Belvedere


A par do Schönbrunn, o Belvedere é um dos palácios mais antecipados nos roteiros turísticos. Foi o projeto mais amado do Príncipe Eugene de Savoy, que fez dele a sua residência oficial, mas a verdade é que o Palácio não é composto por apenas um edifício, mas sim um complexo de espaços divididos pelas zonas Upper Belvedere e Lower Belvedere. Um extraordinário jardim barroco – dos mais impressionantes da Europa e protegido pela UNESCO – faz a ponte entre estes dois espaços, tornando-se numa visita que pode ocupar-vos mais do que uma manhã ou tarde. 


Também como o Schönbrunn, o Palácio de Versailles foi a inspiração em toda a criação dos espaços interiores. Porém, o Príncipe Eugene tinha uma visão mais concreta do que pretendia e vão encontrar muitos mais elementos austríacos imperiais, deixando uma cunha da cultura do seu país nas paredes deste complexo. Não deixa de ser interessante, porém, pensar que a mimetização em massa que associamos hoje a trends, seja um comportamento muito pouco contemporâneo (Versailles era a hit girl da sua época e não há como o negar). 

Foi, mais tarde, comprado pela Rainha Maria Teresa, que então transformou esta residência numa galeria de arte pública, em 1781. Foi um acontecimento impressionante: era o primeiro museu público do mundo. 

E é como museu que devem encarar o Belvedere: uma enorme galeria, num cenário absolutamente sumptuoso e onde o imaginário de príncipes e princesas é preservado, mas não deixa de ser uma galeria. 


É no Upper Belvedere que vão encontrar a coleção mais significativa de arte, e não faltam obras verdadeiros cabeças de cartaz: Monet, Van Gogh, Rodin e, claro, Klimt são alguns dos que vão encontrar em toda a glória.

Não posso deixar de dar um destaque especial a Klimt, já que foi um artista austríaco e onde o Belvedere dá casa ao seu mais famoso quadro: O Beijo. Tenho de confessar que são raras as obras mais famosas que arrebatam ao vivo (pela sua dimensão, pela confusão, pela expectativa que se cria e depois parece não corresponder): O Beijo não é uma delas (e a minha foto não faz o menor jus). 


Assim que entramos na sala, somos impactados por uma enorme pintura quadrada e brilhante, onde cada ângulo oferece uma nova perspetiva dos detalhes desta obra. O Beijo não é a mais famosa obra de Klimt apenas pela sua beleza: é um quadro com uma história impressionante, a começar pela época em que foi criado. 

Klimt estava a passar por uma crise criativa profunda, colocando em causa o seu talento e a sua capacidade de continuar a surpreender e a inovar. Sentia-se velho e ultrapassado, sem mais para oferecer (e não é interessante como a síndrome do impostor é secular? Sem saber, e durante um momento de tantas dúvidas, criou a sua mais prestigiada obra). 

A pintura é, também ela, muito histórica. Klimt é muito conhecido por fazer vários retratos de mulheres – e, ainda mais raro, da maternidade e gravidez, que não encontramos em muitos trabalhos. O Beijo é surpreendente pela presença desta figura masculina, e as teorias sobre quem é o casal dariam todo um novo artigo. Mas a minha curiosidade preferida é que o quadro foi considerado, durante muitos anos, como uma obra… pornográfica. 

Embora a origem da inspiração de Klimt estivesse nos mosaicos Bizantinos e não na Arte Sacra, o uso de talha dourada estava muito associado a pinturas e cenários de retratos religiosos. Usá-la para uma ilustração do prazer, da sensualidade e da luxúria foi altamente criticado como profano e ofensivo. 

Mas não se deixem apenas encantar pel’O Beijo e mergulhem pelas várias épocas e correntes artísticas de Klimt, já que o Belvedere é a casa da maioria das suas obras – com exceção de Adele. Lá iremos quando viajarmos juntos até Nova Iorque. 


Uma das perguntas mais comuns na criação do roteiro para Viena é se vale a pena visitar o Schönbrunn e o Belvedere ou se podemos abdicar de algum. Já ouvi defensores dos dois lados, embora o Schönbrunn costume ganhar, mas tenho de confessar-vos que me parece uma comparação com pouco sentido. Embora ambos sejam, na sua categorização, palácios, servem experiências absolutamente diferentes: Schönbrunn tem cenários cuidados e recriados das suas salas majestosas, dos quartos e utensílios. Leva-nos para outra época. Belvedere é, acima de tudo, uma galeria, pronta para impressionar entusiastas da arte e da pintura. 


Ambos são caros – é preciso dizê-lo? -, por isso, se estão com um orçamento muito limitado, acho preferível que considerem qual o tipo de experiência que gostam mais (ver os cenários de palácio ou ver obras importantes na cultura da arte?). Não há uma resposta certa e qualquer um que abdiquem será, inevitavelmente, uma perda, mas se são entusiastas dos dois, recomendo muito que não abdiquem de nenhum. 


Comprámos os bilhetes online para garantir entrada na data e horário que pretendíamos e recomendo-vos muito que façam o mesmo. Não apanhámos nenhuma fila já com os bilhetes e à hora de entrada os bilhetes diários disponíveis já estavam esgotados.

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