Há mistérios interessantes, e a forma como este livro veio parar à minha lista de TBR do Goodreads é uma delas. Não me lembro de quem o recomendou ou como, mas num momento de indecisão acerca da próxima leitura, a curiosidade acerca de como este livro foi lá parar falou mais alto.
Iniciei Tiny Beautiful Things um pouco às cegas. Não conhecia o projeto inicial que desencadeou o livro e, lamentavelmente, também não conhecia a autora, Cheryl Strayed – facto que já redimi. Tiny Beautiful Things começou por ser uma coluna onde uma conselheira anónima (que, agora, sabemos que era a Cheryl Strayed, mas que, na altura, se apelidava como Dear Sugar) oferecia respostas para as mais variadas e complexas questões do seu público, desde os clássicos dilemas de amor, a temas mais profundos como a superação de traumas. O que diferenciava a coluna da Dear Sugar de tantas outras com premissa semelhante eram, precisamente, as respostas; embora o seu nome incluísse ‘sugar’, as respostas eram cruas, sem paninhos quentes e bastante longas. A Dear Sugar é uma mulher vivida e com um passado duro, e acumulou essas aprendizagens para as partilhar com os seus Sweet Peas (a forma como se dirigia ao público) sem agressividade, mas com a assertividade necessária e a experiência de vida ideal para partilhar conhecimento de causa. A compilação das melhores perguntas e conselhos resultou neste livro.
É difícil explicar-vos porque é que achei Tiny Beautiful Things tão especial, principalmente quando não passa de uma compilação de colunas de dúvidas e uma vasta compilação da expressão 'Dear Sugar' e 'Sweet Pea' que a crítica reclamou como ‘enjoativo’ (e eu compreendo). Mas não consegui pousar este livro e encontrei nas palavras da autora e nas dúvidas do público uma sensação de conforto, tanto por não me sentir sozinha em alguns dos dilemas, quanto pela segurança com que a Dear Sugar transmitia nas suas respostas.
Uma outra crítica recorrente é o tamanho das respostas; embora o título inclua 'tiny', não esperem respostas sucintas, mas eu não as quereria de outra forma. Cheryl Strayed usa sempre uma história pessoal como ponto de partida para explicar a razão da sua resposta, o que faz muito sentido para mim e me permite compreender a natureza e origem do seu conselho (confere-lhe a autoridade necessária para eu sentir que não está a brincar aos questionários e que a sua assertividade tem um sentido). Também me permitiu conhecer um pouco melhor a autora e reconhecer as suas aprendizagens.
Foram vários os momentos em que sublinhei passagens, dicas e reflexões que, ainda hoje, me orientam quando me deparo com um problema semelhante ao partilhado numa das colunas. Gostava de o ter lido com menos sofreguidão e acho que, assim, denuncio completamente que fui muito fã desta leitura e que gostava de ter a capacidade da Dear Sugar para oferecer conselhos tão orientados e precisos – dizendo o que a pessoa realmente precisa de ouvir e não o que fica bonitinho numa coluna.
Foi uma leitura tão surpreendente como o livro ter surgido no meu Goodreads e, por isso, acho que foi um sinal do Universo de que precisava mesmo de o ter lido. Só posso agradecer à Inês do passado que, em algum momento, o adicionou e que tanto conforto e orientação ofereceram à Inês do presente.
Adoro livros com premissas bem diferentes e incomuns, vou adicionar à minha tbr list! obrigada <3
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