PRONTO A VESTIR | 6 Regras do Meu Guarda-Roupa


Sobre vestir com identidade. O meu interesse pela expressão através do guarda-roupa foi tardio e, em parte, devido ao meu estilo de vida: dividia o meu tempo escolar com o desporto escolar (no qual participava em duas modalidades) e com o basquetebol (no qual era atleta federada). Não tinha muito tempo entre as aulas e o começo dos treinos, portanto, a minha roupa tinha de ser uma extensão das minhas necessidades enquanto atleta, o que acabou por ser uma expressão involuntária de como me vestia.

A Faculdade transformou um pouco isso. Foi um dos marcos no meu estilo de vida e também na minha perceção pessoal. O que eu quero exprimir? Até então, acreditava que transmitir quem era através da escrita e dos meus comportamentos bastava, mas encontrei no guarda-roupa mais uma forma de manifestar quem era assim que entrasse em qualquer lugar. Para mim, o estilo não é uma futilidade: é uma individualidade. Pegar no que não foi feito só para nós e torná-lo nosso, à nossa imagem. O processo não foi rápido, o armário não mudou de um dia para o outro, mas se hoje reflete quem sou, a algumas orientações o devo. Perguntam-me algumas vezes como consigo que tudo no meu armário seja coeso. Estas são as orientações às quais sou fiel.

QUAL É O MEU ESTILO?
No que toca a moda, existem 7 estilos universais e todos nós vamos orbitando entre 2 a 3 estilos, mesmo que não tenhamos consciência de que seguimos um estilo. São eles: Casual (mais natural e desportivo), Clássico (mais tradicional e sofisticado), Contemporâneo (semelhante ao Clássico mas com referências mais modernas e ousadas), Romântico (onde os folhos, padrões florais e tecidos fluídos são protagonistas), Sedutor (poderoso, sensual e com valorização da forma corporal), Dramático (rebelde, urbano, pesado e contrastante) e o Criativo (com muita mistura de cores, tecidos, texturas e padrões). Embora pareça redutor associar a nossa forma de vestir a 7 categorias, os estilos universais são uma referência da nossa identidade visual. Normalmente, identificamo-nos com 2 estilos e cruzamos ocasionalmente com outros dois. O ideal será conhecer melhor cada estilo (não só o moodboard mas também o tipo de tecidos, peças e mensagens que pretende transmitir) e depois refletir quais é que se encaixam melhor na nossa identidade (e quais é que só se cruzam connosco de vez em quando). Este foi o meu primeiro passo e, a título de curiosidade, percebi que a minha identidade visual é Casual e Clássico com cruzamentos ocasionais entre o Contemporâneo e o Romântico. 



A PEÇA CONVERSA COM O MEU GUARDA-ROUPA?
Durante muitos anos, o meu guarda-roupa era uma coleção de peças órfãs. Peças que via numa loja e que adorava, mas que não conversavam com o meu guarda-roupa em casa. Nem todas as peças que achamos bonitas fazem parte da nossa identidade. Quando trago uma peça para o meu armário, tento que ela converse com outras 5 que eu já tenha. Podem ser partes de cima ou de baixo, sapatilhas, acessórios, mas tem de conversar com outras 5. Isso não significa que a peça tenha de ser igual às que já tenho: conversar não é ser igual. Eu tenho 5 amigos, mas não sou igual a eles. Complementamo-nos e é isso que eu quero no meu armário: um espaço de peças amigas, não de peças órfãs. 

PEÇAS ÚNICAS
Não sou, por natureza, uma pessoa de padrões ou tons muito coloridos. Não faz parte do meu estilo, portanto, se me apaixono perdidamente por peças com esses elementos, eu faço questão que sejam peças únicas e que não necessitem de complemento. Pondero muito antes de comprar peças que saiam do que uso com mais frequência porque são difíceis de conjugar com o que tenho no guarda-roupa. A minha solução, quando gosto mesmo de uma peça, é comprar quando é única: vestidos, macacões ou jardineiras. São peças que falam por si só, onde não preciso de as combinar com outras peças do armário e que me permitem nadar um pouco fora de pé sem precisar de braçadeiras. Se encontrarem uma peça que realmente tenha tudo a ver convosco mas saia do vosso estilo, apostem numa peça única. Mas tem mesmo de mexer convosco, caso contrário é só mais uma peça órfã. 

