sexta-feira, 31 de março de 2017
Para mim, além de todo o património cultural e paisagístico, faz parte da experiência de uma viagem as pessoas que conhecemos e que estimulam e enriquecem a nossa vida, a nossas próprias memórias dessa aventura. E, nesse contexto, não podia deixar de vos apresentar uma pessoa que enriqueceu bastante a minha viagem: Souleymane, o meu guia. Na improbabilidade de terem uma viagem marcada para o Senegal, neste preciso momento, não queria perder a oportunidade de vos dar a conhecer esta pessoa incrível e também contar-vos um pouco da sua história. Afinal de contas, é também uma forma de partilha da minha experiência por este país.
Souleymane foi o sexto dos 12 filhos que nasceram de um casal bastante pobre mas, de todos, foi o único que estudou. Tem dois filhotes, uma mulher que fala com o maior dos carinhos e está a lutar pelo seu sucesso profissional. Uma amiga da minha mãe, que já tinha, há alguns anos, viajado até ao Senegal, falou maravilhas de um guia que tornou toda a viagem mais especial e até nos mostrou uma foto ao seu lado. Qual não foi o nosso espanto quando demos de caras com ele, num sorriso gigante e aberto. Mas o pormenor que nos espanta assim que lhe apertamos a mão é... que ele fala português.
Isto é um pormenor extraordinário porque já ficamos espantados quando algum consegue arranhar o inglês. Mas Souleymane é um homem muito inteligente e, além de prosseguir os seus estudos e trabalhar como estagiário nas tours guiadas, poupou todo o dinheiro que obteve do estágio para entrar numa escola e aprender a falar português e inglês. Neste momento, é o único guia, na região, que fala português e este detalhe fez com que crescesse na equipa de guias e recebesse mais solicitações para excursões. Ele foi, portanto, o nosso tradutor e isso permitiu-me conseguir conversar com ele sobre uma série de assuntos do seu país que, com o entrave linguístico, não iriam fluir de uma forma tão fácil ou natural.
Além da sua simpatia e humildade inacreditáveis, é uma pessoa que quer muito aprender. Assim que se apresentou pediu automaticamente que o corrigíssemos sem piedade caso ele, durante as suas explicações/traduções, dissesse algo incorrecto. O seu entusiasmo por ser corrigido aumentou quando percebeu que a minha mãe era professora de português.
O que eu achei admirável, neste homem, foi a sua capacidade para lutar pelo que queria, mesmo não tendo os ventos a soprar a seu favor. Tinha 11 irmãos mas não quis seguir o mesmo rumo que eles. Empenhou-se com unhas e dentes para conseguir ter dinheiro para estudar e, hoje, já conta com uma licenciatura, fala maravilhosamente português e, agora com filhos, trabalha o dobro porque quer que eles tenham a possibilidade de estudar mais facilitada. "Quero proporcionar-lhes a melhor educação possível". Actualmente está a tirar um mestrado em marketing turístico, mas só lhe é possível graças a uma benfeitora, que lhe paga os estudos. "Não posso desperdiçar o meu dinheiro na minha educação quando quero dar esse privilégio aos meus filhos", disse-me.
É admirável e eu precisava que vocês conhecessem esta pessoa cheia de alegria e de força. Embora não tenham uma excursão pelo Senegal com o Souleymane marcada para amanhã, eu queria que vocês também lhe apertassem a mão - da forma possível - e que se admirassem e inspirassem da forma como eu o admirei e inspirei-me. A educação é um privilégio e temos de lutar pelo que queremos. O Souleymane é a prova disso.
quinta-feira, 30 de março de 2017
Já lá vão os tempos dos jogos pixelados aprisionados em disquetes que tínhamos de soprar para que funcionassem numa consola de aspecto futurista. O mundo gira agora em torno de digitalização dos jogos, bluetooth, internet e muitas outras inovações e grafismos que colocam as consolas antigas num cantinho. No entanto, são essas consolas que representam a nossa infância, as tardes a jogar Sonic, Mortal Kombat ou a fazer parcerias com amigos em jogos 'eu contra o bairro'. E é por estarem neste lado mais nostálgico do nosso coração, que o retro regressa sempre.
É uma nova versão da antiga consola e eu tive oportunidade de a experimentar, jogar, e divertir-me à brava. Com pequenos sopros de modernice, os comandos são wireless e o conjunto é tão leve e pequeno que se arruma num ápice e pode ser levado para todo o lado - perfeito para encontros na casa dos amigos -. Mais incrível ainda é esta edição da consola incluir 80 jogos clássicos, que incluem Sonic, Mortal Kombat, Shinobi, Bonanza Bros, Golden Axe, entre muitos outros. Como os jogos já vêm incorporados na consola, uma vez mais, torna-se muito mais simples de a levar para todo o lado sem ter 80 disquetes atrás.
Foi tão giro rever os jogos da minha infância! As músicas, os gráficos péssimos mas nostálgicos e, acima de tudo, a sensação de elemento aglutinador, que trouxe a toda a gente para se reunir na sala e jogar. Não eram os jogos daquela época que nos faziam tão felizes mas sim a companhia, a tarde que rendia de gargalhadas, de competição, de pausas para o lanche, de despreocupação porque não havia responsabilidades de adultos. E estes jogos voltam a trazer esse espírito. Não têm gráficos melhores mas todos sabemos como se jogam e qual era o objectivo. Todos queremos participar.
Avaliando a relação qualidade-preço, considero que está a um custo justo e acho que é um presente super original e incrível para oferecerem. Se o presenteado for da minha geração, garantidamente vai ficar de olhos a brilhar com este pequeno tesouro. Adorei.
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quarta-feira, 29 de março de 2017
Uma pergunta cliché, um desafio já conhecido e partilhado por quase toda a gente, uma pergunta quase vulgar; se pudesses convidar sete pessoas que quisesses, vivas ou mortas, para jantar e conversarem contigo, quem convidavas?
A vulgaridade do desafio faz com que muita gente responda ao desbarato - ou nem responda sequer, tal é o aborrecimento -, sem sequer se aperceberem de um detalhe soberbo neste desafio: revela muito da nossa identidade. Afinal de contas, o desafio oferece-vos a possibilidade de qualquer personalidade da Humanidade jantar e conversar convosco, o que significa que, o que quer que respondam, vai reflectir muito da vossa personalidade.
Convidavam apenas para apertar a mão ou para conhecer mais? E será que o que querem conhecer não existe já, noutros lugares, comprovado e confirmado, e só não o sabem por pura ignorância? O convite seria um acto de admiração, vaidade, poder, (re)conhecimento ou utilidade? E o que é que poderiam retirar desse jantar? Mais do que a lista de pessoas que fariam para o vosso jantar, aquilo que torna este desafio tão fascinante é que é precisamente o propósito dos convites que vos revela. Milhares de pessoas poderiam convidar exactamente a mesma pessoa, por motivos diferentes. O que iriam retirar desse jantar é o que vos representa.
Acima de tudo, não desdenhem o desafio nem tomem por certo quais seriam as respostas dos outros. Ficariam surpreendidos com o que as vossas pessoas iriam responder. Eu já me fiz esta questão vezes sem conta e acho que já tenho uma resposta quase certa. Mas fiz muitas questões além da habitual "porquê?", antes de chegar a esta conclusão.
Convido-vos a fazerem o mesmo exercício; um jantar e sete pessoas - vivas ou mortas e podem escolher quem quiserem, no mundo inteiro - para conhecer. Quem escolheriam? Não partilhem a resposta comigo, simplesmente reflictam nas escolhas que fariam mas, acima de tudo, façam as perguntas certas. É muito mais do que um desafio cliché.
