LIVROS | The Space Between Before and After


Trouxe este livro comigo um pouco às cegas, sem nunca ter visto alguém a falar sobre ele, nem saber ao certo do que se tratava. Mas a pergunta que se destacava na capa deixou-me intrigada: “como é que uma história pode começar com um adeus?”. 

O livro responde à pergunta quase de imediato, apresentando-nos Thomas, um rapaz de 11 anos sensível e reservado que é apanhado de surpresa quando descobre que a sua mãe (que sofre de depressão) desapareceu. O desaparecimento da mãe é a peça central de toda a narrativa, onde Thomas orbita juntamente com os seus familiares e onde cada um, à sua maneira, debate-se entre a forma como processam este acontecimento e a aceitação de que nem toda a gente irá sofrer com este desaparecimento da mesma maneira.

Este é um livro extremamente melancólico que fala sobre depressão, sofrimento, ausência e luto, mas nota-se um claro esforço de Sue Stauffacher para adaptar toda a narrativa para que seja acessível e reconfortante para jovens. Não diria que é uma leitura simpática para crianças, mas nos meandros da adolescência pode trazer algum conforto e informação para quem se esteja a debater com estas emoções – ou conheça alguém próximo que as sinta e não saiba o que fazer. 

Embora a leitura seja acessível e reconfortante em muitos momentos da história, devo confessar que não é um livro extraordinário. A narrativa deriva muito para a forma como Thomas tenta processar o desaparecimento da mãe – e que, para não perder o efeito surpresa, não vou entrar em detalhes – mas tudo o que envolve realismo mágico acaba por me perder um pouco porque não é o meu género preferido. Ainda assim, acho louvável que se escreva, sem medos, um livro como este, com um desfecho como este e sem cair na vontade irresistível de adicionar um arco-íris no final. 

Não posso dizer que é uma leitura inesquecível, mas achei que histórias como esta são um ponto de partida importante para que se fale mais abertamente sobre estes temas (e mais do ponto de vista dos familiares de alguém que sofre de depressão, que tantas vezes se sentem impotentes, desamparados, carentes e indesejados). Talvez não me lembre mais da história daqui a alguns anos, mas nunca esquecerei Thomas nem a sua mãe.

WOOK

Bertrand

Este artigo contém links de afiliada.

1 comentário

  1. Também não conhecia.... 🧐 Mas vinco o que disseste sobre a importância destes temas serem abordados na literatura, para todas as faixas etárias. Desde que bem expostos, sem contornos que os possam distorcer retirando-lhes a importância, estou totalmente de acordo!

    Beijocas,
    Lyne, Imperium BlogCongresso Botânico - PodcastLivro DQNT

    ResponderEliminar

Partilha comigo o teu comentário ou opinião sobre este artigo. Sempre que possível, respondo às perguntas diretamente no comentário. Obrigada por estares aqui :)

Desde 2014

Instagram


P.S: HÁ SEMPRE BOAS NOTÍCIAS AO VIRAR DA ESQUINA
_______________________
Bobby Pins. Theme by STS.