Dois documentários, uma comédia romântica com uma história original, um filme desportivo e um drama. Foram estas as cinco produções que assisti em Fevereiro e que gostava de vos recomendar. Este novo formato procura colmatar a minha insatisfação com as publicações relacionadas com o conteúdo cinematográfico e tirar um pouco da carga dos Favoritos, pelo que, se gostarem e tudo correr bem, os filmes vão sair dos Favoritos e vão ter o seu tempo de antena mais alargado numa compilação de tudo o que fui assistindo, ao longo do mês. Poderão haver exceções, mas estou a gostar muito do resultado final. Mas esta casa também é vossa e, como são sempre muito honestos comigo — e é assim que eu gosto da nossa relação —, fico a aguardar o vosso feedback em relação a este novo formato. Combinado?
O Meu Nome é Alice
Não é uma produção recente — estreou em 2014 — e já o tinha iniciado, há uns anos, mas não fui capaz de terminar de ver. Porém, desta vez considerei que era a altura certa para o assistir. Still Alice conta a história de Alice, uma professora de Harvard que, aos 50 anos, atinge o clímax da realização pessoal e profissional, porém, é diagnosticada com Alzheimer precoce — uma condição muito rara mas totalmente possível. O filme é uma apresentação crua e real — diria, até, uma cruel realidade — da decadência provocada por uma doença que é imparável, desde os primeiros sintomas à completa descaracterização. Ao longo da produção, observamos uma mulher forte, carismática, inteligente e experiente a perder todas as suas memórias e faculdades que ela considerava preciosas. Existe também um retrato muito fiel sobre a forma como as próprias pessoas ao seu redor — em especial, a sua família — lidam com uma doença que nunca afeta só a vítima. Não é um filme fácil, pelo contrário; é angustiante e mostra o quanto o Alzheimer é uma doença ingrata, sem paninhos quentes, mas conta com uma produção brilhante e com uma representação sublime de Julianne Moore — que lhe valeu o Óscar de Melhor Atriz.
Raramente aprecio filmes desportivos — sinto que todos contam a mesma história — mas Amador tornou-se — sem grande competição, de facto — num dos meus filmes preferidos sobre basquetebol. É um original da Netflix que nos apresenta Terron Forte, um jovem de 14 anos que revela um enorme talento para o basquetebol, mesmo que limitado por uma perturbação de aprendizagem chamada discalculia: incapacidade de realizar funções de cálculo e leitura de números. Terron ganha uma oportunidade única de vingar na liga de basquetebol amador mas promete aos pais cumprir as suas funções e obrigações escolares.
Amador surpreendeu-me muito pela positiva, revelando-se um filme com um pouco mais de densidade na narrativa. Não deixa de ser um filme desportivo e muito dinâmico — típico deste género de produções —, mas também procura contar um lado sobre as bolsas desportivas americanas que raramente é exposto — mas muito romantizado — e trazer alguma da realidade que é a ascensão de um jogador, com inúmeras mensagens sobre valores e princípios. Recomendo muito, sejam fãs da modalidade ou não. Amador agrega uma mensagem importante sobre transcendermos os nossos limites e não deixarmos os nossos valores diminuírem, não importa o custo.
Assisti a este documentário da Netflix em constante dúvida se achava todo o acontecimento muito interessante — e de onde poderíamos retirar lições bem dadas — ou absolutamente cómico. Decidi abraçar as duas vertentes, já que Fyre serve como título para um documentário sobre o festival, do mesmo nome, que foi um fiasco. Em 2017, o Fyre Festival prometia ser um evento de música de luxo, localizado numa ilha paradisíaca, com um cartaz de sonho, área alimentar com cozinha de autor e alojamento sofisticado. E, graças às redes sociais e influencers, os bilhetes esgotaram num ápice, colocando, até, em risco o próprio evento Coachella. No entanto, foi cancelado imediatamente no primeiro dia por se revelar um total fracasso. Porquê?
