Eu sei, eu sei; este não é o formato ideal. Juntar dois meses num só não é a vossa forma preferida de ler os Favoritos – e também não é a minha de os criar. Esta tem sido a alternativa que encontrei para, dentro do pouco tempo que tenho tido para gerir este último trimestre, conseguir continuar a trazer-vos o balanço dos favoritos do mês sem os abandonar de todo.
A verdade é que 2023 não tem sido um ano marcante a nível de produtos ou serviços. Tem sido um ano em que me fidelizei ao que realmente gosto de usar – e que já vos recomendei em outras edições ao longo destes anos – e um ano de experiências, pouco mensuráveis ou recomendáveis no sentido de ter algo em concreto para vos passar um carimbo de qualidade.
Mas também sei que nem só de coisas se fazem os meus Favoritos e que também não é a vossa parte preferida de ler. Nisto, estaremos sempre em acordo: o balanço é a parte mais especial.
E é por isso que regresso, nesta forma alternativa. Porque prefiro assim do que nada.
T-shirts é o tipo de peça que eu já só compro em casos muito particulares. Ultimamente, tenho guardado para os concertos, uma recordação daquele momento que posso vestir, mas, tirando esses momentos de indulgência, não é uma peça no meu armário que me faça falta. Mas para a Ivory quis fazer exceção.
A marca nasceu durante a pandemia e, além de ter t-shirts e sweats de produção nacional giríssimas, todas elas têm uma mensagem importante sobre saúde mental, o que as torna não só irreverentes, mas relevantes também.
A cereja no topo do bolo deste conceito é que na compra de qualquer peça, têm acesso a uma consulta de psicologia gratuita na rede de psicólogos parceiros da marca. Podem usufruir da consulta, oferecer a alguém do vosso círculo ou doar à lista de espera que a marca tem de pessoas sem condições económicas para ter sessões de terapia regulares.
Eu escolhi esta, num tom azul que acho que vai funcionar muito bem em coordenados mais descontraídos e fun, com uma mensagem que me remete sempre para a música animadíssima do Harry Styles e, já tendo a minha própria terapeuta, acabei por doar a minha consulta, mas estou tão contente por projetos assim existirem – é uma forma de abrir a porta à terapia e de tirar o peso do tabu e formalismo de ‘ir a uma consulta’.
Vou confessar-vos um pequeno segredo: às vezes, há trends que vêm por bem. Porque não vos sei precisar há quantos anos queria umas sabrinas vermelhas e o quão pouca oferta tinha – especialmente sem ser em pele verdadeira.
Eis que o calçado vermelho entra nas tendências desta estação – tão rápido quanto irá sair – e chovem opções ao meu gosto. Criar um guarda-roupa que converse connosco e que manifeste quem somos é um projeto de paciência - e de uma vida, em constante evolução.
É provável que, para o ano, já ninguém queira usar calçado vermelho, mas as minhas sabrinas vermelhas fizeram-me companhia numa série de coordenados e sei que serão uma peça de coleção permanente no meu armário. Adoro usá-las nos conjuntos mais improváveis, como por exemplo num look todo preto ou num casual jeans e camisa, com o pop de cor nos pés. Acho divertido e dentro da margem do que me sinto confortável em arriscar.
Estas que eu escolhi são, talvez, as sabrinas mais confortáveis que tenho no meu armário, neste momento. Faço a cidade inteira a pé sem bolhas, não magoa no calcanhar e a pele sintética vegan é muito maleável. Esta era uma das razões para procurar uma alternativa ao couro verdadeiro: a pele vegan costuma enrugar muito menos do que a verdadeira. Tenho usado as minhas non-stop e estão como novas.
E, não vou negar, sinto-me uma verdadeira Dorothy!
Acho que não tinha o cabelo tão comprido desde há 10 anos e tem sido um desafio para lembrar-me dos cuidados acrescidos, especialmente com as idas à natação no início de setembro. Os resquícios do verão e o cloro não ajudam, e ter pele sensível que não tolera óleos nenhuns também não.
Comprei este da Aussie um pouco a medo – não tinha a certeza se a minha pele ia tolerar -, mas gosto da marca e dos produtos, por isso, decidi arriscar. E, sabendo que nada substitui um bom corte de pontas – que assim farei quando a agenda o permitir –, pelo menos ajuda a minimizar os danos. Costumo aplicar à noite, porque fica bem oleoso e posso lavar de manhã, ou imediatamente antes de ir nadar para proteger o cabelo do cloro da piscina. E o cheirinho é divinal, sem irritar.
Voltei a estar à mesa em lugares novos, com uma carta por explorar, mas a companhia familiar - e só assim faz sentido.
