Fazem resoluções de ano novo? Ao longo dos anos, a minha relação com elas foi tudo menos linear. Já houve anos em que ignorei completamente a ideia, e outros em que me perguntava qual o propósito, se a maioria desiste antes do final de janeiro. Hoje, vejo-as mais como um guia: uma forma de direcionar o ano que se inicia.
O objetivo não é cumprir à risca – até porque isso só alimenta frustrações. É, antes, sentir que caminhei nessa direção. Se cumprir? Ótimo. Se não, já valeu o esforço.
Este ano, diverti-me a criar um bingo para 2025 com metas que quero alcançar. Acredito que será tão giro dar check assim...! Para vocês, porém, trago outra dinâmica: os in e out de 2025, sem esquecer os keep.
Normalmente, pensamos nos anos apenas como uma lista do que entra e do que sai, mas faz sentido reconhecer também o que queremos manter. Afinal, é uma forma de valorizar as coisas boas que já trouxemos de anos anteriores e admitir que algumas já fazemos bem. Estes são os meus – pelo menos, os que não são demasiado pessoais:
In
Ver 1 filme por semana: se me acompanham há algum tempo, sabem que esta é daquelas resoluções que renovo todos os anos sem sucesso. Começo bem, termino ainda melhor, mas, lá pelo meio (sobretudo na primavera/verão) o compromisso dilui-se. Queria conseguir, pelo menos uma vez, cumpri-la – e depois não volto a insistir.
Fazer algo pela 1ª vez: para mim, das resoluções mais importantes que podemos fazer.
Ler (mais) antes de dormir.
Fazer o The Artist's Way: comecei em 2024, mas rapidamente percebi que não seria um ano bom para começar este desafio. Adorei que os exercícios de cada semana fossem bastante concretos e práticos – que é algo que costumo sentir dificuldade em outros livros criativos do género, onde há coisas que me parecem excessivamente abstratas ou espirituais. Este ano, finalizo!
Ir a uma disco roller.
Visitar um lugar onde nunca estive: outra resolução fundamental para continuar a trabalhar a nossa curiosidade e senso de novidade. E não precisa ser além-fronteiras.
Sunday resets.
Ler mais das minhas revistas: li muitas revistas no ano passado, mas sinto que não li o suficiente. Uma edição consegue durar meses sem que a tenha terminado e, este ano, quero mudar isso. Adoro este momento analógico e em que mergulho noutras bolhas que não a minha.
Reduzir o tempo de ecrã.
Comunidades presenciais: sinto que, muito impulsionado pela pandemia, fomos prolíferos a criar comunidades digitais – e tiro muito proveito delas, ou não fosse eu co-criadora de uma! Mas, este ano, gostava de explorar mais comunidades presenciais, conhecer efetivamente as pessoas e aproximarmo-nos presencialmente. Sinto que, enquanto sociedade, estamos a precisar muito de interagir sem ecrãs.
Keep
Continuar a beber mais de 1,5L de água por dia
Journaling.
Comprar livros em livrarias locais: em 2024, comprei 95% dos meus livros em livrarias locais – a maioria, em viagem – e quero manter este compromisso. Valorizo muito mais o livro que adquiri, estou a apoiar um negócio que quero que permaneça na cidade e ajuda-me a gerir os impulsos – se quero assim taaaanto ler aquele livro agora, tenho de esperar que esteja numa livraria, não vou comprar online.
Abater a TBR.
Equilíbrio entre semanas sociais e de acolhimento: no ano passado, consegui gerir bem a agenda, equilibrando semanas mais exigentes na minha bateria social com outras dedicadas a estar em casa e comigo mesma. Para mim, que sou introvertida, esta harmonia é essencial, não só para o meu bem-estar, mas também porque melhora significativamente quem sou para as minhas pessoas. Sinto que me entrego melhor.
Colorir: cimentei este hobby em 2024 e quero mantê-lo em 2025. Não há nada mais relaxante do que saber que a única coisa esperada desta atividade é, pura e simplesmente, pintar dentro das linhas.
Mute/limpeza digital: ao longo do último ano, fui ajustando os meus feeds quase semanalmente. Sejamos honestos: há diplomacias até no digital, e nem sempre posso simplesmente dar unfollow. Mas o mute resolve. Durante muito tempo, acreditei firmemente que devemos confrontar realidades e opiniões diferentes das nossas – e continuo a defender isso. No entanto, aprendi que também precisamos de escolher o momento e lugar.
