LIVROS | Instinto


Depois de tanto feedback positivo e das reviews a afirmar que este era um livro eletrizante e impossível de pousar, comecei Instinto com as expectativas no topo. Sabia o tema principal da narrativa – maternidade – e, por isso mesmo, estava reticente de que fosse conseguir conectar-me com o livro (não tenho o chamado relógio biológico). Mas rapidamente percebi que não seria necessário. 

Instinto é um thriller psicológico que nos apresenta a dinâmica entre Blythe Connor – uma mãe de primeira viagem determinada em não falhar como mãe e em proporcionar à sua filha e família tudo aquilo que, enquanto filha, não teve – e Violet (a filha). Entre receios do próprio passado de Blythe com a sua mãe e as dificuldades inerentes à maternidade, a protagonista apercebe-se de que a sua filha Violet tem algo de peculiar: é distante, fria, difícil de amar naturalmente, como se espera de qualquer mãe, certo? A relação agrava quando a filha se torna cada vez mais perturbadora. 

Nunca li muitos livros sobre maternidade ou dinâmicas entre mãe e filha, portanto, acredito que o impacto deste livro, por ser uma estreia, tenha sido tão grande. Senti que era uma história autêntica. Cada capítulo não passa de pura ficção – e temos um contexto de thriller a dramatizar e a adensar ainda mais a história e as emoções -, mas muitos dos relatos de Instinto parecem-me passíveis de qualquer mulher sentir durante a gravidez ou maternidade (quer esteja a viver um thriller insano ou não). A personagem vocaliza, muitas vezes, medos viscerais que tantas mulheres sentem e seriam incapazes de o dizer em voz alta (por medo das represálias da família, por expectativa da sociedade que romantiza a maternidade ou mesmo pelo próprio sentimento de culpa, por imaginarem que mais nenhuma mãe pensa dessa forma). Só por este detalhe (que não é, de todo, um detalhe), o livro já tinha a minha ovação, mas o próprio thriller surpreende capítulo a capítulo, levando-nos a devorar tudo para saber o que nos espera. 

Acho difícil ficarmos indiferentes a esta história, já que é algo que nos toca tão profundamente (mesmo que não sejamos mães, todos nós somos filhos). Embora sinta que a narrativa procura, principalmente, despertar do leitor revolta ou compaixão por Blythe e Violet, confesso que a personagem que mais me deixou inquieta foi Fox, o pai de Violet. Desempenha o papel do pai que cobra da parceira a totalidade das funções de maternidade e cuidado, desrespeitando as necessidades e frustrações naturais e compreensíveis da protagonista – ao ponto de questionar as próprias faculdades cognitivas de Blythe. É uma personagem muito real, um reflexo de uma percentagem de homens que ainda encaram os cuidados de um bebé exclusivamente para a mãe. Não faz do puerpério um desafio de equipa e, embora existam depois outros detalhes que adensem esta revolta pela personagem, acho que isto foi a principal razão que me fez não gostar dele. 

Não recomendaria a leitura para recém mamãs ou mulheres que estejam no processo de tentar engravidar – já é um momento de tantas dúvidas e receios que, mesmo com um retrato tão fiel, receio que não vos traga conforto num momento destes. Mas a todas as outras pessoas, recomendo vivamente a leitura e subscrevo as centenas de reviews positivas.

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Bertrand

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