V&A Museum

Vizinho do Natural History Museum, encontram um edifício alaranjado, que em tudo remete para uma fábrica antiga, mas que reúne um acervo labiríntico de épocas, artefactos e relíquias: o Victoria & Albert Museum. 

Foi fundado em 1852 e o seu nome passou um processo metamórfico, tendo chegado a chamar-se (com muita pouca criatividade, convenhamos) South Kensington Museum, mas sempre foi desejo da Rainha Victoria de que se chamasse Albert Museum. Não era apenas uma dedicatória do (aparente) amor tórrido que teve pelo marido: o Príncipe Albert foi, de facto, um grande entusiasta da ciência e da arte, responsável por impulsionar grande parte dos avanços da conhecida Revolução Industrial e por respeitar muito a História da arte. O desejo da rainha acabou por ser concedido apenas em 1899, numa das suas últimas aparições, mas não sem antes começar pelo seu nome. 

"Tudo" é a resposta adequada se se perguntam o que é que podem encontrar neste museu, e cada sala irá transportar-vos para outros tempos, costumes, culturas e correntes. Desde esculturas da Antiga Grécia, passando pela pesada Arte Sacra, podem encontrar porcelanas da China, guarda-roupas completos, salões de pintura renascentista, uma linha cronológica do design de mobiliário e até cadeiras Chippendale (para mim, um dos artefactos mais extraordinários de observar ao vivo porque a história deste design é fabulosa e muito interessante – algo que vos convido a pesquisar porque não vos poderia maçar com um artigo de 3km). 

Uma das minhas salas preferidas é, sem dúvida a Weston Cast Court, com uma imensidão de moldes e cópias de pinturas que fazem parte da nossa bagagem cultural, como a Estátua de David ou a Escola de Atenas. O meu fascínio por esta sala não se deve tanto às imitações, mas ao caos organizado daquela sala, que nos faz sentir que estamos numa arrecadação imensa de uma escola de artes qualquer. O excesso de informação faz-me sentir que estou a ver uma metáfora cénica dos nossos cérebros.

Além das coleções temporárias – e sempre muito diversificadas! – uma das mais amadas no V&A Museum (e também a maior do mundo) é a coleção Beatrix Potter. Se, como eu, cresceram com as aventuras e desenhos delicados de Peter Rabbit, é uma exibição que não vão querer mesmo perder. Irão encontrar desenhos originais, manuscritos e alguns registos fotográficos (sabiam que a autora escrevia em código? Outra curiosidade que vos convido a explorar!). 

Sinalizou também um marco importante na história – e esta curiosidade não resisto mesmo em partilhar: inaugurou no seu interior o primeiro restaurante público do mundo. Os restaurantes, na altura, estavam reservados às mais elevadas classes sociais, mas o restaurante do V&A Museum – onde é agora o Gamble Room – tinha menus para todas as classes, um feito verdadeiramente inovador à sua época. 

Há tanto (e de tudo mesmo, como já entenderam), que o ideal é reservarem uma manhã ou tarde completas para observarem o museu com calma. Se o clima de Londres assim o permitir, sugiro-vos uma pausa no pátio interior do museu onde, embora o assédio de pombos seja real, têm um café amoroso com uma esplanada à sombra e relvado com um pequeno charco artificial onde vão observar muitos locais a ler, descansar ou a refrescar os pés. Não saiam do museu sem antes espreitar a enorme biblioteca do Albert – só poderão ficar à porta, mas é uma visão extraordinária para qualquer amante de livros. 

O V&A Museum é um daqueles museus que acho que responde a qualquer um dos nossos desejos por cultura, e um que eu sei que visitaria com frequência se Londres estivesse no meu endereço de residência. A entrada é gratuita, com exceção das coleções temporárias e da exibição de Beatrix Potter, e não é possível reservar online. Recomendo-vos (se tiverem estofo para um dia completo de museus) a combinarem o vosso roteiro com o Natural History Museum, por uma questão de proximidade.