quarta-feira, 31 de agosto de 2016
Esta é uma das minhas músicas preferidas. De sempre. Passem os anos que passarem, eu vou sempre adorar.
terça-feira, 30 de agosto de 2016
Há coisa de um ano, descobri um livro fantástico que tinha no seu interior perguntas (algumas mais simples, outras mais complexas) que o próprio leitor teria de responder no interior do livro, durante cinco anos. Isto é, em cada página há uma pergunta - diferente, para todos os dias do ano - e um espaço respectivo para cada ano, para que vocês possam ver todas as vossas respostas à mesma pergunta, ao longo de cinco anos, todos os dias. Compreenderam o objectivo? É difícil de explicar sem nada físico para vos mostrar.
Digo-vos, eu fiquei doida. Eu sou daquelas que adora ver registos antigos, o que andava a fazer naquele dia, no que estava a pensar, no que sentia e ver a diferença. No quanto cresci, mudei ou evolui. E estes livros, estes desafios são incríveis por isso mesmo. Mas, além de não encontrar o livro em parte nenhuma, existiam algumas perguntas que achava uma valente perda de tempo. Então decidi fazer o meu próprio 5 Year Journal e vou ensinar-vos também, para o caso de o quererem fazer!
Passo 1 - Escolher o journal
Finalmente! É hoje! É hoje que damos uso a um dos 5 milhões de blocos de notas que compramos para "um dia". Um conselho? Escolham o que tiver mais folhas, para garantirem que todos os registos ficam no mesmo bloco. Eu dei preferência a um bloco que tivesse argolas, porque é algo que eu sei que, preferencialmente, vou escrever antes de me deitar, então dá algum jeito para eu conseguir escrever em cima de qualquer coisa. Mas não há limites aqui!
Opcional Passo 2 - Apresentem-se
Eu não sei se no livro original há algo parecido, mas eu fiz questão de incluir no meu caderno. Reservei três páginas do meu bloco; na primeira página, eu escrevi sobre quem eu sou (nome, data de nascimento, curso, as minhas coisas preferidas...), e na segunda página eu coloquei a data e escrevi sobre mim e tudo o que estava a viver naquele momento: se estava solteira ou a namorar, se tinha acontecido algo com mais impacto recentemente, se estava feliz ou nervosa, que planos eu tinha, em que projectos me estava a envolver, quem eram as pessoas mais importantes do meu lado. Eu fiz por conseguir escrever um resumo da minha vida actual numa só folha e tentem fazer o mesmo. Um resumo de tudo o que estão a viver, agora. Escrevi tudo isto na segunda página do meu caderno. E a última, perguntam vocês? Bem, a última será para 2020 (se ainda cá estiver, esperemos que sim), para fazer precisamente o que fiz naquele dia: escrever onde estou, com quem estou, como estou e o que quero fazer. Acho que vai ser sensacional. E será a última página do meu caderno.
Passo 3 - Escolher as perguntas
A parte crucial, certo? Para meu espanto, já muito gente fez estes DIY, então já existe um monte de perguntas pré-preparadas para cada mês. Melhores lugares para encontrarem? Pinterest e Tumblr. Mas eu vou facilitar-vos a vida e deixar-vos este site AQUI, que já tem as perguntas todas feitas, é só copiarem para os vossos cadernos (é o que estou a fazer também). É super válido modificarem-nas ou não incluírem certas questões. Eu estou a fazer isso, por exemplo. Como são perguntas modelo, acabam por ter de servir para qualquer pessoa, e há questões com as quais não me identifico e acabo por optar por fazer eu as minhas próprias questões - fica aqui mais uma dica -. Não há mesmo limites.
Dica: Quando quiserem fazer as vossas próprias perguntas, tentem também não ser exageradamente específicos. Eu explico-vos; o vosso eu de 2016 certamente não será o de 2020, portanto não faz sentido perguntarem "Ainda namoras/trabalhas com/em x?" porque, se entretanto acabarem, vão estar os 2, 3, 4, 5 anos seguintes a escrever "não" ou "sim" e é uma perda de tempo e páginas. É preferível escreverem "Com quem namoras/onde trabalhas?" e têm muito mais liberdade na resposta. Compreenderam o que quero dizer? Tentem o mais possível não fechar as respostas mas sim dar a possibilidade do vosso eu do futuro entregar-vos o maior conteúdo e informação possível!
Passo 4 - Organizar o journal
Normalmente, este tipo de journals começam no início do ano e, se quiserem esperar até lá, é válido. Senão, podem sempre começar no início de um mês e seguir. Não se preocupem muito com o começo. Convém que separem bem cada mês (escrevam no início da folha, numa cor diferente, com uma letra maior, qualquer coisa).
