LIVROS | O Café dos Gatos


Quando julgamos que já vivemos e experimentámos os melhores tempos da nossa vida, é quando mais somos surpreendidos e desafiados. É o ponto de partida para a história d'O Café dos Gatos e que nos apresenta Nagore, uma mulher de 40 anos que sente que falhou em todas as esferas da sua vida. Está desempregada, falida e acabada de sair de uma separação muito dura. No desespero de encontrar uma saída (pelo menos, financeira), aceita um trabalho como funcionária do Neko Café, um espaço muito especial: é um café com gatos disponíveis para adoção. Detalhe: a protagonista detesta gatos. 

Numa leitura bem curtinha e muito suave, mergulhamos numa história descomplicada, ternurenta e que explora o arco de evolução da protagonista ao longo da sua saída do fundo do poço, acompanhada por amigos felinos. Não é um livro inesquecível: há componentes desta história absolutamente irrealistas (a começar pela saída preguiçosa da situação financeira da protagonista). Entendo que não era o foco da narrativa, mas fico aborrecida quando os autores trazem informação para a história e não se esforçam para a resolver de uma forma mais robusta e real, focando-se apenas na linha principal do plot

Houve momentos em que me apeteceu contextualizar a autora de qual é a realidade de um salário  e horário de uma funcionária de café, de que uma pessoa na situação financeira da protagonista nunca estaria a viver num apartamento no centro de Barcelona. Porque se tudo isto fosse verdade - e ainda com gatos à mistura - estaríamos todos, neste momento, a apanhar um voo para Espanha e viver a nossa melhor vida. 

Num aparte, este é, na verdade, um tema que vejo recorrentemente na literatura contemporânea e que até gostava de o explorar num artigo separado: a romantização de certos empregos 'idílicos' em que o salário é tão imaginário quanto a fantasia, mas que são o verdadeiro suporte para tornar a história do/a autor/a possível.

O próprio enredo principal, por vezes, pecou pelo excesso de simplicidade, mas é a história ideal quando só queremos um livro reconfortante, pouco denso, que nos faça sorrir e nos transporte para fora da nossa realidade.

Foi a minha companhia numa tarde de praia e acredito que também poderá ser a vossa, num serão de sofá com chuva lá fora ou em cima de uma espreguiçadeira ao Sol. E se estiverem acompanhadas por um/a amigo/a de quatro patas, ainda melhor.

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Bertrand

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