No passado sábado, após a confirmação nacional das Câmaras e associações carnavalescas do cancelamento das festividades para 2021, os torrienses — eu incluída — foram surpreendidos com o anúncio do tema de Carnaval de 2021, uma tradição tipicamente divulgada no verão e que, dadas as circunstâncias, não esperávamos que viesse a ser considerada.
Tenho alma foliona desde que me conheço e não houve um único dia da minha existência que tenha adormecido esta paixão, mesmo tendo sacrificado algumas das edições mais recentes pelas viagens. Continua a ser um evento pelo qual aguardo ansiosamente e com grande entusiasmo, todos os anos. Mas não nestas condições.
A "Máscara" é o novo tema do Carnaval de Torres de 2021, um anúncio que tem divido opiniões e no qual eu me encaixo naqueles que se sentem desconfortáveis com o anúncio. Num evento em que dizemos tantas coisas sérias em tom de brincadeira (e ninguém leva a mal) o tema não só é absolutamente aborrecido (um trocadilho previsível e pouco criativo) como alimenta um receio partilhado por muitos: como se irão comportar os torrienses na época do Carnaval?
Em tempos como estes, as regras são claras, e um evento que tão bem prima ajuntamentos (no bom sentido), (re)encontros e festa não tem sentido em concretizar-se sem ser na sua versão original, aquela que lhe dá graça, charme e identidade. O abraço das Matrafonas, as danças, o público a apreciar os corsos, as praças cheias de pessoas, brindes e disfarces. Há demasiada vida no nosso evento para manchá-lo com esta realidade tão estéril. Mas também é certo que será um evento sinalizado por muitos, em 2021, e nem todos saberão ter um comportamento exemplar; tenho receio que não cumpram com o definido e saiam às ruas em grupos regados a álcool. Que a máscara (a errada) seja uma desculpa para nos desresponsabilizarmos de comportamentos que têm de ser muito sensatos e que não combinam com a descontração do Carnaval de Torres.
Não sou ingénua ao ponto de pensar que a organização está a preparar um evento com a dimensão dos seus precedentes — seria um absurdo que nunca sairía do papel — e entendo que anúnciar um tema de Carnaval (uma tradição tão nossa) seja uma tentativa de aproximar 2021 de uma realidade mais familiar e de tentarmos adaptar (de forma contida e na segurança das nossas casas) um evento que nos diz muito. No entanto, não consigo esconder a preocupação de que tal favoreça e incite decisões irresponsáveis ou pior: que em tempos como estes, seja uma brincadeira de absolutamente mau gosto e de péssimo timing. Aqui, há vários motivos para se levar a mal.
Acabei de assistir ao anúncio do tema dividida, sem o mínimo entusiasmo de recriar este tema em casa (como já referi, não o achei inovador) e com mais medo dos ajuntamentos insensatos do que já tinha antes. Acredito na capacidade da organização para conseguir tornar esta decisão tão sensível e fraturante numa proposta de sucesso (tenho esperança de que realmente as pessoas sejam exemplares e que, das suas casas, saiam autênticas provas de que o Carnaval sempre esteve, na verdade, dentro dos nossos corações e não nas ruas) mas uma parte de mim sente que esta foi a forma errada e o timing desadequado para demonstrar uma mensagem bonita: continuamos a ser foliões, em segurança. Espero não me desapontar, em Fevereiro.
Este tipo de anúncios e tentativas de normalidade estão a ser frequentes e receio que sejam perigosos. Penso como tu, mesmo não gostando de Carnaval.
ResponderEliminarNão podia estar mais de acordo. O nosso verdadeiro Carnaval não é possível ser vivido com distâncias e mais vale não o festejar do que dar origem a descuidos.
ResponderEliminarEm relação ao tema, e visto que eles nunca se repetem nunca se repetem, até nem me importo que este fosse sem graça para não termos pena de não festejar com um bom tema.
Revejo-me nas tuas opiniões, mesmo não sendo grande fã do carnaval. Espero que, mais breve do que nunca, volte a folia, a festa e os teus disfarces giríssimos. Espero que, dentro do possível, corra tudo pelo melhor.. :/
ResponderEliminarNão sou fã do Carnaval mas, independentemente disso, acho que nesta altura tal não deveria ser sequer considerado. É verdade que é uma tradição e que muitos desejam que aconteça, mas será realmente seguro? Não estaremos a querer forçar um regresso "à normalidade" que está ainda longe de vir a ser exequível?
ResponderEliminarNos próximos meses não haverá festas, nem carnaval, nem reveillon ... Haverá Natal?
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