Deixem uma linha para escrever a vossa questão e, na linha seguinte, coloquem a data do dia em que têm de responder a essa pergunta. Aqui vem o jogo de cintura: nem todas as perguntas vão exigir respostas extensas (como já vos expliquei, há perguntas bem menos complexas que outras) e, portanto, não faz sentido deixarem três linhas de espaço para questões de sim ou não. Também vai depender do tamanho da vossa letra, etc. Façam gestão do espaço conforme a pergunta e deixem sempre o mesmo espaço para cada ano.
No final, deve estar com a seguinte organização
Linha 1: Pergunta
Linha 2: 08/09/2016 (por exemplo) - duas linhas de espaço (por exemplo)
Linha 5: 08/09/2017 - duas linhas de espaço
Linha 8: 08/09/2018 - duas linhas de espaço
Linha 11: 08/09/2019 - duas linhas de espaço
Linha 13: 08/09/2020 - duas linhas de espaço
Fotografia da minha autoria |
Dica: Não têm de fazer todo o journal de uma vez. São 365 perguntas, em que têm de gerir espaços, datas e mais um turbilhão de coisas. Se o quiserem fazer de uma vez, é justo. Mas também podem ir fazendo um mês de cada vez, ou dois, e fica mais fácil de não se cansarem de escrever tantas questões. E, ao fim ao cabo, só o têm de fazer durante um ano. Os quatro seguintes são apenas para responder.
Espero que tenham gostado deste DIY, eu acho-o tão introspectivo e tão bom para o nosso auto-conhecimento. É um excelente presente para oferecerem a uma amiga. Escolham um caderno bonito e façam, para alguém que goste de escrever. Eu vou começar o meu em Setembro e estou muito empolgada! Deixo-vos aqui uma imagem com as questões de Janeiro, para perceberem ainda melhor que tipo de perguntas são comuns nestes registos!
sábado, 27 de agosto de 2016
Confesso-vos que estava muito curiosa para finalmente ver uma destas adaptações actuais que estão a "bombar" no cinema. Não vi as outras anteriores e, com sinceridade, não as assisti porque os comentários negativos e o feedback desiludido desencorajavam-me. Mas estava com muita vontade de assistir à Canção de Lisboa, porque é a única que eu já conhecia minimamente!
Mas aquilo que me fez mesmo, mesmo, meeeesmo querer ir, foi a música Será Amor? Okay, é lamechas, é super mel mas não lhe resisto. Acho que é uma música que expressa tão, mas tão bem o sentimento de estarmos apaixonados. Eu sempre vi o apaixonar neste prisma: o mundo continua naquela realidade obsoleta mas, para nós - cá dentro - está perfeito. Sem retoques necessários. E é uma música que me deixa genuinamente feliz!
Então, falemos do filme e do lendário Vasco Leitão; estudante de medicina desde os tempos dos dinossauros e completamente desligado de deveres e responsabilidades, que recebe uma mesada gigantesca das tias, que pensam que ele já é médico. Eis que tudo complica quando as tias decidem fazer-lhe uma visita e ver o seu consultório. Paralelamente, Vasco dá de caras com Alice, mulher que ele desconhece, mas que o recebe com impropérios, insultos e ameaças, evocando memórias às quais Vasco não se recorda, de todo. O que será que aconteceu?
Muito honestamente, e desconhecendo se a qualidade e a linha deste filme se mantém em relação aos outros, eu acho que as pessoas estão exageradamente críticas aos filmes portugueses. Se foi o filme da minha vida? Não. Aliás, é um filme em que, abordando o amor, tem certas "frases cliché" às quais eu não me identifico, de todo! Se é um filme que poderia ser melhorado? Evidentemente que sim. Mas não foi um filme horrível nem uma perda de tempo, achei que até tinha alguma qualidade e que há por aí muitas comédias românticas (ou nem tão românticas assim) estrangeiras que o pessoal delira ou aligeira nas críticas e que são bem piores do que A Canção de Lisboa. Talvez se fosse um filme francês, inglês ou até americano, não apareceriam tantos comentários críticos, na minha opinião.
Eu adorei a fotografia do filme, acho que está soberba e achei a história fantástica. Aquece o coração. Não é um filme de Óscar, mas é um filme português, que gostei de apoiar e que não deixa de ser um gatilho para a cultura cinematográfica portuguesa continuar a apostar nestes filmes mais leves, mais populares, que saem um pouco do estereótipo ao qual familiarizamos o cinema português e que aponta para mais trabalhos com melhoria de conteúdo e qualidade. Está bem giro, recomendo!