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terça-feira, 28 de março de 2017
"Nós esperamos por ti para ver o filme mas, que fique registado, vamos todos vê-lo assim que chegares!" e lá fui eu, umas horas depois de chegar a Portugal, ter com eles para ver o filme por que todos aguardámos tanto tempo.
Ao contrário da minha companhia e da maior parte das pessoas - aparentemente - A Bela e o Monstro não é o meu filme preferido nem a Bela é minha princesa preferida da Disney (a Mulan vai ter um lugar eternamente especial no meu coração e vai ser sempre a minha princesa preferida) mas eu estava morta de curiosidade para ver esta adaptação.
O filme está, de uma forma geral, fiel à longa metragem de animação que nos encantou em miúdos, tirando algumas particularidades que foram alteradas - há um detalhe desta história que vai de encontro à história original d'A Bela e o Monstro (que eu só sei por causa do livro que recebi no meu aniversário, obrigada Margarida!!!) - e outras revelações acerca do passado das personagens, que torna o filme inovador e mais rico, sem que perca a essência original que nos conquistou na infância.
Imperativo elogiar o brilhantismo dos efeitos especiais, da fotografia, do guarda-roupa e dos cenários porque, afinal de contas, A Bela e o Monstro é uma história encantada e são estes pormenores técnicos que fazem com que a magia se reflicta nos nossos olhos fascinados. Tudo foi pensado com o máximo de pormenor e empenho, garantindo cenas cheias de qualidade, esplendor, de brilhos, luzes, focos e cores que valem a pena assistir numa sala de cinema. Aliás, acho que é impossível alguém ficar de boca fechada na cena mítica do baile. Para mim, foi o momento mais deslumbrante, bonito e encantador de todo o filme.
Achei que foi uma facada brutal eles terem passado uma das falas mais importantes do filme para o bule - essa fala pertencia inteiramente ao Monstro e só assim é que fazia sentido. A transição de personagem fez com que todo o contexto perdesse um pouco a sua intensidade e beleza - mas adorei o desenvolvimento da personagem Bela, interpretada brilhantemente pela Emma Watson. Neste filme, apresentam uma princesa determinada, lutadora, heroína, com forte presença de espírito e muito independente. A animação já a começava a retratar assim mas acho que, nesta versão, deram os retoques finais. Tem sido também digno de registo por aí fora os elogios à voz de Emma Watson mas, não desmerecendo a mesma, os meus holofotes vão inteiramente para o tenor precioso de Dan Stevens, com os seus graves imponentes em Evermore - uma música que eu acho muito inteligente, é o primeiro príncipe da Disney a dizer que se sente inspirado pela sua amada, a princesa.
Para mim, esta versão responde, à altura, às expectativas de todos os fãs da Disney. Faz-nos sentir inspirados com todas as histórias dos personagens, faz-nos cantar baixinho as músicas que já sabemos de cor (embora haja a introdução de temas originais que, na minha opinião, misturam-se muito bem com o repertório das outras), faz os nossos olhos brilhar e faz-nos sentir crianças outra vez. E era só isto que eu pedia.
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segunda-feira, 27 de março de 2017
Foi o local da nossa estadia, a duas horas de Dakar, uma zona balnear e paradisíaca. Talvez seja porque fomos em época baixa, talvez seja porque o Senegal ainda não é muito turístico ou talvez seja a própria política do hotel onde estivemos mas, de todos os lugares exóticos que fui, este foi o mais tranquilo e que me relaxou mais.
A água tinha uma cor, dinâmica e temperatura muito semelhante à de Portugal, o que conferiu a todo o lugar uma sensação de familiaridade que não vão encontrar num lugar como as caraíbas, por exemplo. O hotel não tinha quase ninguém - por ser época baixa - e os poucos que marcavam presença eram casais franceses reformados. Achei o maior amor ver tantos casais juntos passados tantos anos, ainda com a vontade de dividirem novas experiências juntos. Foi um lugar onde não vi nenhum casal de telemóveis em frente à cara mas sim a dividir a mesa com conversas, panquecas e sorrisos. É impossível olhar para todo este cenário e não desejar um igual para nós.
Foi o primeiro hotel, neste registo, que não tinha músicas agitadas a passar nas colunas o dia todo. Nos dois outros hotéis em que estive (em Punta Cana e em Varadero), de manhã, a praia enchia-se de música animada, à tarde era a zona da piscina. Neste hotel, além da praia, existiam duas áreas de piscina e uma delas nunca tinha música. A outra só passava jazz e bossa nova. Conseguem imaginar o que é estar a nadar calmamente, sem preocupações, enquanto ouvem uma balada de Amy Winehouse? Eu consigo e já sinto saudades.
Foi também o hotel com mais brio onde já tive. Os jardins eram constantemente tratados, todos os animais eram cuidados, as infra-estruturas limpas e arranjadas a todas as horas. E foi também o restaurante mais higiénico, com um enorme respeito pelo HACCP, pelas temperaturas, mantinham à distância todos os animais e insectos... Foi maravilhoso.
Senti-me leve, em La Somone. Tranquila, serena. Senti uma paz e reconciliação comigo mesma que não senti, da mesma forma, em Punta Cana e Varadero. O sol a marcar as minhas sardas e a rosar as maçãs do rosto, a música maravilhosa a abraçar o som das ondas do mar, as palmeias esvoaçantes, a luz daquele lugar... Foi inexplicável, mas muito especial.
domingo, 26 de março de 2017
O We Should All Be Feminists expõe tudo aquilo que eu acredito que é o Feminismo; uma luta actual, urgente e que toca a todos os seres humanos. É um problema inegável de géneros e que não acontece só aos outros nem em países distantes. Mas, principalmente, explica todos os pontos que geram mais polémica em calorosas discussões e a razão pela qual os homens devem fazer parte.
Já ouvi muitas vezes homens a dizer "Eu sou totalmente a favor do Feminismo mas não sou Feminista porque esta luta é das mulheres" e é um erro muito comum que não faz sentido, uma vez que o Feminismo abrange os homens também e é aqui que eu acho que o livro tem uma pertinência brilhante: inclui. Fala sobre a forma como a sociedade e os costumes também ditam muitos dos comportamentos dos homens e fá-los reflectir sobre o quão injusto é para eles também. E, claro, aborda esta interacção entre géneros, estes comportamentos frustrantes e ilógicos - muitos deles feitos de forma natural e sem que dêem conta - que elevam a urgência da existência do Feminismo nos tempos de hoje. Porque eu acredito que não avançaremos apenas falando para as mulheres. Avançamos quando todos os seres humanos são educados e provocados a pensar em assuntos e particularidades que a maior parte não tira tempo para reflectir.
É um livro sobre Feminismo que não é chato, que flui de uma forma inspiradora, é curtinho - afinal de contas, é a adaptação de um discurso -, conseguem ler tudo numa tarde e, a melhor parte, é gratuito. O livro foi disponibilizado para várias plataformas, a fim de chegar a mais pessoas, e uma breve pesquisa no Google resulta num leque sem fim de links para ler - eu poupo-vos o trabalho e partilho convosco o link que escolhi para ler o livro -.
Recomendo muito a leitura. Foi enriquecedor, foi uma lufada de ar fresco, foi inspirador e fez-me reflectir, acima de tudo. Mesmo em assuntos que, anteriormente, já me tinham ocorrido na mente. É um livro que todos deviam ler. Mulheres e homens.
Autora: Chimamanga Adichie
sábado, 25 de março de 2017
1. O Senegal é um dos países mais pobres de África e o choque começa ainda durante a aterragem, quando o avião sobrevoa as moradias próximas da pista. É um choque como nunca antes senti, embora já tenha visitado países com uma grande desigualdade social, como República Dominicana e Cuba. Assim que vi a terra batida, as casas sem luz e muito degradadas, as paisagens sem as mínimas condições, o meu coração apertou-se.
