domingo, 30 de julho de 2017
É tão belo e familiar quando nos encontramos nos outros e no mundo. Não no sentido de nos apropriarmos de algo ou alguém, mas no sentido de nos vermos ali, reflectidos, tão nós. Tão Inês. Quando me vejo numa citação do meu livro preferido, na letra das músicas que oiço. Nos sons graves das cordas do violino e nos raios de luz dourados ao final do dia.
Quando me encontro nos meus sabores preferidos, na frescura dos gelados, no aconchego da sopa, do tempero das comidas. Quando vejo o meu trejeito a sorrir no rosto de alguém e os olhos a brilhar da mesma forma. Quando vejo a minha expressão de sempre sair espontaneamente dos lábios de um amigo. Quando o amarelo do girassol me recorda dos meus cabelos loiros a brilhar ao sol e as rosas vermelhas do meu rubor constante em elogios sinceros.
Quando me encontro num personagem de um filme e nas ondas do mar. Na gargalhada das pessoas que gosto, na peculiaridade do Earl Grey Tea com leite que bebo, todas as manhãs. Nas constelações que observo da janela panorâmica do carro, num céu com sardas iguais às minhas. Eu encontro-me no calor do verão e no nublado do outono. Ou quando me sinto espelhada num quadro de um pintor que nunca soube quem era. No som do piano com as luzes de Natal, no inverno.
Encontro-me nos abraços que recebo de quem conhece o meu coração a microscópio. E encontro-me nos poemas sobre o amor - aos outros e a nós próprios. Na frescura de um mergulho de piscina de manhã. Na postura a ouvir da minha mãe. Nas músicas de jazz que escuto num café. Nos temas de conversa que me desafiam.
É uma sensação quentinha, que me aconchega por dentro. Quando nos reconhecemos nos outros, nas coisas, nas sensações, reconhecemos quem somos também. Eu encontro a Inês em qualquer lugar e em qualquer detalhe, se ela lá estiver. Eu conheço-a. E a verdade é que nos adaptamos ao mundo nas suas mais inesperadas e intrigantes características, mas quão belo é saber que uma parte ínfima do mundo tem a cortesia de, também ele, se adaptar a nós?
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Ellen tem 20 anos e sofre de anorexia nervosa. Depois de inúmeras tentativas falhadas e expulsões em clínicas, a madrasta decide fazer uma última tentativa e consultar um médico com ideias de tratamento pouco convencionais e que desafiam a jovem a ver a vida além da doença.
Não estaria a falar sobre este filme se fosse mais um sobre anorexia. Não há tema mais saturado que este, seja em filmes, séries, novelas, trabalhos de grupo da escola. Já toda a gente (diz que) sabe o que é e quais são os sinais. To The Bone apresenta-nos a anorexia - e, por conseguinte, o seu tratamento - de uma forma completamente nova e muito desconhecida para os leigos da área da nutrição e da psicologia. Toca em vertentes da doença que raramente são falados nos meios comuns que acima referi. Mostra-nos vários tipos de pessoas que sofrem de anorexia e com fisionomias, géneros, e backgrounds familiares diferentes e eu acho isso muito interessante.
O tema é pesado, mas o filme é muito leve, jovem - como o seu elenco - e com muitos laivos de comédia, que aligeiram um tema cada vez mais urgente. Apesar de ser da área de nutrição, sou muito pouco fundamentalista em relação a tudo, inclusive no respectivo tratamento das pessoas, e gostei muito de ver a abordagem deste médico para o tratamento da anorexia - embora, em Portugal, fosse completamente irreal porque iria ser devorado por todas as Ordens possíveis e imaginárias -. Ainda assim, os seus métodos de diálogo com os pacientes, os exercícios que propunha, os desafios que lhes apresentava foram muito importantes para me enriquecerem profissionalmente. Só por este detalhe, eu recomendo imenso este filme a todos os meus colegas de nutrição e - muito importante - psicologia.