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
Se vos disser que 90% dos e-mails que recebo são de pessoas a fazer-me questões acerca do meu curso, não estarei a mentir. Ao fim de algum tempo, vou detectando perguntas muito parecidas umas com as outras e, embora queira fazer uma resposta personalizada e pessoal para cada pessoa, a verdade é que acabo por escrever a mesma coisa, over and over, para dezenas de pessoas diferentes. Foi neste sentido que quis deixar, no Bobby Pins, um FAQ disponível sobre o meu curso. A ter em atenção que as minhas respostas são dadas com base única na minha experiência pessoal e que, se contactassem outra pessoa do meu curso, facilmente, ela teria uma opinião completamente divergente da minha. Não considerem as minhas respostas Verdades de La Palice.
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Os meus pais nunca foram apologistas de me educarem com uma redoma para o mundo. A verdade é que existem inúmeras coisas radicais, até perigosas, mas que toda a criança tem curiosidade em fazer. E a curiosidade não desaparece nunca, por mais proibições, tabus ou redomas que se coloquem em volta dos nossos, portanto - e como eu era uma miúda dada à adrenalina - eu e o meu pai, desde muito, muito cedo, fizemos um acordo justo: cada vez que eu quisesse fazer algo potencialmente perigoso, eu pedia-lhe primeiro e faríamos juntos.
Várias coisas faziam o meu coração palpitar de adrenalina e curiosidade; furar "ondas gigantes" em Santa Cruz; aproximar-me o mais que pudesse de um penhasco, para poder ver o mar lá em baixo, tão em baixo; descer uma estrada inclinada sentada em cima de um stake... Entre outras mais. E o ritual era sempre o mesmo: "Pai, posso fazer uma coisa perigosa?", "O que queres fazer, filha?" e lá íamos nós fazê-la, com todas as regras de segurança ditadas pelo meu pai, em primeiro lugar.
Juntos, fizemos coisas espantosamente arrebatadoras, para mim, claro. Foi do seu lado que furei a primeira "onda gigante" de Santa Cruz, uma monstruosidade que faria qualquer miúdo de 8 anos começar a correr para a costa, em pânico. Mas o meu pai ensinou-me tudo o que precisávamos fazer e explicou-me o timing certo para a cruzar sem levar com a rebentação. Deu-me a mão bem apertada quando queria ver o mar, lá em baixo. Arranjou um colchão velho para pôr no fim da estrada e apertou-me o capacete para descermos juntos de skate.
O curioso é que, à medida que crescemos, todos estes desejos radicais vão-se mascarando com decisões e vontades aparentemente nada radicais, mas ainda mais assustadoras. De um dia para o outro, deixamos de furar ondas gigantes, mas mergulhamos de cabeça para novos projectos e relações; os penhascos continuam lá, mas nós vamos construindo expectativas, sonhos e castelos cada vez mais altos, onde a descida nos assusta a cada golpe de olhar e o mar parece tão distante lá em baixo; os skates ficam arrumados na garagem, num canto perdido, mas a vida corre cada vez mais veloz e nós sem capacete, sem colchão e com os joelhos todos esfolados. E dei por mim a pensar em quão louca é esta aventura e o quanto eu gostaria que o meu pai continuasse a dar-me as regras de segurança, a dizer quando é a altura certa para mergulhar, a agarrar-me a mão, a apertar-me o capacete e a meter um colchão no final da descida. E é aqui que me apercebo: ali está o meu pai, também nesta viagem, uns quilómetros mais distante, sem capacete também, sem joalheiras, sem colchão. Na mesma viagem.
"Pai, posso fazer uma coisa perigosa?"
"O que queres fazer, filha?"
Viver. Viver muito.
Fotografia da minha autoria, por favor, não a utilizar sem autorização prévia
Fotografia da minha autoria, por favor, não a utilizar sem autorização prévia
domingo, 7 de agosto de 2016
Finalmente chegamos à famosa Havana!!! De todas as capitais que já visitei, Havana foi a que mais superou as minhas expectativas. Foi surpreende, muito mais do que imaginava e derrubou todas as certezas que tinha sobre a mesma. Todo o sururu em volta da cidade é altamente compreensível: Havana é, numa só palavra, encantadora.
Havana é a cidade que faz mais contraste com todas as outras cidades de Cuba que visitei, o que é justificável, dado que é a capital e a cidade com mais habitantes no país (cerca de dois milhões). Se nas outras cidades, como em Trinidad ou Cienfuegos, eu reconheci-lhes pacatez e simplicidade, em Havana eu identifiquei sumptuosidade e agitação.