2. A língua oficial é o francês, embora existam alguns dialectos específicos entre povos e etnias. Se planearem visitar o Senegal, façam questão de fazer umas rápidas revisões no francês porque não falam outra língua convosco. Podem tentar arranhar o inglês convosco, mas será uma conversa em vão porque não vão além do "Hello", "What's Your Name?" e "Where Are You From?". Se disserem que não falam francês eles respondem "Okay, I understand" e depois continuam a falar contigo, na mesma, em francês.
3. É um destino muito pouco turístico e eu comprovei esse facto assim que disse às minhas pessoas que ia ao Senegal. "Que vais lá fazer?" aliás, o co-piloto do avião de regresso a Portugal ficou muito surpreendido de estar ali em férias; "Nem fazia ideia de que havia alguma coisa para se ver no Senegal". É um lugar completamente esquecido no meio dos outros destinos excepto pelos franceses, pela facilidade linguística. Fomos os únicos portugueses a embarcar para o Senegal e não encontrámos outros turistas de outros lugares sem ser de França. Parecendo que não, este pormenor tem uma vantagem gigante: é um país muito genuíno e sem grandes influências turísticas. Evidentemente, há o que fazer no Senegal - as próximas publicações são a prova disso - e todas as experiências e pessoas que conhecem são espontâneas e naturais. Não falam com vocês com a ganância de conseguir dinheiro, os lugares que visitam estão muito preservados no seu estado original e não se vêem sufocados numa avalanche de turistas. Por tudo isto, a vossa viagem torna-se muito mais enriquecedora, tranquila, cultural e original. Nada do que eles estão a fazer ou a mostrar tem objectivos terceiros ou é show-off.
4. O desporto rei é o combate de vale tudo, a capital é Dakar, a religião principal é o Islamismo.
5. Uma das imagens de marca do Senegal é uma espécie de árvore chamada Baobab. Também lhe chamam "Upside down tree" porque os ramos cheios de cornucópias parecem as raízes das árvores, criando a ilusão de que está virada ao contrário. E se estão agora a pensar "Nunca tinha ouvido falar de/visto tal árvore" permitam-me perguntar-vos: já leram O Principezinho? Então garanto-vos que as conhecem, já que fazem parte da história.
Os Baobab são excelentes retentores de água devido aos seus troncos largos e gigantescos, portanto, é muito comum verem muitos deles plantados mesmo ao lado das casas dos senegaleses. A árvore previne que as casas alaguem durante as cheias, como se fosse uma esponja. São também árvores que duram muitos anos e a mais antiga do país tem 2400 anos - já pensaram no quanto esta árvore já "viu"?
6. Assim como em Portugal temos uma palavra sem tradução, a Saudade, no Senegal também existe uma: Teranga. O significado é o respeito pelo próximo. Este é um país repleto de etnias, povos e culturas diferentes, tornando-se um reflexo de diversidade. No entanto, é também um país muito pacífico por assentar os seus valores no respeito da crença, história, cultura e tradições de cada etnia.
7. Os Senegaleses são extraordinariamente gentis, genuínos e valorizam muito os seus visitantes (do seu próprio país ou de outros). Embora vivam com muito pouco, todos os dias, cozinham uma refeição de manhã, que deixam na mesa até às cinco da tarde. Esta refeição serve para que, se alguém os visitar, possa ter o que comer. Caso não recebam quaisquer visitas, essa refeição é deixada para os filhos poderem ter o que jantar. O convidado é sempre uma prioridade e tem sempre à sua disposição, em todas as casas, água, comida e, se necessário, um quarto para dormir. É um povo que abdica de todo o seu conforto pelo bem estar do seu visitante.
8. A poligamia ainda é legal, embora esteja a cair em desuso. É um costume mais comum em locais mais rurais. No entanto, a homossexualidade é ilegal.
9. Um salário mínimo corresponde aos 150 euros, mas os bens essenciais podem chegar a custar o mesmo que em Portugal. O combustível custa o mesmo que no nosso país e 1kg de arroz/açúcar/farinha pode chegar a custar mais de 1 euro. O cimento é considerado um bem material de luxo, razão pela qual encontram ainda muitas casas em madeira ou verdadeiras cabanas.
10. As principais etnias do Senegal são a Pular e a Serer. Os Serer originais correspondem aos antigos escravos do Egipto, que construíam as pirâmides aos Faraós.
sexta-feira, 24 de março de 2017
PORTO
Um ponto obrigatório para estreantes no Porto, como eu fui, o café deslumbra de imediato pela fachada clássica, cheia de detalhes e pormenores, com um vitral maravilhoso e um aprumado empregado que nos abre a porta para uma outra época passada. No interior do Majestic Café, parece que o tempo parou nos loucos anos 20. Não foi a despropósito que foi considerado o sexto café mais bonito do mundo, em 2011.
quinta-feira, 23 de março de 2017
Howard é um publicitário de sucesso que acredita que existem três - e apenas três - bases essenciais, na vida: o Amor, o Tempo e a Morte. É durante o sofrimento derivado de um abalo pessoal, que o protagonista resolve recorrer a estes três essenciais, num acto de desespero, escrevendo-lhes. E é quando tudo lhe parece perdido, que o mais inesperado acontece; e se eles respondessem?
O Beleza Colateral conquistou-me num sopro. Numa dinâmica muito mais parecida com séries do que com cinema, este é um filme com uma história envolvente, muito bem contada, reconfortante e inesperada. Faz-nos reflectir sobre o luto, o amor e as suas formas mais invulgares e a vulnerabilidade do tempo. É um filme de superação, de diálogo interno, de confrontação. O fim, para mim, foi imprevisível.
Foi uma tentativa falhada aos Óscares e identificamos facilmente porquê quando o assistimos. Faltavam ali alguns pormenores - técnicos e de argumento - para dar o 'empurrãozinho', mas não se inferioriza por isso. É um filme maravilhoso que espetou um punhal numa consideração que, em tempos, cheguei a escrever aqui: nem sempre a pessoa que tem todas as respostas às nossas perguntas tem a capacidade para nos dar.
quarta-feira, 22 de março de 2017
O perfil @prosadecora é puro amor. Não é apenas mais uma conta de ilustrações queridinhas, é uma fonte de inspiração e candura. Os traços do desenho, a fonte da letra, as frases lindíssimas fazem-nos apaixonar de forma imediata mas, confesso, a minha perdição é pelas metas semanais.
Todas as segundas-feiras, a Malena Flores (ilustradora), publica sete metas para cada dia da semana e cada uma é mais inspiradora, motivadora e amorosa que a outra. Incentiva-nos a cuidar de nós, a cuidar dos outros, a agradecer por todas as coisas boas e a aprender com todas as coisas más, desafia-nos, sugere-nos e recomenda-nos. Eu adoro ser surpreendida todas as semanas com uma meta tão especial e cuidada.