Um outro pormenor que me surpreendeu imenso foi descobrir que a própria protagonista do filme, Lily Collins, já sofreu de distúrbios alimentares. E só por esse facto eu admiro-a muito por ter aceite participar num desafio tão grande como este e fazer um retrato tão real da doença. Acredito que não tenha sido fácil.
To The Bone é um filme leve que retrata a anorexia tal como ela é, em todos os seus espectros: uma doença mental. Actual, envolvente e que nos coloca a reflectir sobre a imagem que temos do nosso corpo e sobre o quão complexa é esta doença - embora os vossos trabalhos de 8º ano e seguintes dêem a entender que não -.
Recomendo a toda a gente. Toda a gente. Precisamos de mais filmes assim, que nos dêem um choque. E para os meus parceiros de nutrição e psicologia, é obrigatório.
quarta-feira, 26 de julho de 2017
Descobri esta exposição há muitos anos, numa foto do Tumblr, e fiquei deslumbrada com a ideia. Mal sabia eu que, anos depois, este conceito iria chegar a Lisboa: o Van Gogh Alive.
Van Gogh Alive é, na minha opinião, uma forma muito interessante e diferente de conhecer um dos artistas mais icónicos do mundo; é uma exposição repleta de telas em toda a sala - nas paredes, no chão, no tecto - que projectam todas as suas obras principais, seccionadas por época, local e temáticas.
É muito importante recomendar-vos que não tenham expectativas megalómanas em relação ao lugar da exposição: é composta por uma única sala, sem alas, corredores, secções ou andares. É apenas uma enorme sala aberta com todas as telas estrategicamente colocadas para, num só olhar, conseguirmos abranger todo o espaço e observarmos todas as obras projectadas.
Existem aqui vários pormenores que diferem esta exposição de um museu; a principal é a ausência de originais; a exposição não contém qualquer tipo de quadros ou obras, é única e exclusivamente composta por telas gigantes. No entanto, não deixa de ser verdadeiramente interessante conseguirmos visualizar uma pintura numa projecção tão grande e tão próxima do nosso olhar; os padrões ganham uma nova perspectiva e podemos reparar em pormenores que iriam passar ao lado no quadro, a uma distância segura imposta pelos museus.
Um outro ponto que considero que difere, é que esta exposição é muito sensorial; a sala enche-se com inúmeras composições clássicas famosas, escolhidas a dedo para cada temática e que se fundem em harmonia com a projecção das obras; no cimo da parede, encontram as citações mais inspiradoras de Van Gogh, que nos fazem reflectir enquanto observamos com tanto pormenor cada pincelada; a sala negra fica repleta de cores. Esta é uma forma de ver e sentir a arte que puxa muito aos nossos sentidos, e foi um dos pormenores que mais gostei.
O último ponto que difere de um museu é a sua informalidade, que torna a sala tão agradável. O chão é todo alcatifado para que nos possamos sentar em qualquer lugar, a sala está repleta de puffs que podemos transportar para onde quisermos e apreciarmos as obras de uma forma descontraída, podemos tirar fotografias, andar de mochila e tocar em todas as telas. Este último pormenor é a chave d'ouro para os mais pequenos, que deliram com a possibilidade de andarem por cima das telas e tocarem nas estrelas pintadas em movimento. Esta interacção atraí a sua atenção e fá-los conhecer o artista de uma forma mais divertida.
Esta experiência foi quase terapêutica; foi verdadeiramente relaxante ouvir as composições sentada no puff, lendo as citações e observando os quadros, fazendo um ou outro comentário. A sala era relaxante, acolhedora e inspiradora, o que inevitavelmente fez com que me conseguisse concentrar em absoluto para conhecer este artista tão sensível e conturbado. Senti muito facilmente uma ligação com Van Gogh - que não tinha, ele não é dos meus pintores preferidos, embora admire profundamente a sua técnica -.
Foi também um privilégio ver que algumas das obras projectadas eu já tinha visto ao vivo e podia, agora, observá-las numa nova roupagem.
