2020 começou recheado de expetativas e motivação. Acho que era uma sensação global: o começar de uma nova época, a beleza de um ano com algarismos perfeitos que só podiam simbolizar grandes sucessos. Iniciei este ano, como já é habitué, ao lado do Diogo, entre desejos sentidos e felicitações de aniversário.
Talvez faça sentido arrumarmos de imediato o elefante na sala para que possa fazer um resgate das coisas deliciosas que 2020 trouxe — sim, trouxe coisas especiais! No meu caso, são três elefantes: um assalto ao nosso carro, em Sevilha, que deixou todos os pertences da minha mala aberta expostos nas ruas da cidade (e uma sensação de vulnerabilidade absurda) e que levou a bagagem dos meus, ser perseguida por um homem que me fez correr pela minha vida e a chegada de uma pandemia que transformou por completo o nosso modo de viver.
Este foi uma ano absolutamente alucinante. Um ano em que, em plena instauração do estado de emergência, dei por mim a coordenar duas equipas e a vestir equipamentos que me obrigavam a desencantar as mais variadas formas de me fazer identificar aos meus utentes. Não vou mentir: foi uma fase de enorme esgotamento emocional, onde era a única a sair de casa e, quando voltava, raramente conseguia deixar o trabalho à porta e transformava-o em lágrimas.
No ano em que mais quis estar presente, o distanciamento era imperativo e senti-me longe dos meus, mesmo que contrariando a tendência com ecrãs; vi poucos amigos, estive longe do meu namorado durante meses e só me reencontrei com os meus avós perto do verão. Aliada à situação profissional, esta foi uma altura onde me senti no fundo do poço.
Ainda assim — de uma forma muito egoísta, bem sei — 2020 esteve longe de ser o pior ano da minha vida e trouxe muitos momentos de luz e conquistas especiais; regressei a Sevilha — e, ainda que depois de tudo, continuo a amar aquela cidade — para uma super-viagem em família, fui a uma pequena escapadela com amigos para Pampilhosa, estive, pela primeira vez, com todos os primos reunidos em Aveiro, descobri lugares escondidos e encantadores em Cinfães, vivi uma verdadeira aventura natural na Serra da Estrela e rumei a Évora para saltar de avião (um sonho!) num glorioso dia de Agosto.
Comuniquei ciência, recebi muitos frutos do meu trabalho, participei em podcasts, saboreei todos os momentos em família que pude viver. Experimentei cerâmica, fiz praia, despedi-me de uma amiga, treinei o meu Alemão, comecei a aprender Língua Gestual Portuguesa, celebrei uma mão cheia de amor com o Diogo, cortei o cabelo como já não cortava há anos, escrevi uma carta para mim própria (para ler aos 30) aprendi a fazer eyeliner (e a gostar de vestidos) e trabalhei como uma louca pelo e para o Bobby Pins. Despedi-me dos 25 em grande e com muitos desejos. Terminei o Gratitude Journal com a sensação de que o ter preenchido aos 25 (e metade durante uma pandemia) fez todo o sentido.
No final do verão, mudei de emprego. Um choque radical para quem estava de fora, uma transição natural e muito celebrada pelo meu círculo mais próximo. Uma mudança cautelosa mas que se revelou a melhor decisão de 2020. Depois de toda a dedicação à minha formação e capacidades e depois de todos os ‘nãos’ e silêncios, arrecadar esta conquista é, numa só palavra, emocionante. Tem sido uma nova Era cheia de oportunidades e vitórias, algo que me deixa muito orgulhosa.
Termino 2020 exausta desta montanha-russa mas com a sensação de que não parei de tentar de me fazer feliz. Este foi um ano de saudade, privação mas também de muita resiliência, amor e momentos marcantes. Embora saiba que este será um ano que poucos irão querer recordar, não partilho esta vontade. 2020 revelou muitas coisas sobre a nova Inês que, ainda não estando finalizada, está mais próxima do que almejo ser.
Salto para 2021 sem grandes convicções, sem a sensação de que este é o começo do fim mas com a mesma vontade de fazer acontecer com que entrei em 2020. Sinto que isso basta.
Que 2021 seja o ano que desejámos para 2020. Feliz ano novo!
Passei aqui para desejar um bom 2021, cheio de energia positiva e saúde!
ResponderEliminarQuerida Inês,
ResponderEliminarDeste artigo quero destacar esta frase por ti escrita: "Este foi um ano de saudade, privação mas também de muita resiliência, amor e momentos marcantes.". Reflete aquilo que também sinto, apesar de toda a mescla de coisas que se passaram no (agora) ano passado.
Um feliz 2021 para ti. 💛
Bom ano Inês :D
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