Beethoven’s Ninth: Symphony for the World
Sejam ou não entusiastas de música clássica e de Beethoven, há que reconhecer o quão monumental é criar uma obra musical que não só atravessa fronteiras, culturas e classes sociais, como também se tornou no nosso hino europeu. Por ocasião do 250º aniversário de Beethoven, este documentário decidiu acompanhar de sete formas diferentes a celebração e apresentação da Nona Sinfonia em todo o mundo: através da exigente apresentação no Festival de Salzburgo, no coro com mais de 10.000 vozes no Japão, na orquestra da República Democrata do Congo, composta apenas por músicos autodidatas e amadores, na interpretação do aclamado compositor chinês Tan Dun, na escola brasileira que tira jovens da favela e oferece-lhes novas oportunidades de vida e educação através da música, da reinterpretação do DJ Gabriel Prokofiev, que liga o universo erudito à música eletrónica e, por fim, através do músico Paul Whittaker, que aproxima a música das pessoas com imparidade auditiva.
O documentário é uma demonstração poderosa e emotiva de que uma só obra circula e respira na imaginação, talento e composição de inúmeros artistas provenientes de nações diferentes, origens socioeconómicas muito distintas e ambições variadas. Quantas obras podemos dizer que conquistaram a mesma globalidade e unificação, principalmente num mundo cada vez mais polarizado? Um documentário excecional para todos os entusiastas da música.
A Oeste Nada de Novo
Ainda envolvida pelo espírito dos Oscars, assisti A Oeste Nada de Novo com alguma resistência, confesso. Tal como já tinha partilhado no 1917, não sou particularmente entusiasta de filmes de guerra e sinto que, de certa forma, todos os ângulos possíveis e imaginários já foram representados, deixando pouca margem para a surpresa. Mas a crítica era muito boa e sabia que era uma adaptação de uma obra que é leitura obrigatória nas escolas alemãs, por isso, decidi dar-lhe uma oportunidade.
A Oeste Nada de Novo transporta-nos para o caos da I Guerra Mundial, nomeadamente, para uma fronteira entre a França e Alemanha que é disputada a todo o custo e que pouco se move – sem por isso deixar um rasto de morte e miséria.
Aquilo que mais gostei nesta produção – e que já tinha sentido que foi aflorado em 1917 – foi o facto de escolherem atores jovens para interpretar o papel dos soldados, num retrato muito fiel à realidade. Milhões de jovens completamente ingénuos em relação à guerra eram enviados para campos de batalha sem a menor noção militar ou sequer uma compreensão plena do que estavam a lutar realmente, movidos por uma hierarquia sénior que lhes prometia glória e honra para o país.
É um filme duro, gráfico e angustiante, mas devo dizer-vos que as minhas cenas preferidas foram as iniciais. Não era o meu preferido da cerimónia, mas está, sem dúvida, uma produção com uma mensagem forte, coerente e (infelizmente) ainda relevante.
A Head Full of Dreams
Num serão mais descontraído e em que queria apenas algo que me deixasse bem-disposta, assisti, finalmente, ao documentário sobre os Coldplay. É raro que uma banda tenha registos de vídeo em fases tão iniciais, mas é foi o mote para nascer o documentário A Head Full of Dreams, onde podemos acompanhar o crescimento pessoal, criativo e musical dos cinco elementos (sim, sempre cinco!) ao longo do tempo e da discografia.
Acho sempre extraordinário quando qualquer banda contraria a duração média de vida de grupos musicais e resiste ao tempo, abraçando fãs mais jovens com o mesmo carinho com que mantém os mais velhos. Sinto-me mais afastada dos mais recentes álbuns – não são a minha sonoridade e está tudo bem! -, mas mantenho-me fiel aos valores e à identidade da banda. Ver este documentário reforçou o meu entusiasmo para os ver, em maio!
A Mentira
Mergulhei neste thriller completamente rendida pela premissa: sabemos que (quase) todos nós iríamos até ao fim do mundo para proteger um filho de algo que os magoasse, mas até onde iríamos para o proteger se fosse ele a fazer algo de errado?
Esse é o ponto fulcral d’A Mentira, onde dois pais tentam proteger a filha que admite ter cometido homicídio, enquanto os próprios navegam nas suas próprias emoções e conflitos morais.
Para ser honesta, não amei o filme; a produção é fraca e a execução deixa muito a desejar, mas gostei muito deste retrato do quão frágeis são os nossos princípios quando alguém que é o nosso bem mais precioso os desafia.
Já viram algum destes filmes? O que é que assistiram, em março?
Mais um mês que está a terminar e eu não vi um único filme.🫣
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