A Daniela puxa sempre por mim para irmos a novos lugares: ela conhece os restaurantes que lhe deixam com a pulga atrás da orelha, os conceitos que (ela sabe) nós vamos ter curiosidade em testar. E eu confio sempre nas suas sugestões, especialmente quando o pretexto é celebrarmos o seu aniversário.
Foi assim que vim parar ao Pomme Eatery, que apelidámos de ‘Restaurante do Notion’ pelo seu design minimalista, mas ilustrativo – se trabalham com o Notion, irão identificar de imediato.
Num conceito de mesas comunitárias e cheio de inspiração industrial, a carta é pequena e composta por especialidades que ou se partilham ou não se dividem com mais ninguém, num momento de gula que queremos só para nós. Desta experiência, tenho a destacar os camarões – uma delicia para partilhar a dois/duas – e o Kyiv Chicken, um prato de inspiração ucraniana que sabe ao conforto do outono.
A carta tem mudado – não sei se num experimentalismo sazonal ou se a aprimorar os pratos -, mas está aqui um bom pretexto para conhecer um lugar novo e arriscar num prato!
A celebração dos 29 tem sido feita a vários tempos, mas um dos que vou guardar com mais carinho foi o jantar que ele reservou para a celebração do meu aniversário n’O Faia, uma casa de fados a operar desde 1940 em Lisboa.
Pela dedicação de reservar um lugar de surpresa numa cidade que não conhece bem para celebrar o meu aniversário, pela experiência de eu ir a uma casa de fado pela primeira vez – e o quanto valorizo experimentar coisas novas – pelos pratos que estavam extraordinários (com tantas texturas e harmonias de sabores para apreciar) e pelo serviço aprumado e atento aos pormenores, foi um momento-chave do meu mês e da sua visita a Lisboa para estar comigo numa data tão especial. Estava completamente às cegas para o que me aguardava neste serão e saí rendida.
Qual é a alegria de uma leitora? Abrirem novas livrarias na cidade. E em setembro, fui presenteada com várias, mas só tive oportunidade de visitar uma: a Salted Books.
É uma livraria independente e pequenina que, por esta altura, sinto que já todos já falar. O stock é limitado e a curadoria dos livros é imensa, o que parece contrastar um pouco com a tendência atual das livrarias, mas que talvez seja isso mesmo que me faz gostar mais da livraria. Lembro-me de ver um post da fundadora a comentar que já não estamos habituados a ser pacientes: ouvimos falar de um livro que desperta a nossa curiosidade e temos de o ter de imediato, encomendamos online ou vamos até à livraria mais próxima que o tenha. A ideia de esperar tem-se diluído em muitos setores, incluindo nos livros. Mas gosto da ideia de saber que não sei o que vou encontrar na Salted Books porque 1) o livro que eu queria pode já lá não estar e 2) porque a livreira está sempre a procurar novos títulos para trazer.
Parece-me um ato de coragem abrir uma livraria independente nos tempos que vivemos. Espero que sejamos bons clientes para ela.
Há muitos anos que deixei de comprar souvenirs de viagem pelo simples ato de comprar – para mim e para os outros – e acho que isso me faz valorizar ainda mais quando alguém traz um miminho de viagem que foi, efetivamente, pensado para mim.
Estou derretida com este marcador de livros desde que o desembrulhei. Foi feito à mão numa loja independente em Florença chamada Il Papiro, com a cor escolhida a dedo por ele e não podia combinar mais comigo. Florença está no topo da minha lista a visitar e ter este miminho só me faz querer visitá-la ainda mais.
Não me lembro se comecei a acompanhar a Nana pelos blogs ou pelo Instagram, mas o facto é que nunca deixei de ser uma espectadora assídua da sua criatividade. Entre editoriais e ilustrações, a Nana faz e cria o que nunca serei capaz de fazer e isso é o que me entusiasma tanto: olharmos para o mesmo tema e pensarmos em formas completamente distintas de criarmos algo. É assim que se estimula a inspiração também.
Num dos seus momentos criativos, a Nana ilustrou o sapinho mais adorável do mundo e eu comentei com ela que, se ela fizesse um sticker da ilustração, eu comprava de certeza. E ela fez. E eu comprei.
Recomendo-vos muito que acompanhem a Nana, não só pelos seus rasgos criativos, mas também porque ela vai lançando estes produtos exclusivos e espontâneos que vocês podem ter também – e apoiar o seu trabalho!