O único ponto que me desagradou bastante foi o preço absurdo cobrado pela exposição. Pagámos 10,50€ pelo bilhete estudante e, para o conceito e dimensão da exposição, achei que o preço ia muito além do exagero, o que é uma pena porque acho que esta seria a forma ideal de muitas pessoas, que não têm possibilidade de ir a Amesterdão, Paris, Madrid ou Nova Iorque, poderem conhecer Van Gogh e as suas obras. Mas é este o "preço a pagar" para quem gosta de viver experiências culturais estimulantes. Para crianças dos 6 aos 12 anos, o bilhete custa 9,50€, o preço de adulto é 12€ e maiores de 65 anos custa 11€. No entanto, existem ainda alguns packs de família que podem consultar.
Está recomendadíssimo para quem adora arte e cultura, no geral. É uma experiência de enormíssima beleza e tranquilidade.
domingo, 23 de julho de 2017
Já vos apresentei o melhor lugar em Cuba para beber mojitos. Agora apresento-vos o melhor lugar em Cuba para beber daiquiris, El Floridita, também conhecido como "o berço dos daiquiris". Localizado em Havana Velha, a par do Bodeguita, este restaurante/bar tem uma fachada e uma decoração mais cuidada, evocando o estilo colonial e tornando-se, assim, num espaço mais sofisticado que o Bodeguita.
El Floridita também foi um bar muito frequentado por Hemingway, que inspirou a criação de um daiquiri especial, Pagluchi, que ainda hoje podem pedir. Além das mais variadas bebidas, podem também optar por um jantar mais luxuoso no salão de refeições e desfrutar do marisco.
Este é um espaço altamente turístico que, a par do Bodeguita, devem visitar, mesmo que não sejam apreciadores de bebidas alcoólicas. As heranças fotográficas e arquitectónicas, a beleza do salão e a animação constantemente garantida por artistas que vão tocar no interior do bar valem a pena e fazem os nossos olhos brilharem. No entanto, tenho um grande conselho para partilhar com vocês: a não ser que venham para fazer refeições, não apostem no Floridita para fazer uma paragem para descansar, uma vez que o salão é grande mas também está constantemente cheio. As mesas lotadas combinam com os balcões apinhados e com os turistas mais descarados que propositadamente ficam próximos das cadeiras, pressionando os que lá estão sentados a sair. O interior pode ser um pouco caótico e nada convidativo para dar descanso às pernas mas a animação de Havana é contagiante e, se tiverem um laivo pequeno de sorte como eu tive, ainda encontram uma mesa vazia para desfrutar do violinista que estava a tocar e encontram um cartão de wi-fi perdido e que ainda tinha minutos disponíveis. Não bebi daiquiris, mas fiquei muito fã do lugar!
quinta-feira, 20 de julho de 2017
Já não é segredo nenhum para vocês que eu sou uma curiosa com tudo e mais alguma coisa. Gosto de aprender assuntos novos e, entre eles, estão as línguas. Foi através dessa curiosidade que descobri, há um ano, esta app que, desde então, nunca mais saiu do meu telemóvel: a Duolingo.
A Duolingo é uma aplicação para aprender dezenas de idiomas e foi de tal forma um conceito de sucesso que recebeu, inclusive, o prémio de melhor aplicação de iPhone do ano, pela Apple. O seu maior segredo para ser um fenómeno é mesmo a funcionalidade: é prática, intuitiva, bem organizada e trabalha as quatro competências principais na aprendizagem de uma língua - a leitura, audição, escrita e a fala.