Podemos dividir Havana por duas áreas: Velha e Moderna. É em Havana Velha que identificamos mais a pobreza que está inerente por todo o país; Era em Havana Velha que as famílias mais abastadas mandavam construir as suas mansões coloniais colossais e sumptuosas mas, após a Revolução, a maioria fugiu e deixou as mansões para trás, que foram envelhecendo, ruindo e degradando. São muito poucos os edifícios da cidade que receberam reparação ou reforma. Havana Velha transforma-se assim num ambiente muito abandonado onde quer que passemos, não por pessoas, mas por edifícios. Todas as ruas parecem degradadas e sem conserto. Ainda assim, identificamos a pobreza que já tinha referido por ser o ponto de moradia da maioria das famílias mais carenciadas, que se apoderaram dos edifícios abandonados ou degradados. É incrível passearmos pelas ruas e irmos observando o interior de edifícios completamente estragados mas que tinham entradas colossais, tectos de perder de vista e arames onde, em tempos, estaria um luxurioso candeeiro de tecto. Espreitamos o interior e encontramos famílias de cinco a ver televisão em sofás estragados no hall dessas mansões cheias de pó e de paredes a ruir, com escadas gigantescas e esculpidas, no interior. É um paradoxo extraordinário: uma família sem condições vive num edifício de riqueza arquitectónica digno das maiores capitais europeias, mas que ninguém deu a chance de recuperar e que se torna, simplesmente, num tecto e num abrigo.
Enormes edifícios dignos de palácios são divididos pelos cidadãos em diversos pisos, onde o rés-do-chão é utilizado para o comércio e os seus empregos (desde cabeleireiros, mercado negro de charutos cubanos, manicure, venda de quadros, mercearias) e os andares de cima para habitações. Foram imensas as casas onde eu vi que as portas de entrada eram as janelas do primeiro piso, onde o acesso era feito por escadas rudimentares de madeira. Não há portas em quase lugar nenhum, e não é difícil ver a rotina e as divisões interiores das casas na nossa passagem. Eles não se incomodam; andamos na rua e facilmente vemos os edifícios sem porta, mas com alguém a ver televisão ou uma família a almoçar pacatamente. Existem até conjuntos de casas, com claustros interiores onde estão disponíveis lojas para fazermos compras de souvenirs e cujos corredores de acesso passam mesmo pelas casas. É um mundo inacreditável e que só visto parece ser credível!
As cores típicas de Cuba prevalecem, podemos ainda entrar na antiga Universidade de Havana (absolutamente lindíssima, uma visita muito mais enriquecedora do que a nova Universidade de Havana, que não tem absolutamente piada nenhuma e é um edifício sensaborão) e ver com os nossos próprios olhos a vida cubana no seu estado mais puro e genuíno; as crianças na rua a brincar descalças, saltando à corda ou jogando futebol, as pessoas sentadas à entrada de casa, nos passeios ou nos bancos a conversar, jogar ou ouvir música, muitas delas a vender comida caseira aos transeuntes, bicicletas por todo o lado e uma humildade sem precedentes.
Em Havana Velha eu despi-me de todas as influências, rotinas e concepções europeias. Havana Velha é um mundo por si só.
Por uma questão de respeito e privacidade para com as famílias, eu não tirei fotografias ao interior das moradias.
Fotografias da minha autoria, por favor, não as utilizar sem autorização prévia
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À esquerda, a antiga Universidade de Havana |
Por uma questão de respeito e privacidade para com as famílias, eu não tirei fotografias ao interior das moradias.
Fotografias da minha autoria, por favor, não as utilizar sem autorização prévia
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Há uns largos meses vi a Estée Lalonde falar sobre este livro e despertou-me a curiosidade, especialmente por ser da mesma autora de Comer, Orar, Amar.
Tirando este factor, aquilo que mais aguçava a minha curiosidade para ler A Grande Magia era o facto de este não ser um romance, um livro de história, mas sim uma publicação de opinião. Mas o meu coração caiu-me aos pés quando cheguei a casa e li a contra-capa. Pensei de imediato Comprei um livro de auto-ajuda.
E não vou ser simpática comigo mesma, não deixa de ser um livro de auto-ajuda. Sinceramente, é uma das duas partes que menos gosto neste livro. A própria afirma que o livro não foi feito para ajudar o leitor mas eu não fui muito nessa cantada. A segunda é que o acho demasiado... fantasioso, no sentido de que há certos raciocínios da autora que eu não escreveria, de todo, assim. Ela personifica a inspiração e a criatividade e, embora seja até um método interessante, há alturas que cai no exagero e que eu apreciava que ela fosse mais terra-a-terra. E há partes do livro em que o é. São esses capítulos, garanto-vos, que tornam o livro genial.
A Grande Magia fala da criatividade, da capacidade de criarmos algo que realmente nos diga alguma coisa, sobre a inspiração e como a ganhamos ou perdemos, sobre os obstáculos, desafios, sucessos e insucessos necessários para levarmos uma vida criativa... Em todos os aspectos dela.
