ISTO É TÃO INÊS || E os Objetivos de 2020?


Chegámos à metade de 2020 e, em circunstâncias normais, este seria o momento de voltarmos a olhar para os objetivos definidos para o ano e observarmos quão perto estamos de os cumprir, o que não funcionou e o que pode ser adaptado. Mas a verdade é que não estamos em circunstâncias normais e admito: durante uns tempos nem sequer olhei para estes objetivos. 

E não me cobrei. A pandemia já me tirou muita coisa e tirar ainda mais a minha auto-estima seria inaceitável. A minha vida mudou: a minha realidade quotidiana, profissional, familiar e social está completamente diferente. Mas há uns tempos dei por mim com vontade de voltar a pegar nesta lista. A verdade é que escolhi aqueles objetivos porque gosto deles e não pela mera formalidade de pedir desejos de ano novo. Acho que isso é o segredo para os queremos concretizar, não é? Então, decidi voltar a pegar nas minhas expetativas para o ano e fazer o balanço. 

Há planos que, naturalmente, tive de mudar ou de nivelar expectativas. Por mais que seja chato ou que doa, é essencial para os conseguirmos encarar como um extraordinário testemunho da nossa adaptação e do quanto não temos controlo sobre quase nada. Seria mágico se um número tão bonito quanto 2020 se traduzisse mais em sucessos e sonhos cumpridos? Sim. Mas os sucessos, os momentos bonitos e as boas notícias não estão à espera de números bonitos. Surgem quando tiverem de surgir (ou quando fizermos algo para que surjam, também). 

Houve alguns que pensei em descartar. Se não vão correr como quero, então aguardo pelo próximo ano. Mas cheguei à conclusão de que, se os podemos concretizar (total ou parcialmente) de outra forma, acho que vale a pena experimentar. Testar a nossa capacidade de nos reinventarmos ou de estrear novos métodos. Tem sido exemplo disso o meu objetivo de ser mais social: faço por estar presente à mesma. Estar perto não é (só) físico e, embora também gostasse que este objetivo incluísse a parte de sair mais vezes de casa, a primeira metade é adaptável. Decidi não desistir dela. 

Agarro-me aos planos que conseguem sobreviver totalmente. Continuo a querer explorar a minha beleza, manter-me disciplinada no consumo de fast-food, poupar para o sonho e contrariar a preguiça para me mexer. Estes não mudaram e se há coisa que vieram provar é a importância de escolhermos objetivos que dependam muito mais de nós do que das nossas circunstâncias. É aí que temos a certeza de que os escolhemos a pensar em nós e na nossa vontade de amadurecer e não no ambiente que nos rodeia (e que espera de nós coisas que, por vezes, não estão em sintonia com o que queremos). 

Está tudo bem se certas metas não vão ter pernas para andar ou se as vamos cortar de uma forma diferente do que idealizámos no início do ano. As que não acontecerem agora, concretizar-se-ão noutra altura, com melhores oportunidades. E as que acontecerem só provam o quanto somos capazes de nos reinventar e resistir às adversidades. Significam muito mais porque exigiram de nós um ânimo, um gosto e uma dedicação extraordinários ao que seria necessário. E isso diz muito sobre nós. 

Também eu estou a aprender a guardar alguns na gaveta sem sensação de culpa ou fracasso. Também estou a aprender novas ferramentas para os meus objetivos continuarem a funcionar. Tem sido uma viagem que tento aproveitar com alegria e espírito de inventora, fascinando-me com as descobertas e rindo com as quedas. É assim que crescemos.

2 comentários

  1. Há uns dias fiz um post exatamente sobre isto, porque fui olhar para a minha lista e deparei-me de facto com coisas que terão de ser adaptadas ou adiadas, mas com outras que já foram concretizadas ou que estão em progresso.

    Gostei muito de ler o que escreveste, porque é de facto tudo verdade. Aquilo que conquistamos deve depender mais de nós do que de qualquer outra coisa. É a nossa vontade que nos leva ao destino onde pretendemos chegar.

    Beijinhos,
    inescm2.blogspot.com

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  2. A pandemia tudo mudou. Os nossos objetivos mudaram :) e agora há mais um: não apanhar covid. Porém há o lado bom: conhecer, explorar e desafiar novas facetas em nós próprios :=)

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