LIVROS | A História do Senhor Sommer


Este livro bem curtinho é a prova de que grandes histórias nem sempre necessitam de narrativas longas, completas ou cheias de enredos. A História do Senhor Sommer veio parar às minhas mãos de forma inesperada, em 2ª mão e com o carimbo de qualidade de uma amiga com muito bom gosto. Já tinha lido o livro mais célebre do autor, Perfume, e estava ansiosa por conhecer a elasticidade de Patrick Süskind em apresentar outras histórias, realidades e personagens. 

A História do Senhor Sommer poderia facilmente fazer-se passar por um livro infantil, especialmente se tiverem em mãos a mesma edição que a minha, com as lindíssimas ilustrações de Sempé, um dos mais célebres artistas a criar capas para o The New Yorker. Mas, embora fale sobre a infância, não é uma história para crianças. 

Contada na primeira pessoa, um menino sobre o qual nunca chegamos a saber o nome conta alguns episódios da sua infância, em particular, sobre o misterioso Senhor Sommer, um homem idoso que se atravessa no caminho sempre apressado, sempre zangado e sempre só. Ninguém compreende porquê, mas muito se especula. 

Começamos esta leitura totalmente investidos em, tal como o menino, entender que figura é esta tão ranzinza, mas rapidamente sentimos o foco a mudar para os próprios relatos da criança, que evocam a nossa empatia, nostalgia e compaixão. 

Este não é um enredo com reviravoltas ou grandes acontecimentos. Na verdade, a beleza do livro faz-se em encontrar poesia e significado no que é mundano, nas dores de crescimento – reais e figurativas – e, claro, do mistério em torno da personagem que intitula o livro. 

Confesso que não sou o tipo de leitora que é mais entusiasta de pontas soltas, mas neste livro em particular compreendi o ponto do autor e o convite dele para que a nossa imaginação fizesse parte desta história. E, por isso mesmo, todo o desenrolar do enredo e a contribuição da minha imaginação deixaram-me muito emocionada, de uma forma que eu nunca pensei que um livro tão curto fosse capaz de provocar. 

É um livro adorável, melancólico e com um significado que vai muito além das linhas. Uma história com personagens especiais e ilustrado com sensibilidade. Ninguém esquece aquele final.

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Bertrand

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4 comentários

  1. Que sítio maravilhoso! Cada recanto da Suiça é um postal. Vou lá este verão e acho que vou seguir a tua recomendação e adicionar uma paragem neste sítio. Quanto tempo aqui passaste, apenas um dia? E em Zurique?

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    1. Suponho que o comentário era para o artigo de Morschach e não este ahahah
      Um dia chega perfeitamente! Partímos cedo de Zurique, fomos parando para ver as paisagens mas a meio da tarde já estávamos de regresso.
      Zurique, para mim, vê-se tranquilamente em 2 dias, é uma cidade bem pequena e fácil de explorar :)
      Boa viagem, diverte-te!

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  2. Não conhecia, mas parece interessante. 😉

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  3. Livros curtos são mega poderosos! Descobri isso com "a morte de ivan Ilitch"...e há dias, ao receber "a crónica de uma morte anunciada", lembrando-me de ser um dos favoritos de uma amiga, reforcei ainda mais essa ideia.
    Quero ler o "perfume" há muito tempo, mas o que disseste deste livro em questão ligou-me outro interruptor. Fiquei mega curiosa para também descobrir o que move o senhor Sommer, sobretudo pelas minhas últimas descobertas na terapia. Reconhecer que tudo tem uma razão por detrás da nossa personalidade faz toda a diferença, não só para nós mesmos como para o desenvolvimento da nossa empatia! 🙂

    Beijocas,
    Lyne, Imperium BlogCongresso Botânico - PodcastLivro DQNT

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