Após escolherem a língua que desejam aprender, a página divide-se em separadores que reúnem uma série de unidades como o básico, frases, animais, comida, família, conjunções, etc. À medida que vão completando todas as unidades (ficam com o símbolo a dourado, como o "Basics", na imagem), novos separadores são desbloqueados, cada vez mais complexos e com sintaxes mais articuladas para trabalharem. Dentro das unidades têm aulas, onde praticam. Nenhuma aula dura mais do que dois minutos e isso é fantástico porque podem reservar pouco tempo do vosso dia para aprenderem algo novo. As aulas são constituídas por jogos e exercícios onde vocês vão aprendendo, por exemplo, através de imagens, preencher espaços, traduzir frases, escrever frases ditadas, repetir pelo microfone citações... Tudo isto sempre com a ajuda de uma narradora que vos ajuda a perceber como é a fonética das palavras ou como articulá-las. A aplicação identifica também quais os exercícios onde erraram e insiste mais nesses para que a retenção da aula seja melhor. Tudo de uma forma muito rápida.
Cada unidade tem um nível de domínio, que vai decrescendo ao fim de alguns dias. Isso obriga-vos a regressar a essa unidade para fazerem uma aula de revisão com o objectivo de repor o nível máximo de domínio. Esta funcionalidade permite que estejam constantemente a rever tudo, tornando a aprendizagem e processo de memorização muito mais completos.
Os cursos para aprendizes cuja a língua materna é o português são poucos. Só existe Alemão, Inglês, Espanhol e Francês. Já para os que têm como língua materna o inglês, a opção é de perder de vista, desde Japonês, Italiano, Dinamarquês, Turco, Russo... Se já são fluentes no inglês, é uma excelente opção para alargarem conhecimentos!
Eu escolhi aprender Alemão e quero focar-me numa língua de cada vez, porque quero aprender mesmo, não o faço por curiosidade leviana. A próxima língua que gostava aprender é o Japonês, que sempre tive muita curiosidade. A aplicação é fantástica para terem um primeiro contacto com a língua que querem aprender e, se querem esforçar-se mesmo para aprender, conseguem-no. Eu não compreendia absolutamente nada em Alemão e a verdade é que já consegui ter um diálogo nesta língua, portanto, estou muito contente com o meu empenho em aprender, de verdade. É sempre uma mais valia.
A vantagem é que a app é gratuita e isso é espectacular porque torna-se numa porta aberta para aprenderem mais. Gratuita, com aulas rápidas e bons exercícios. É quase perfeita.
Já conheciam? Que língua gostavam de aprender?
quarta-feira, 19 de julho de 2017
Cruzei-me com o Unsent Project no Tumblr, há muitos anos, mas perdi-lhe o rasto quando troquei de conta. Agora, há uns meses, reencontrei-o através da página de Instagram da criadora, Rora, @rorablue.
A ideia de Rora era criar um projecto onde as pessoas pudessem escrever aquela mensagem aquela pessoa que nunca enviariam. Através de um e-mail - disponível no perfil de Instagram e para onde vocês também podem enviar, se assim o desejarem -, os participantes escrevem a mensagem que gostariam de ter a coragem de enviar, o nome do destinatário e têm de dizer qual é a cor que lhes surge na mente quando pensam no amor. Depois, Rora faz a magia e transforma estes e-mails em verdadeiras sms à moda antiga, com a respectiva cor que o autor do e-mail lhe referiu.
O projecto foi um fenómeno e já teve direito, inclusive, a exposições. O efeito é surpreendente, em todas as vertentes, a começar pelas inúmeras cores que as pessoas imaginam quando pensam no amor. É curioso como as mensagens mais apaixonadas e felizes apresentam cores mais alegres e as mais magoadas e tristes cores mais neutras e escuras, embora esta não seja uma regra. Rora já referiu que a cor mais vezes referida é o azul.
Encontram de tudo, desde verdadeiras declarações bonitas em curtas palavras, a mensagens repletas de dor e desgosto. Metafóricas, românticas, bastante explícitas ou cheias de raiva. Com o destinatário em nome completo e em abreviatura. Às vezes acontece Rora receber duas mensagens em que os remetentes e os destinatários têm nomes iguais e mensagens que fazem muito sentido uma com a outra e a criadora junta-as numa montagem e questiona na descrição se serão mensagens de um para o outro ou uma (in)feliz coincidência.