Nunca me rendi totalmente aos conteúdos mais rápidos – caso não fosse óbvio, tendo um blog em 2023 – e sou cada vez mais adepta de conteúdos que têm tempo e espaço para explorarem os assuntos que me interessam. A prova disso é que adoro podcasts longos e vídeos de mais de 10 minutos no Youtube.
Mas parece que já não estou (tão) sozinha: tem crescido a tendência dos vídeo essays e é perfeito para mim ter ainda mais conteúdos sobre temas que me despertam a curiosidade para explorar. E uma forma de os descobrir tem sido através da newsletter Deep Dive, onde é feita uma curadoria semanal dos vídeo essays que a autora da newsletter mais gostou. São sempre temas muito variados – há edições que despertam mais a minha curiosidade do que outras, mas é precisamente essa diversidade que me conquista – e a newsletter acaba sempre com uma sugestão de um vídeo mais simples e curto, para desanuviar. Sem spam, sem 300 newsletters por mês, uma subscrição simples e que me ajuda a descobrir coisas novas para ver. Não foi uma novidade destes meses, mas não queria guardar esta recomendação só para mim.
Setembro e outubro representaram uma agenda cheia: planos, momentos especiais, viagens, preparativos, aniversários, exames, deadlines, concertos e tarefas. Foi cheia de tudo e é por isso que gosto tanto dos balanços: tenho margem para processar tudo o que foi.
Em setembro, fechei a minha agenda de concertos com duas atuações muito especiais: Ethel Cain – que não esperava nada que viesse a Portugal tão cedo e que me presenteou com um dueto com Florence Welch – e o concerto da Gulbelkian homenageando o trabalho de John Williams numa noite onde ainda se sentia o verão.
Dei mergulhos na natação, embora poucos – duas aulas foi o que o tempo me permitiu e já desespero a olhar para a agenda e a pensar quando é que volto a poder encaixar este bloco.
Setembro e outubro são sempre meses de aniversários, de bolo, de presentes pensados com carinho, de (re)encontro e pretextos para reunir a família, para marcar um brunch, para ir almoçar fora. É também a época do meu aniversário, que foi assinalado com mensagens bonitas, presentes inacreditáveis e momentos que não quero esquecer. A chegada aos 29 foi muito simbólica: sei que será um ano muito marcante e estou pronta para acolhê-lo.
Os dois meses foram também muito marcados por assentos no lugar do espectador e salas escuras: entre Reset, Eras Tour, Comedy Therapy e Plim, os espetáculos deram pretexto aos encontros com amigas, aos jantares para meter a amizade e as novidades em dia e às oportunidades de estar com elas.
Outubro representou viagens, e embora não tão interessantes para vocês a nível de conteúdo, foram das mais especiais da minha vida: quando visitei Gante pela primeira vez em abril, não imaginava que a esta cidade regressaria em outubro, desta vez com alguém tão especial à minha espera. A vida é, por si só, uma viagem cheia de histórias e capítulos inesperados. E embora seja um desafio inesperado voltar a dividir a caneta (não estava, de todo, no meu bingo de 2023), é também especial saber que desejo profundamente escrever estas próximas páginas a dois. As memórias mais simbólicas de outubro estão nas pontes de Gante, à mesa, num banco de jardim numa praça, nas chegadas do aeroporto e em outros tantos momentos e lugares perdidos nas ruas e no mapa. Estão cuidadosamente guardados entre bilhetes, caixas, anotações e fotografias.
Mas o outono também se faz de momentos simples e os que, honestamente, mais aguardo a cada semana: os programas novos e diferentes – e o quanto me diverti na última edição do Litulla’s Book Swap -, as caminhadas no parque com amigas, os cafés que se partilham (embora cafés seja sempre figurativo para mim, que não bebo), os dates, o relançamento do 1989 Taylor’s Version, os almoços simples entre amigos, os episódios de Gilmore Girls, as playlists de outono, as visitas à casa dos avós, o autógrafo da Carla Madeira que a Filipa conseguiu para mim - e o qual estarei para sempre grata - e os vídeos tontos que estão nas minhas caixas de mensagem ao final de cada dia, com a curadoria das minhas pessoas e que assisto para descontrair depois do trabalho.
As coisas simples são os retalhos que compõem a manta das minhas semanas, para além dos grandes tecidos compostos por momentos inesquecíveis e que compõem a gravura principal: aguardo por costurar os dois ansiosamente, a cada mês.
Novembro, sê reparador.
Precisava da minha dose de Bobby Pins, esta semana. Obrigada <3
ResponderEliminarQue meses cheios de coisas bonitas! A t-shirt é tãoo cute *-* Também fui ao Reset e foi dos meus pontos altos dos últimos meses xD
ResponderEliminarAdorei as fotos, como sempre! 🤍
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