2023 | Retrospetiva


Às 7 da manhã de 1 de janeiro estava a regressar a casa com energia renovada e otimismo no banco do pendura. Sinto que foi assim porque celebrei a sua chegada com o abraço forte de uma amiga, daqueles cuja força vem de dentro para fora. Senti que seria um ano bom. 

Mais do que nunca, 2023 foi um ano de experiências; algumas absolutamente inesperadas, que não estavam no meu bingo e que me surpreenderam. Outras, fiz acontecer, porque enquanto espero e trabalho em objetivos maiores, a vida tem de continuar a ter movimento. 

Quero ser feita de histórias e foi precisamente de histórias que bordei este ano; ouvi a minha canção favorita ao vivo pela primeira vez, regressei à Irlanda depois de marcarmos esta viagem de forma espontânea às tantas da noite. Fui ao teatro, muitas vezes para rir, outras tantas para me emocionar, em todas para imaginar. 

Para primeiras experiências, fiz um workshop de chocolate na Bélgica com uma amiga enquanto contagiávamos toda a gente com os nossos passinhos de dança e participei nos Litulla Book Swaps da Marta. Fiz uma maratona de cinema – como há anos desejava fazer –, patinei no gelo em Bordéus, levei uma amiga ao bowling pela 1ª vez e li em Central Park, uma experiência inesquecível. 

Os meus capítulos preferidos são sempre os de viagem, mas este ano foi particularmente especial: viajar sempre foi a alegria da minha vida e pude calcorrear as ruas de Dublin, Nova Iorque e Bordéus. Não estava no meu bingo conhecer o meu atual namorado enquanto estava numa viagem just girls pela Bélgica e, por isso, também não estava no meu bingo regressar. É nestas pequenas surpresas que a vida tem encanto. 

Mas mais do que viver experiências, é cada vez mais especial para mim ter com quem as partilhar. Em 2023, levei a minha avó a experimentar coisas novas, uma sensação impagável. Vê-la a ter experiências novas na década dos seus 80 anos coloca tudo o que sinto da pressão dos 30 em perspetiva: o que não acontece no compasso que desejava, é uma oportunidade para o meu eu mais velho desfrutar. Talvez até melhor, com outra bagagem, com outra experiência. O nosso futuro também merece algum sentido de novidade. 

Este foi um ano em que me construí muito sozinha, mas nunca só. Peguei nas amizades tão bonitas que fazem parte da minha vida e esforcei-me para que, mais do que ouvirmos umas das outras o que é que tem acontecido nas nossas vidas, que pudéssemos voltar a partilhar vida em conjunto; em viagens, entre bilhetes e férias de verão de reformadas. A amizade na vida adulta é um momento decisivo em que temos de escolher ativamente que as nossas pessoas façam parte da nossa vida e não apenas da nossa narrativa. 

Sabia que um dos capítulos de 2023 seria voltar a nadar e, embora pareça um desejo completamente banal e realista, quando fiz a minha primeira série em anos, senti-me emocionada por realmente ter cumprido uma resolução destas: é que nadar não tinha nenhum propósito em particular; não tinha nenhum objetivo físico e nem sequer é prático para a minha rotina, por ser moroso. Quis voltar a nadar por simplesmente saber que me faria bem e daria prazer, mais prazer do que qualquer treino de ginásio, e sentir que consegui ir atrás disso e encaixar na minha rotina foi uma grande sensação de realização. De sentir que me esforcei para me fazer feliz. Às vezes queremos tanto que os outros nos façam felizes que nos esquecemos que esse condão também está em nós. 

Fecho o livro de 2023 com a sensação de que foi um dos anos mais bonitos e especiais da minha vida. Que foi genuinamente feliz e que sentir-me leve não foi uma fase, mas uma forma de estar. Comecei o ano com um bingo e, desse cartão, quase todos os números saíram ao lado de forma inesperada. 

E, mesmo assim, fiz uma linha perfeita. Bingo.

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