É um gatilho de sorrisos. Quando abro o Instagram e vejo uma nova publicação com um desenho talentoso, simples e cuidado e com uma frase tão talentosa, eu só consigo sorrir. Existem pessoas tão talentosas neste mundo e todas as referências, sucessos e recomendações são válidos e nunca demais. Esta é a minha deferência ao talento da Malena. Ficam aqui algumas preferidas - como se fosse fácil escolher -.
sábado, 18 de março de 2017
A gostar de escrever: estava no 2º ano quando a minha mãe ofereceu-me o meu primeiro caderno recreativo. Era laranja e tinha um hipopótamo em relevo a 3D. Foi o primeiro caderno sem regras que veio parar às minhas mãos. Não tinha de escrever letras vezes sem conta, nem de fazer exercícios nele. Não tinha sequer de fazer cálculos. "Podes escrever tudo o que quiseres. Podes escrever tudo o que imaginares", disse-me. Rapidamente as minhas histórias que inventava entre brinquedos transitaram para o papel. Nele escrevia, quase todos os dias, contos. Mirabolantes, cheios de erros de ortografia e alguns sem o menor sentido de cadência e propósito, claro, mas é assim que se começa. Escrevia até não me apetecer mais e depois mostrava à minha mãe, para ela ler. Foi assim que ganhei o hábito de escrever, de querer partilhar, de querer contar e imaginar, ser criativa. Não sei qual teria sido o meu rumo se não tivesse recebido aquele caderno do hipopótamo. Talvez não estivesse aqui, a escrever um blog. Talvez só descobrisse esta paixão muito mais tarde. Facto é que ela sempre apoiou muito a minha veia de escrita e fazia os devidos comentários construtivos. Sinto sempre que abracei esta paixão tão cedo graças a ela.
A gostar de basquetebol: foi o desporto dela e onde dedicou grande parte da sua vida. Começou nova e atingiu títulos, tornou-se capitã e consagrou-se campeã nacional, jogou na selecção e abdicou de uma vida de adolescente comum para ter uma rotina de atleta federada. O basquetebol faz parte do seu DNA e era impossível não o ter passado para mim. Foi com ela que compreendi o lado incrível e excitante desta modalidade, que discuti as minhas técnicas e dificuldades, que vi jogos à sexta-feira à noite e que joguei 1x1. É, também, o desporto da minha vida e sei que só é assim porque encontrei, durante toda a minha vida, referências vindas de alguém da minha inteira confiança e amor.
Não é admissível faltas de respeito, seja de que parte for: a nossa vida inteira é feita de relações, de hierarquias, de colegas, amigos, familiares e parceiros, que exigem as devidas deferências e respeito mas ninguém, absolutamente ninguém tem o direito de ser cruel a bel-prazer, ninguém tem o direito de fazer uso da sua autoridade ou da sua relação connosco para abusarem de nós, para nos diminuírem, para nos ameaçarem. Não é admissível alguém insultar-nos, troçar-nos ou prejudicar-nos por simples vontade. A minha mãe ensinou-me que não me posso permitir a baixar os braços quando alguém é injusto, mal educado ou falta ao respeito comigo e a defender a minha posição enquanto ser humano que não merece, de todo, qualquer intimidação.
O medo não me pode paralisar: a ansiedade não é fácil e juntá-la à insegurança não ajuda. Nos primeiros tempos em que desenvolvi mais significativamente a minha ansiedade, sentia-me assustada com todas as emoções e pensamentos que intoxicavam a minha mente e esmagavam o meu peito. Não conseguia reagir, simplesmente queria fugir e gritar. A minha mãe esteve lá em todos os momentos mas, mais importante, agarrou-me nas mãos com força, olhou-me nos olhos sem qualquer ponta de incerteza e disse-me "O medo não te pode paralisar e tens de repetir as vezes necessárias que isso que estás a sentir é temporário e não se pode sobrepor a todas as coisas maravilhosas que estás a perder por medo de falhar". Não posso deixar que o medo de falhar, de não conseguir, de ter milhões de tarefas inacabadas para cumprir me torne num vegetal intelectual e evolutivo. Ela ensinou-me a aceitar a ansiedade mas nunca, sob nenhuma hipótese, deixar que ela saia por cima. Ensinou-me a controlar os ataques de pânico e teve sempre as palavras certas para quando sofria alguma crise. Foi ela que me ensinou a ir em frente mesmo que o meu coração esteja na boca, a continuar a trabalhar mesmo que toda eu esteja a tremer com medo de não ver as tarefas terminadas, a dizer que sim mesmo que todos os meus pensamentos me remetam para "que estupidez, não o faças, vais falhar". O medo não me paralisa nem me impede de me permitir arriscar e aceitar oportunidades.
A colocar-me no lugar dos outros: por muito que a nossa vida seja ocupada, preenchida e cheia de voltas e reviravoltas, é fundamental colocarmo-nos no lugar do outro, nunca tirar conclusões precipitadas nem certezas dúbias e darmos a devida atenção às nossas pessoas. Não opino sobre relações das quais não faço parte, tento sempre colocar-me no lugar dos outros para observar e avaliar tudo aquilo por que passaram para chegar a determinada decisão e tenho o toque essencial para compreender que há coisas que não se dizem, expressões que devem ser evitadas em determinados momentos, que frontalidade não é o mesmo que inconveniência gratuita e que eu não sou ninguém para julgar seja quem for, mesmo que eu não escolhesse os mesmos caminhos que essa pessoa. A minha mãe ensinou-me a estar com os outros sem perder a noção da realidade e ficar alheia aos sentimentos, decisões e obstáculos dos que me rodeiam. Ensinou-me a estar atenta às minhas pessoas, a compreender aquilo que é mais importante para elas (mesmo que não seja, de todo, importante para mim) e a respeitar aquilo que elas valorizam. Os meus amigos gostam de afirmar "sabes sempre o que dizer" mas isso é porque a minha mãe me ensinou a pensar como seria estar no lugar deles e a indagar o que eu precisaria de ouvir naquele momento e o que não faria sentido nenhum ler numa mensagem.
Não é necessário sermos frios para sermos fortes: calculismo, insensibilidade, falta de empatia e espírito vingativo não são sinónimos de força. Eu posso ser amável para todos os que me rodeiam e, mesmo assim, poder dizer "não". Eu posso ter sensibilidade e um espírito sonhador sem que isso comprometa a minha capacidade para agarrar os meus sonhos e lutar por novos projectos. Eu posso dar o meu coração inteiro a alguém sem que isso justifique perder o meu lugar e o meu direito a ser respeitada. Eu posso ter compaixão com os outros sem perder os meus objectivos. Eu não tenho que passar por cima de ninguém para chegar onde quero, eu não tenho de fechar o meu coração para me permitir a sentir "invencível", eu não posso desligar-me das emoções nem colocar uma máscara de impenetrabilidade só para transmitir poder. Ser forte não é ser arrogante ou incapaz de se relacionar com os outros e estreitar laços ou confiar. Ser forte é manter-me fiel a mim mesma e aos meus valores e princípios, é não deixar que me pisem nem pisar ninguém, é ter entrega às minhas pessoas e aos meus objectivos, é nunca perder a chama de querer ser uma versão cada vez melhor de mim mesma, é ter compaixão e empatia com os outros e comigo mesma mas manter os olhos abertos e a cabeça no lugar para compreender quando é necessário afastar-me do que me intoxica ou não me enriquece.
Devemos lutar, todos os dias, pela nossa autonomia: por muito que as nossas pessoas sejam fundamentais na nossa vida, por muito que nos ajudem, por muito que seja maravilhoso tê-los a todos como pilar, a nossa autonomia é tudo, desde passar a ferro a conduzir um carro. Desde cedo que a minha mãe ensinou-me tudo o que podia para eu conseguir conquistar as minhas coisas. Começamos sempre da estaca zero e nunca é tarde para querermos ganhar uma nova independência. A ignorância é o primeiro passo para dependermos dos outros para sobrevivermos e desde cedo que aprendi a ter curiosidade, a querer saber fazer, a conquistar as minhas coisas passo a passo. Cuidar da roupa, fazer limpezas, cozinhar - ainda que pessimamente -, conduzir um carro, ganhar o meu dinheiro e responsabilizar-me pela sua gestão são particularidades gigantes na nossa autonomia que devemos sempre lutar para nunca perder. Valorizar os alicerces das nossas pessoas, sim - sempre! -, mas nunca nos encostarmos unicamente a elas para sermos pessoas capazes.