COMO USAR?
O incrível da internet é que não existem limites para a imaginação e criatividade. Testemunho isso no Pinterest e é lá que procuro inspiração para vestir o que tenho. Numa das minhas pastas, tenho inspirações de coordenados só com peças que já tenho. Não são peças exatamente iguais às minhas — isso é uma ilusão que apenas aumenta a nossa vontade de comprar e consumir, porque precisamos de ter a mesma roupa que a pessoa na fotografia. Uma camisa branca é uma camisa branca. Uns jeans são uns jeans. Guardo as fotografias de looks cujas peças consigo recriar e cujo estilo faz parte dos meus dois principais (Casual e Clássico). Esta estratégia permite-me descobrir formas incríveis de usar o que já tenho, ser mais criativa com o meu guarda-roupa e também inspirar a vestir-me de acordo com a minha identidade numa manhã onde a criatividade pode não estar no auge. São pessoas a vestir o meu armário sem eu precisar de desarrumar a roupa.

O CABELO
Porque o nosso estilo não começa e acaba só no guarda-roupa. Toda a nossa imagem e mensagem que transmitimos está da cabeça aos pés, e o cabelo faz parte da nossa identidade. É um elemento muito pessoal e que influencia imenso a nossa autoestima mas, dependendo dos cortes e penteados, também ele pode ficar mais próximo da nossa identidade. Às vezes, fazemos grandes revoluções no armário e continuamos insatisfeitos, sem reparar que o nosso cabelo já não combina connosco. 

Cabelos mais curtos transmitem uma imagem mais moderna, ousada, criativa e madura. Cabelos longos têm uma mensagem mais feminina, delicada, conservadora e jovial. Cabelos penteados com risco ao lado sugerem mais jovialidade do que penteados com o risco ao meio, mais by the book e clássicos. Há quem também jogue com os contrastes usando, por exemplo, cabelo curto com um guarda-roupa muito delicado, ou cabelo comprido num guarda-roupa muito maduro e elegante. Há quem apanhe o cabelo em coordenados que já estão muito românticos ou quem deixe o cabelo solto quando o visual está muito simples. Dependendo daquilo que nos faz sentir bem e confiantes, o cabelo também deve ser considerado e é um elemento que eu não dispenso. No meu caso, gosto de o deixar comprido no verão porque uso looks mais românticos e casuais nessa altura e deixá-lo curto para combinar com o classicismo habitual dos meus coordenados de inverno.  

UM PROCESSO
Acho que a minha parte preferida da moda é que as regras devem ser quebradas. E por isso estas 6 regras foram muito orientadoras no início, onde tudo era pouco natural para mim, e agora já consigo navegar entre elas com mais conforto. Porque isto é um processo, e eu creio que levei uns seis anos a concluí-lo. Leva o seu tempo e, durante esta jornada, doei, troquei e experimentei muita roupa. Cada processo será diferente, alguns mais fáceis que outros; há quem só queira fazer um ajuste no guarda-roupa, há quem já não se reconheça ao olhar para o armário. Seja como for, façam ao vosso ritmo, descubram-se e divirtam-se! Eu diverti-me muito nesta viagem, especialmente porque me diziam frequentemente que eu era uma nulidade na moda. Não acredito que fosse assim tanto: as minhas roupas transmitiam quem eu era, na altura (uma atleta-estudante que privilegia o conforto). A mudança veio de dentro de mim e não do armário. E esse é o meu principal conselho: conheçam-se, descubram quem são, divirtam-se a refletir no que ainda gostam e o que já não vos serve. E, a partir daí, manifestem-se!

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