Aftersun
Este é o tipo de filme que passa por nós como uma visão ainda antes mesmo de realmente começar; sem sabermos ao certo a história, já pressentimos como vai acabar e como nos vai fazer sentir – em mil pedaços.
Aftersun é um regresso às memórias de Sophie que, 20 anos antes, ainda criança, saboreou as férias de verão com o seu pai. Ao longo da história, percebemos que o que nos é contado resulta de uma harmonia entre memórias, registos de vídeo e desejos de tudo o que poderia ter sido.
Introspetivo e melancólico, Aftersun faz uma viagem por aquilo que é crescer com pais jovens. Se, por um lado, são glorificados pelo seu espírito jovial, dinâmico e disponível, há também um lado sombra de que quem está a cuidar do outro sem ainda se ter encontrado ou amadurecido por completo, que há o luto de desejos, vidas alternativas e incertezas próprias da idade jovem que ficam em suspenso enquanto se cuida de uma criança. Quando achamos que os nossos pais são tudo e têm todas as respostas, como regressamos à memória de que os vimos tão frágeis e perdidos sem questionarmos tudo o que achávamos saber sobre eles?
Importante: pesquisem por trigger warnings.
O Prodígio
Na Irlanda do séc. XVII, uma enfermeira e uma freira são solicitadas para investigarem a fundo um caso absolutamente insólito e, crê-se, milagroso: uma menina está em jejum integral há meses, mas perfeitamente saudável. Como é possível?
Ter visto muita coisa quando se trabalha em paliativos e internamentos estragou-me o efeito surpresa d’O Prodígio em menos de 20 minutos de filme, mas diria que o verdadeiro prodígio, comprova-se uma vez mais, é a prestação exímia de Florence Pugh, que se debate entre o seu dever para com a proteção da paciente e o respeito pela decisão autónoma (e quando essa decisão parte de um lugar tão frágil? O que fazer?). Uma batalha de ética, crenças e ciência que me deixou colada ao ecrã, mesmo sendo um filme de ritmo lento.
Também achei o começo e o encerramento do filme muito originais.
Everything, Everywhere, All at Once
Se eu achava que ia emocionar-me com um bagel? Não, mas é para isso que o cinema está entre nós.
Everything, Everywhere All at Once é uma das grandes promessas dos Oscars e eu compreendo porquê: para além da edição e fotografia soberbas e da prestação inacreditável de Michelle Yeoh (que merece, sem dúvida, o Oscar de Melhor Atriz, embora a prestação da Cate Blanchett no TÁR seja, igualmente, merecedora), ainda conta também com uma história fabulosa.
No seio de uma família emigrante chinesa, uma mulher debate-se – entre contas para pagar e justificar, o caos do seu negócio, uma eminência de divórcio e uma relação sensível com a filha – com todas as vidas alternativas que poderia ter vivido se tivesse feito escolhas diferentes. E sim, o tema não é novo, nem sequer é fresco, mas a forma como estas multiversões são exploradas sim e é tão dinâmico e inesperado como as nossas emoções ao longo de toda a metragem: vamos rir, emocionar-nos e ficar confusos. É uma produção longa, mas fiquei investida durante cada minuto.
Já assistiram a algum destes filmes? O que viram, em fevereiro?
Ahhhhh chorar com um bagel foi o melhor resumo de everything everywhere all at once!!! 😭🫶🏾
ResponderEliminarAdorei esse filme. Vi-o por sugestão do Guilherme Geirinhas...mas não esperava cruzar -me com tamanha qualidade.
Desconheço os demais filmes, mas como seria de esperar, vou adicioná-los à lista! 😏🍿🤩
Beijocas,
Lyne, Imperium Blog