No final, aquilo que torna este projecto um sucesso e tão poético é que as mensagens, por mais diferentes e versáteis que sejam, são muito genuínas e humanas. Sabemos que são escritas com o coração na ponta dos dedos e nunca conseguimos ficar indiferentes a cada uma que aparece. Mexem sempre connosco, pelas mais diversas razões. Deixo-vos aqui algumas das minhas preferidas:
Já conheciam? Ficaram tão rendidos como eu fiquei?
terça-feira, 18 de julho de 2017
No ano passado, declarei o desaparecimento do meu primeiro volume de Harry Potter. Revirei a casa inteira e nenhum sinal dele. Fiquei desolada porque tenho uma enorme estima por esse livro, que abriu as portas a um mundo que adoro. Ainda vou encontrá-lo - porque não está emprestado, logo, tem de estar em algum lugar muito secreto -, porém, parece que fez de propósito, uma vez que, quase um ano depois, anunciaram as edições especiais de celebração dos 20 anos de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Uma vez que tenho muitos fãs da saga que também são meus leitores e porque estas edições despertaram a curiosidade de todos os Potterheads, achei pertinente dar-vos a minha opinião sobre a edição e relatar-vos um pouco do que podem encontrar - sem fotografias para o interior do livro porque acho que iria perder a magia de o desfolharem pela primeira vez -.
Existem duas edições especiais de comemoração de Harry Potter e a Pedra Filosofal, mas ambas são alusivas às casas de Hogwarts; uma edição é composta por capas inteiramente coloridas com as cores principais de cada casa - o que não me deslumbrou, uma vez que achei as cores demasiado enjoativas e garridas - e a edição de capa preta com os detalhes da cor de cada casa - a que eu escolhi.
A minha edição recaiu, claro, na capa alusiva à minha casa no Pottermore, Ravenclaw. Todas as edições incluem o brasão, cor, fantasma e detalhes das respectivas casas. Como a minha é, como já referido, dos Ravenclaw, é sobre essa que me vou debruçar para apresentar o livro.
A capa é absolutamente deslumbrante, num azul eléctrico quase roxo, com relevo. À frente tem o brasão dos Ravenclaw e as três características principais de um aluno pertencente a essa casa. Na contra capa têm a Dama Cinzenta, o fantasma da minha casa. O livro é de capa dura e, se retirarem a sobrecapa, encontram uma encadernação preta com a mesma textura das edições mais recentes alusivas a Harry Potter (o Cursed Child e o guião de Animais Fantásticos). As laterais das páginas estão pintadas com as cores da casa, no padrão alusivo dos cachecóis.
Sobre a história em si do livro, vocês já conhecem. Mas o interior do livro não é só composto pela Pedra Filosofal. Inclui uma breve introdução da casa, numa mensagem de boas vindas, e tem ilustrações lindíssimas de Rowena Ravenclaw, Filius Flitwick, da entrada na Sala Comum e um mapa de Hogwarts. Incluí também uma especial referência à fundadora dos Ravenclaw e aos personagens mais emblemáticos pertencentes à casa. Explica o brasão, presenteia-nos com um quiz sobre a saga, descreve-nos o interior dos dormitórios e conta também com algumas curiosidades inéditas (houve uma que não fazia ideia e fiquei muito maravilhada - e não, não é a da Murta Queixosa, que partilhei no meu Twitter -). Todos os pormenores e detalhes são apresentados com o maior cuidado.
Assim é a edição dos Ravenclaw mas poderão extrapolar exactamente os mesmos extras adaptados às respectivas casas. É, sem dúvida, uma edição especial de coleccionador ou de um verdadeiro fã da saga, que queira descobrir mais conteúdo, especialmente da casa a que pertence. Para mim, foi uma boa oportunidade para voltar a ter o primeiro volume nas mãos (embora não tenha desistido do outro e jamais vá desistir, afinal de contas, foi o meu primeiro livro e tenho muita estima por ele) e de poder ter uma edição bonita na minha estante. Sou muito adepta de livros com encadernações e detalhes bonitos e, a juntar os extras, fiquei radiante por ter esta edição nas mãos. Ainda mais especial por ser o primeiro livro de Harry Potter. Ainda não existem edições traduzidas nem está previsto de que venham a existir.
