Nos abraços da minha mãe. Com a 'sopa amarela' e a lasanha da minha avó. Com o carinho das pessoas que mais me querem bem — e que eu quero tanto o bem delas. No meu quarto, com as minhas coisas, a minha identidade. Sinto-me em casa quando abraço a Belka e penso na Laika. Quando chego a Aveiro, a Torres, a Lisboa ou a Sintra. Sinto-me em casa no Bobby Pins e em frente ao mar — seja ele qual for. Senti-me em casa em Oslo, Sevilha e Londres.
Sinto-me em casa quando escuto 'amo-te'. Ou quando oiço violino. Quando toco ré e sol ao mesmo tempo nas cordas. Quando caminho por Santa Cruz e com o seu cheiro a maresia ou quando passeio pela Quinta da Regaleira e me recordo da minha história de amor. Quando adormeço a ouvir a chuva. No aeroporto. De cabeça encostada a ouvir os batimentos cardíacos de quem amo.
Estou em casa quando piso um campo de basquetebol. Sinto-me... reunida. Provavelmente é aquilo que a pessoa com a fé mais pura sente quando entra numa igreja. Eu sinto-me ali, entre quatro linhas, reencontrada. E sinto-me em casa quando bebo Earl Grey ou quando oiço Coldplay, Novo Amor, London Grammar, Anavitória, Ludovico Einaudi. Sinto-me em casa a ler cartas escritas à mão e nas reuniões de família. Sinto-me em casa entre amigos, que são o meu chão, o meu tecto, as janelas por onde posso observar o mundo da forma que eles veem.
Sinto-me em casa quando leio um livro que diz o que sinto. Quando um amigo me ouve e entende o que quero dizer, não importa o quão disparatado seja. Sinto-me em casa quando escrevo e comunico. Quando vou ao nosso restaurante. Quando rio com gosto. Quando me dizem 'Isto é tão Inês'.
Sou a minha casa. A minha pele, o meu cheiro, as minhas cores, as minhas sardas. As minhas (in)satisfações com o meu corpo. Os meus sonhos, os meus trejeitos, as minhas expressões. O tom da minha voz e as minhas sensações. São casa. Eu sou o meu próprio lar antes de abrigar ou procurar casa em qualquer outro lugar, pessoa, ou particularidade.
Simplesmente fantástico ��
ResponderEliminar"Quando caminho por Santa Cruz e com o seu cheiro a maresia"
ResponderEliminarGosto de ler o teu blog Inês por várias razões mas quando escreves sobre Santa Cruz sinto-me compreendida. É a minha casa :)
Este teu texto fez-me sorrir. Fez-me sentir em casa. Que palavras bonitas e que coração enorme tens. És linda :)
ResponderEliminarMaravilhoso, aliás como sempre!
ResponderEliminar* Intenso, genuíno, simples e cheio de memória. Parabéns! Incrível mesmo!
Sinto-me em casa quando leio os teus posts.
ResponderEliminarPor tudo o que conheço de ti (mais pelo mundo da Blogofera), isto é mesmo muuuuuuuito Inês *.*
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