FAVORITOS | Fevereiro, 2024


Sinto que, em fevereiro, tudo avançou em câmara lenta – o que é paradoxal, tendo em conta que é o mês mais curto do ano. Uma perceção com os dois lados da moeda: se, por um lado, consegui viver e guardar todas as memórias com calma e pormenor, por outro, quando o inverno atingiu com mais força, senti com mais intensidade os dias frios onde o tempo não passava ou melhorava. Felizmente, tive mais momentos do primeiro momento do que do segundo.

Acho que a única roupa vintage de basquetebol que tinha em mãos foi toda “herdada” – na verdade, tenho de retificar, roubada à – da minha mãe, que tinha algumas t-shirts incríveis da NBA nos anos 80. Mas nunca nada foi meu, só emprestado (fica-me bem dizer isto). Quando desembrulhei esta camisola dos Celtics fiquei em êxtase total porque é difícil encontrar camisolas dos Celtics que me sirvam (a última pessoa a conseguir este feito extraordinário foi a minha amiga Ana, obrigada!) e porque esta é a minha primeira peça vintage efetivamente minha. Foi um achado mesmo especial e tem sido a minha camisola de eleição.


Não sei há quanto tempo tinha um robe de algodão na minha wishlist, mas sempre foi uma indulgência cara que deixava para trás face a outras prioridades. No entanto, durante o nosso Natal improvisado, fiquei tão entusiasmada como uma criança ao desembrulhá-lo. Abracei-o com a mesma alegria de quem recebeu o presente mais desejado da carta ao Pai Natal.

Desde então, tenho o usado o robe incessantemente e percebo agora do quanto se encaixa harmoniosamente na minha rotina. É o toque final após o banho, antes de me vestir ou colocar o pijama, proporcionando uma sensação de spa em casa. Os detalhes em rosa não me passaram despercebidos e acho-lhes a maior gracinha.

Reintroduzir a natação na minha rotina requer cuidados adicionais, especialmente no inverno, considerando os efeitos do cloro e das diferenças de temperatura na pele (tendencialmente seca) e no cabelo.

Esta é uma dupla que nunca sai do meu saco de treino: um spray da Wella que é protetor solar para o cabelo - mas que também protege da água do mar e da piscina - que aplico em abundância antes de meter a touca. Vou sem dúvida, trazer esta rotina para o verão e dias de praia também. Não tenho o cabelo pintado (o tipo de cabelo para o qual este spray foi especialmente desenvolvido) mas agradeço a hidratação extra!

Depois do treino e já de banho tomado, este creme rico da Cien tem sido a minha escolha para hidratar a pele. Com total transparência: não é a fórmula mais confortável do mundo; é bem rica, custa a espalhar e leva o seu tempo para a pele absorver (tenham isso em conta), mas é também dos melhores cremes hidratantes que já usei e sinto que a pele fica, efetivamente, hidratada. Para mim, é um must-have para manter a pele saudável e evitar a sensação desconfortável e ressequida após o treino.

Acho que é a primeira vez que me apetece fazer gatekeep de um lugar. Confesso: estou saturada do panorama gastronómico em Lisboa, com reservas difíceis, ter de jantar quase às 17h para conseguir ter mesa, ser recebida já com horário programado de quando tenho de pedir a conta e de, no geral, os meus olhos comerem mais do que o paladar porque tudo é feito para se fotografar e não para se saborear. Sei que já reclamei disto convosco, mas talvez seja por isso que quero ainda mais guardar este restaurante em segredo: contem-me a última vez que tiveram uma refeição efetivamente saborosa em Lisboa e estiveram sem limite à mesa por menos de 15 euros?

Descobri o Hachi Kare-ya durante um girls date e estávamos muito curiosas por provar o caril japonês com a técnica especial do ovo por cima do arroz. O menu oferece caris com várias opções de escolha, mas quisemos experimentar o caril com frango frito e é maravilhoso. O caril é bem suave – zero picante, podem confiar -, mas fragrante e a combinação da textura crocante do frango com a suavidade do ovo deixou-me rendida. 

Por tudo isto, queria que fosse um segredo, que fosse um secret pleasure para dates entre amigas sempre que batesse a vontade deste caril, mas não sou capaz – especialmente depois de o partilhar no Instagram e vocês terem ficado muito entusiasmada/os. Aqui está ele. Protejam-no a todo o custo.

Um Dia é um dos meus romances preferidos – podem ler a minha review do livro aqui -, mas a adaptação para filme sempre me pareceu deixar a desejar. Por isso, quando anunciaram a minissérie, voltei a dar uma oportunidade à adaptação da história do papel para o ecrã e, desta vez, com uma experiência muito mais triunfante. 