Sendo eu uma blogger e tendo em conta que 90% das pessoas que vão ler esta publicação também o são, adianto-vos: é um óptimo livro. Para quem é blogger ou quer ser, sobre as exigências de se criar, em todos os detalhes, é um livro fabuloso! Mas para os outros 10% que pensam que isto é só para aspirantes a bloggers/pintores/escritores, tirem o cavalinho da chuva. Levar uma vida criativa pode ir desde escrever um livro a querer viajar pelo mundo. Ou praticar um desporto pela primeira vez. E Elizabeth Gilbert tem uma opinião fascinante acerca deste assunto.
Sim, não concordo a 100% com a expressão fantasiosa dela, mas já vos falei, anteriormente, sobre contrastes e sobre o quanto eu quero ler sobre pessoas, mesmo que tenham visões não 100% fiéis às minhas. Mas este é um livro que fala também sobre outras personalidades incríveis que a autora foi buscar para falar um pouco sobre a vida criativa extraordinária deles, sobre algo que eles disseram, fizeram ou opinaram. E, nesse sentido, o livro é muito enriquecedor porque não se limita a apresentar uma opinião sobre criatividade, por base em Gilbert. Ela fundamenta, exemplifica e conta histórias que suportam a sua conclusão. E eu adoro isso porque, além de conhecer a sua perspectiva, conheço ainda umas 20 pessoas que a ajudaram a alicerçar a sua visão. E isto, senhores, é o mais claro sinal de uma escritora íntegra.
Foi um livro que me fez pensar em diversos assuntos que atormentam a minha cabeça há uns meses e ajudou-me a assentar algumas ideias; outras tantas eu já concordava com Liz (especialmente aquele conceito absurdo da dor e criatividade) e ainda apareceram outras ideias sobre coisas às quais ainda nem sequer tinha pensado (como a opinião dela sobre seguir Artes na Faculdade). Eu sinto que é um livro que Elizabeth não gostaria que nos limitássemos a sorrir e a acenar para ele. É um livro que tem de ser gatilho para algo: para torcerem o nariz, motivarem-se, fazerem aquilo que andam há séculos a dizer "vou fazer um dia" ou para simplesmente terminar e dizer "não me revejo em nada no que ela diz". Faz-nos sentir e reagir. Não é isso que todos os autores sonham? You go, Liz.
Autora: Elizabeth Gilbert
Número de Páginas: 283
Disponível na WOOK (ao comprares o livro através deste link, estás a contribuir para o crescimento do Bobby Pins)
Disponível na WOOK (ao comprares o livro através deste link, estás a contribuir para o crescimento do Bobby Pins)
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Estou verdadeiramente entusiasmada por, finalmente, vos escrever sobre um dos pontos turísticos em Cuba que mais gostei de visitar! Em Bacunayagua esconde-se um grande tesouro paisagístico gratuito: o miradouro de Bacunayagua, que é espantoso logo no estacionamento, repleto de carros de época, uma das definições mais emblemáticas do país.
É neste miradouro, que me foi possível ver uma das mais belas paisagens cubanas, de fazer as palavras desaparecem e a emoções alterarem-se. Em Bacunayagua, eu emocionei-me; o verde intenso, as palmeiras reais que se vão recortando e definindo pelas montanhas e planícies, a ponte vertiginosa sob o rio Yumurí, as aves de rapina que se erguem no céu azul e a baía de Matanzas a espreitar, tornam todo o ambiente, de perder de vista, numa explosão de beleza inexplicável. Neste miradouro eu senti uma paz inexplicável e uma calma interior que gostaria de levar comigo todos os dias para o resto da vida, mesmo que, no local, o barulho dos turistas fosse bastante audível e a música ao vivo monopolizasse todo e qualquer tipo de som que pudéssemos obter da Natureza que estava diante de nós. Há ainda disponível uma loja de souvenirs e um bar que serve bebidas em ananases, um verdadeiro amor no paraíso.
Existem algumas lendas acerca do rio Yumurí, que podemos observar do miradouro, mas a minha preferida conta que o rio assim se chama porque era hábito os Índios, para fugirem da escravatura, se suicidarem atirando-se ao rio gritando "Yo morí" - eu morro-.
O Miradouro de Bacunayagua foi uma surpresa na nossa viagem de carro que não aparece explicitamente nos livros turísticos mas que é imperativo de visitar. Nenhuma palavra minha conseguirá explicar com precisão tudo o que senti ao ver tanta natureza infinita diante de mim, mas senti-me completa e grata por estar viva e de saúde para presenciar aquele momento com os meus olhos. É para isto que eu vivo. Obrigatório.
