British Museum


É difícil pensar no panorama cultural e museológico de Londres e não lembrar o British Museum. Não é uma referência ao acaso, com um espólio absolutamente valioso e uma coleção que viaja pela Grécia Antiga, Egipto, inúmeras correntes artísticas de pintura, entre outros artefactos fascinantes. 



A pedra Rosetta (a pedra que permitiu a descodificação de hieróglifos), as esculturas do Parthenon (com mais de 2500 anos e, por curiosidade, Parthenon significa ‘mulher virgem e não-casada’), a Vénus de Viena, o busto de Ramsés, a Serpente Azteca e o vaso Piranesi são alguns dos destaques deste museu e os mais aguardados pelos visitantes de conhecer a olho nu – a par das múmias, sarcófagos e paredes do Antigo Egipto que são sempre fascinantes de se ver. 

É também um museu agridoce. Tendo em conta que se chama British Museum, não há absolutamente nada de ‘british’ nas alas intermináveis e quase labirínticas deste museu. Talvez a maior marcação da componente britânica seja o resultado de um espólio manchado pelo colonialismo – e pela origem nebulosa de alguns destes artefactos que pertencem ao museu ‘de forma amigável’. 


Esta é uma das razões, a par de outra que já expliquei, pelas quais grande parte dos museus em Londres é grátis. Vários países já se insurgiram num pedido formal para que os artefactos sejam devolvidos às respetivas origens – um dos museus em Atenas tem, inclusive, um espaço propositadamente em falta com a nota de que aguarda pacientemente pela chegada das restantes esculturas do Parthenon -, uma batalha diplomática onde a UNESCO já tentou intervir também. A verdade é que… não podem. Em 1963, foi publicada a British Museum Act 1963 que protege o British Museum de mobilizar artefactos – mesmo quando reconhecidos que foram retirados por furto ou pilhagem. 

Embora o British Museum seja o rosto deste problema – talvez por ser o mais flagrante -., sabemos perfeitamente que outros museus mundialmente conhecidos beneficiam de existir um só ‘rosto do mal’ e de ficarem na sombra (olá, Louvre!) e por muito que a discussão, ciclicamente, volte para a mesa, ocorre-me uma dúvida muito mais palpável à nossa realidade: devemos ou não visitar estes museus? 

O British Museum é extraordinariamente interessante, informativo e acessível – e percebo quem o visita até num regresso. E a verdade é que não sei se tenho uma resposta que não esteja manchada pelo privilégio. Tendo em conta que amo cultura, história e que adoro saber mais sobre artefactos históricos e marcantes para a nossa evolução enquanto sociedade e para a própria arte, é mesmo com um espírito de honra que fico frente a frente com uma pedra Rosetta ou que vagueio o olhar pelas esculturas do Parthenon. Sinto-me também privilegiada por poder oferecer essa experiência a um jovem de 13 anos que também está a dar os primeiros passos na sua própria experiência cultural. Mas podemos dizer que amamos a cultura se compactuamos com a forma como esse acesso foi-nos provido? É irresistível ser radical e responder que sim ou que não, mas acho que é mais cinzento do que podemos imaginar. 

No fundo, assumo a minha hipocrisia (sem orgulho, mas também sem rodeios). E não julgo quem tenha o British Museum no seu roteiro (de primeira viagem ou de regresso): é um museu verdadeiramente extraordinário e um banho de informação impressionante. Também sou a primeira a acompanhar a evolução de quem tem tentado questionar este Ato – foi lançada, recentemente, uma entrevista com Secretária da Cultura do Reino Unido e foi, na minha opinião, lamentável. Talvez a minha incerteza sobre como me posicionar (ou comportar) perante este tema também parta da perceção do quanto é conveniente atribuir a total responsabilidade de mudança aos visitantes.

Embora gratuita, aconselho-vos o agendamento do horário de visita ao British Museum online, para otimização do vosso tempo de viagem.

1 comentário

  1. Obrigada por mais uma partilha incrível com fotos bonitas como sempre. 😌

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