BLOGOSFERA || Aos olhos de fora...


Comecei a escrever neste mundo em 2008 e muitas mudanças vi acontecerem na blogosfera. Porém, não acho que a interpretação das pessoas de fora em relação ao que é um "blogue" tenha mudado. Reconheço que já tinha chegado a esta conclusão há mais tempo do que pensava mas que só se deu o click quando li um artigo, numa edição de revista sobre os blogues, sobre as gerações blogueiras. Antes que se interessem, o artigo não passava de uma pequena coluna que pouco ou nada desenvolvia a não ser esta ideia que é a razão pela qual escrevo este post: a autora do mini-mini artigo relacionava os blogues com diários; Que as novas gerações já não tinham os típicos diários de cadeado duvidoso e sim blogues onde expunham os seus pensamentos privados num link público. Concluí, então, que a autora em questão não podia ser gestora de um blogue, com certeza. Não porque não existam blogues-diários, porque há e já falei sobre isso há uns meses, mas porque assumir que a blogosfera é uma enorme rede de diários é uma ideia absurda. Mas, por mais curioso que seja, é essa a ideia que as pessoas de fora têm em relação a blogues. Um bando de diários de miúdos de escola.
Sinto que o mundo dos blogues é um conceito muito abstracto. As pessoas sabem que existem blogues de moda mas assumem-los como coisas muito personalizadas e próprias dos autores, ou seja, assumem que foram eles que construíram o site, o blogue em si e que não é uma porta aberta para toda a gente. Consideram-no um mundo muito, muito exclusivo. Que há os baby-blogues que são diários de mamãs e depois há os blogues em si cuja a ideia que têm está presa em 2008. Concluo isto porque, cada vez que digo escrevo num blogue/sou blogger obtenho imensas reacções e 90% delas não fazem sentido ou não se enquadram no que faço. Já me responderam Ah, eu também escrevo, mas em caderninhos e assim, era incapaz de partilhar esses pensamentos privados e lá tenho eu de explicar que eu não escrevo um diário de escola. Que eu não conto como foi o dia e sinto-me quase envergonhada por sequer assumirem que faria tal coisa. Outras olham para mim com uma expressão vazia e de confusão, não fazem ideia sequer do que tal significa. Afinal, o que é que uma miúda de 20 anos vai blogar? 

Mas as melhores reacções que recebo são quando mostro blogues. Já me aconteceu uma amiga minha confessar-me que anda à procura de um determinado batom e eu mostrar-lhe um dos blogues que sigo (que por acaso tinha feito uma review a um batom que condizia com as características que ela procurava) com os detalhes de onde o arranjou e ela ficar maravilhada ou falarem-me de um filme e eu dizer "Li sobre ele num blogue e a critica foi X" e ficarem pasmos. Mas vocês escrevem sobre maquilhagem? Existem reviews de maquilhagem? Existem opiniões de cinema e livros nos blogues? Existem artigos giros de ler nos blogues? Existe esta partilha de ideias tão giras e nas quais nunca tinha pensado? E isto são perguntas que eu estou a reproduzir sinceras, verídicas e que mas disseram na cara. Lamentavelmente eu apenas encolho os ombros e respondo Do que havíamos nós de falar? Do que comemos às 10h da manhã e do quão apaixonados estamos pelo tipo da escola que nos cruzámos no bar enquanto bebíamos um vigor de chocolate? Qual é o propósito?
Aos poucos vou conseguindo mudar, no meu círculo, a visão das pessoas acerca do que é a blogosfera. Nem falo de opinião porque, sinceramente, acho que as pessoas nem matéria têm sobre blogues para desenvolver uma opinião. E fico feliz pela surpresa positiva. As pessoas rendem-se a este mundo. As pessoas gostam e escrevem os links que lhes mostro nos seus bloquinhos para visitarem. Porque somos úteis e giros e práticos. E cativantes. E é bom eu conseguir ir chegando a pouco e pouco a muita gente de fora. E fico vagamente esperançosa que outros bloggers façam o mesmo e consigamos desmistificar este pseudo-preconceito de ser blogger. Porque os cadeados numa capa às florzinhas cor-de-rosa nunca foi a minha cena.

13 comentários

  1. Subscrevo este texto por baixo. Tal e qual sem tirar nem pôr. E miúda, podes parar de me cativar com as tuas palavras? Cada vez que aqui venho sinto uma inspiração do tamanho do mundo e só me dá ainda mais vontade de aqui continuar. Obrigada! (Será que tenho sempre de te agradecer sempre que aqui venho?)

