Rachel está a enfrentar o trânsito quando recebe uma chamada de um número privado, cuja mensagem deixa bem clara: a sua filha foi raptada e, para que possa ser libertada, Rachel tem de cumprir alguns requisitos dos sequestradores e... raptar alguém também, fazendo as mesmas exigências. Os sequestradores estão, também eles, a cumprir as ordens para reaverem o seu próprio filho. E agora? O que faziam? Cediam à chantagem?
Sei que parece que iniciei esta publicação sobre o livro The Chain com um spoiler gigante mas este plot é mais do que revelado nas páginas iniciais e foi precisamente este conflito moral que me interessou, em primeiro lugar, para ler mais sobre a história. A premissa macabra intrigou-me porque é um tema que nos deixa aflitos: afinal de contas, jamais quereríamos estar no lugar da Rachel.
The Chain divide a história em duas partes: a primeira foca-se no conflito ético de Rachel, desesperada para reaver a filha mas completamente consciente de que a proposta de resgate é cruel e desumana, perpetuando a dor que a própria está a sentir; a segunda parte foca-se na origem por detrás deste plano macabro e nas cabeças que lhe dão vida. A narrativa é feita sob o ponto de vista de várias personagens, pelo que transitamos constantemente entre vítimas e infratores.
A premissa do livro acaba por ser o ponto forte de toda a obra. Admito que, embora a leitura seja dinâmica e sem pontos mortos, não gostei do amadorismo da escrita e da abordagem a certos temas, do irrealismo de alguns acontecimentos, da tentativa de profundidade em alguns temas que ficou muito aquém — especialmente nos diálogos — e que o final me aborreceu. É um exemplo perfeito de uma ideia a sustentar o livro. Não houve um desenvolvimento arrebatador ou que tivesse a mesma qualidade da premissa e isso fez com que me sentisse, várias vezes, defraudada. Esperava mais, confesso.
Não foi o meu thriller preferido mas ocupou a minha mente cansada com uma história, no mínimo, insólita e angustiante. Chama em particular a atenção para a exposição que fazemos nas redes sociais — especialmente de menores — e que nunca é demais, nesta atualidade, frisar. É importante termos noção de que não sabemos até onde aquilo que publicamos vai chegar — e a quem. O alerta é legítimo. Mas no final, a pergunta mais importante ressoa na nossa mente muito depois de fecharmos o livro: até onde vamos por alguém que amamos?
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Bertrand
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