Feliz aniversário, mãe!
sexta-feira, 17 de março de 2017
quarta-feira, 15 de março de 2017
Jackie apresenta-nos os acontecimentos seguintes ao assassinato de John F. Kennedy através do olhar único, intemporal e mordaz de Jackie Kennedy, Primeira Dama, um ícone feminino do poder e do bom gosto da moda e da decoração e, inesperadamente, viúva.
O filme consegue - de uma forma soberba, na minha opinião - desviar por completo as atenções em volta do presidente assassinado e focar-se inteiramente nesta mulher tão emblemática, sem nunca anular o acontecimento trágico. Esta é uma trama onde Jackie é a estrela e os holofotes estão virados para si.
É um drama que se debate muito envolta do luto mas também nas várias facetas tão ímpares de Jackie Kennedy. Explora todas as suas características, feitios e pensamentos através de diferentes testemunhos, diálogos e cenas. Jackie debate-se com a morte do seu marido, com um funeral em mãos de um presidente que ela não quer, sob nenhuma hipótese, que seja esquecido e com as suas próprias inseguranças enquanto figura política, mulher e crente. Não nos apresenta uma Jackie perfeita mas apresenta-nos uma Primeira Dama muito humana, falível e emblemática.
Não é um filme extraordinário e deu-me a parecer que é Natalie Portman que o carrega todo às costas, embora o guarda-roupa e os cenários sejam uma bengala fabulosa. Agora que vi as prestações das duas preferidas ao Óscar de Melhor Actriz, Emma Stone e Natalie Portman, considero que a última o merecia mais pelo talento camaleónico que teve a interpretar a personagem, desde sotaque, tiques, expressões e postura. Não desmerecendo a prestação de Emma, para mim, Natalie tinha a estatueta nas mãos. A banda sonora é trágica e sinto que, num filme destes, era crucial para elevar a qualidade da trama e distrair o público das cenas demoradas e vagarosas. Faltou um conjunto de cordas dramático e poderoso que ajudasse Natalie a levar o filme em frente. Ainda assim, para quem gosta de conhecer figuras históricas - e Jackie é uma delas -, é um filme recomendado, nem que seja para se maravilharem com a prestação maravilhosa de Natalie.
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terça-feira, 14 de março de 2017
Há sempre coisas que ficam por fazer, viver, experimentar ou escolher. Por privilégio ou falta de memória, não consegui realizar esta lista de uma forma imediata e rápida, muito pelo contrário. Todas as coisas que pensava, já tinha feito. E isso fez-me ganhar uma enorme sensação de gratidão e vivência. É certo, ainda há muita coisa por experimentar - esta lista é um minúsculo exemplo disso - mas, caraças! Já vivi tanta coisa, já experimentei tanta coisa, já atingi tantos sonhos! É maravilhoso ter essas recordações, lições e oportunidades. Eu precisava de deixar registado o quanto eu sou grata por tudo o que já vivi. Há tanto para viver, mas eu já vivi tanto! Mas estamos aqui para ler o que tenho por fazer já com mais de duas décadas de vida. 22 anos e eu nunca...
Fui a um estádio ver um jogo de futebol: chocante, não é? Não se trata de falta de interesse - acreditem que gostava muito - mas nunca se torna uma prioridade. Quero ir mas acabo sempre por encontrar coisas mais urgentes onde investir o meu dinheiro, experiências que me entusiasmam mais. Mas quero muito experimentar a sensação de estar nas bancadas a torcer por uma equipa, gritar "GOLO" e "AHHHHH", agitar o cachecol e absorver todos os momentos entusiasmantes de ser adepta. Se pudesse escolher, gostava que a primeira experiência fosse a ver a Selecção Nacional, mas também gostava muito de torcer pelo (meu) Benfica!
Li/vi Senhor dos Anéis: quando disse isto ao Diogo, uma parte dele morreu. É a saga da sua vida e eu nunca tive interesse em ler e ver. Para ser sincera, nem sei como é que tenho este amor por Harry Potter; é que eu não acho piada nenhuma a filmes de fantasia (vejam só a ironia). Ele já tentou meter os filmes para eu ver, mas adormeço sempre nos primeiros 5 minutos. Até para mim é frustrante, acreditem, porque eu gosto de conhecer e interessar-me por coisas novas mas não consigo reunir concentração suficiente para me dedicar a ver Senhor dos Anéis. Pior ainda se for a ler. Quero muito riscar este "nunca".
Deixei um livro por ler: natural para uns, absurdo para outros, mas a verdade é que nunca deixei um livro por ler. Não sou capaz. Mesmo que sinta que o livro não me está a acrescentar, não consigo permitir-me a deixá-lo por ler. E se tiver algo maravilhoso por acontecer e eu perder porque fui impaciente? Pior: acho sempre que quem deixa livros por ler perde o total direito de opinar sobre o livro. Se não leu a história até ao fim, como pode tirar conclusões? Não se torna uma atitude precipitada? E eu, que adoro falar sobre livros e dar a minha opinião sobre eles, faço questão de ler todos até ao fim para sentir que mereço esse direito de abordá-los. Não me custa, não é "uma seca" e não sei como sou capaz (estou a poupar-vos às perguntas). Talvez porque leio desde muito nova, não o acho um sacrifício.
Tive uma festa de aniversário surpresa (✔ update 16.10.2019): acho que é um acontecimento que quase toda a gente já viveu, mas nunca calhou a mim, não sei muito bem porquê ou como. Simplesmente nunca me aconteceu. Sem ser em miúda, nunca fui muito dada a jantares grandes e festas gigantes e épicas, talvez seja por isso. Acho que deve ser um momento super amoroso e não me importava nada de viver, até porque eu odeio a parte de organizar festas ou jantares, portanto, chegar lá e estar tudo combinado e pronto era o paraíso.
Fiz um jantar do caraças (✔ update 24.12.2018 - bacalhau com natas!): daqueles jantares em que fazes uma refeição tão fantástica que toda a gente repete, pede receita, comenta e fica maravilhado. Aqueles jantares que têm um prato tão bom que até vem num pirex de sonho. Eu sou péssima a cozinhar. Sou completamente rudimentar e robótica, não tenho sensibilidade culinária nenhuma, não tenho jeito para fazer misturas e combinações. Faço massas, omeletes, frito batatas, faço bifes sofríveis e fechamos por aqui o meu leque de talentos. Não sei fazer lasanhas e bacalhau com natas e aquelas invenções onde se acrescenta batata doce porque fica gourmet e Henrique Sá Pessoa wannabe. Para mim, cozinhar é uma tortura. Será um milagre estarem à mesa comigo e ouvirem alguém dizer "Inês, isto está óptimo, o que é que puseste? Qual é a receita?".
Obrigada Carol, por lançares este desafio tão giro!
segunda-feira, 13 de março de 2017
A MyBOOKmark é uma marca ucraniana, composta por uma equipa de mulheres que cria os marcadores de livros mais únicos de sempre. O objectivo é que cada leitor possa ter, no seu livro do momento, uns icónicos pézinhos a sair do livro e a marcar as páginas. Seja um pé natalício, famoso no mundo da literatura e da televisão ou a pata de um animal querido, estes marcadores dão um toque soberbo às nossas leituras e embelezam os nossos exemplares.
Fui consagrada vencedora do concurso proposto pela marca, em Dezembro, mas com toda a batalha que tive de travar contra a alfândega, o meu prémio só chegou em Março. Ainda assim, a felicidade foi enorme, quando abri a caixa. Pude seleccionar seis marcadores à minha escolha e todos vieram cuidadosamente embalados. Aliás, as caixas são tão bonitas que não resisti em guardar uma.