Imaginem o absurdo que seria alguém com ideias políticas opostas ou hábitos distintos dos vossos entrar na vossa casa adentro sem convite, sentar-se na vossa sala enquanto vocês estavam relaxados e dizer: 'agora vais ouvir as minhas convicções'. Soa ridículo, certo? Então por que o aceitamos no digital? Prefiro ser eu a decidir quando quero explorar outras bolhas – para ouvir melhor e ter energia para me fazer ouvir. Desde que mantenha esse contacto com a realidade de forma regular, o equilíbrio está garantido.
Ler devagar.
Monthly update: num grupo de amigas, temos um ritual que valorizo imenso: todos os meses, no dia 2, enviamos áudios umas às outras para partilhar como correu o mês. Falamos de tudo, desde momentos-chave até acontecimentos banais. É um gesto simples que vai além de uma mensagem de texto – ouvir as vozes permite-nos captar os tons e perceber como cada uma realmente está –, mas sem os conflitos de agenda que ficariam implícitos numa chamada. Além disso, ajuda-nos a permanecer próximas, mesmo na espuma dos dias.
Marcar as recomendações com que me cruzo no google maps: tenho várias listas no meu GM, criadas principalmente a partir de recomendações que vou guardando. Estas listas são úteis não só para planear viagens – já começo com uma base de sugestões especiais e locais únicos – como também para explorar áreas onde já me encontre. Se estou numa zona, basta verificar o mapa e descobrir o que marquei de interessante por perto.
Out
Screentimes assustadores: às vezes dou-me o desconto por causa do meu trabalho, mas este ano quero priorizar-me.
Alinhar em ir a cafés que já sei que só o Instagram vai comer: Lisboa está cheia de espaços que acabo por aceitar como pontos de encontro, mas onde já sei que vou comer um ovo mexido triste com uma fatia de pão que tem de ser cortada a serra elétrica e, no fim, pagar 15 euros. O meu critério é simples: sou péssima cozinheira. Se sinto que faria melhor em casa, esse lugar é um no go. Amigas, desculpem, mas este ano serei mais exigente nos cafés onde combinamos. É pelo nosso bem. O mais importante é a companhia, mas não esqueçamos o poder de um bom lugar ✨
é como me sinto a criar e olhar para estas listinhas (fonte) |
Reading...
Nudge! Acho perfeito ter arrancado o ano a ler um livro sobre estímulos e como podemos tomar melhores decisões e seguir melhores influências para vivermos com mais qualidade (individualmente e em sociedade). É bastante técnico, mas estou a gostar muito.
Exploring...
Este site que compilou sons de todo o mundo – não a nível musical, mas a nível do ambiente que nos rodeia. Adoro observar (ou escutar, melhor dizendo) as diferenças entre grandes centros urbanos e lugares mais rurais, ou notar que, mesmo as cidades têm os seus ruídos próprios. É muito interessante de explorar (e Portugal tem imensos sons disponíveis – um dos meus favoritos está no Porto, onde captaram o som dos sinos da Torre dos Clérigos).
Playing...
Na passagem de ano, encontrei uma PlayStation 2 à minha espera com microfones do Singstar e 4 edições diferentes, incluindo ABBA. Estiveram reunidas todas as condições para começar o ano em sintonia – já em sinfonia foi mais complicado...
Obsessing...
Jantar às 18h para ir para a cama às 21h e relaxar um pouco antes de dormir. Juro que quem vos escreve não tem 80 anos, mas também sou sincera: avó, tens toda a razão e peço as mais sinceras desculpas por todas as vezes na adolescência em que disse 'jantar à hora do lanche?!?!'. Eu não sabia o que estava a dizer, a Grande Sabedoria só chegou agora.
Recommending...
Caso gostem de puré de batata: adicionar um pouco de lemon pepper quando estiverem a finalizar o puré. Fica com um toque fresco do limão e um suave travo a pimenta que eu acho que eleva este acompanhamento.
Treating...
O meu bingo de 2025. Foi uma atividade que fiz com o meu namorado – cada um fez o seu e personalizámos o design à nossa maneira – e depois imprimimos e mostrámos um ao outro. Combinámos que, por cada bingo (se tivermos a sorte de os fazer), celebraremos de alguma forma. Assim vamo-nos motivando e não deixamos passar as (pequenas) conquistas ao lado.
é muito disto para 2025 (fonte) |
Que resoluções tão inspiradoras. Espero que tornem o teu ano muito feliz 😊 Também quero fazer o The Artist's Way só ainda não sei em que altura.
ResponderEliminar