Fotografias da minha autoria, por favor, não as utilizar sem autorização prévia
Estava nas portas de entrada para a adolescência quando comecei o mundo do Taekwondo. Inevitavelmente, sempre achei que a minha escolha por esta arte marcial em detrimento do Aikido tinha sido sempre um pouco agridoce para o meu pai - mestre e professor de Aikido -. A verdade é que o Aikido (arte marcial japonesa) foi a minha primeira arte marcial mas - e como o meu pai sempre afirma, com razão - raramente é uma arte iniciada desde pequenos; Não há pontapés com floreados, não há murros com trezentos movimentos de braços antes, não há pulinhos, não há competição nem há cintos coloridos. Quer queiramos ou não, isto é o principal atractivo dos miúdos, razão pela qual 90% dos alunos do meu pai são dos 18 anos para cima.
Mesmo tendo escolhido uma outra arte marcial para praticar, há uns tempos reconheci o quanto fui aprendendo, ao longo dos tempos, com o Aikido, através do meu pai - muito mais até do que todos os meus anos de Taekwondo -. Quando era novinha ia às aulas dos adultos - ainda o meu pai era o aprendiz, o aluno - e eu fazia os treinos com os mestres (eles adoram treinar as técnicas com crianças porque são genuínas na reacção e no contra-ataque) e ainda hoje sei fazer movimentos e técnicas que aprendi aos 5 anos e que valem muito mais do que um pontapé arqueado. Eu consigo libertar-me de qualquer pessoa que me agarre pelos pulsos, seja uma criança ou um homem corpulento de 100 quilos a agarrar com força os meus pulsos de formiga. Não só me liberto como ainda lhe chego ao pescoço e o imobilizo. E descobri que fazia esta técnica com elevada naturalidade e eficácia numa coisa tão simples: tentaram agarrar-me para fazer cócegas e eu libertei-me todas as vezes. Genial, tendo em conta que nunca mais fiz nada de Aikido há 10 anos. Pensava eu.
A verdade é que quando toda a gente aborda o meu pai sobre as técnicas de Aikido, o fascínio é tremendo. Porque não há pontapés esvoaçantes, mas há imobilização do adversário com mestria; Porque não se fazem murros ou defesas arqueadas mas ensinam-te a libertares-te de alguém que te agarra o pescoço; Porque não tem competição mas não vale de nada sabermos dar pontapés se não aprendemos que zonas corporais são mais eficazes para o nosso ataque (para quê dar um murro no braço ou no abdómen quando temos os olhos e os ouvidos que desequilibram muito mais?). E depois de quatro ou cinco se lançarem contra o meu pai e de caírem todos redondos no chão sem o despentearem, correm logo para a recepção para fazer as suas aulas. Mas Aikido é, e sempre foi, muito mais do que uma arte de ataque e defesa. É uma filosofia.
Os alunos têm de entrar sempre antes do mestre e limpar o tapete. Varrem, arrumam o fato, aquecem, perfilam-se de acordo com cada graduação e aguardam que o mestre entre para começarem a meditação. Há sempre meditação antes do início do treino. No final do treino, voltam a limpar todo o tapete e desta vez com esfregão incluído. Aikido não ensina só a desviarem uma faca que está direccionada à vossa cara. Aliás, não vos ensina a entrar em cenas de pancadaria; todos os mestres de Aikido dirão que "Se estás a ver confusão, pancadaria ou tiroteio perto de ti, corres para o lado contrário porque a pistola tem sempre razão". Aikido ensina-nos a estar à mesa; a ter postura; como nos comportarmos com os mais velhos e mais graduados; a ter tolerância e a aguentar o cansaço, mesmo quando quer tomar conta de nós; a sermos mais do que revelamos num primeiro soslaio; e a saber responder na exacta medida do nosso atacante, sem nunca querermos ser mais fortes que eles mas sim usar a força deles e as limitações corporais contra eles. E eu acho que isto é uma verdadeira arte.
Não me arrependo dos pontapés e combates de Taekwondo. Estava na idade certa para os fazer, sei bem. E também sei que, apesar de nunca mais ter ido a treinos, nem limpado tapetes, nem meditado, nem estudado para exames para os graus de Dan, eu aprendi muito Aikido. A começar pela forma como estou em sociedade e com o que digo à mesa e a acabar soltando-me 10 vezes do meu namorado, a tentar prender-me para me fazer cócegas - para sua grande frustração e para minha diversão.
Já não falta quase nada para os Jogos Olímpicos - que tanto adoro assistir! E há imensas coisas pelas quais tenho fascínio neste evento, incluindo, os anúncios das marcas patrocinadoras. São sempre pequenos vídeos poderosos, emocionais, que acendem o pequeno atleta olímpico que todos temos dentro de nós (nem que seja para sermos olímpicos a fazer as coisas mais banais).
