Finalmente chegamos à famosa Havana!!! De todas as capitais que já visitei, Havana foi a que mais superou as minhas expectativas. Foi surpreende, muito mais do que imaginava e derrubou todas as certezas que tinha sobre a mesma. Todo o sururu em volta da cidade é altamente compreensível: Havana é, numa só palavra, encantadora.
Havana é a cidade que faz mais contraste com todas as outras cidades de Cuba que visitei, o que é justificável, dado que é a capital e a cidade com mais habitantes no país (cerca de dois milhões). Se nas outras cidades, como em Trinidad ou Cienfuegos, eu reconheci-lhes pacatez e simplicidade, em Havana eu identifiquei sumptuosidade e agitação.
Podemos dividir Havana por duas áreas: Velha e Moderna. É em Havana Velha que identificamos mais a pobreza que está inerente por todo o país; Era em Havana Velha que as famílias mais abastadas mandavam construir as suas mansões coloniais colossais e sumptuosas mas, após a Revolução, a maioria fugiu e deixou as mansões para trás, que foram envelhecendo, ruindo e degradando. São muito poucos os edifícios da cidade que receberam reparação ou reforma. Havana Velha transforma-se assim num ambiente muito abandonado onde quer que passemos, não por pessoas, mas por edifícios. Todas as ruas parecem degradadas e sem conserto. Ainda assim, identificamos a pobreza que já tinha referido por ser o ponto de moradia da maioria das famílias mais carenciadas, que se apoderaram dos edifícios abandonados ou degradados. É incrível passearmos pelas ruas e irmos observando o interior de edifícios completamente estragados mas que tinham entradas colossais, tectos de perder de vista e arames onde, em tempos, estaria um luxurioso candeeiro de tecto. Espreitamos o interior e encontramos famílias de cinco a ver televisão em sofás estragados no hall dessas mansões cheias de pó e de paredes a ruir, com escadas gigantescas e esculpidas, no interior. É um paradoxo extraordinário: uma família sem condições vive num edifício de riqueza arquitectónica digno das maiores capitais europeias, mas que ninguém deu a chance de recuperar e que se torna, simplesmente, num tecto e num abrigo.
Enormes edifícios dignos de palácios são divididos pelos cidadãos em diversos pisos, onde o rés-do-chão é utilizado para o comércio e os seus empregos (desde cabeleireiros, mercado negro de charutos cubanos, manicure, venda de quadros, mercearias) e os andares de cima para habitações. Foram imensas as casas onde eu vi que as portas de entrada eram as janelas do primeiro piso, onde o acesso era feito por escadas rudimentares de madeira. Não há portas em quase lugar nenhum, e não é difícil ver a rotina e as divisões interiores das casas na nossa passagem. Eles não se incomodam; andamos na rua e facilmente vemos os edifícios sem porta, mas com alguém a ver televisão ou uma família a almoçar pacatamente. Existem até conjuntos de casas, com claustros interiores onde estão disponíveis lojas para fazermos compras de souvenirs e cujos corredores de acesso passam mesmo pelas casas. É um mundo inacreditável e que só visto parece ser credível!
As cores típicas de Cuba prevalecem, podemos ainda entrar na antiga Universidade de Havana (absolutamente lindíssima, uma visita muito mais enriquecedora do que a nova Universidade de Havana, que não tem absolutamente piada nenhuma e é um edifício sensaborão) e ver com os nossos próprios olhos a vida cubana no seu estado mais puro e genuíno; as crianças na rua a brincar descalças, saltando à corda ou jogando futebol, as pessoas sentadas à entrada de casa, nos passeios ou nos bancos a conversar, jogar ou ouvir música, muitas delas a vender comida caseira aos transeuntes, bicicletas por todo o lado e uma humildade sem precedentes.
Em Havana Velha eu despi-me de todas as influências, rotinas e concepções europeias. Havana Velha é um mundo por si só.
Por uma questão de respeito e privacidade para com as famílias, eu não tirei fotografias ao interior das moradias.
Fotografias da minha autoria, por favor, não as utilizar sem autorização prévia
À esquerda, a antiga Universidade de Havana |
Por uma questão de respeito e privacidade para com as famílias, eu não tirei fotografias ao interior das moradias.
Fotografias da minha autoria, por favor, não as utilizar sem autorização prévia
É impressionante a variedade de locais maravilhosos que Cuba tem. Nunca valorizei-a como deve ser, e agora é um dos lugares que eu adoraria visitar.
ResponderEliminarÉ inacreditável a pobreza que existe na capital, sobretudo, como disseste, em edifícios que outrora foram ricos e majestosos.
Beijinhos,
Cherry
Blog: Life of Cherry
Que relato maravilhoso, Inês. E que mundo à parte mesmo! Não fazia ideia que havia essa fronteira tão ténue entre o mundo privado e a rua - é um contraste quase mágico com aquilo que nós conhecemos, e que vontade de o conhecer!
ResponderEliminarJiji
deve ser uma pena ver esses edifícios lindos serem assim abandonados
ResponderEliminarmesmo assim, fiquei com imensa vontade de conhecer
beijinhos
http://umacolherdearroz.blogspot.pt/
Cada vez tenho mais vontade de ir a Cuba, estou completamente fascinada.
ResponderEliminarBeijinhos,
http://semmediidas.blogspot.pt/
A tua descrição foi maravilhosa... Senti-me lá de verdade :) E fiquei com imensa vontade de viajar! É tão bom sairmos do nosso nicho e conhecermos realidades tão diferentes da nossa! :)
ResponderEliminarum beijinho,
Sara
Nunca fui a Cuba, mas adorava :)
ResponderEliminarqual o teu sabor de gelado favorito?
ResponderEliminarApesar de existir a pobreza, os edifícios coloridos acabam, de certa forma, por compensar todo o degradamento existente nos mesmos. Essas cores são capazes de dar luz às ruas; de chamar pelas pessoas; de, talvez, fazê-las querer viver mais do que um dia!
ResponderEliminarAs tuas fotografias estão incríveis Inês! Obrigada por partilhares connosco um bocado da tua viagem a Cuba!
A Vida de Lyne