GHENT | VER, FAZER & PROVAR


As três torres | Ouvirão muitas vezes Ghent a ser apelidada de ‘Cidade das Três Torres’. Essas 3 torres referem-se à Sint-Baafskathedraal, Belfry e à Igreja de São Nicolau. E há um local absolutamente perfeito para as verem às três alinhadas – continuem a ler que já vão descobrir qual é. 


Belfry | Construída no séc. XIV, a torre deste campanário guarda o maior sino medieval da Bélgica, o Roeland, que pesa mais de 6 toneladas. 

Mas embora o sino seja uma curiosidade interessante, achei mais curioso o que está mesmo na ponta da torre: um dragão dourado, o ícone da cidade, mas que simboliza também a maior rivalidade entre Ghent e… Bruges! Se visitarem Bruges, saberão que os locais reclamam até hoje a devolução do dragão furtado por Ghent (o que Bruges não quer contar é que eles próprios roubaram este mesmo dragão à Constantinopla, durante as Cruzadas). 

Popularidade | Durante a Idade Média, Ghent era a segunda maior cidade da Europa – perdendo o primeiro lugar apenas para Paris – e um centro importante graças à sua produção de tecidos e trocas comerciais. Hoje em dia, perde em popularidade para a sua rival Bruges, embora, a nível histórico e de enriquecimento cultural, Ghent seja mais autêntica do que Bruges – explico em breve porquê, quando chegarmos ao guia de Bruges. 


 Ponte de Saint Michael | Não, não estão em Hogwarts, mas o imaginário está lá. Esta ponte liga as duas margens do canal Leie, chamadas Graslei e Korenlei, e oferece uma das vistas mais icónicas de Ghent, com as três torres da cidade alinhadas. 

O que muitos não sabem, é que inicialmente esta ponte era de madeira, e foi apenas substituída pela atual em meados do séc. XIX. 


Castelo de Gravensteen | Com toda a honestidade: o castelo em si não é o ponto de destaque (é até, na minha opinião, um pouco desinteressante de visitar), mas a sua história, essa sim, é gira de saber ou não tivesse este castelo sido conquistado apenas uma vez… por estudantes! 

Aconteceu a 16 de novembro de 1949 por um grupo de estudantes que tomou o castelo em forma de protesto contra o aumento do preço da cerveja – quem se surpreendeu com este tipo de causa, não viveu uma semana académica em maio… Mas levemos esta tomada a sério: a guarda foi feita refém, com a entrada bloqueada por um carrinho de frutas podres – a 'arma' elegida para arremessar contra a polícia e bombeiros. 

A ocupação durou poucas horas até os bombeiros intervirem. Mas até hoje o dia 16 de novembro é comemorado com pompa e circunstância pelos universitários da cidade, com inúmeras festas – e bancas de cerveja – disponíveis no interior do castelo. Não precisam de falar língua nenhuma para pedirem o vosso copo de cerveja nesse dia; basta chegarem ao balcão e erguerem o dedo mindinho. Está feito o pedido! 


Sustentabilidade | A cidade é um exemplo notável de sustentabilidade urbana, com a maior parte da zona histórica completamente livre de carros e uma cultura forte de vegetarianismo. Aliás, Ghent é conhecida por ser a capital vegetariana da Europa e merece este título por algumas razões, entre elas, por ter sido a primeira cidade a instituir oficialmente as ‘quintas-feiras vegetarianas’ e por ser a cidade europeia com mais restaurantes vegetarianos per capita


O canal entre Ghent e Bruges | As cidades estão unidas por um canal que levou mais de 350 anos para ser concluído. Uma operação de quase 4 séculos só pode antever um canal de dimensões inacreditáveis, certo? Bem, tinha 40km. 

O que demorou tanto, então? A rivalidade entre as duas cidades, claro. Bruges deu o arranque à iniciativa porque tinha interesses comerciais, mas Ghent não queria perder a sua conexão com o mar. Este conflito envolveu até uma batalha que paralisou as obras por décadas. O canal só ficou finalizado no séc. XVII. 


Frituur Tartaar | Se leram as minhas dicas e factos sobre a Bélgica, já sabem a minha opinião sobre as batatas fritas belgas, mas sem elas a minha história de amor não tinha começado e, por isso, há que lhes prestar algum reconhecimento. 

E se é para provar, reservem a experiência para esta pequena frituur, conhecida pelas batatas fritas crocantes servidas com maionese e estudado flamengo (stoofvlees), um prato clássico da região. 

