A criatividade costuma ser um tema cuja abordagem tem sempre laivos de genialidade, mistério (ou magia) e loucura. Por isso mesmo, não é surpreendente que seja encarada com um certo fascínio, já que parece resultar de um cocktail muitas vezes ‘difícil’ de formular e de sustentar.
Quando se fala do processo criativo — ou mesmo de um criativo — sinto que muitas vezes se remete a uma rotina de caos, lâmpadas que se acendem, alguma irresponsabilidade perdoada pela genialidade e, claro, algum elemento químico companheiro — deixo a vossa criatividade escolher o que vos ocorre primeiro.
Observo o rosto iluminar-se com uma malícia reguila quando partilho que faço parte de uma equipa ao serviço da criatividade. Uma projeção onde o sono é suprimido, a imaginação não é orgânica ou sóbria e o hemisfério esquerdo do cérebro não funciona. É desta fórmula que saem ideias fora da caixa, projetos brilhantes e estratégias sublimes.
Quando se fala do processo criativo — ou mesmo de um criativo — sinto que muitas vezes se remete a uma rotina de caos, lâmpadas que se acendem, alguma irresponsabilidade perdoada pela genialidade e, claro, algum elemento químico companheiro — deixo a vossa criatividade escolher o que vos ocorre primeiro.
Observo o rosto iluminar-se com uma malícia reguila quando partilho que faço parte de uma equipa ao serviço da criatividade. Uma projeção onde o sono é suprimido, a imaginação não é orgânica ou sóbria e o hemisfério esquerdo do cérebro não funciona. É desta fórmula que saem ideias fora da caixa, projetos brilhantes e estratégias sublimes.
Não podia ter uma visão mais contrária. O processo criativo é uma tarefa altamente aborrecida. E eu adoro-a. É um processo de repetição. Escrever, apagar. Escrever outra vez, apagar outra vez. Fazer mapas de palavras, ler, pesquisar, pensar. Sair da bolha e voltar. E deixar este encontro de pensamentos soltos, palavras aleatórias e estímulos inesperados operar ‘lá atrás no cérebro’.
Isso fascina-me. Sabemos muito pouco sobre os processos neurológicos que resultam nas ideias, na chamada criatividade. Mas temo-la. Mais expressiva em alguns do que outros. E sinto que este processo não reside na genialidade, não é dependente químico nem resulta bem no caos. Mas, efetivamente, algum parafuso tem de estar em desordem para que consigamos ver o mundo noutro ângulo.
Tenho milhares de ideias por dia. 98% ideias muito medíocres, os outros 2% a precisar de raciocínio para resultarem. A lâmpada, de facto, acende-se várias vezes, mas nem sempre a luz é forte. Desafio-me a sair dos lugares previsíveis para procurar ideias noutros espaços de inspiração. Acompanho pessoas que têm realidades de vida cabalmente diferentes da minha (não necessariamente melhores ou piores, apenas diferentes). E tenho uma rotina ""caótica"" de pousar a caneta e beber um chá na varanda, para deixar ‘a parte lá atrás’ do cérebro operar. E depois escrevo, e volto a apagar. Brinco com as palavras, cores e ângulos. É um puzzle, nem tudo encaixa, há arestas que têm de ficar de fora. Resultarão mais tarde, mais maduras, talvez.
Não há nada mais banal, aborrecido e fascinante do que um processo criativo. As pessoas mais criativas e geniais que tive o gosto em conhecer não se intitulam de génios, têm uma rotina organizada e são altamente metódicas. Trabalham todos os dias nas suas ideias (as boas e as miseráveis). Falham e começam de novo. Outra vez. Outra vez. E outra vez.
A criatividade não está na genialidade. Ou talvez a genialidade seja olhar o mundo num ângulo diferente e insistir para que essa visão resulte em alguma coisa. O quê, ao certo? Não sei. Mas está cá atrás no cérebro, a operar.
Textos que acabam por me fazer sair da minha bolha e pensar de outra forma! Obrigada, Inês 😊
ResponderEliminarAdorei esta tua visão sobre a criatividade. Fez-me lembrar de uma frase que é algo sobre quando a imaginação chegar é bom que te encontre a trabalhar. Já não me lembro bem das palavras exatas, nem do autor. Mas é um conceito interessante. E bem real!
ResponderEliminarÉ do Picasso, mas a falar da inspiração: quando a inspiração chegar é bom que te encontre a trabalhar. Mas, no fundo, é um encontro do que referes :D
EliminarÉ mesmo isso. Procurei por criatividade e inspiração mas não encontrei. Obrigada *-"
EliminarE é uma área onde adorava trabalhar e que sempre me fascinou! O meu processo criativo - especialmente para os projetos onde me insiro, presentes mais personalizados e feitos por mim, conceitos e abordagens, jogos e dinâmicas que tenho de criar - partem muito do brainstorm, do inspirar-me no que já existe e foi feito e dar o meu twist e do escrever sempre uma ideia (por muito parva que seja). A criatividade trabalha-se (e muito), mas é igualmente o dom de conseguir olhar o mundo de outro prisma. E é incrível <3
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