Coldplay no Estádio Cidade de Coimbra


2011 é um ano nebuloso na minha memória, mas regresso num sopro e em detalhe à sensação de êxtase total quando descobri que iria celebrar o fim dos exames nacionais ao som de Coldplay no Alive – uma completa surpresa apenas revelada dias antes do concerto, já esgotado e para o qual não tinha esperança de ver ao vivo. Vê-los foi um privilégio. 

As circunstâncias para poder marcar presença 12 anos depois foram um pouco diferentes; uma vida inteira que se passou, uma evolução discográfica e uma nova modalidade de aquisição de bilhetes que, essa sim, gostaria de esquecer. Mas a 18 de maio, ali estava para rever aquela que será sempre uma das minhas bandas.

Cheguei ao Estádio Cidade de Coimbra com a certeza de que seria um concerto memorável, mas as expectativas foram superadas através de um espetáculo de luzes imersivo, um talento musical extraordinário e de um Chris Martin com uma presença de palco inigualável. Não é fácil fazer com que um estádio com centenas de milhares de pessoas se sinta unido, presente e em comunidade – consegui-lo com humildade, energia e criatividade, principalmente num mundo tão polarizado, é de louvar. 

Durante quase 3 horas, a banda deu-nos a mão e conduziu-nos numa viagem que privilegiou os temas dos álbuns mais recentes (Humankind, Sky Full of Stars, My Universe, entre outros), mas sem deixar de regressar ao passado e de nos brindar com a nostalgia dos temas mais emblemáticos (Yellow, Fix You, Viva La Vida, Clocks e The Scientist não faltaram nesta celebração). E embora admita que tenho uma ligeira predileção pela setlist de 2011, a verdade é que não houve um minuto deste espetáculo em que não me sentisse absolutamente encantada (de tal forma que algumas das músicas mais recentes – e que ainda não tinham ‘crescido’ em mim – ganharam outra beleza aos meus olhos depois de as ouvir neste contexto). Houve ainda espaço para momentos surpresa, para a Balada da Despedida (que a minha companhia alumni gostou particularmente) e para Shiver, em homenagem a uma das músicas que a banda tocou na sua primeira visita a Portugal, em 2000. 

Entre luzes, confettis de borboletas, balões e refrões icónicos, saltei, dancei, gritei, aplaudi e comovi-me com músicas que fazem parte dos Coldplay e que, de alguma forma, também se tornaram parte da minha vida. É essa a magia de unir tantas pessoas diferentes num só lugar para cantar as mesmas músicas: todos nós carregamos-lhes um significado e simbolismo diferentes, particulares.

Este foi um daqueles momentos em que tentei saborear e memorizar cada detalhe por saber que seria – e é – um dos concertos da minha vida. Fico feliz por o ter partilhado com a Carolina e com a minha família, num momento de total comunhão com a música. 

Ainda que tenha uma relação mais especial com a discografia antiga, os Coldplay têm valores que me fazem continuar a acompanhar a banda em qualquer experimentação musical e que testemunhei neste espetáculo: a preocupação com a sustentabilidade, que pautou toda a tour, a simpatia com que nos recebem na nossa língua e os momentos em que nos fazem lembrar que somos centenas de milhares de humanos à procura de uma só coisa: um momento de paz para cantarmos um refrão que tudo nos diz e que nos faça sentir que pertencemos (mesmo quando nos sentimos aliens). Quando termino um concerto com a sensação de carrossel, com vontade de repetir a viagem e de voltar a vivê-lo, é quando sei que o bilhete valeu cada cêntimo e que tive um momento inesquecível. 

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