Os marcadores onde os pés se encaixam são metálicos e vêm sempre com uma mensagem enquadrada ao tema do marcador que escolheram. Meias da casa Ravenclaw - a minha casa no Pottermore -, os pés do Harry Potter e da Hermione, sapatilhas de bailarina, meias natalícias (exactamente iguais às que uso no Inverno) e a cabeça da bolacha de gengibre do Shrek foram as minhas preferências e estou maravilhada e satisfeita com cada uma delas. Todos os marcadores são feitos à mão e esse pormenor fascina-me ainda mais, especialmente agora que os tenho comigo e admiro os detalhes e cuidado depositados em cada um dos artigos.
Eu colecciono marcadores de livros e acho que são sempre mais do que simples marcadores. Faz parte da leitura ter um marcador que o complemente, e este são tão belos que nem me atrevo a guarda-los. Um deles já está no meu livro do momento, os restantes cinco fazem parte da decoração do quarto. As frases estão maravilhosas e acho que cada um deles reflecte a minha identidade.
Há sempre novas colecções a surgir e o difícil é escolher os preferidos. Para amantes de livros, é um presente maravilhoso e pensado ao pormenor. Há colecções para todos os gostos e feitios. Podem consultar o site da marca para verem todos os artigos e preços e o perfil de Instagram, que é pura doçura @mybookmark. Uma sugestão? Vão espreitando com regularidade porque constantemente a marca partilha códigos promocionais e free shipping.
domingo, 12 de março de 2017
Mais uma queridinha do Porto, de visita obrigatória em qualquer momento do dia mas que, para mim, é ainda mais apaixonante naquela hora em que o Sol se põe e as primeiras luzes se acendem. Passámos pela Ribeira quando o Sol ainda estava lá no alto, num dia perfeito e atípico de Sol e céu limpo, no Porto. O Douro chorava aos nossos pés num azul-mar encantador e as gaivotas eram a banda sonora que combinava na perfeição com Gaia, no horizonte. Mas tínhamos planos para ver o recorte do Porto também, portanto, atravessámos a ponte e fomos para a outra margem ver a beleza do Porto sobre o rio.
Sentámo-nos à beira com os pés a balançar e com o som das pequenas ondas a bater na margem. O Porto era como uma cidade feita de Legos por crianças trapalhonas, em que uma área se acumulava e encavalitava mais que a outra, em que as cores das fachadas não faziam o menor sentido umas com as outras mas que, no panorama geral, faziam sentido apenas daquela maneira. O mármore escuro nortenho torna a cidade ainda mais distinta e única e os lençóis pendurados na janela, as aves a desenhar no céu e os barcos cheios de bandeirinhas tornam esta vista num postal com brisa fresquinha.
Regressámos ao Porto na tal hora apaixonante, com o céu a escurecer e as luzes a equilibrar o breu. Já na margem do Porto, encontrámos uma 'pequena' feira que nos distraiu da vista por uns momentos. Foi lá que levei a única recordação desta viagem: a minha caneca de azulejos. Desfrutámos de um horizonte mais nocturno, mais acolhedor mas igualmente romântico, familiar e inesquecível. A Ribeira é dos apaixonados: uns pelos outros e pelo Porto e Gaia.
sábado, 11 de março de 2017
Numa época cheia de palpites e palavras finais sobre os casamentos e escolha de parceiros, eles apaixonaram-se e uniram-se por amor. Juntos, ultrapassaram os imprevistos da vida e foram cruzando sonhos, cada um adaptando-se às ambições do outro.
Mudaram de emprego, tiveram de emigrar, adaptar-se a um novo país, continente e ao inglês - que nenhum falava -, regressaram, reconquistaram as suas coisas e continuaram a perseguir os seus sonhos profissionais, sempre juntos.
Numa época onde as mulheres eram consideradas uma classe inferior e de serventia ao marido, o meu avô sempre a tratou como uma igual e com respeito. O meu avô sabe cozinhar e fazia-o para ela. Ela passava-lhe as camisas e ele agradecia. Os dois tinham empregos das 9h às 17h e respeitavam as suas rotinas. A minha avó podia dizer "não", podia refilar e podia crescer enquanto mulher. O meu avô admirava-a (e admira) e também teimava as suas ideias, quando achava-as certas. Acho que é por isso que, hoje, são tão mente aberta em relação a tantos assuntos. Os dois sempre foram muito mais à frente do que a sua geração.
Os dois casmurros, umas vezes às turras, mas que não podem viver um sem o outro. Viajam, jantam fora, fazem as suas vidas e, agora, trabalham em conjunto. Fazem 50 anos de casados e eu não consigo imaginar como é amar, discutir, superar obstáculos, dividir tristezas e vitórias, filhos, mudanças e acompanhar avanços de época com a mesma pessoa durante tantas décadas. Eu espero conseguir, um dia, chegar a essa meta e saber como é.
Parabéns aos dois e muitas felicidades!
sexta-feira, 10 de março de 2017
Sou muito fã de rádio. Não sou obcecada com as rádios mais badaladas na maior parte dos carros que circulam por aí, mas tenho algumas estações de rádio no meu coração. É a elas que gosto de recorrer quando me apetece ouvir algo mas não quero escolher. A questão era: o meu telemóvel não traz aplicação de rádio e há muitas rádios que eu gosto que são internacionais.
Contornei este problema com a myTuner Radio. Não podia ser uma app mais simples e sem pozinhos de alegria. Limita-se a apresentar a lista completa de estações disponíveis por país com as respectivas emissoras e só precisamos de clicar e ouvir. Têm um número interminável de países disponíveis e ainda podem marcar as que gostam mais com um favorito, para que tenham um acesso mais rápido e facilitado e ainda uma barra de pesquisa.
Mais simples é impossível. É perfeita para ouvintes de rádio e óptima para descobrir estações diferentes. É surpreendente o número de estações interessantes que existem, por aí. As minhas preferidas são a Smooth FM, Vodafone FM, SBSR FM, 105.4 Cascais, Classic FM e BBC Radio 1, estas últimas de Londres.
A aplicação está disponível para IOS, Android e também tem um site. É gratuita.
A aplicação está disponível para IOS, Android e também tem um site. É gratuita.
quinta-feira, 9 de março de 2017
De visita obrigatória quando chegamos ao Porto, a Estação de São Bento não escapou aos meus olhos, de dia e de noite. O seu edifício exterior, de enorme elegância e charme conquista-nos em segundos e a vontade de entrar e explorar cresce a cada passo.
Mas a Estação de São Bento é como as boas pessoas: tão bonita por dentro como o é por fora. O interior cumprimenta-nos com extraordinários painéis de azulejos. Já sabem que os adoro. Acho que é um detalhe tão portuguesinho e apaixonante. Fiquei longos minutos fascinada com a sua beleza e imensidão azul, que ia brilhando com os raios de luz solar que rompiam pelas janelas.
