LIVROS | Últimas leituras 3★


Amores Verdadeiros
Para mim é inegável que a Taylor Jenkins Reid é uma das escritoras mais envolventes e entertainers da nossa geração, mas nota-se uma clara evolução na sua escrita. Amores Verdadeiros foi uma das suas primeiras obras e não me cativou tanto quanto os outros 5 livros que já li da autora. 

A premissa é intrigante: Emma está a celebrar o seu noivado com Sam quando recebe uma chamada e descobre que o seu primeiro marido, Jesse, que julgava ter falecido num acidente, afinal está vivo. A história desenvolve-se para um triângulo amoroso com uma mensagem final interessante, mas não suficiente cativante no seu todo. Gostei de conhecer o Jesse e o Sam, mas não me senti ligada à história da Emma com nenhum dos dois, nem à própria protagonista, com quem divergi inúmeras vezes. 

Não sei se partilham da mesma experiência, mas tenho sentido que, embora as personagens femininas da Reid sejam variadas, algumas carecem de profundidade. A Emma, por exemplo, compara constantemente o que recebe destes dois amores, mas não parece oferecer o mesmo em troca. É unilateral, numa dança entre o egoísmo e a apatia, um espectro que tenho notado em outras personagens da autora. Se já leram vários livros dela, digam-se de têm a mesma impressão. 


The Psychology of Time Travel
Foi uma das leituras do mês do The Characters Club onde somos transportados para uma distopia com viagens no tempo e um crime misterioso que temos de desvendar. 

A comparação com a série Dark foi inevitável para mim. Quando algo está tão bem feito e construído, é difícil não comparar, irresistível. 

O livro explora as implicações psicológicas das viagens no tempo, mas a quantidade excessiva de personagens fragilizou um pouco a imersão nesta história. Também achei a distinção temporal um pouco problemática, tornando-se difícil acompanhar o contexto da época da história sem as indicações dos anos no início de cada capítulo. 

No entanto, o lado da psicologia e os capítulos curtos e dinâmicos – bem como o crime misterioso que dá a linha condutora à narrativa – trouxeram-me o entretenimento que precisava e que esperava desta leitura. 


Amor e Outras Palavras
Fiz deste livro uma leitura de verão e estava absolutamente fascinada que estivesse escrito a duas mãos. Ainda irei investigar como foi o processo de escrever esta história entre duas autoras, mas parti às cegas para descobrir que a premissa é um decalque do A Cada Verão Passado – ou, melhor dizendo, ao contrário, já que este último saiu depois. 

Ainda hoje não percebo como não gerou polémica de plágio porque o mapa da história é exatamente o mesmo: dois amigos que se conhecem na casa de férias e constroem a sua amizade (e paixão platónica) a cada verão. Um acontecimento inesperado ainda na sua juventude leva à rutura dos dois e só em adultos é que são confrontados um com o outro, novamente (e, claro, com essa ferida não totalmente sarada). Se gostaram de ler A Cada Verão Passado e têm saudades da dinâmica, é uma escolha certeira, com exatamente a mesma dose de açúcar, amadorismo e irrealismo nas características e dinâmicas das personagens. 


The Fran Lebowitz Reader
Alguns livros serão sempre especiais, mesmo que a experiência de leitura tenha sido heterogénea. Este foi um desses casos. Li mais de metade deste livro em Nova Iorque e, para mim, será sempre associado à sombra de uma cerejeira em Central Park – que memória precisosa…! 

Ler Fran Lebowitz, uma verdadeira voz Nova Iorquina, enquanto estava em Manhattan foi uma experiência única, pautada pelos seus primeiros ensaios e crónicas, com que me conectei totalmente. Estava absorta nos seus comentários mordazes e observações sobre a cidade que também eu estava a descobrir. 

Fez-me pensar como os momentos da vida e os lugares onde lemos certas histórias podem influenciar profundamente a nossa experiência de leitura – fatores imprevisíveis para qualquer autor. 

No entanto, na segunda metade do livro, a cumplicidade quebrou-se. Atribuo uma parte da responsabilidade por o ter terminado em Portugal, mas não acredito que seja o único fator. Algumas crónicas no final da coleção parecem-me datadas, enquanto as primeiras estavam mais intemporais e intrigantes. O livro está segmentado e talvez um pouco de desordem – que, diga-se passagem, combinava mais com a autora – tivesse resultado melhor. 


Lonely Castle in the Mirror
Temos de reconhecer quando escolhemos o timing errado para ler um livro e de admitir quando sabemos que isso influenciou a experiência. Trouxe este livro comigo de Bruxelas e comecei a lê-lo na viagem para Gante, crente de que era uma leitura primaveril e reconfortante, mas rapidamente percebi que devia ter guardado esta leitura para mais tarde. 

Lonely Castle in The Mirror é um livro de inverno que eu recomendo que iniciem naqueles dias em que o plano é fazer uma maratona de leitura e nada mais. É crucial para que mergulhem no universo e no mistério da história com tempo, para sentirem que está a haver desenvolvimento da narrativa. Caso contrário, vão sentir que estão no mesmo patamar da história há uma eternidade e prejudica uma história lindíssima como esta, onde sete crianças atravessam os espelhos dos seus quartos e vão parar a um castelo misterioso. Nele, existe uma chave escondida que irá conceder um desejo a quem a encontrar, mas existe um senão: às 17h, todos os dias, as crianças têm de sair do castelo sob o risco de serem atacadas por lobos. Confuso? Intrigante? É tudo isso e é reconfortante também. Daqueles que, quando mais o tempo passa, mais gosto da história.

1 comentário

  1. Como não li A Cada Verão Passado, quando li Amor e Outras Palavras até gostei muito. Uma leitura bem levezinha.
    Amores Verdadeiros tenho no kobo mas ainda não li. Espero gostar.

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