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  2. A primeira vez que disse em voz alta que tinha um blog, a resposta foi: "(risos) Queres ver que agora ficaste uma maricas do pior?". Fiquei sem reacção. E nem me dei ao trabalho de desmistificar isso porque a pessoa em questão não valia a pena, mas fiquei completamente parva com a opinião! No entanto, as minhas amigas interessaram-se em saber sobre o que escrevia e também lhes mostrei outros blogues. Uma delas até me disse que tinha por hábito visitar um e que adorava blogues mais versáteis exactamente por conseguir esclarecer dúvidas e ler opiniões.

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  3. Eu entendo aquilo que queres dizer e, quando cheguei à Blogosfera (2008 ou 2009, também), senti que as pessoas tinham essa opnião também apesar de eu nunca ter sido capaz de manter um diário (nem em papel, nem num blogue) porque a verdade é que ainda não se tinha dado o "boom" dos blogues e ainda eram plataformas pouco procuradas pelas pessoas em geral e pelas marcas e afins.
    No entanto, acho que agora não é tanto assim. Pelo menos eu nunca fui alvo desse tipo de comentários ou "estranhezas" nas caras das pessoas que me ouviam nem tive amigos/conhecidos surpreendidos nesse sentido, com os conteúdos que eu recomendava ou publicava. Não sei se tive apenas sorte com as pessoas que me "calharam" para falar sobre o assunto mas tive e tenho respostas muito positivas quando refiro blogues (o meu, o teu e outros) e acho que as pessoas já não associam tanto esse conceito de diário à blogosfera. Sabem que ainda existem esses blogues - como nós também sabemos - mas percebem que também existem páginas de informação, de partilha, de publicidade, de opinião e entendem que há blogues de todos os tipos para todos os gostos - da mecânica à culinária ou da moda à maternidade - apesar de estarem sempre em destaque os blogues mais comerciais.
    Com certeza haverá pessoas menos informadas mas, no meu caso e nas minhas conversas, sempre consegui fazer referência a blogues sem receber olhares de dúvida ou reacções estranhas, sempre consegui recomendar alguns textos sem respostas absurdas aos nossos olhos... Acho que a ideia do blogue que serve exclusivamente para sentimentos e desabafos está já um pouco ultrapassada...
    Nesta publicação tenho que discordar: acho que as pessoas evoluíram e deixaram de lado essa ideia :)

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  4. Eu às vezes ainda sinto essa reação de estranheza das pessoas. Simplesmente não entendem. Só percebem quando veem o meu blog. Na entrada para a faculdade, cheguei até a ter uma colega que me chamou à parte e disse: "Eu estou preocupada contigo. Não achas que expões demasiado a tua vida?" E eu fiquei sem resposta. Senti-me envergonhada até mas não sabia porquê. Por fazer uma coisa que adoro? Pensei naquilo durante semanas e finalmente fiz as pazes com aquela conversa e decidi continuar a ser a blogger que sou e que amo ser.

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  5. Concordamos a 200% contigo! Acontece-nos exactamente o mesmo. Mas de tempos a tempos, pode ser que se mudem os tempos e as perspectivas... Podemos não mudar o mundo, mas por certo que poderemos fazer a diferença aos poucos!
    O importante é não desistirmos de mostrar a diferença!! Obrigado por continuares a acreditar nessa mudança, que fará por certo a diferença!

    P.S. - Adorámos mesmo conhecer o teu blogue. Já ficámos a seguir-te!

    - Ela e Ele, do blogue de casal.
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  6. O problema é que agora os blogs deixam de ter a ideia de ser um diário ou das pessoas escreverem o que querem, para passar a ser um negócio. Cada vez mais os blogs estão na moda e todos querem ter um apenas pelo dinheiro. Daí a magia ter-se perdido.

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    1. Sim, é verdade que há quem se iluda e faça blogues com objectivos de negócio mas não concordo que seja tendência na blogosfera. Não para já :)

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  7. Acho que as pessoas cada vez mais recorrem aos blogues à procura de opiniões honestas, já que a publicidade engana. A minha mãe já o faz e nem sequer fui eu que lhe introduzi a este mundo vasto de opiniões.