Vale a pena passar o hall e espreitar a área das plataformas. Um enorme túnel ergue-se ao fundo e é como todos os desenhos animados que já assistimos. É de uma beleza encantadora que, para mim, aumenta à noite. Fiz questão de regressar à Estação à noite para a ver com as luzes exteriores e o meu amor cresceu ainda mais. A única tristeza que partilho neste lugar é que não seja a paragem para quem vem de Lisboa, de comboio. Seria o lugar de boas-vindas ideal.
quarta-feira, 8 de março de 2017
Em 2016 abracei o mundo dos ginásios mas não foi um abraço fácil. Há muitas características e particularidades que eu desgosto nos ginásios, em geral, pelo que a minha escolha passou por um critério bastante rigoroso e muita ponderação. No meio de tantas ofertas, o que faz com que eu adore a minha escolha?
| NO CELLS, PLEASE
Este é um detalhe que me conquista por inteiro. O meu ginásio está divido em três espaços principais; o de convívio, com umas mesinhas no hall, o balneário e a área de treino. E os telemóveis não são permitidos na área de treino. Isto é maravilhoso a vários níveis, em especial, pela sensação offline que nos proporciona. Já a privilegio no meu quarto e tê-la no ginásio é esplêndido. Sinto-me imediatamente relaxada por saber que aquelas horas são minhas e que não podem ser interrompidas com chamadas, e-mails ou notificações de redes sociais. Já para não falar que esta regra poupa-nos às selfies de ginásio trágicas. E música? perguntam vocês. Pois para ouvirem a vossa música, têm de levar um mp3, mas nem isso faço, por causa do ponto que vou já apresentar.
| NÃO FAÇO EXERCÍCIO DESACOMPANHADA
Já vos falei sobre esta particularidade; o barato sai caro e um dos maiores erros da prática desportiva é a desatenção em relação à postura. É a postura que nos permite evitar lesões, que nos permite exercitar as zonas certas do nosso corpo e é o que evita mazelas. Para mim é muito importante que, no meu ginásio, eu não faça exercício desacompanhada. É por esta razão que não levo mp3; não só já existe música no espaço, como eu estou constantemente a falar com o meu instrutor. Nunca fiz um único exercício sozinha e com todos os meus anos de atleta, até é assustador dizer que, desde que lá estou, não houve uma única vez em que não tivesse de ser corrigida na postura ou execução do exercício. Faz-me pensar no erro gigante que seria eu estar a fazer tudo sem a devida chamada de atenção. Ai Dario e Edgar! Obrigada por salvarem a minha coluna.
| FLEXIBILIDADE DE PAGAMENTOS E 0 COMPROMISSO
O compromisso é connosco e não no papel. E o facto de me ver fidelizada no que quer que seja quebra-me a vontade de sequer me comprometer, em primeiro lugar. Este é um problema gigante nos ginásios, embora já não seja tão geral. Há a fidelização, ou o contracto, ou o compromisso. Não! Eu quero poder ter o livre arbítrio de ir todos os dias ao ginásio em Janeiro e, se me der na real gana, não ir um único dia em Fevereiro, sem ter de pagar o mês na mesma, ou pior... Pagar multas! Para mim foi muito importante abraçar um ginásio sem compromissos de papel. O outro detalhe que adoro é a flexibilidade de pagamento. Tenho uma "propina mensal" (variam todas conforme aquilo a que vocês se inscrevem) mas, se por exemplo só aparecer no ginásio a meio de Fevereiro, não tenho de pagar o mês inteiro, só pago metade. É excelente e é muito justo. Perfeito para mim porque sinto que me permito ir ao ginásio sem culpa na consciência ou na carteira.
| DIVERSIDADE DE AULAS
Eu adoro as aulas! Nunca pensei dizer isto, mas adoro. Adoro experimentar aulas novas, testar novos limites no meu corpo e distrair-me. Simplesmente distrair-me, deixar os dramas à porta e desfrutar da aula. E a variedade de aulas e horários encaixou nos meus padrões. Há aulas para quase todas as horas e das coisas mais variadas, desde zumba, abdominais, localizada, kickboxing, yoga... O difícil é escolher. Uma outra aula que adoro é a Express. É uma aula estrategicamente colocada à hora de almoço para quem só tem disponibilidade nesse espaço de tempo (como a minha tia, por exemplo). Dura 35 minutos apenas, mas é de uma intensidade astronómica. O objectivo é fazer com que a aula, que é curta, renda o máximo possível e, portanto, não param e são levadas ao vosso limite. A primeira vez que a experimentei, não a consegui terminar. Estava acabada e a derreter em água - que glamorosa... -. Agora já a consigo terminar, mas nem por um momento deixo de parecer uma vítima de combate. É só para corajosos (mas eu confesso que é das minhas preferidas). Para curtos espaços de tempo, não há desculpas para cuidar de mim.
| O ESPAÇO É MUITO PEQUENO
É extraordinário. É muito mais familiar. Não tem um ar de Fábrica de Abdominais e não se torna impessoal e caótico. Não sei se sou a única mas, quando eu olho para ginásios gigantes, eu confesso que fico intimidada. As passadeiras de perder de vista, as bicicletas espalhadas por todo o lado, os espelhos que dão uma ilusão de duplicado... Eu sinto-me pequenina, insignificante. Perco a confiança e não é esse o propósito. Adoro que o meu ginásio seja minúsculo e que tenha sempre as mesmas pessoas. As paredes são coloridas e todos nos conhecemos. Todos nos cumprimentamos e despedimos e sinto que estou num pequeno clube giro no qual eu tenho gosto em participar. Eu vou sempre de manhã e está praticamente vazio - já fiz n vezes o meu plano de treino sozinha (sem contar com o meu instrutor) mas também já calhou eu ter de fazer o plano ao final do dia e, embora mais movimentado, não está caótico e desesperante. Eu adoro.
terça-feira, 7 de março de 2017
HAVANA
Prontos para conhecerem o melhor lugar de Cuba para beberem mojitos? O galardão não foi atribuído por mim mas, para os amantes fervorosos da literatura, talvez reconheçam o individuo que tornou La Bodeguita Del Medio tão intemporal: Ernest Hemingway diz-vos alguma coisa? Pois ele era um grande fã deste lugar imperativo em Havana para conhecerem!
segunda-feira, 6 de março de 2017
A consulta do viajante é um dos cuidados a ter no planeamento de uma viagem para destinos que apresentam, no seu ambiente, adversidades para as quais o nosso organismo não está preparado para combater. Geralmente, são privilegiados destinos não pertencentes à Europa e a consulta tem como objectivo - entre tantos outros que já vou referir - proteger-vos de doenças como a Malária, Febre Amarela, Febre Tifóide ou até Hepatite, por exemplo.
Este é um assunto que eu considero relevante porque quase ninguém do meu círculo sabia sequer da existência de uma consulta específica para cuidados a ter em viagens para determinados destinos. Quando a referi, ninguém sabia o que era.
A consulta é realizada por médicos especializados em doenças infecciosas e em medicina tropical, ou seja, não a podem realizar através de um médico de família, por exemplo - outro erro comum. O médico especializado irá partilhar convosco dicas de alimentação e comportamento e ainda receitar vacinas e/ou medicamentos, tudo adequado ao vosso destino de viagem. Existem algumas vacinas e medicamentos obrigatórios consoante - sempre! - o vosso destino de viagem e os aconselhados pelo médico. Não existe uma vacinação/medicação padrão; tudo varia mediante o vosso género, idade, estado de saúde e até histórico de viagens.
É muito importante que marquem esta consulta assim que marcam as vossas passagens porque cada inoculação requer o seu tempo para desencadear uma resposta do vosso corpo. De nada vos serve vacinarem-se na véspera do vosso embarque. A consulta deve ser marcada com bastante antecedência para que possam regularizar todas as vacinações e medicações com o vosso médico, da forma mais eficaz possível.
Um outro ponto importante da consulta do viajante e das vacinações é que requer custos que, se não estão a par da existência dos mesmos, não vão estar preparados para os suportar. Este deve ser um dos factores que devem considerar na hora de fazer o orçamento de uma viagem. Além de contarem com o custo das passagens, reservas de hotel, separarem dinheiro para museus, experiências, excursões, restaurantes e souvenirs, devem também considerar o custo de uma consulta e das receitas das vacinações internacionais e medicamentos (que não são baratas, adianto).