Na verdade, escolher ver a série conhecendo a história do livro é um ato de puro masoquismo. Mas a interpretação do elenco convenceu-me em absoluto, a banda sonora é perfeitinha, a edição está interessante e, acima de tudo, a minissérie é bastante fiel ao livro – e é tudo o que um leitor precisa! 

Na altura em que escrevi a review do livro, disse que achava que se tivesse sido lançado agora e não há mais de 10 anos, teria ficado ainda mais popular e creio que o entusiasmo com que as pessoas têm falado sobre esta história nas últimas semanas é a prova disso. Os episódios são curtos e as personagens agarram – daquelas séries que vão assistir num sopro. 


Lembro-me de o Guilherme Geirinhas partilhar num dos primeiros episódios do Sozinho em Casa que gostava de, um dia, lançar um projeto onde convidava os candidatos de diferentes partidos a falarem com ele sobre tudo, menos política, numa tentativa de resgatar a sua humanidade através de trivialidades e experiências pessoais - que não têm lugar num assento parlamentar ou num debate em televisão aberta. Ver o Bom Partido nascer foi a prova de que o projeto não ficou na sua gaveta.

À data em que vos escrevo estes favoritos, já temos duas entrevistas disponíveis: Pedro Nuno Santos (PS) e Rui Tavares (Livre), ambos conduzidos de forma a desconstruir o político que esconde a pessoa e a trazer a informalidade à superfície. O Guilherme é o entrevistador perfeito para os desarmar sem medo.

Tenho acompanhado todos os episódios com entusiasmo e interesse pela frescura do conceito, pela genuinidade das perguntas e, também, pela curiosidade em perceber quão generosas vão ser as respostas. Sendo transparente, um formato como este não pode ser um decisor de voto, pelo menos, não para mim. As skills sociais dos políticos ou a sua capacidade para abrirem as portas da sua privacidade interessa-me, claro, mas sei que não definem a sua qualidade nem capacidade executiva de desempenhar as suas funções. Já todos tivemos colegas "boas praças" com quem não podemos confiar uma tarefa para as mãos e também já tivemos colegas que são (perdoem-me a expressão) amebas sociais, mas com quem contamos de verdade para uma tarefa ou projeto irem para a frente. Não é mutuamente exclusivo, mas por isso mesmo é que ter um vislumbre deste lado humano é muito importante para eu fazer uma leitura de caráter, mas não excluir a vertente profissional e executiva que lhes compete.

Gosto da iniciativa do Guilherme em tentar, através deste formato, aproximar a política da juventude e tornar os políticos mais acessíveis. Não sei se a juventude só quer isto, na verdade. Eu quero mais que isto, pelo menos, mas não é este o objetivo do Guilherme, sei-o bem. Bom Partido é um mérito absoluto e a prova de que há ideias que, mesmo que fiquem na gaveta mais tempo do que gostaríamos, saem sempre na altura certa.

Há algum tempo que andava à procura de um porta-canetas que ajudasse a minha lata da Pantone a guardar todas as canetas e utensílios de secretária, mas (e se me acompanham há algum tempo, tenho a certeza de que este padrão não vos passa despercebido) sou muito criteriosa com o que quero nos meus espaços e, mesmo nos pequenos detalhes, não me importo de esperar até encontrar algo que realmente seja à minha medida. 

Encontrei, graças à Catarina, o perfil da Cati Daehnhardt e, consequentemente, as suas jarras pintadas à mão e fiquei de imediato rendida à azul - a última no design que mais queria! O tamanho é o ideal, leva todo material que precisava, o tom de azul é um dos meus preferidos e combina harmoniosamente com a alegria de cores que está na minha secretária. Gosto que o azul na porcelana misture a portugalidade com as ilustrações dos coelhos, que me transportam para a nostalgia dos meus livros de infância, cuja Miffy e o Peter Rabbit protagonizavam. Podia guardar muitas outras coisas: flores, colheres de pau, pincéis. Talvez, um dia, seja. Para já, é a casa dos meus utensílios de escrita e adoro sentar-me e olhar de imediato para ela. 


Estávamos à procura de lembrancinhas para outras pessoas no Alentejo, mas confesso que acabei por trazer uma para mim também. Assim que a vi, fiquei apaixonada pela originalidade e pela portugalidade do azulejo com o sobreiro que marca as nossas paisagens – principalmente no Sul. Sobreiros são especiais para mim; tenho vários perto de casa e já foram a minha sombra de leitura, o ponto de encontro para brincar com a Laika e a Belka. Alguns sobreiros cresceram comigo, outros criaram raízes mais tarde. E agora podia mostrá-los a alguém que amo, esta parte do meu país que tanto gosto, cujo recorte na paisagem nunca perco nas longas viagens de carro. Quis trazer. Era a lembrança perfeita.