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  8. Encontrei o teu blog no inicio deste ano, por mero acaso. Acho que foi das maiores lufadas de ar fresco, "tecnologicamente" falando :)
    Venho aqui diariamente ver o que publicas, e sigo-te também no twitter. Tenho-te a dizer que és uma verdadeira inspiração, a maneira como encaras a vida e a tua maneira de pensar cativam-me imenso! Para não falar da maneira como escreves e a tua veia artística fotográfica, que me deliciam imenso e me deixam a "babar" por mais.
    Não considero o teu blog como sendo um diário, longe disso, abordas todos os tipos de temas, até mesmo alguns pessoais mas sem precisares muito nos detalhes. Identifico-me imenso contigo, principalmente quando se toca no assunto de "inseguranças", mas alguns conselhos que vais deixando aqui fazem-me gostar mais de mim, e por isso quero-te agradecer e dizer que és uma miuda linda e desejo-te toda a sorte no mundo.
    Nunca deixas de publicar e partilhar connosco um pouquinho da tua vida :)
    Um grande beijinho de uma fã

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    1. Muito obrigada pelas palavras tão carinhosas. Fico muito feliz por conseguir fazer o meu blogue chegar a ti e de uma maneira tão positiva e alegre. É tudo o que quero. Obrigada :)

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  9. Quando criei o meu blogue, tinha o objectivo de ir publicando alguns textos (uns que já tinha escrito há mais tempo e outros já mais actuais).
    Apenas muito recentemente decidi que poderia variar um pouco a natureza das publicações para o tornar um pouco mais (atr)activo, até porque há tópicos interessantes de abordar e desta forma o blogue ganha um pouco mais de diversidade no conteúdo.
    Relativamente aos textos, muitos deles na primeira pessoa, não são pessoais, isto é, escrever na primeira pessoa não significa necessariamente que o texto seja verídico, como é óbvio (acho que já tinha comentado isto num dos teus posts de há algum tempo)! Muitos deles são fictícios e parece que é isso que muitas pessoas não entendem! Escrevia muitas vezes com um «eu» e um avô que nunca tive. Outras, imaginando episódios de um alguém super feliz ou, contrastando, muito mais retraído, revoltado até. Acho que é interessante (julguem-me!!!) tentarmos (re)criar situações em que somos nós que vivemos essas dificuldades, vitórias ou derrotas e tentarmos perceber a razão de certas atitudes e de certo modo (d)escrever possíveis pensamentos desses estados de espírito! Tentar colocar a nossa pessoa no lugar do outro, «calçar os sapatos do outro», como se costuma dizer. Isto não implica que esses «eus» sejam a minha pessoa, explico isso na página Sobre Aguarela. Embora alguns textos sejam dedicados à minha avó (não são muitos, pois por serem mais «meus» não os coloco muito por aqui), a maioria é uma história nascida no lápis e no papel porque sim! Porque me apeteceu escrever sobre algo e aquilo saiu!
    Já me abordaram, questionando se eu não tinha um certo receio, uma espécie de medo, de publicar desta forma os meus pensamentos e sentimentos, revelando então que a ideia que a generalidade das pessoas tem em relação a um blogue é a de um diário (coisa que, embora exista, não são estes os casos, como referiste)... e como muitos não estão dentro deste mundo, ficam com essa ideia! Eu respondo que, na verdade, na maioria das vezes (mesmo maioria), não são os meus sentimentos que ali estão. São sim, os meus pensamentos que resultam da imaginação de tais sentimentos. É uma história! Se bem que tem sempre algo meu, pois fui eu que o escrevi, mas isso não significa que seja o que eu realmente senti ou que realmente pensei/passei. Quase sempre é só vontade de escrever, escrever, escrever. Porém, tudo é escrito com o coração!

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  10. De facto também já senti desses olhares e já fui alvo de perguntas do género. Já perdi a conta à quantidade de vezes que me perguntaram "Mas afinal, para quê que tens um blog? Isso serve para alguma coisa? É só uma perda de tempo..." e lá acabam por levar com uma longa resposta da minha parte. Acho que quem não conhece muito bem este mundo nem sequer sabe bem do que se trata, tal como referiste, mas eu não podia gostar mais de ser blogger e de ler outros blogs (como o teu, que adoro), porque trata-se de uma partilha. Partilha de coisas úteis e isso de facto torna-nos pessoas informadas, atualizadas e com um espírito crítico acima da média o que é excelente. Gostei muito do texto. Beijinhos!
    Blog: As Confissões da Andreia

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