Abrir a oficina. Lareira acesa, um filme de Natal, uma chávena de chocolate quente e uma montanha de miminhos para embrulhar. Para nós, o embrulho é tão importante quanto o presente em si, e embora recebamos os mais queridos elogios quando mostramos o resultado final, uma observação com que nos cruzamos todos os anos — quer embrulhemos a papel ou em opções mais sustentáveis — é: “têm um trabalho enorme para ser desembrulhado e esquecido em segundos!”
Há algum tempo que tenho vindo a pensar nesta observação e nunca conseguia encontrar o porquê de a achar errada. Mas cada vez mais tem sido claro para mim que nem tudo o que é especial tem de durar para sempre ou ser vitalício. Há gestos muito especiais que duram o tempo que têm de durar. Às vezes, são segundos. O tempo que a pessoa leva a desembrulhar.
E se existem gestos com validade que são tão especiais e inesquecíveis, porque razão desvalorizamos o embrulho? Deixa de ser bonito ou memorável só porque não dura para sempre? Quando recebem um embrulho lindo e aprimorado, não fica na vossa memória o empenho com que a pessoa preparou o vosso presente? Porque para mim, na minha memória, fica.
Não precisa de ter floreados, não precisa ser perfeito. Um dos presentes que mais gostei de receber do Diogo vinha em papel pardo — ele sabe que adoro — e o seu talento para embrulhar estava mais do que evidente no resultado final (pista: usou agrafos em vez de fita-cola) mas eu vi, em cada detalhe, que se esforçou à sua maneira para surpreender e para criar um embrulho bonito, à luz do que sabia e tinha à mão. Já recebi outros embrulhos que também deixaram os meus olhos a brilhar pelo engenho e talento. E é o que tento fazer com os meus: mostrar o meu cuidado e dedicação em cada pormenor.
Adorei as fotos e o talento!
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