Fyre é um documentário sublime acerca do quanto importa que a comunicação que queremos fazer no digital seja fiel à realidade e que não interessa quantos influenciadores e figuras públicas escolhemos para ajudar a trabalhar na campanha: basta uma pessoa totalmente anónima que faça um retrato real do que é oferecido para um conto de fadas digital terminar. Confesso que o evento, na altura, passou-me totalmente ao lado mas é um documentário incrível sobre todo o processo — e sim, dá vontade de rir em alguns momentos.
Eu, Malala
Confesso que nunca fui uma pessoa muito devota a ídolos (mesmo na adolescência, onde tive muito poucos). Não costumo idolatrar figuras públicas, sejam de que esfera for, e, por isso, quando me perguntam 'quem é o teu ídolo?' tenho muita dificuldade em dar uma resposta. Quem admiro de verdade, sem ser no meu círculo? Malala Yousafzai tem sido a minha resposta, sem grandes rodeios.
Disponível na Netflix e lançado em 2015 — dois anos depois do lançamento do seu livro homónimo — Eu, Malala é um documentário sobre a história da adolescente paquistanesa que foi atacada a tiro pelo Taliban por defender os seus direitos — e os direitos de todas as mulheres — a receberem uma educação escolar. O documentário tenta mostrar um pouco do paradoxo que é uma adolescente absolutamente normal ter em mãos tantas responsabilidades mundiais às quais dar o rosto e ser voz ativa — e o quanto Malala considera importante que a sua história seja um exemplo de não baixar os braços e continuar a lutar. Um outro ponto que achei muito interessante é a relação da influencia dos pais na construção de carácter de Malala. Ambos são muito diferentes e com convicções distintas, mas os dois refletem-se muito bem nos valores da filha. Não fazia ideia, mas existe uma grande controvérsia em redor da influência do pai no percurso de Malala e considerei que o assunto foi abordado com pertinência e respeito. Fiquei surpreendida com a cotação muito baixa em praticamente todos os sites de filmes — incluindo a Netflix — porque achei um documentário verdadeiramente agradável e que tenta humanizar Malala dentro do conceito 'ídolo feminista'. Quero muito ler o livro.
Amor.com
Tive curiosidade para assistir a esta comédia romântica brasileira pelo tema da história pouco usual mas muito atual: influencers. Amor.com conta a história de Katrina, uma influencer de moda de grande dimensão que se apaixona por Fernando, um youtuber gamer com pouca dimensão. O filme retrata a relação dos dois na abordagem íntima, privada, e a vida exposta e pública.
Considerei que Amor.com é um filme com uma temática muito pertinente mas que cai um pouco no exagero dos pontos-chave que procura chamar a atenção. Não é totalmente irrealista, mas é o tipo de filme onde decidem aglomerar nos protagonistas todos os defeitos e perigos de um trabalho que exige exposição, tornando o filme excessivamente dramático entre diálogos e acontecimentos, onde tudo o que existe de negativo sobre ser influencer, trabalhar com marcas e ter uma relação pública acontece. No entanto, a qualidade do elenco e a originalidade do guião tornam o filme numa curiosidade que não deixa de ter uma mensagem importante: sermos honestos à nossa identidade e aos nossos valores, seja entre quatro paredes ou aos olhos de milhares de pessoas. O humor leve e carismático também torna a comédia agradável de assistir. Não creio que seja um bom filme para usar como bandeira — o excesso de alarmes acaba por ter o sentido inverso na pertinência da discussão — mas é um bom ponto de partida para assistir e aguardar por outros projetos mais naturais. Alguém tinha de dar o primeiro passo (não deixei o link do trailer como nos outros porque acho que conta demasiado a história).
Eu, Malala
Confesso que nunca fui uma pessoa muito devota a ídolos (mesmo na adolescência, onde tive muito poucos). Não costumo idolatrar figuras públicas, sejam de que esfera for, e, por isso, quando me perguntam 'quem é o teu ídolo?' tenho muita dificuldade em dar uma resposta. Quem admiro de verdade, sem ser no meu círculo? Malala Yousafzai tem sido a minha resposta, sem grandes rodeios.