É uma edição perfeita para grandes fãs ou para quem tem uma imensa curiosidade acerca da casa a que pertence. Eu fiquei deliciada e nem consigo acreditar que tenho um livro assim nas minhas mãos. Excepcional!
Autora: J. K. Rowling
Número de Páginas: 350
Disponível na WOOK (ao comprares o livro através deste link, estás a contribuir para o crescimento do Bobby Pins)
Autora: J. K. Rowling
Número de Páginas: 350
Disponível na WOOK (ao comprares o livro através deste link, estás a contribuir para o crescimento do Bobby Pins)
segunda-feira, 17 de julho de 2017
Afinal, até que ponto podemos alegar que é inspiração quando a ideia que apresentamos no nosso blog é integralmente igual à ideia retirada da blogger por quem nos inspirámos? Até que ponto é ético (ou legal, em muitos casos) justificar a cópia de uma ideia alegando inspiração? Pode a inspiração "perdoar" um plágio?
Inspiração, para mim, é um gatilho para fazer algo que transcenda a ideia que me inspirou. São pequenos estímulos do meu dia-a-dia - que não aparecem só na Blogosfera - e que despertam uma ideia que, talvez sem o estímulo, demoraria a aparecer. Inspiração não pode implicar apropriação. Tem de envolver um twist pessoal. É gostar da ideia quase toda de alguém mas ver que há detalhes que podiam mudar e fazê-lo, apostando em algo completamente diferente - original e vosso - mas cujo gatilho foi de outra pessoa. Fazer uma publicação com conclusões absolutamente iguais à pessoa que leram sem a creditarem, não é inspiração, para mim.
Plágio é a apropriação total ou parcial de uma ideia de outra pessoa, mas que alegamos ser nossa. E só esta frase despoleta em mim várias reflexões sobre o que encontro na Blogosfera - e não só, mas é sobre este núcleo que desejo falar -. Se um blogger inicia um projecto e vocês decidem fazer um igual sem a autorização ou creditação do blogger que teve a ideia, estão a plagiar. Se escrevem uma publicação que está igual na íntegra a outro blogger e não lho deram o devido crédito, estão a plagiar. Não "decidiram". Não se "inspiraram". Plagiaram. Infelizmente, o plágio na Blogosfera é absolutamente mascarado que nem alunos de faculdade a copiar o trabalho do melhor aluno mudando algumas frases para "o professor não perceber". Mas o professor percebe sempre, tal como os leitores; não estão a plagiar, de facto (a não ser que seja um projecto. Aí, nem mudando todas as frases conseguem tornar isso legal, porque o núcleo da ideia é precisamente o mesmo) mas não é uma inspiração, de todo.
É sempre um debate interessante e que eu creio que a resolução deste problema seja irreal. Nunca vai haver uma Polícia do Plágio Mascarado na Blogosfera. Nem sequer do plágio descarado. Mas sem dúvida que há a consciência e a moralidade, que nem todos a têm, certíssimo, mas que vale sempre a pena relembrar, nestas ocasiões tão impertinentes. Sentem-se melhores por fazerem precisamente a mesma coisa que um outro blogger, ipsis verbis? Onde estão os vossos valores, enquanto autores, quando escrevem algo completamente igual a outra pessoa?
