FILMES | JANEIRO • 2023


As Nadadoras 
Acompanhei a história da atleta olímpica Sarah Mardini quando venceu a medalha de ouro em natação nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, representando aquilo que era a estreia da Equipa Olímpica, mas foi através do filme da Netflix que aprofundei um pouco mais todo o percurso das duas irmãs sírias que tiveram de fugir do seu país para procurar um futuro e ir atrás do sonho da irmã Sarah: tornar-se numa atleta olímpica. 

À fotografia extraordinária, junta-se a prestação brilhante das duas atrizes que, na vida real, são irmãs, e acho que essa cumplicidade passa além dos ecrãs e faz-nos sentir mais ligados à história. É um verdadeiro testemunho de superação que contou com os relatos reais para que se mantivesse o mais fiel possível. 

Parece inacreditável observar o paradoxo do mundo moderno e avançado em tantas frentes (culturais, tecnológicas, digitais) e, ao mesmo tempo, tão primitivo e selvagem em ideais, ao ponto de um país se desmoronar e de duas adolescentes não poderem mais dançar numa discoteca, competir numa prova de natação ou manterem-se juntas (e seguras) com a sua família. Um filme incrível, poderoso, mas um verdadeiro soco no estômago. 

Columbus 
Columbus foi-me recomendado como um filme coming of age, mas diferente de qualquer abordagem tradicional e, em parte, percebo a analogia. O ponto central da história é Columbus, uma cidade no Indiana onde duas pessoas se encontram presas por motivos e contextos diferentes: Jin, um homem coreano que está a acompanhar o coma do pai no hospital da cidade e que se sente completamente perdido e deslocado da cidade (e de propósito); e Casey, uma jovem que vê os seus sonhos em suspenso para poder cuidar da mãe toxicodependente. 

De uma forma inesperada, aquilo que os une é a arquitetura, que vai pontuando as conversas e a fotografia (que é excecional). Embora o filme tenha um andamento muito monótono, não faltam diálogos poéticos, analogias comoventes e espaço para refletirmos sobre o que acabámos de ver ou ouvir. É um filme que se apresenta com simplicidade, mas que traz muito mais do que esperamos.

Glass Onion 
Depois do sucesso Knives Out, o detetive Benoit está de volta para mais um caso, desta vez, absolutamente insólito: chega-lhe à porta um convite para investigar um assassinato que… ainda não aconteceu. 

Fiel à fórmula do filme de estreia, Glass Onion mantém a mesma dinâmica envolvente e divertida que nos conquistou em primeiro lugar, mas sem deixar de tentar surpreender. 

Talvez a minha única crítica seja o facto de se ter encostado demasiado ao ângulo da pandemia, na fase inicial do filme, com referências que, à luz dos dias de hoje, não só já estão datadas, como saturadas. Embora a referência ao Among Us seja brilhante no momento do crime, a maioria dos pormenores da pandemia poderiam ter sido removidos sem que isso prejudicasse o filme. 

Shutter Island 
Parece inacreditável que nunca antes tenha visto Shutter Island, mas é para isso que serve o meu desafio de assistir a um filme por semana – e ainda bem, porque este entrou diretamente para o meu TOP de filmes preferidos. 

Consegui sobreviver anos sem spoiler e, por incrível que pareça, entrei completamente às cegas nesta história, sem conhecer a premissa: dois detetives são levados até Shutter Island, uma ilha onde apenas existe um enorme hospital psiquiátrico, para investigar o desaparecimento de uma paciente de alto risco. Mas, à medida que narrativa adensa, percebemos que nem tudo está à vista. 

Este é, sem dúvida, o meu tipo de filmes preferido: envolvente, misterioso, completamente surpreendente e que nos faz sentir que estamos numa jornada à procura de clareza. De que lado estamos? E onde está a verdade? 

TÁR 
TÁR foi-me recomendado sem grandes detalhes e eu também não fui atrás de mais referências. Apenas sabia que abordava música, mas não estava à espera da surpresa que seria a prestação de Cate Blanchett. 

O filme acompanha a protagonista Lydia Tár, uma maestrina brilhante e de renome mundial que está prestes a conduzir a maior obra da sua carreira. 

Parece um resumo simples para a quantidade de camadas que este drama psicológico nos oferece, a começar pela discussão do lugar das mulheres na música – principalmente, na condução, ainda muito dominada por homens – e a colmatar naquele que é, para mim, o tema principal deste filme: a fragilidade do poder. 

TÁR tem um andamento lento e um clímax muito reservado, mas não deixa de ser uma história extraordinária e que, se gostam de música, vão adorar acompanhar. Não é ao acaso que esteja nomeado para os Oscars e, embora não tenha assistido a todas as nomeadas, seria mais do que merecido que Cate Blanchett trouxesse o galardão para casa.

Já assistiram a algum destes filmes? O que viram, em janeiro?

2 comentários

  1. Eu quero ir ver o "TÁR!"!
    Vi o "Shutter Island" no cinema, na altura em que tinha saído. Já foi há uns anos e não me recordo muito, mas tinha gostado.

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  2. Shutter Island também quero ver há imenso tempo, mas parece que nunca estou para aí virada quando escolho um filme.😫

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