Ópera de Viena


Ir à Opera de Viena era a experiência de uma vida que desejava muito ter oportunidade de fazer. Crescer com música e bailados fez com que esta parte da cultura esteja intrinsecamente ligada a mim, e não podia ir à capital da música clássica sem a testemunhar em todo o seu esplendor. 


A Ópera de Viena adorna a cidade em toda a sua imponência e tem curiosidades fascinantes; embora encerre sempre as suas temporadas no verão (um detalhe importante, caso não queiram mesmo perder um espetáculo), conta com mais de 70 produções por ano (um recorde mundial). Mas talvez o mais fascinante seja o facto de nunca repetir uma atuação duas noites seguidas, o que torna qualquer espetáculo único e especial (a única exceção vai para o concerto de Ano Novo, que repete na noite de véspera e no dia de Ano Novo). 


Existem várias formas de apreciar um espetáculo na Ópera de Viena e, felizmente, adaptáveis a vários orçamentos. Se estão com um budget muito apertado, podem tentar a vossa sorte e comprar um standing ticket no próprio dia do espetáculo. O bilhete não mente: estarão numa zona sem lugares sentados (e convém ter mesmo isto em consideração, já que existem espetáculos com mais de 3h de duração!) e é recomendado que estejam na Ópera, no mínimo, duas horas antes do evento – porque as filas disparam. Mas, se forem bem-sucedidos, podem fazer parte da experiência a um preço mesmo muito simbólico (geralmente, muito abaixo dos 10€). 


No nosso caso, pelo espetáculo que íamos assistir e pela experiência, quisemos garantir bilhetes com calma e com a escolha do lugar. Para ser sincera, não fomos muito exigentes no tipo de espetáculo que queríamos assistir – seria incrível se fosse uma ópera ou um bailado e apenas tivemos em consideração não assistir a uma obra que alguma de nós já tivesse visto. As datas e conveniência alinharam-se para que fossemos assistir a Don Giovanni, de Mozart, e achei simbólico: foi a obra com que a Ópera de Viena foi inaugurada, em 1869. 


Se vão comprar bilhetes sentados, há algumas recomendações que não posso deixar de partilhar, sendo a primeira delas a aquisição com antecedência. Todas as temporadas anuais são anunciadas em meados de maio e os bilhetes esgotam com facilidade (dependendo, também, da popularidade da obra). 


Um outro ponto a ter em consideração é que as vistas superiores de camarote têm preços diferentes. O mesmo camarote vai ter lugares próximos, mas com uma diferença de custo. Porquê? Porque quanto mais para o interior do camarote, mais condicionada fica a visibilidade – mas também mais barato fica. Qualquer lugar na bancada será o mais caro. 


Uma das nossas principais dúvidas seria o dresscode e posso tranquilizar-vos que vão ver, efetivamente, de tudo: pessoas aperaltadas como se estivessem na passadeira vermelha e pessoas de fato de treino. É uma mistura bastante eclética, mas devo reconhecer que, em geral, há algum cuidado no guarda-roupa. Para que não se sintam deslocados nem overdressed, eu recomendo um visual casual chic. Existem algumas peças de guarda-roupa não permitidas, mas a própria Ópera comunica-vos todas as indicações umas semanas antes do evento. 


Embora continue a preferir a Ópera de Paris, é inegável que a Ópera de Viena é deslumbrante e participar dela é um momento verdadeiramente inesquecível. Confesso que é com alguma emoção que circulava pelos vários salões que homenageavam tantos compositores que fizeram parte das minhas aulas – e, há que admitir, dores de cabeça também. A maioria dos espetáculos tem um intervalo generoso, para que possam fazer uma refeição ligeira. Existem alguns restaurantes e buffets dentro da própria Ópera mas, se estão com budget recomendo-vos que já tragam convosco um snack ligeiro. 


E Don Giovanni? Pessoalmente, foi um privilégio poder, finalmente, testemunhar ao vivo esta obra, ainda que a encenação tenha sido adaptada para uma época mais contemporânea. Adoro ópera, mas compreendo que seja um género que vai crescendo dentro de nós. Pode ser assustador se nunca assistimos a uma ópera e não sabemos se conseguiremos acompanhar, mas todos os espetáculos têm um breve resumo da história. Um outro ponto a favor é o facto de a Ópera de Viena ser uma das únicas 3 óperas no mundo (que inclui a de Nova Iorque e Santa Fé) com ecrãs de legendas individuais com línguas selecionáveis, entre elas, o inglês. Por isso, vão poder sempre acompanhar tudo o que está a ser dito e cantado, para um melhor entendimento da história.

Ir à Ópera de Viena foi uma das noites mais encantadoras da minha vida e atravessei a noite fresca de Viena com a sensação total de realização e felicidade. Uma experiência a não perder se respiram e cresceram com música.

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