Vocês já sabem que eu sou perita em assistir a séries e filmes muito mais tarde do que o hype e, por isso, sinto que este artigo será a falar para a parede porque toda a gente já assistiu à série Bridgerton, verdade?
Para quem tem-se mantido à margem do fenómeno – ninguém -, Bridgerton é uma série de época que explora a vida da família que dá o nome a esta história. Mas se o mercado dos filmes e séries já estava saturado de histórias de realeza e de época, Bridgerton traz alguns pontos de originalidade que, confesso, foram o que me convenceram ainda antes mesmo do enredo: para além dos figurinos de sonho, dos cenários sumptuosos e dos tons pastel adoráveis, Bridgerton tem muita representatividade, apresentando personagens de várias origens como integrantes da nobreza – e até da realeza – sem se preocupar em ser fiel à realidade histórica.
Bem sei que também isto já teve algumas críticas (entre elas, muitos espectadores criticaram que era o ‘apagar do passado’), e estou num lugar de privilégio para comentar, mas não me parece que foi essa a intenção nesta abordagem e sim uma tentativa da produção de idealizar um lugar onde a cor da pele e a origem das personagens não era limitativa. A história continua a ter uma hierarquia social (realeza, nobreza e plebe) mas a cor da pele não é uma questão e eu achei muito interessante. A par do que também comentei n’Os Segredos de Dumbledore, acho que é a tentativa da arte em mostrar uma realidade possível e justa e isso é mais crucial do que imaginamos. Um outro detalhe que tenho achado interessante é a perda de poder da religião nesta narrativa - não existem grandes figuras de poder do clero ou com influência e achei isso curioso.
Um outro detalhe que gostei bastante na série é que – aparentemente – cada temporada está a focar-se em diferentes elementos da família, dando espaço para conhecermos cada personagem e adorarmos cada vez mais a família Bridgerton. Na 1ª temporada, conhecemos Daphne, a filha mais velha, inocente e muito delicada, que inicia a sua vida de debutante e procura fazer um percurso perfeito e imaculado para que as irmãs tenham o seu processo facilitado. Na 2ª temporada, conhecemos Anthony, o filho mais velho e visconde da família que também inicia o seu processo de casamento, mas com aspirações totalmente diferentes da irmã. Muita gente sentiu falta da Daphne como protagonista, mas eu gostei desta frescura. O arco dela foi fechado na 1ª temporada e isso dá espaço para explorar outras histórias sem tudo se tornar repetitivo.
A par destas histórias de romance, amor proibido, sinais confusos, bailes e muitos diálogos poéticos, temos uma Lady Whistledown, de entidade secreta (mas que um espectador atento adivinha num par de episódios), que espalha pela cidade a sua coluna de mexericos, revelando todos os segredos de Londres e fazendo comentários mordazes à sociedade. Todos querem descobrir quem é, mas ninguém tem os seus segredos a salvo.
Perante esta fórmula, é fácil compreender porque é que a série se tornou numa das produções mais assistidas da Netflix. Não há nada de novo no enredo que vamos assistindo a cada episódio – na verdade, são narrativas tão fatalistas, algumas com personagens tão obtusas que nos sentimos a assistir a uma novela -, mas é o toque de originalidade e o imaginário rico que nos faz carregar no próximo episódio.
É uma série leve, muito romântica – na 1ª temporada, “”romântica”” demais (confesso que gostei que, na 2ª temporada, o foco estivesse mais orientado para a história) e, pessoalmente, não sendo fã de reality shows e derivando sempre para conteúdos mais ‘pesados’, soube bem ter esta série como um escape da realidade para descontrair um pouco e simplesmente mergulhar na história.
Eu nunca vi, embora claro, já tenha ouvido imenso sobre a série.
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