WEB || Saturada?


Cada vez mais novos projetos se iniciam no mundo digital, nas mais variadas plataformas, na esperança de vingarem e criarem uma comunidade fiel. Porém, a par deste movimento, observo que nem todos têm uma opinião positiva face a este acréscimo de criadores — especialmente quando os projetos nascem já sem descartar oportunidades comerciais. Num mercado já tão saturado de blogs, canais de youtube, podcasts, artistas de música ou Instagrammers, há mesmo espaço para mais um? A minha resposta curta é sim.

O mundo digital reflete o próprio mundo e isso traduz-se na imensidão de culturas, pessoas, interesses, ideias, nichos e oportunidades. Durante anos tivemos — e temos! — milhares de lançamentos de livros, programas, músicas, revistas, filmes e séries que decidimos acompanhar sem questionar o valor dos que já faziam parte do nosso quotidiano. A novidade não suplanta o antigo (e vice-versa), se realmente gostamos do que estamos a consumir. Porque somos fiéis aos nossos interesses e porque não somos obrigados a acompanhar exclusivamente um criador de um determinado conteúdo ou determinada plataforma. Podemos acompanhar vários — conforme os nossos interesses e tempo.

Desconfio que talvez o problema não esteja no nascimento de projetos ou na popularização de formatos e sim na crença de que só um certo formato pode vingar. Quando projetos promissores se entregam a fórmulas que não passam a sua identidade, comunicam sobre assuntos que não os apaixonam, abstém-se de partilhar os conteúdos que realmente queriam ou escolhem plataformas com as quais não se sentem confortáveis para serem eles próprios apenas porque ouvem que o formato que combina com eles está 'morto', a validade do projeto ganha data, de imediato. Ao não criarem aquilo que gostariam de consumir, o resultado é um exoesqueleto bonitinho com pouca substância por dentro. Não nego que certas estratégias e temas sejam ótimos de aderir, desde que adaptados à vossa identidade e não o contrário. Eu acredito que podemos criar conteúdo diferenciador numa plataforma/formato já popular. Caso contrário, alimentamos esta ideia de saturação.

Enquanto consumidora, nunca me agradou tanto esta atualidade onde o poder está nas minhas mãos. Eu escolho o que quero consumir, escutar, e acompanhar. Não me tenho de sujeitar e posso ser tão criteriosa quanto me apetecer. Se não funcionar mais para mim — ou se a primeira impressão não me cativar — posso escolher outro conteúdo. E isto é extraordinário porque, como supracitei, há um mundo para descobrir e que agrega ao nosso conhecimento, nos influencia de forma positiva, alarga os nossos horizontes e ambições.

Irei sempre privilegiar a escolha ao invés da limitação. Eu não quero estar limitada ao que consumo só porque 'há Youtubers, blogs, podcasts, Instagrams de moda, lifestyle (...) a mais'. Quero poder observar tudo o que está a ser feito e selecionar aquilo que serve para mim. Que funciona para mim. Com a elasticidade de poder trocar ou regressar quando quiser. Há nichos para todos os temas, há fãs de todos os gostos. Como há muito se vem a defender, há lugar para todos. Não significa que todos vão ter o mesmo grau de sucesso ou popularidade mas isso — como em todas as indústrias — cabe ao público decidir e ao criador trabalhar.

3 comentários

  1. Sinto que é o leque variado e o poder de escolha que dão piada a este mundo. Só há coisas "a mais" se não souberem gerir aquilo que seguem, na minha opinião. Há muito para descobrir e ainda bem, é assim que gosto!

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  2. Partilho exatamente da mesma opinião que tu!
    Adorei como abordaste o tema. A meu ver todos podem e devem acrescentar algo seja qual for a área com que mais se identifiquem.

    http://arrblogs.blogspot.com

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  3. Acho que a frase que define esta publicação é, sem dúvida, esta: "Irei sempre privilegiar a escolha ao invés da limitação." A verdade é que há espaço para todos e, felizmente, ainda existem muitos projectos que vale a pena acompanhar, mesmo que os "nichos" ou os "mercados" estejam saturados.



    A Sofia World

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