FAVORITOS | Fevereiro, 2023


Fevereiro é a prova de que até um mês pequeno consegue concentrar a própria eternidade. Uma sensação ainda mais prevalente do que janeiro. Em fevereiro, aconteceu tudo sem se passar, de facto nada. Um mês sem grandes destaques, mas com algumas recomendações e memórias que fazem este artigo valer a pena.

A minha avó tem um casaco igual a este. Bom, parecido. E como faço, desde tenra idade, parte do clube de velhinhas, achei que merecia este elemento do uniforme. Felizmente, estes casacos de modelo inglês viraram tendência e aceleraram um pouco os meus anos de procura por um do género. Este estava na Vinted à minha espera – talvez amado por uma verdadeira avozinha? – e tem sido o meu companheiro para passeios pelo parque nestes dias nublados, em que a chuva ameaça, mas a necessidade de estimular a vitamina D impera. 


Já não acrescentava umas meias divertidas à minha coleção há algum tempo, mas esta chegada foi bem-vinda e adorável. Afinal de contas, o que não há para adorar (e que mais há a dizer, senão mostrar) numas meias azul pastel com nuvens? Lembro-me sempre das incríveis d’O Teu Mal é Sono – está definitivamente on brand e todo o design representa isto mesmo: os momentos de descanso bons.

Fevereiro foi magnífico para uma amante de revistas como eu. Revistas, para mim, são módulos de leitura lenta; nunca leio tudo de uma vez e guardo sempre as peças que tenho mais curiosidade para momentos só meus. Posso estar meses a consumir a mesma revista sem a ter terminado e adoro esta contradição perante um panorama tão dinâmico e imediato como o que vivemos, hoje em dia.

Quero destacar três; uma delas comprada com o entusiasmo de fã e outras duas oferecidas num cabaz perfeito de Natal. A primeira foi a última edição da PRIMA, em que a convidada de capa é ninguém menos que Inês Meneses. Sou uma grande fã da Inês, e tenho uma daquelas ambições de querer escrever como ela escreve, quando for grande. A Inês marca a rádio e os podcasts com as suas palavras, dando muito espaço para os outros brilharem e gostei que, para esta entrevista, os holofotes fossem para ela e para os lugares e pessoas que fazem parte do seu universo. Se gostam do Fala Com Ela, é uma peça incrível para lerem, nesta edição. 

As outras duas vinham num embrulho natalício e inspirado numa das minhas ideias do Gift Guide de 2022. Senti-me muito lisonjeada, como se estivessem a jogar com o trunfo da reciprocidade do UNO, num desarme do qual não me quero defender. Inspirei o meu próprio presente, sem me dar conta, e isso foi muito divertido. Dois rostos dignos de capa de revista e cujas carreiras e talentos fascinam-me (e sim, fazem o meu coração de girlcrush palpitar um bocadinho, até porque a vida tem muito mais graça quando temos uma figura platónica para suspirar). 

Tanto a TIME especial com o Timothée Chalamet quanto a DORK com a capa colecionável do Matty Healy estavam completamente fora da minha mira por serem edições antigas. A muito custo (é março e, do pouco que sei, não foi um processo fácil) não estavam debaixo da árvore de Natal, mas fiquei com os mesmos olhos a brilhar. Têm sido a minha companhia nas manhãs de domingo e a razão boa das minhas bochechas rosadas e sorrisinhos. 


Para terminar em grande, o presente mais inesperado (e que aguardava a chegada das revistas para vir parar às minhas mãos) foi esta edição do Being Funny In a Foreign Language assinada por todos os membros dos The 1975 na sessão especial da Rough Trade, no fim de semana do meu aniversário. Embora seja muito aficionada por música, nunca fui uma colecionadora e tenho muito poucos artefactos deste género, o que faz com que um postal destes seja um bem absolutamente precioso. Tenho vindo a partilhar convosco cada vez mais o quanto a música é especial na minha vida, por isso, imaginem a emoção quando vi um papel assinado por artistas que adoro e que dão banda sonora aos meus dias. 


Não é a primeira vez que vos recomendo os puzzles da Galison – que compro na INDIE, perguntam-me sempre isto e eu nunca faço gatekeeping! -, mas é uma das atividades que mais me deixa relaxada e presente no momento, por isso, quero mostrar-vos um dos dois que trouxe para casa (e já terminado). 

