ISTO É TÃO INÊS || Medo


Foram muitas as vezes que imaginei, sonhei e idealizei como seria este tão aguardado dia, que demorou anos, portas fechadas na cara, janelas fechadas na cara, silêncios e muito trabalho a chegar. Mas em todos os cenários que idealizava na minha cabeça, nenhum espelhava a reação principal que tenho sentido nos últimos dias: medo. 

É muito difícil reconhecer que mudámos. Que já não queremos certas coisas que queríamos, que já não temos os mesmos sonhos, que já não nos entusiasmamos a fazer aquilo que achávamos que faríamos toda a vida como se fosse um conto de fadas. E admiti-lo em voz alta exige um grande auto-conhecimento e coragem que não escondo na modéstia. É difícil admitir, é difícil responder às perguntas que se seguem, é difícil lidar com a culpa. Mas é muito mais difícil negar que o nosso caminho é outro. 

E quando ele finalmente se apresentou diante de mim, senti um enorme medo de me desiludir. De me sentir atraiçoada por mim própria. De me deparar com a realidade que é voltar à estaca zero e reencontrar-me de novo. De ter de voltar a viver o processo de verbalizar. Confesso que isso é o que mais me tem impedido de passar os dias aos pulos e em lágrimas de felicidade. Sinto-me cautelosa e observadora, pronta para enfrentar uma realidade que pode ser muito amarga. 

É a minha ansiedade a falar mas é também o desconhecido. É a impaciência de saber o que está por detrás da cortina mas a certeza de que, seja o que for, nunca me irá faltar dedicação e coragem. Eu já fui extraordinariamente competente a fazer milhares de coisas que não me faziam sentir felicidade ou paixão. Está na hora de tentar ser extraordinariamente competente em algo que pode fazer-me feliz. Devo-me isso.

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