(Mais) agradecimentos às mães, o preço a pagar para se ser olímpico, votos de nações unidas, a força de sermos - apenas - humanos mas transcendermos. Estas são (algumas) das mensagens deixadas pelos meus anúncios favoritos, dedicados aos Jogos Olímpicos deste ano.
Qual o vosso favorito?
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Também ela considerada Património da Humanidade pela UNESCO, e seu nome atribuído em homenagem a um dos rostos da revolução - Camilo Cienfuegos - Cienfuegos é a "Pérola do Sul" de Cuba, com um estilo de cidade muito ligado ao mar e às suas baías bonitas e famosas. As ruas largas com bancos e palmeiras ao centro estão repletas de cidadãos que se sentam para conversar, ouvir música ou jogar cartas/dominó, as lojas de roupa que facilmente veríamos numa cidade marítima europeia são substituídas pelas moradias dos residentes que rapidamente se contrastam umas com as outras; Enquanto na porta número 3 encontramos um estilo arquitectónico colonial bem cuidado, com paredes repintadas e com manutenção, portas e janelas em bom estado, na porta número 4 encontramos uma casa com a tinta descascada, sem porta - apenas um gradeamento com portão e algumas plantas a decorar a entrada.
No centro histórico de Cienfuegos encontramos dois pontos de grande interesse: o Paseo del Prado, a rua principal da cidade, bem larga, com grandes edifícios desde teatros, mercados, hotéis e lojas, ideal para um passeio relaxado e para conhecerem melhor cada detalhe da cidade, verem a transição do estilo colonial para o neoclássico ou barroco e se entrosarem no ambiente cubano e o Parque Martí.
O Parque Martí é considerado o "quilómetro zero" de Cienfuegos e foi neste mesmo lugar que a cidade foi fundada. Ao vosso redor encontram inúmeros edifícios que merecem visita; O teatro Tomás Terry, com uma fachada austera e neoclássica e que mesmo ao lado tem um café, de seu nome Terry, que vos recomendo imenso que visitem pela música ao vivo e pela decoração no interior: um gradeamento com o tecto coberto de plantas e flores, por onde os raios de Sol entram nas brechas que sobram. Um dos espaços mais agradáveis e com um dos melhores expressos de Cienfuegos.
Encontram também o Museu Provincial - antigo casino espanhol - que é numa surpreendente cor acinzentada - nada comum nos edifícios por Cuba, coloridos e sempre nos seus clássicos tons pastel - mas imponente e muito bem conservado, e ainda mais um edifício que eu achei que seria uma potencial casa da Barbie: o Palácio Ferrer, com a sua cúpula que funciona como miradouro com acesso ao público, de um azul pastel maravilhoso.
Adoro este contraste maravilhoso: do lado esquerdo temos um sumptuoso edifício de estilo neoclássico com inspiração francesa; do lado direito, casas singelas e algumas com uma certa degradação. |
terça-feira, 2 de agosto de 2016
À medida que vou crescendo e vivendo, sinto cada vez mais necessidade de entrar em contacto com pensamentos, rotinas, ideias e culturas completamente diferentes da minha. Contrastantes em todos os sentidos, se necessário.
Faço questão de ler livros sobre formas de interpretar determinados temas que discordo - ou não acredito -, gosto de conversar com pessoas com filosofias diferentes da minha (especialmente de as ouvir e não tanto de entrar num debate de ideias, esse não é o meu propósito, embora adore uma boa discussão), de procurar viagens com culturas e rotinas completamente distintas da minha. Com realidades, dificuldades, vitórias e metas que em nada se encaixam com a minha forma de estar, ver e pensar no mundo.
Não por vaidade ou conflito. Como já referi, eu não gosto de ouvir essas pessoas para derrubar-lhes as bases em que acreditam ou desequilibrar-lhes os argumentos. Há tempo para fazer tudo - discutir e argumentar também - e eu faço questão de separar as águas. Eu quero ouvi-las. Eu quero ver, eu quero ler. Também não é com o objectivo de me sentir melhor que os outros ou apontar-lhes fragilidades que não tenho. Mas porque sinto uma urgência enorme de conhecer.
Conhecer em todas as vertentes. Eu gosto de conhecer o lado que é completamente distinto do que sou porque isso me faz - pelo menos eu acho que sim - aberta ao mundo, consciente e com capacidade de aprender. Eu não concordo com determinado pensamento, eu não sigo determinada religião, eu não vivo em determinado local mas eu sei como é. Eu conheci, eu ouvi, eu li e vi. E isso é completamente diferente. Isso torna-me mais completa como pessoa e mais segura das filosofias que quero entregar para a minha vida. Eu posso não ter fé em determinadas coisas, mas eu gosto de saber o que move as pessoas e como é que elas caracterizam a fé delas. Eu posso ser uma privilegiada com um tecto de sonho por cima da minha cama confortável, mas eu quero observar como quem não tem nada, por vezes, é mais completo do que quem tem tudo. E eu gosto simplesmente de conhecer o meu contraste. De ler livros, revistas ou ver palestras às quais eu termino e penso "Não penso, de todo, desta forma, jamais iria escrever um livro/revista ou dar uma palestra dizendo aquelas coisas" mas que contribuem para o meu intelecto e para a minha essência.