Eu sei. Os argumentos "já tinha escrito antes e ela publicou primeiro", "eu não conhecia esse projecto antes de começar o meu" e "eu tenho a mesma opinião que ela, não significa que esteja a plagiá-la" existem e são todos legítimos. Mas para o primeiro, é como tudo na arte: podias ter feito e publicado, mas não o fizeste. E a outra pessoa fica com o total direito de reclamar a originalidade, sem nada de errado ter feito. Era o mesmo que dizerem que já tinham escrito Harry Potter antes da J. K. Rowling, mas que ela o tinha publicado primeiro. Quanto ao segundo, será sempre dúbio se os teus leitores souberem que já conheces o blogger da ideia original e muito chato de provar quando a ideia vem depois da original. Mas pode ser uma justificação genuína, sem dúvida. E é cada vez mais difícil determinar de onde surgiu a ideia original de certas publicações ou projectos mas, nesse caso, o importante é não nos declararmos como donos de uma ideia só porque não temos certezas de a quem realmente pertence. E o terceiro, é um facto. Não existem muitas opiniões originais e sem dúvida que a citação é absolutamente correcta. Caso contrário, os nossos leitores não se identificariam com o que dizemos nem iam sentir que lhes "lemos a mente". Estes fenómenos maravilhosos só acontecem por termos opiniões e sensações convergentes. Mas, embora a opinião partilhada não seja uma ciência exacta, os comportamentos e estilos são sempre facilmente detectáveis e ninguém lê uma publicação de olhos vendados. No final de contas, temos garantidamente uma certeza: o que faz nascer as ideias, nunca pára de se surpreender com a sua criatividade e desafia-se a si próprio a cada projecto novo e isso é um poder raro e extraordinário. Na impossibilidade de haver uma solução eficaz e de confiança, cabe a nós escrever com o coração numa mão e os princípios na outra.
sábado, 15 de julho de 2017
Foram quatro anos a sonhar com este momento e o meu coração disparou quando vi o bilhete nas minhas mãos; finalmente ia assistir a London Grammar ao vivo, no segundo dia do festival Super Bock Super Rock. Depois de já ter experimentado os ambientes do Rock In Rio e do NOS Alive, este seria uma estreia.
Sobre a organização, não tenho absolutamente nada a apontar, muito pelo contrário: não apanhei uma única fila, não esperei por nada e sempre me orientaram muito bem quando necessitava de ajuda. Mas este pormenor pode ser pouco representativo, uma vez que só fiz questão de ir para o recinto poucas horas antes do concerto.
Ainda não sei se gostei ou não do facto do palco principal se localizar no MEO Arena. Por um lado, há lugares para todos os gostos (até podemos assistir aos concertos nos balcões sentados) e garante uma boa visibilidade para o palco, por outro, o calor fica insuportável. A vantagem de festivais ao ar livre é que o calor humano vai-se controlando com a brisa fresca de Verão, que torna a experiência menos claustrofóbica.
O MEO Arena nem encheu metade e tive uma facilidade tremenda em ficar na fila da frente, sem empurrões, apertos ou sufocos. Estava perfeitamente livre para dançar, movimentar e tirar fotografias sem perturbar o espaço dos outros mas acredito que só tenha acontecido porque havia muito pouca gente.
Assim que Hey Now começou a tocar, dei pulos de alegria. Para mim, parece um sonho. É quase irreal saber que estive num lugar privilegiadíssimo a ouvir a voz angelical - porém poderosa - de Hannah e a cantar todas as letras de cor. A sua voz não decepciona nem por um segundo e tem tanta qualidade como a sua voz de estúdio; sem desafinar ou descontrolar-se, a vocalista de London Grammar deixou-me de lágrimas nos olhos com o seu singelo a capella Rooting For You e com o refrão de Strong, que protagonizou cheia de sorrisos.
É tão especial quando vemos os artistas que admiramos tão perto de nós a garantir um espectáculo cheio de qualidade só para o seu público... Senti-me encantada, arrepiada e a ver um sonho tornado realidade. Estas memórias, já ninguém mas tira. Sinto-me tão grata pelo momento que se proporcionou.