E se tudo isto não vos convence, considerem: é obrigatória em muitos destinos. É exigido, no aeroporto, a apresentação de um boletim específico com as vacinações internacionais necessárias. Caso não o apresentem, voltam para casa e encaram umas férias estragadas.
Obrigada Ana, por me recordares da relevância deste tema!
domingo, 5 de março de 2017
Admito; quando o Diogo me convidou, todo entusiasmado, para irmos ao cinema assistirmos a este filme, eu torci o nariz. Não é novidade para ninguém - especialmente para ele - que não sou fã de filmes de super-heróis. Esse universo nunca me fascinou e nem na roupagem de Lego me seduzia. Não conheço a história de quase nenhum, nunca apanho as private jokes e passa-me completamente ao lado os rivalismos e relações entre super-heróis e arqui-inimigos. "Não te convidava se não soubesse que este vais gostar. Confia, tem estilo de Deadpool e vais gostar". Lá confiei. E ainda bem.
Eu achei que a cartada do Deadpool era só um isco para me atrair mas a verdade é que não é uma relação assim tão disparatada. Numa abordagem muito mais suave e apropriada - afinal de contas, é um filme de animação - não identificamos determinadas características mais explícitas, presentes no Deadpool, mas a sátira aos Super-Heróis e o humor inteligente segue a mesma fórmula. E eu adorei por completo o filme.
A premissa da história é simples; depois de mais uma tentativa falhada por parte de Joker para tentar dominar a cidade de Gotham com a ajuda de todos os rivais de Batman, o palhaço malévolo mais famoso das BD chega a uma conclusão: para vencer o Batman, precisa da ajuda de verdadeiros Vilões. E é assim que Gotham é invadida por Joker e os Vilões mais famosos da história da literatura e cinema. Maravilhoso, não acham? Só para aguçar a curiosidade: conta com participações especiais de Lord Voldemort, Conde Drácula e Sauron. Sim, é tão bom como estão a imaginar!
Em paralelo, o filme aborda um outro assunto que já me ocorreu milhões de vezes: o que fazem os Super-Heróis quando não estão a derrotar rivais ou a salvar o mundo?
A interpretação da Lego apresenta os bastidores de Batman e a sua vida fora dos holofotes da cidade. Tudo isto com um humor soberbo, sátiras geniais e piadas autenticamente direccionadas para os pais que levam os miúdos ao cinema. Aliás, arrisco-me a dizer que este é um filme de animação para adultos - nenhuma das crianças de agora conhece os vilões que estão ali ou mesmo os Super-Heróis. Tenho a certeza de que se levasse o meu primo a ver este filme, só 1/3 das piadas iam chegar-lhe.
Com a promessa de que vão soltar muitas gargalhadas e de que é um filme até para anti-Super-Heróis (como eu), é a minha recomendação para uma tarde de ronha de Sábado. Prometo que vão sair de lá bem dispostos.
Poster | Kevin Tiernan
Poster | Kevin Tiernan
sábado, 4 de março de 2017
Fevereiro foi um mês agridoce. Registou datas especiais, momentos inesquecíveis, uma promessa cumprida, uma viagem de sonho, memórias incríveis e conquistas inesperadas. Mas também marcou o adeus à companheira de uma vida e que fez com que o meu coração se partisse em dois. Em Fevereiro há muitas coisas boas a agradecer e recordar mas também muita tristeza que tive de ultrapassar.
sexta-feira, 3 de março de 2017
PORTO
Foram longos anos a comer com os olhos. Longos anos de sofrimento com fotografias no Instagram, Snapchat e Facebook. Foram longos anos a desejar que as fotografias se materializassem e eu pudesse comer aquele bolo de chocolate magnífico que estava à minha frente. E finalmente, depois de tanto tempo... Eu visitei a Spirito pela primeira vez!
quinta-feira, 2 de março de 2017
Mais um Carnaval se passou e, confesso, não o comecei com a adrenalina habitual. A alegria estava em baixo, a vontade de dançar e cantar também e, devido aos acontecimentos tristonhos recentes, nem tempo - ou vontade - tive para avançar com as minhas máscaras de Carnaval. Concluindo; era sexta-feira e não tinha uma única máscara de Carnaval.
Para mim, o Carnaval começa sempre com o corso da pequenada. São sempre tão criativos e originais, é maravilhoso ver o que estas escolas conseguem fazer nas aulas - eu sei porque, também eu, há muitos anos fazia estes disfarces com as minhas turmas -. Brinquedos e Brincadeiras foi o tema este ano (maravilhoso porque é abrangente o suficiente para a criatividade trabalhar) e apareceu de tudo: cartas de UNO, puzzles, polícias e ladrões (brincadeiras, percebem?), soldadinhos de chumbo com bailarinas cor-de-rosa, trolls, peças de Xadrez, o elenco do Toy Story, Gameboys... Ideias não faltaram e pormenores também.
Pela primeira vez em muitos anos, São Pedro fez as tréguas com Torres Vedras e não choveu. Bom, pelo menos de noite. A minha animação não estava no alto mas encontrei o grupo certo para entrar no espírito. É impossível não querer festejar quando temos um namorado atencioso, amigos incríveis e um primo que faz a festa por todos.
Foi mais um ano de quarto em pantanas com perucas por todo o lado e algazarra à uma da manhã para fazer maquilhagem, emprestar collants, experimentar disfarces, autorizar que os rapazes utilizem aquele vestido velho, fazer sessões de laca no cabelo e desencantar acessórios que desenrasquem e ajudem na consistência do disfarce. Arrisco-me a dizer que uma das partes mais giras do Carnaval é a fase de vestir os disfarces. É aquele rebuliço de estarmos seis no mesmo quarto com roupas a voar por todo o lado, pessoas a entrar já completamente transformadas e onde temos de parar tudo o que estamos a fazer para rir daquele momento ridículo, é a execução da maquilhagem ideal, de ajudar os rapazes a fazer mamas falsas, de os ensinar a puxar leggings - e é também o momento em que percebem a razão pela qual as raparigas adoram tanto, porque "meu Deus, isto é tão confortável!" -, de precisarmos de três pessoas ao mesmo tempo para ajudar a amiga do cabelo juba a enfiar uma peruca. É isto que cria o espírito folião e divertido.
Este ano falou-se muito sobre segurança no Carnaval e acho que os corpos responsáveis pela segurança responderam à altura com os camiões. Muita gente não compreendeu a existência dos mesmos e achou que era uma mensagem a quem tentava estacionar no interior das vias cortadas mas não podiam estar mais incorrectos. Não me senti insegura neste Carnaval - nunca me senti em ano nenhum, para ser muito honesta - e o ambiente era o familiar de sempre. Mascarados por todo o lado, Matrafonas atrevidas e engraçadas, praças cheias a cantar os refrões parolos que todos conhecemos e energia inesgotável. Surpreendentemente, dancei muito, cantei muito, ri muito e aproveitei de coração cheio a companhia das minhas pessoas.
Médica espacial, Ursinho Carinhoso e Karl Lagerfeld foram os meus fatos deste ano - todos eles arranjados à pressão porque, como vos disse, não tinha máscara, portanto, foi um exercício de ir ao baú e ser recreativa - e estive ali pelas minhas ruas de sempre a participar neste que é o melhor Carnaval português.
Termino o Carnaval já com uma saudade apertadinha e com um sentimento de gratidão por me ter deixado mais feliz. Digo e repito, vezes sem conta: o Carnaval de Torres é inigualável e inesquecível. E merece visita obrigatória para amantes de experiências e aventuras divertidas. Este ano foi a estreia para dois amigos meus, que abominam Carnaval. Terminaram esta aventura com confirmação de presença para o próximo. Até para o ano!
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