Os cisnes do Marriott | Se passarem pelo famoso hotel em Ghent, vão reparar que a sua fachada está decorada com dois cisnes, orientados em direções opostas, algo que não agradou aos donos do Marriott quando compraram o edifício e que, inclusive, tentaram retirar da fachada. Porquê? Na Idade Média, um cisne virado para a esquerda simbolizava bebidas/álcool e um cisne virado para a direta simbolizava mulheres. O espaço era um bordel, passado esse que, definitivamente, uma das mais prestigiadas cadeias hoteleiras do mundo não queria, de todo, associar-se. Mas a cidade de Ghent não deixou e, mesmo com o hotel a fazer uma oferta de milhões à cidade para retirar os cisnes, o município não permitiu o avanço. Estão lá, até hoje, para vossa apreciação (😏). 


Passeio pelo canal | Recomendo muito a experiência, já que o canal da cidade é o verdadeiro protagonista histórico de todo este local. Além disso, todos os passeios são guiados e é uma forma de conhecerem mais algumas curiosidades e lendas associadas à cidade. De maio a outubro, têm passeios diários e, nos restantes meses, aos fins de semana, quando o clima assim o permite.

Ghent | Os historiadores pensam que o nome da cidade é originário da palavra celta Ganda, que significa ‘confluência’.  


Sint-Veerleplein | É uma das praças mais antigas de Ghent, mas tem um passado bastante pesado, ou não fosse originalmente usada como um local de execuções públicas. 

Hoje em dia, tem um simbolismo muito mais especial e por isso recomendo que, se o clima o permitir, peçam uma bebida e um snack nas inúmeras esplanadas disponíveis na praça e fiquem atentos aos candeeiros. Quando todos os candeeiros da praça acendem e apagam devagarinho durante o dia, significa que nasceu mais um bebé no hospital da cidade. Ghent é pequena, por isso, não é um evento frequente, mas na minha última visita tive sorte: acendeu e apagou duas vezes! 

Graças a esta nova dinâmica – que tenta dar uma nova história a este lugar – a praça é agora conhecida como a Praça da Vida. 


Cuberdons | Em vários cantos da cidade vão reparar nuns doces em forma de nariz chamados cuberbons, e embora consigam encontrá-los em outras regiões da Bélgica (e de França, inclusive), é aqui que devem provar, já que é uma iguaria local. A sua origem é um pouco incerta – umas histórias apontam para um monge, outras para um farmacêutico -, mas a descoberta final era a mesma: ambos pretendiam fazer um xarope para a tosse que durasse mais tempo, mas após alguns dias, aperceberam-se que a superfície do xarope enrijeceu, enquanto que o interior ficou em goma.

Hoje em dia, é um doce, normalmente com sabor a framboesa (para mim, remeteu muito ao sabor das Bubbaloos de mirtilo). O lugar que recomendo para provarem é a loja Ooost, que os produz de forma tradicional e artesanal. 


Waffles | Tanto a Oyya como a Gérard têm ótimas waffles e gofres tradicionais, sem preços armadilhados para turistas. 

Kinderrechtenplein | Que se traduz para ‘Praça dos Direitos das Crianças’, mas é mais conhecida por uma lenda de amor. Toda a praça está ladeada por chorões e diz-se que, se um casal de beijar debaixo de uma das copas, ficará junto para sempre. 


Sint- Baafskathedraal | A catedral da segunda torre e o lar da famosa obra ‘A Adoração do Cordeiro Místico’ dos Irmãos Van Eyck. Ao longo da História, este conjunto de painéis foi roubado inúmeras vezes à catedral. Já esteve no Louvre durante a Revolução Francesa, mas o Duque de Wellington conseguiu devolver a obra à cidade de Ghent. Foi também roubada na Primeira e – mais conhecida -, na Segunda Guerra Mundial, onde estava escondida (juntamente com outras obras furtadas) nas minas de sal que Hitler mandou destruir já na reta final. Uma equipa de intervenção salvou uma série de obras nessa mina, incluindo estes painéis. 

Pela sua história um pouco conturbada, esta é uma obra que taxativamente não sai de Ghent e cujos convites para estar em exibições temporárias noutros locais do mundo são sempre recusados. 

Existe alguma fila para fazerem a visita – e os lugares são limitados por hora -, mas é uma obra que merece ser vista. Um detalhe interessante de tentarem identificar é o painel que, infelizmente, é uma réplica. É o que está no canto inferior esquerdo e conseguem reparar pelas diferenças no tom do céu. Ninguém sabe onde está o painel original. O seu paradeiro continua a ser um mistério. 

Música | Ghent tem uma cultura musical vibrante desde os anos 60, sendo um verdadeiro centro para colecionadores e entusiastas de vinil. A cidade foi um dos berços do jazz europeu, com clubes históricos como o Hot Club de Gand – ativo até aos dias de hoje. Estas são algumas das lojas que recomendo a visita: Music Mania • Vynilla • Consouling Store • Hot Club de Gand



1 comentário

  1. Maravilhoso, É uma zona que gostaria muito de conhecer, está na minha lista há muito tempo.
    Beijinhos

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