASA que enfrenta a possibilidade de nunca mais regressar a casa e voltar para os seus filhos.
O que torna o Interstellar tão bom, é que não é um filme de ficção científica manhoso, mal construído ou demasiado fantasioso, e a premissa ameaçava isso. Procurar um novo lar noutro planeta de um outro sistema solar parece quase sonhador demais, mas o corpo do filme garante que a missão é muito objectiva, clara e lógica usando simples princípios elementares da física, de uma forma muito requintada e sem pontas soltas ou incongruências.  Além de toda a aventura que vivemos com o coração nas mãos e as costas bem longe da cadeira, absorvemos inúmeras mensagens profundamente complexas sobre a nossa existência, sobre as nossas relações enquanto seres humanos, sobre o próprio conceito de tempo e a ligação da gravidade com a física quântica, que parece ser uma relação (ainda hoje) muito difícil de enlaçar.
Com um corpo instrumental bem original e completamente diferente do que costumamos apreciar em filmes de ficção científica - Hans Zimmer sempre brilhante - é um filme inesperado, empolgante, enriquecedor e um gatilho para voltarmos a questionar uma série de coisas sobre a nossa realidade. Interstellar é confuso, angustiante, extraordinário, intrigante e inesquecível. E, no fundo, não são estas as características da física mais elementar?
O melhor professor acerca da relatividade. Recomendo muito.
terça-feira, 3 de outubro de 2017
Provavelmente, já estão a revirar os olhos ao ver que estou a partilhar convosco mais um vídeo do Peter McKinnon. É justo, porém, hoje não partilho o vídeo por causa dos tutoriais ou das dicas de fotografia, como habitual. Hoje o assunto é completamente diferente e recomendo que assistam primeiro ao vídeo, agora, antes de começarem a ler toda a minha publicação.
Esta curta, gravada pelo próprio Peter, foi feita no Quénia, o que despertou a minha curiosidade. Mas quando ele mostrou a fotografia do balde é que me transportei imediatamente para aquela aldeia que visitei, no Senegal. Nunca um discurso fez tanto sentido para mim e fui ao encontro das palavras dele durante todo o vídeo, recordando-me da minha viagem.
Como em qualquer lugar, cada país é um país, com a sua cultura única, tradições e formas de viver distintas e próprias. No entanto, as dificuldades e as condições trágicas que Peter observou numa aldeia do Quénia, também eu observei no Senegal, e aquilo que o emocionou foi precisamente o mesmo que me emocionou a mim: a resiliência e capacidade de serem felizes com pouco.
Este assunto não é novo, aqui no Bobby Pins, e já me fartei de falar o quanto eu admiro este facto, tanto na República como em Cuba e, mais evidente ainda, no Senegal. Mas é mais importante do que imaginam porque ser feliz com pouco é uma coisa que nenhum de nós sabe o que é. Tendo cama, comida, tecto seguro, família estável, liberdade para escolhermos o que queremos fazer, o que queremos estudar, o que queremos comer, quando queremos comer e com quem queremos estar é ser feliz com muito e nem nos apercebemos.
Ainda hoje fico confusa com o paradoxo: nós é que fazemos a visita, mas também somos nós que passamos a maior parte do tempo com os olhos aflitos. Não têm nada e estão famintos, mas há um brilho no olhar que nunca mais encontrei em ninguém. Têm uma força e vontade de viver que eu não encontro num feed no Instagram. Têm uma resiliência, uma esperança, uma força para quererem superar os problemas e adversidades que me inspira. Para eles, o mundo não lhes virou as costas, é apenas mais um desafio e isso é evidente quando temos dois dedos de conversa. E é inspirador.
Na vida, vamos encontrar muitos baldes partidos e a maior parte de nós vai sofrer com isso e, logo a seguir, deitá-los fora. Sofrer é inevitável e justo, mas podemos sempre decidir que temos a linha na mão e remendá-los, mesmo que não tenha lógica, mesmo que nos digam que é um "caso perdido, mais vale arranjares outro". Por vezes, não há outro balde e remendá-lo, por mais imperfeito que fique, é a solução e é o significado de esperança. Talvez não remende tudo, mas corrige o principal. Não desistir, mesmo quando parece o caminho mais natural e lógico, não deixar de inventar soluções para assuntos que parecem perdidos e dar sempre novas oportunidades de recompor o mundo (o nosso, cá dentro do coração, e o nosso, lá fora, com árvores bonitas).
Eu continuo a ter obstáculos, eu continuo a ter as minhas tristezas e a chorar mesmo tendo uma vida privilegiada. Mas ter tido um contacto tão orgânico com a persistência e a felicidade pura ensina-me, todos os dias, a ser melhor e maior que os meus problemas porque há, todos os dias, pessoas inspiradoras a fazê-lo, com problemas maiores que os meus. Todos os dias dão-me força para relativizar e para olhar para os recursos que tenho. Dão-me força para voltar a ter esperança e voltar a ser feliz quando as nuvens negras se abatem sobre mim. Todos os dias, eles relembram-me que eu tenho uma linha que dá para coser o balde. Mesmo que me digam para deitar o balde fora.
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
Dá-me um prazer enorme ler livros cujo o ambiente da narrativa e o meu se fundam. Não estou a falar do enredo nem da temática, sequer dos personagens. Falo mesmo da época, do tempo. É uma harmonia que me reconforta na leitura e que me envolve mais no livro. Depois há livros que simplesmente têm algo que os faz tão apetecíveis de ler em determinadas alturas do ano, mesmo que a narrativa não aborde absolutamente nada acerca da estação. É precisamente isso que quero trazer para vocês, meus leitores: cinco sugestões para lerem no tempo outonal. E algumas incluem um toque Halloweenesco!
Por fim, e antes de passar já para as sugestões, quero dedicar inteiramente esta publicação ao Jota, que infelizmente não pôde regressar à blogosfera no timing que desejava mas que ainda tenho esperanças de que tal vai acontecer e que ainda nos vai presentear com as suas ideias, sempre inovadoras e que fazem a blogosfera acordar. Sinto, aliás, sentimos todos saudades disso!
domingo, 1 de outubro de 2017
Finalmente chegámos a Outubro, o melhor mês do ano, o verdadeiro mês do outono e... o mês do meu aniversário!!! Vocês já sabem; não tenho qualquer tipo de vergonha de dizer que gosto de fazer anos. Eu acho incrível que todos nós, no mundo, possamos ter um dia para celebrar a vida, para brindar com as nossas pessoas, para recebermos mensagens vindas do coração e lembranças escolhidas com carinho. Se eu celebro com entusiasmo o aniversário das minhas pessoas, porque não celebrar, também, com o mesmo entusiasmo, o meu?
Portanto sim, já estou praticamente em contagem decrescente e as estatísticas do blog não mentem: as minhas publicações de wishlist do Natal estão no pódio das mais lidas de sempre e vocês adoraram tanto quanto eu me diverti a fazê-las. A dezasseis dias do meu aniversário, decidi voltar a fazer uma lista dos sonhos, desta vez, para esta celebração. Algumas coisas mais acessíveis que outras mas a verdade é que são tudo desejos que eu conto atendê-los, caso não os venha a receber. E são sonhos que, inevitavelmente, também mostram um pouco mais de mim. Curiosos com os meus desejos para os 23?
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