This Is Not a Book About Benedict Cumberbatch


Sabem qual é uma das minhas partes preferidas de ler e descobrir livros novos? Encontrar temas que, à partida, parecem completamente inesperados e absurdos, mas que falam sobre assuntos relevantes. This Is Not a Book About Benedict Cumberbatch apanhou-me tão desprevenida pelo título que não consegui evitar um pequeno riso e, confesso, quis partir para o desconhecido, mesmo não tendo qualquer afiliação com o ator. Precisava de saber para onde a autora queria ir com este livro. E então fui transportada para o mundo dos fandoms

This Is Not a Book About Benedict Cumberbatch não mente no título, embora não exista nenhum capítulo em que o ator não seja referido e adorado. Benedict Cumberbatch é o ponto de partida – e linha condutora – para a autora conseguir explorar o culto aos artistas e a sensação de se ser fã de alguém, seja um ator, um artista, uma banda ou uma personagem. 

É curioso como um livro que tinha apenas o propósito de me divertir – e tirar a curiosidade em torno do título – rapidamente tornou-se num ângulo fresco sobre o facto de o ato de ser fã ainda estar preguiçosamente associado ao universo feminino, sem faltar um tom condescendente e jocoso, como se fosse um comportamento imaturo, superficial e sem qualquer utilidade social - afinal de contas, para quê ser fã de alguém que não nos conhece?

A adoração da autora por este ator despertou-lhe o interesse para tentar perceber como surgem estes movimentos, quais são as suas origens, se têm algum propósito e, acima de tudo, porque é que são sempre estrategicamente associados a mulheres – e a descritivos como delírio ou histeria – quando é uma característica equitativamente partilhada por homens – basta-nos pensar nas claques desportivas ou no volume de fãs do género masculino que adoram o Ronaldo, por exemplo. 

This Is Not a Book About Benedict Cumberbatch tem o equilíbrio perfeito de entretenimento e curiosidade psicossocial, relembrando-nos do quão divertido, leve, ancestral (sim, ser fã não é um comportamento tão contemporâneo quanto imaginam) e unificador pode ser sermos fãs de alguém, sem esquecer como, até nas mais pequenas coisas, o patriarcado ainda dá o tom para aquilo que devemos gostar e qual o comportamento adequado para adorar e acompanhar algo ou alguém. Uma ótima surpresa.

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Bertrand

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