Central Park é, sem dúvida, o meu lugar favorito em Nova Iorque. Desde o primeiro dia da viagem, tornou-se uma paragem obrigatória sempre que me era possível. É tão rica em flora quanto é em história e curiosidades, ou não fosse este o parque público mais antigo dos Estados Unidos, aprovado em 1853 sob a alçada de Olmsted e Calvert Vaux.
Foi pioneiro na democratização das áreas verdes urbanas – os parques públicos, tais como os conhecemos. É importante contextualizar que, naquela altura, os parques públicos não eram exatamente ‘públicos’: até bem dentro do séc. XIX, só as pessoas de classe alta e dos cargos de mais elevado estatuto é que tinham acesso a este tipo de parques - Regent's Park, por exemplo, até cobrava a entrada.
Apesar de seu passado muito controverso (muitos livros descrevem que esta zona era um descampado pantanoso a aguardar por um projeto de reforma e reabilitação, mas hoje em dia sabemos que comunidades negras e emigrantes foram, na verdade, desalojadas desta zona), Central Park cresceu para se tornar num projeto monumental de engenharia, especialmente porque todos os elementos deste parque são artificiais e implementados aquando da sua construção.
Nunca teve uma abertura oficial, uma vez que foi abrindo aos poucos à população – de todas as classes! – e nem sempre foi consensual, mas, ao longo do tempo, o parque conquistou a cidade. Com dimensões surpreendentes, maior até do que o Mónaco, Central Park abriga jardins, parques infantis, lagos, um zoo e muito mais, tudo interligado por caminhos, estradas e ciclovias.
Os relvados do parque já foram mantidos graças a um rebanho de 200 ovelhas até o final do século XIX - dá para acreditar? Hoje, é um local versátil que pode ser explorado de diversas maneiras: como uma pausa rápida durante o caminho, num passeio de bicicleta (uma experiência acessível e que eu recomendo), ou em tours temáticas, que vão desde pontos de referência no cinema até passeios literários, homenageando autores da literatura anglo-saxónica. Central Park, sendo a localização mais filmada do mundo, oferece uma experiência única e memorável.
Estes são alguns dos lugares icónicos em Central Park e que a maioria dos visitantes tenta ver:
The Mall | A única linha reta em todo o parque e que está alado por lindíssimos olmos que dão um encanto especial à ‘avenida’.
The Pond | Tem uma das vistas mais icónicas de Central Park, com os arvoredos a erguerem-se da linha da água e apenas ultrapassados pelos arranha céus que nos lembram que estamos no meio da cidade. A ponte sobre o lago é o ex-libris, assim como a vista para o Plaza Hotel na linha do horizonte – mais Nova Iorque clássica do que isto, não há. Queria muito ter andado de barco neste lago (não é uma experiência cara e, a partir de abril, já é possível fazer os passeios), mas apanhámos tempo instável e, excecionalmente, as casas de barco estavam fechadas.
Sheep Meadow | É onde a maioria leva e estende as suas toalhas, já que existe um relvado de perder de vista para fazer piqueniques, estar com amigos ou ler ao sol.
Conservatory Water ou Boat Pond | Se viram o Stuart Little II, vão reconhecer como o pequeno lago onde as crianças gostam de brincar com barcos à vela em miniatura. Aproveitem para olhar em redor e encontrar a estátua da Alice no País das Maravilhas e o Hans Christian Anderson com o seu ‘patinho feio’.
Strawberry Fields | Para quem quiser homenagear John Lennon e admirar a peça central ‘Imagine’, é aqui que têm de se dirigir.
The Ramble | O lado mais ‘selvagem’ de Central Park, para os que gostam de caminhos sinuosos com riachos. É difícil de acreditar que estamos em Nova Iorque ao mergulharmos nesta vegetação. Para quem faz bird watching, é o lugar de eleição!
Visitei Central Park várias vezes: algumas numa paragem para almoço, sentada num dos bancos homenageados de pessoas para pessoas, outras como via para chegar a outro lado, e ainda algumas sozinha, só eu e a minha música a observar as pessoas. A minha vez preferida foi também a que mais priorizei para encaixar nos planos: passámos por uma livraria, escolhi um livro – The Fran Lebowitz Reader – e escolhemos um lugar sossegado para ler, sem horas marcadas. Passei uma manhã completa à sombra de uma amendoeira, a ler o meu livro e a absorver aquela oportunidade.
Quanto mais viajo, mais compreendo que são estes momentos, em que unimos um destino que estamos a descobrir com aquilo que somos na nossa rotina, que ficam, que são mais especiais e os meus preferidos de recordar. Posso ainda ter muito de Nova Iorque por ver, descobrir e desfrutar, mas aquele momento tranquilo e primaveril, a folhear as páginas e a libertar pétalas de amendoeira do cabelo, já vive comigo na memória.
Que fotos lindas e inspiradoras. Obrigada por trazeres sempre conteúdo das tuas viagens 🤍
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