Desta vez, andava à procura de ilustrações que remetessem para a primavera e que tivessem motivos alegres. Acho que este cumpriu o critério na perfeição. Adoro fazer uma chávena de chá ou chocolate quente e ir mexendo nas peças enquanto oiço um podcast ou audiobook. E é um momento de solitude que eu adoro que seja mesmo só meu. Sinto que estou completamente entregue à minha tarefa e que, por todo o imaginário bonito e pelo entretenimento do que estou a ouvir, termino a atividade a sentir-me segura e tranquila. Se têm dificuldade em viver em mindfulness ou gostam de ter momentos em que estão concentrados em algo analógico e em mais nada, recomendo muito que procurem um puzzle que achem bonito e experimentem. 


Não tenho muito o hábito de partilhar vídeos nos Favoritos – são poucos, para ser sincera, que se tornam memoráveis a esse ponto -, mas vi este vlog do Jack Edwards numa manhã descontraída e fui mesmo transportada para a aconchegante cabana na zona campestre da Escócia. E fiquei com muita vontade de mimetizar a ideia: um fim de semana numa cabana no meio do campo com livros? Com absoluta certeza que quero. Amigas, vamos?


Esta foi das minhas descobertas preferidas de Fevereiro: o The Sleepy Bookshelf Podcast tem uma narradora com a voz mais suave do universo e o propósito de cada episódio é ouvirmos livros para nos embalar. É importante não confundir com um audiobook: estes episódios estão feitos para nos estimular o sono, desde a curadoria dos livros narrados, à cadência de leitura (e até a própria música que acompanha a narração). Todo o podcast está desenhado para nos proporcionar um momento reconfortante e que nos ajude a adormecer. 

Não costumo ter dificuldades para adormecer, mas adoro colocar isto quando estou a preparar-me para me deitar – colocar o pijama, terminar o chá de hortelã, cuidados de pele, ligar o sunset timer para a luz do quarto ir diminuindo gradualmente (…). Os episódios ajudam-me a relaxar e a preparar o cérebro para o sono. Mas estou mesmo convicta de que pode ajudar quem tem ansiedade para dormir, especialmente quem rumina assim que pousa a cabeça na almofada.
Quando estava a fazer o balanço deste mês, dei por mim a achar que era impossível que determinados momentos tivessem acontecido em Fevereiro. Pareciam-me tão distantes no tempo, como é que poderiam só ter acontecido durante estes 28 dias? 


Fevereiro manifestou-se assim. Foi cheio e dinâmico na agenda, mas também foi moroso e inquietante em muitos momentos. Tive direito a um momento de pausa para o Carnaval – e a regressar às festividades depois de 5 anos de ausência – a presentes especiais, momentos de solitude (que amo e necessito para carregar a bateria social), mas também jantares e lanches com amigas que me fazem sempre sentir segura e confortada. 


No segundo mês de 2023, não fui tão ativa quanto queria, de todo, mas também não estive parada; entre dias de trabalho (com generosos elogios no final, o que me deixa sempre de coração cheio e a realização de que, por mais que existam dias chatos ou complicados, tarefas não tão estimulantes ou desafios assustadores, estou realizada no que faço e agarro as ideias com entusiasmo) e planos para os próximos meses (planos concretos, dos que me olhar para o calendário e sorrir de antecipação), senti o cansaço de dar 10 mil passos sem ter treino marcado. A eletricidade de fazer tudo acontecer foi, definitivamente, o meu cardio. 

Visitei a minha livraria preferida, comi sushi num serão divertido a assistirmos todos às galas de premiação de música, comprei tulipas para mim, partilhei tardes de leitura com a avó e com a Luna, passeei com a Belka nos dias em que a chuva deu tréguas e voltei ao cinema, um programa que adoro. 


Fevereiro é sempre um mês especial, por aqui: marca o aniversário do Bobby Pins, um momento de enorme introspeção deste lado, por tudo o que este espaço significa para mim e pela companhia que vocês dizem que vos faz. Respeito muito estes 9 anos do vosso carinho e da vossa presença por aqui. Obrigada, uma vez mais. 


Passeios matinais com chocolate quente, cortes de cabelo que me fazem sentir que me encontrei, fatias de bolo de bolacha, dentadas em húngaros (a bolacha, sinto-me no dever de clarificar) e, no geral, dias muito simples que se moldaram da forma que eu quis e precisei. 

Março, abraça-me com coisas boas.

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