Disponível na Netflix e lançado em 2015 — dois anos depois do lançamento do seu livro homónimo — Eu, Malala é um documentário sobre a história da adolescente paquistanesa que foi atacada a tiro pelo Taliban por defender os seus direitos — e os direitos de todas as mulheres — a receberem uma educação escolar. O documentário tenta mostrar um pouco do paradoxo que é uma adolescente absolutamente normal ter em mãos tantas responsabilidades mundiais às quais dar o rosto e ser voz ativa — e o quanto Malala considera importante que a sua história seja um exemplo de não baixar os braços e continuar a lutar. Um outro ponto que achei muito interessante é a relação da influencia dos pais na construção de carácter de Malala. Ambos são muito diferentes e com convicções distintas, mas os dois refletem-se muito bem nos valores da filha. Não fazia ideia, mas existe uma grande controvérsia em redor da influência do pai no percurso de Malala e considerei que o assunto foi abordado com pertinência e respeito. Fiquei surpreendida com a cotação muito baixa em praticamente todos os sites de filmes — incluindo a Netflix — porque achei um documentário verdadeiramente agradável e que tenta humanizar Malala dentro do conceito 'ídolo feminista'. Quero muito ler o livro.
Amor.com
Tive curiosidade para assistir a esta comédia romântica brasileira pelo tema da história pouco usual mas muito atual: influencers. Amor.com conta a história de Katrina, uma influencer de moda de grande dimensão que se apaixona por Fernando, um youtuber gamer com pouca dimensão. O filme retrata a relação dos dois na abordagem íntima, privada, e a vida exposta e pública.
Considerei que Amor.com é um filme com uma temática muito pertinente mas que cai um pouco no exagero dos pontos-chave que procura chamar a atenção. Não é totalmente irrealista, mas é o tipo de filme onde decidem aglomerar nos protagonistas todos os defeitos e perigos de um trabalho que exige exposição, tornando o filme excessivamente dramático entre diálogos e acontecimentos, onde tudo o que existe de negativo sobre ser influencer, trabalhar com marcas e ter uma relação pública acontece. No entanto, a qualidade do elenco e a originalidade do guião tornam o filme numa curiosidade que não deixa de ter uma mensagem importante: sermos honestos à nossa identidade e aos nossos valores, seja entre quatro paredes ou aos olhos de milhares de pessoas. O humor leve e carismático também torna a comédia agradável de assistir. Não creio que seja um bom filme para usar como bandeira — o excesso de alarmes acaba por ter o sentido inverso na pertinência da discussão — mas é um bom ponto de partida para assistir e aguardar por outros projetos mais naturais. Alguém tinha de dar o primeiro passo (não deixei o link do trailer como nos outros porque acho que conta demasiado a história).
Já assistiram a algum?
Ainda não vi os outros, mas gostei de "O meu nome é Alice" :)
ResponderEliminarAntes de mais, gosto muito da ideia destas publicações separadas! :)
ResponderEliminarSó assisti ao Fyre e ao Eu, Malala e partilho a 100% da tua opinião quanto a ambos. Sinto-me péssima pessoa por me rir da malta do Fyre (que, na altura, também me passou completamente despercebido), mas...estavam a pedi-las! :p É o efeito "vou ao festival mas não quero saber da música" no seu melhor lol Quanto à Malala, fiquei um bocadinho dividida quanto ao papel no Pai: não sei até que ponto não martirizou a filha. Mas, ainda assim, reconheço nela uma força imensa e um exemplo de coragem!
Quero muito ver o O Meu nome é Alice - já me tinha esquecido dele e relembraste-me. Mas com a consciência de que será pesado. A minha avó sofria da doença e por isso conheço bem esta realidade.
Jiji
Parece-me que este formato é uma ótima aposta :)
ResponderEliminarDestes só vi "O Meu nome é Alice", é mesmo um filme forte, que nos angustia, que nos dá medo. Imaginar que podemos perder assim a nossa identidade, esquecermo-nos de onde são as divisões da própria casa e das nossas pessoas. É assustador.
Beijinho
Confesso que gosto mais de ler sobre cada filme de forma individual :)
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