E, afinal de contas, eu acredito que mudamos, que evoluímos. E nada me garante que, daqui a uns tempos, o meu contraste venha a ser a minha cor favorita, ou a mais usada. Ninguém me garante que mude de ideias, que perca o tecto, que ganhe fé em determinada coisa e que deixe de acreditar no que acredito. E é óptimo eu estar preparada para os vários caminhos que tenho pela frente, que posso escolher. Porque já os conheço.
Não nego, é óptimo a familiaridade e o reconhecimento do que já sei que existe. É óptimo ler um livro em que parece que o escritor escreveu tudo só para ti, tamanha é a vossa harmonia de encontro de pensamentos. É óptimo estar à mesa com alguém com a mesma visão que a nossa - a sensação de que não estamos sós e que há pessoas que se complementam connosco - e é óptimo ver cidades com rotinas tão familiares que sabem a casa. Ver pessoas com a mesma fé e filosofia que a minha. Mas fazer questão de me encontrar com o que me diverge faz-me sentir que estou a optimizar cada característica que me desenha como pessoa.
Funcionando como um museu histórico da cidade, o Palácio Cantero deixa-nos de queixo no chão assim que passamos a porta. O contraste é cabal: deixamos as ruas rudimentares, coloridas, degradadas e singelas e entramos num mundo de luxo e sumptuosidade. Este foi um Palácio pertencente a várias famílias muito abastadas e cada divisão do mesmo demonstra na perfeição o seu poder de compra, desde os candeeiros de tecto aos móveis encorpados em madeira ou mármore, à decoração das paredes. Cada divisão está minuciosamente exposta para representar como seria viver naquela época, inclusive a mesa posta com os serviços de chá e refeição principal - de fazer os olhos brilhar - e a sala dos criados, de inacreditável simplicidade e pobreza.
O Palácio Cantero funciona como museu da cidade porque também existem alas especialmente destacadas para contarem com mais detalhe a História e as pessoas que mais influenciaram o curso de Trinidad. Batalhas, espécies de animais, músicos, escritores, escravidão, ocupações e invasões são algumas das temáticas disponíveis no museu mas, se nada disto chegar, ainda há um claustro de extraordinária beleza biológica e arquitectónica e uma torre aberta ao público com um miradouro que nos permite ter uma visão por toda a zona histórica de Trinidad - uma vista que arrebata o nosso coração pelo contraste das casas coloridas com o azul do mar e o verde fechado das montanhas.
Fotografias da minha autoria, por favor, não as utilizar sem autorização prévia
Uma regra que tenho em viagem e que faço ao máximo por cumprir é esta: não existe a minha mala de viagem. Sabem a mala rosa que vêem tantas vezes no meu Instagram (e aqui no Bobby Pins, também?). É só minha por fora porque, por dentro, raramente tem só coisas minhas.
Eu nunca meto todos os pertences de uma pessoa na mesma mala e faço sempre questão de separar tudo pelas várias malas que formos transportar, mesmo que só levemos malas de cabine. Eu separo desde a roupa interior, biquínis, casacos, camisolas e outros objectos pessoais que a pessoa carregue. Até sapatos.
Porque os aeroportos são espaços especialistas para perdermos malas. De porão ou cabine. E se alguém perder a sua mala, tudo o que era seu, tu-do, fica perdido com a mala também. Perfeitamente evitável se ela soubesse que tem várias mudas de roupa nas diferentes malas do grupo. Não ficou tudo perdido e ela ainda consegue aguentar-se uns dias para tratar da mala perdida ou para esperar o seu regresso - porque malas perdidas demoram 15 milhões de anos a regressar.
Para mim, esta regra é essencial. Em viagens comigo, não há cá Minha mala. Tudo se divide, todas estão abertas e as roupas e coisas são distribuídas. São hábitos de viagem que vão ganhando com a experiência.
Fotografia da minha autoria, por favor, não a utilizar sem autorização prévia
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Julho foi uma miscelânea. De emoções e afazeres, de projectos, de preparações e de vitórias. Julho foi um mês muito completo e emocionante para mim, entre provas à minha ansiedade e capacidade argumentativa e momentos deliciosos com pessoas que me enriquecem todos os dias e uma viagem inesquecível. Este mês eu reuni Favoritos muito diversificados que quero que vocês conheçam.
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