FILMES | Fevereiro • 2022


Se o Cluedo fosse um filme, seria este. Bem sei que existe uma adaptação do próprio jogo – inclusive, encontram a minha review aqui – mas Knives Out tem a dinâmica e o twist próprios do jogo. Tudo começa com uma suspeita de homicídio de um magnata e respetivos suspeitos. Tirando esta premissa tão simples, não há nada que eu possa dizer que não vá estragar o efeito surpresa do filme: e esta é a melhor parte da produção, a matrioska de surpresas que vão surgindo ao longo do filme. É leve, toca en passant em alguns temas muito atuais e sensíveis e é a recomendação perfeita para um filme de domingo à tarde simples, mas com substância. Conseguem adivinhar o que realmente aconteceu? 

Surgiu, previsivelmente, nas minhas sugestões da Netflix e caí na ratoeira. Não há muito a dizer sobre esta produção que eu tenha gostado: a minha parte preferida talvez tenha sido a representação do descrédito com que muita gente encarava os perigos do novo regime – uma realidade que, infelizmente, regressa aos dias de hoje. Ninguém acreditava que aquele nível de crueldade fosse possível (ou que estivesse a acontecer). Também achei que faz alguns retratos interessantes do que outras pessoas judias sofreram perante o antissemitismo e holocausto, algumas representadas de forma discreta, outras violentamente expostas ao espectador. O filme presta uma homenagem à lealdade inabalável Hannah Goslar, uma amiga muito próxima de Anne Frank. Por outro lado, todo o filme encosta-se na popularidade de Anne Frank e chega até a fazer referências verdadeiramente desconfortáveis, que não me parecem respeitar nem Anne Frank nem a própria Hannah Goslar – o filme refere que é baseado em factos verídicos, mas senti que viajou demais no ‘baseado’. Percecionei um certo voyeurismo no fascínio do Holocausto e das duas jovens judias e terminei o filme sem vontade de o recomendar. 

Estou numa fase de querer ver mais filmes dos Estúdios Ghibli e Sussurro no Coração conquistou-me por completo. Aquilo que mais adoro nestes filmes de animação é a simplicidade das premissas, o respeito pelo silêncio e pelos tempos mortos, a cadência onde o quotidiano e as coisas banais têm magia e o ritmo certo para surgirem. Sussurro no Coração é um bom exemplo disto: conta a história de Shizuku, uma ávida leitora que descobre que todos os livros que levantava na biblioteca já tinham sido lidos anteriormente pela mesma pessoa. Intrigada com esta coincidência, a protagonista parte numa investigação para descobrir quem é este leitor que partilha os seus gostos literários. Pelo caminho, cruza-se com personagens adoráveis, enredos paralelos e uma certa dose de magia que, para mim, evoca a nostalgia de assistir a filmes dos Estúdios Ghibli em criança. Recomendo muito! 

Gatsby e Ashleigh são um jovem casal que decide passar um fim de semana romântico em Nova Iorque. No entanto, as situações mais inesperadas acontecem nos seus planos de viagem e revelam as peculiaridades do casal.
Devo confessar que só descobri toda a polémica em torno de Woody Allen quando fui pesquisar sobre este filme e fiquei com uma certa sensação de culpa por ter assistido ao filme (o eterno dilema de separar a arte do artista). Porém, e com total imparcialidade, achei que é um filme pretensioso e que concretiza mal. Não há nada de errado em filmes pretensiosos quando são bem-sucedidos no que fazem, mas não sinto que seja o caso deste, com Timothée Chalamet, Elle Fanning e Selena Gomez no elenco principal. As reflexões e as peculiaridades das personagens pareceram-me datadas, e aquilo que tinha tudo para ser um filme com uma boa premissa – sobre o amor jovem, a homenagem a Nova Iorque, sobre ficarmos assoberbados pelas emoções – perdeu-se no pretensiosismo e dali não conseguiu regressar. Uma curiosidade: quando rebentou a polémica, tanto a Selena Gomez como o Timothée Chalamet doaram todo o salário da produção deste filme a instituições de solidariedade como forma de se desmarcarem do realizador, após a acusação formal.

Que filmes assistiram em fevereiro? O que me recomendam?

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