Talvez tenha de começar este artigo com um sincero pedido de desculpas. Recebi O Meu Pé de Laranja Lima quando tinha 11 anos através de uma amiga querida da família que deixou uma das dedicatórias mais bonitas na primeira folha. Foi o primeiro livro com dedicatória que recebi e guardei-o com carinho até hoje.
Estava muito entusiasmada para o ler mas o feedback de todos os que me rodeavam era consensual: o livro era extremamente melancólico e fazia qualquer leitor chorar. Fiquei tão assustada que guardei o livro sem o ler. Não sabia se conseguiria processar.
Ficou arrumado, cuidado, mas esquecido. Só este ano voltei a prestar-lhe atenção, reli a dedicatória e li. Estou feliz por o ter feito neste tempo porque, embora seja uma narrativa muito simples, com expressões muito tropicais e com uma brisa do outro lado do Atlântico, é um livro que nos despedaça.
O Meu Pé de Laranja Lima apresenta-nos Zezé, um menino de 6 anos com muita imaginação, traquina e pobre que vive com uma família muito carenciada e disfuncional. É durante uma mudança para uma nova casa que descobre um pé de laranja lima, com quem trava, de imediato, uma amizade inusitada. A esta amizade junta-se também Manuel Valadares, mais conhecido como Portuga, um emigrante que assume uma figura paternal para Zezé, que descobre o significado de família sem ter de levar os mais violentos castigos.
O Brasil pobre, a infância dura, maus tratos, abandono e morte são os temas protagonistas de um livro que, durante muitas páginas, parece ser leve. Graças ao feedback de tantos, senti que entrei na leitura protegida e preparada, mas nem assim fiquei imune a algumas lágrimas de tristeza ou repúdio.
Esta é uma obra que consegue combinar muito bem os relatos de dura realidade com algumas subtilezas metafóricas muito especiais e bonitas pela sua simplicidade. É talvez essa a razão pela qual O Meu Pé de Laranja Lima não é um livro de melodrama gratuito. A sua violência rebenta a nossa bolha perfeita mas não vai embora sem antes deixar uma preciosa reflexão que nos acompanhará até muito depois de a leitura terminar.
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Li este livro há cerca de 2 anos e estou super arrependida por não o ter lido mais cedo. É um dos meus livros preferidos!
ResponderEliminarLi-o pela primeira vez com 8 anos na escola. Apesar de poder parecer um livro triste ou até pesado para uma criança tão pequena, ainda hoje estou grata à Professora que me apresentou este livro e acabou por marcar a minha infância
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