A história da família Obama sempre despertou a minha curiosidade. A forma natural com que conseguiram trazer carisma e alguns elementos de frescura a um trabalho tão formal, ingrato e solitário deixavam-me intrigada. E graças ao feedback tão positivo que fui lendo desde o seu lançamento, fiquei mais convencida de que Becoming seria uma boa leitura.
Nesta autobiografia, Michelle Obama faz aquilo que melhor esperaríamos dela: partilha a sua história como se estivéssemos numa sincera conversa entre amigas, desde a sua infância até ao momento em que se consagrou — e abraçou o papel de mangas arregaçadas — Primeira Dama. É fácil compreender de que forma muitas das suas experiências moldaram o seu percurso pessoal e profissional e a transformaram na mulher de garra por que é conhecida. As aprendizagens, as incertezas na carreira, o conceito de família, a dedicação em todas as suas relações e a convivência com o machismo e racismo são alguns dos inúmeros temas que a própria relata de coração aberto.
Para efeitos de sinceridade, confesso que Becoming foi uma leitura flutuante, pautada por muitos capítulos difíceis de avançar por serem mais longos do que o necessário, por incluírem muitos detalhes (ou não fosse ela uma pessoa de detalhes) que não tinham finalidade na narrativa ou até mesmo por algumas observações com as quais não concordava inteiramente e que comprometeram um ritmo ou entusiasmo maior na leitura (especialmente na fase inicial, onde senti o ritmo mesmo muito lento). Mas não posso negar que quando o capítulo era bom, devorava-o desalmadamente, e foram vários. Os meus preferidos, admito, tinham como co-protagonista Barack Obama.
Becoming foi uma viagem que me fez ter uma visão mais familiar e real de Michelle Obama e do universo que é viver na Casa Branca. É extraordinário que esta mulher tenha revolucionado o papel (indefinido) que é ser Primeira Dama. Linguagem informal, no equilíbrio certo entre sinceridade total e uma ligeira filtragem para evitar tumultos na opinião pública (e quem esperava algo diferente, certamente não apreendeu nada dos acontecimentos relatados no livro). Fez-me sorrir e suspirar muitas vezes, fez-me refletir outras tantas mais. No fundo, e sem papas na língua, é a história de uma mulher que nunca se deixou ficar na sombra do (seu) presidente.
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Bertrand
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Adorei ver o documentário, o livro ainda não lhe peguei :/
ResponderEliminarPor acaso, também gostava de ler.
ResponderEliminarÉ capaz de muitos, tal como tu, acharem certos capítulos mais maçados por estarem repletos de detalhes. Eu cá não notei, por acaso fiquei especialmente encantada com esses capítulos, aí é que me sentia mesmo no mundo da Michelle Obama :).
ResponderEliminarBlog: Life of Cherry