Já tinha partilhado convosco que não era fã do Goodreads, mas a verdade é que também ainda não me tinha rendido a nenhuma outra app de leitura. Tentei várias vezes gostar do StoryGraph, mas houve qualquer coisa (que não sei precisar) que não me convenceu. E depois conheci este lançamento da app Fable e larguei o Goodreads de tal forma que já nem o tenho no telemóvel. 

Descrevo o Fable como aquilo que sempre quisemos que o Goodreads fosse: contemporâneo, ágil, com uma interface interessante e features que incentivam à interação e permanência na app. Ainda está no começo e, por isso, tem algumas falhas, mas são bastante proativos a retificar (respondem a emails com pedidos de correção) e a atualizar a experiência. 

Têm exatamente as mesmas ferramentas do Goodreads – desafio de leitura anual, pastas, atualização do progresso de leitura, etc. – com algumas vantagens adicionais: um feed muito dinâmico, quase ao estilo do Twitter (onde as pessoas não atualizam apenas o progresso nas suas leituras, mas também partilham reflexões), o monthly wrap, um sistema de quiz que vos ajuda, com base na pasta de livros que têm adicionados para ler, a escolher a próxima leitura conforme o vosso mood, a percentagem de match que fazem com outra pessoa que vos esteja a seguir e as dinâmicas de clube do livro: encontram por lá vários canais de clubes do livro onde podem juntar-se à leitura do livro do mês. Não há propriamente um sistema de fidelização – podem simplesmente juntar-se e ler conjuntamente o livro e depois ir embora –, mas também podem seguir o clube. Cada vez que adicionam um livro à pasta do que estão a ler atualmente, ele mostra-vos os clubes possíveis que, nesse mês, também estejam a ler esse livro. Acho isso genial. 

Enfim, se notarem a minha ausência no Goodreads, é só porque mudei de casa e estou muito mais satisfeita, para já, nesta. Não é perfeita, mas enche as minhas medidas.

Fevereiro trouxe as primeiras tulipas compradas para a jarra – o meu sinal preferido do despontar da primavera – e flores inesperadas com mensagens especiais. Não foi só o mês do amor, foi um mês de amor: aos meus amigos, com quem partilhei chávenas de chai latte, almoços que não queremos que acabem, pipocas de cinema, jantares para fechar a semana, mensagens de voz que oiço e envio enquanto adianto as tarefas de casa; e também a ele, com ele. O aeroporto foi o melhor e pior lugar do mundo. 

Tirei as primeiras férias do ano para desligar e estar absolutamente presente no seu regresso e nas nossas férias. Celebrei o Natal e o Dia dos Namorados, ambos com surpresas personalizadas e que me fizeram sentir que estava numa comédia romântica – e embora a vida não seja assim, é importante que tenha pedaços dela assim. 

Tal como tem sido a minha linha condutora para o ano, foquei-me nas experiências; andei de cavalo por Marvão – e tinha tantas saudades de andar a cavalo, não me tinha apercebido…! -, fiz pulseiras da amizade com a minha mãe e a minha avó – que não tiveram estas brincadeiras na infância e que, por isso, pude testemunhar 3 gerações juntas com as suas crianças interiores -, abri um novo puzzle e fiz a minha atividade de inverno preferida (puzzle, chá de menta e audiobook/podcast – não preciso de mais). 

Passeei brevemente por Espanha, estou a fazer séries mais rápido na natação, cantei os refrões da minha banda favorita ao vivo, dancei músicas dos anos 2000 enquanto fazia limpezas, fiz receitas novas, mas nem sempre me senti motivada ou com energia.

Estou cansada e entusiasmada, apreensiva com o futuro e curiosa por descobri-lo, a sentir que avanço e, ao mesmo tempo, que não saio do lugar. Apenas com a certeza de que, seja qual for a próximo passo ou etapa, com mais ou menos cansaço, com mais ou menos motivação, estou a aproveitar cada dia e a encontrar na rotina os melhores motivos para me sentir contente.  

Março, traz novidades boas.

2 comentários

  1. Aqui me confesso ligeiramente invejosa por teres um robe de algodão 😭
    Espero que março seja tudo o que precisas dele! ✨


    daylight

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  2. Não há favoritos de Março? 😢

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