Ainda Bem que a Minha Mãe Morreu


Se o título tivesse passado despercebido – que não passou -, a cobertura mediática que se gerou aquando do lançamento do livro deixou-me, de imediato, com a curiosidade aguçada. iCarly não era uma série que acompanhasse assiduamente, mas estava familiarizada com o plot e com a atriz que, agora, lançou-se em nome próprio com o seu livro de memórias. As críticas muito positivas convenceram-me a passar Ainda Bem que a Minha Mãe Morreu à frente na TBR. 

Escolhi a versão audiobook, narrada pela própria, para acompanhar aquela que foi a sua atribulada carreira como atriz e a influência da mãe não só em todo o seu percurso profissional, mas também na sua vida. 

Jennette McCurdy não sonhava nem era – na maioria das vezes – feliz a ser atriz, mas o sonho reprimido da mãe levou-a a que começasse a representar desde tenra idade. Esse momento abriu portas para que a mãe tivesse imposição e impacto em grande parte da sua vida, desde o que comia, com quem se dava e até a própria hora do banho. 

Não precisamos de ter visto iCarly nem de saber ao certo quem é Jennette para reconhecer a familiaridade daquilo que ‘engavetamos’ como ‘Disney Girls’: atrizes que marcaram a nossa infância (e, por consequência, a sua infância) e que foram aprisionadas profissionalmente e moralmente pelas suas personagens, precisando de uma espécie de Grito do Ipiranga na forma de excessos como forma de, legitimamente, se afirmarem e libertarem. 

No caso de Ainda Bem que a Minha Mãe Morreu, navegamos por uma camada extra onde acompanhamos também o impacto que uma mãe narcisista pode provocar na vida dos seus próprios filhos, tornando-os pouco autónomos, emocionalmente dependentes e incapazes de se defenderem contra abusos externos. É um lembrete profundamente doloroso, mas real, de que nem sempre um familiar, por mais próximo que seja, quer o nosso bem ou que lhe devemos lealdade ou compaixão. 

Para mim, foi especial poder ouvir esta história através da sua voz e emocionar-me com ela quando a voz quebrava (mesmo tendo um equilíbrio perfeito entre relatos mais sensíveis e momentos aligeirados). É um dos meus livros preferidos de 2023 até agora, mas deixo uma nota de alerta que tem relatos muito explícitos sobre alcoolismo e distúrbios alimentares (tenham isso em conta se estiverem numa fase mais difícil).


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Bertrand

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