ISTO É TÃO INÊS || Foco

No ano passado, debrucei-me muito sobre tentar ser uma pessoa presente e vivê-lo dessa forma. Não é nada fácil ter foco, especialmente quando começo a aliar a ausência de foco com a ansiedade. Mas preciso, não só porque é um trabalho muito importante para a minha maturidade como também me permite ser uma pessoa muito mais presente e completa em todos os acontecimentos, o que não só é mais saudável para mim como para os outros.

Há muito que já faço este exercício e quero manter o comportamento, em 2018 e nos anos que virão. As bolinhas cheias de números das notificações já não me incomodam, o meu coração não fica apertado quando não respondo, no mesmo segundo, a um e-mail ou a uma mensagem porque sei que vou responder. Não me preocupo em abrir mensagens e que apareça o 'Visto' porque não estou a ignorar nada e porque ninguém fica sem uma resposta minha, se o assunto é relevante. Guardo o telemóvel na mala durante uma conversa na esplanada, um workshop ou palestra na certeza de que o mundo não acaba por não ter atendido a chamada, no momento. 

Ausência de foco não tem de ser extrapolada para ausência de organização, e cada vez mais confio em mim e na minha capacidade para memorizar compromissos — ou registá-los —. Se não respondi, no preciso momento, a um e-mail ou a uma qualquer mensagem, sei que naquele momento não estou com a disposição ou foco suficientes para me debruçar sobre o assunto (seja ele leve ou mais complexo). Prefiro demorar a responder, na certeza de que estou a tornar-me disponível a 100% à conversa do que fingir uma atenção que não lhes pertence por estar a distribuir o foco em dezenas de assuntos que mereciam mais da minha parte. O que quer que exista para eu saber e resolver, continua a existir algum tempo depois, mesmo que a minha cabeça queira insistir no contrário.

Seja que tarefa ou acontecimento que esteja a viver — limpezas, cozinhar, ler, conversar, trabalhar, aprender — faço questão de estar lá. De corpo e mente. Nunca me suportei por, algumas vezes, estar presente apenas em corpo e deixar a mente voar para assuntos dos quais, naquele momento, não posso, não preciso ou não tenho urgência em tratar. E desde que me tenho esforçado para ser uma pessoa mais focada, sou uma pessoa mais tranquila e feliz, também. Porque sinto que fico ansiosa nas ocasiões em que a ansiedade e a preocupação são válidas e não deixo que, em outras ocasiões, me perturbem, desconcentrem ou me impeçam de viver o agora.

Vivemos num mundo que se comporta como se tudo fosse acabar amanhã e em que somos incapazes de estabelecer certas prioridades ou de interpretar os casos de formas menos extremas como "de vida ou de morte". Muito por culpa da nossa fisiologia. Mas podemos contrariar da forma que mais está ao nosso alcance e confiarmos mais na nossa capacidade para sermos responsáveis, presentes e sensatos. Estou farta de sofrer em dobro.

3 comentários

  1. Também trabalho muito neste aspecto interior. Apesar de nunca ter tido o hábito de estar com o telemóvel em cima da mesa na presença de outras pessoas, a verdade é que não precisava dele para me ausentar daqueles momentos que tinham tudo para ser felizes.
    Como tu, atrevo-me a dizer, vivia com ansiedade e desfoco em demasiada sintonia... o que criava uma falta GIGANTE de sintonia interior.
    Para contrariar isto, comecei a fazer aquilo que referes, a ausentar-me do stress e da correria que está a ocorrer atrás de mim e a investir o tempo na pessoa, no grupo, na actividade ou no descanso em que estou e me comprometi a estar presente.
    Uma das coisas que me dizem com mais regularidade - e é bom reconhecermos estes elogios! - é que é bom falar comigo, porque, eu estou mesmo lá, a olhar as pessoas nos olhos, a ouvir cada nota de música, a rir com cada detalhe do filme, a absorver todas as palavras.
    Isto deixa-me mesmo feliz, pois, apesar de nem sempre conseguir focar-me em mim, ao menos, consigo focar o meu tempo naquilo em que estou. Compreendes?
    Deixa-me feliz que estejas a ser bem sucedida neste desafio. A sério, Nês.💫🍀

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  2. Mas Inês, acabaste de descrever parte da minha filosofia de vida! Aproveito para acrescentar que também alio o pensamento "Se for para fazer mal e sem vontade, não faço" a tudo o que aqui exploras!

    LYNE, IMPERIUM

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