O único pormenor lamentável foi a completa ausência de educação por parte da restante plateia, que não estava, de todo, a aguardar por London Grammar. Os gostos não se discutem, mas é importante respeitarmos não só os artistas que estão em palco como também as pessoas que querem, de verdade, desfrutar do concerto - mesmo que não compreendam como alguém pode gostar do grupo -. Infelizmente só revela que cada vez mais as pessoas não compreendem o propósito de um festival de música nem se sabem comportar para o evento. A culpa não recai apenas no público mas também na ausência de cadência do cartaz, um comentário que já não é original nas minhas publicações sobre festivais. Não me choca colocarem estilos diferentes no mesmo dia de cartaz (ou não fosse eu uma defensora da pluralidade, afinal de contas, eu gosto de London Grammar e Future, por exemplo) mas é importante que um dia de cartaz seja composto por actuações que aumentem gradualmente o ambiente. Um artista ou banda tem sempre de preparar ainda mais o ambiente para o seguinte; um exemplo de artistas de estilos completamente opostos que fizeram isso com sucesso, e bem recentemente, são The xx. The xx está para The Weeknd como um pónei para uma torradeira, mas prepararam muito bem o ambiente para a cabeça de cartaz. London Grammar é intimista, o grupo é tímido e não pode anteceder um espectáculo de hip hop. Estariam perfeitos num palco Heineken ou no seu próprio espectáculo. Este é um erro que o festival vai ter de contornar (como já muitos outros fizeram).
Mas nem isso conseguiu incomodar sequer a minha noite. Fui tão feliz, senti-me tão plena a cantar com uma banda que eu acompanho com tanto carinho há tantos anos. Saí do Parque das Nações com o coração a transbordar, os olhos húmidos e um sorriso no rosto. Que privilégio foi ter vivido aquele momento. Só consigo sentir gratidão.
segunda-feira, 10 de julho de 2017
Depois de 2011, 2014 e 2015, em Novembro, estava mais que decidida a regressar ao NOS Alive, desta vez com os olhos apontados para Foo Fighters. Não que os outros artistas não me interessassem também - apelavam e muito - mas já tinha deixado fugir Foo Fighters em 2011 e queria dar-lhes prioridade. Aliás, a ideia de ir a mais do que um dia de festival nem passava pela minha cabeça, portanto, o plano era oferecer o bilhete para o dia 7 de Julho e ir com o Diogo - já que é a sua banda preferida e ele queria voltar a vê-los -. Até que, no Natal, ele ofereceu-me o passe e todo um arco-íris musical reluziu por cima de mim. Lá fui eu, pela primeira vez, a mais do que um dia de festival.
Esta não vai ser uma publicação com crítica musical porque o que não falta neste momento são artigos e colunas inteiramente dedicadas a escrutinar cada actuação do NOS Alive. Quero simplesmente relatar-vos a minha experiência e vou partilhar convosco quais foram as minhas actuações preferidas, por ordem de actuação.
alt-J
Há muitos momentos na nossa vida em que nos sentimos com o coração a transbordar, uma alegria imensa que não cabe dentro de nós. Poder dizer que já vi alt-J duas vezes ao vivo é uma delas. Quando ouvi os acordes iniciais, entrei em êxtase. Embora tenha gostado mais do concerto de 2015, não deixei de ficar com um sorriso no rosto durante toda a actuação e de me arrepiar a cantar Nara ao lado de milhares de pessoas.
Phoenix
Tenho de vos confessar isto: sou fã de Phoenix há anos, mas nunca tinha visto qualquer fotografia dos membros da banda. Eu sou muito assim, descubro artistas mas pouco me importa quem são fisicamente, o que fazem das suas vidas para lá da música. Limito-me a viciar no repertório. E eu sempre imaginei que a banda era um grupo de adolescentes loucos. Conseguem imaginar a minha cara quando entra o vocalista, nada adolescente com uma camisa de turista inglês no Algarve? Foi hilariante.
Embora algumas músicas tivessem um refrão entusiasticamente cantado pelo público, eu percebi que, ao meu redor, ninguém conhecia Phoenix. Só eu cantava as letras todas e vibrava, o que me deixou um pouco desconsolada. Mas foram uma banda de tirar o chapéu porque, embora não fossem, de todo, os favoritos, conquistaram o público à sua volta e deram um concerto maravilhoso, cheio de energia, com direito a moche, danças extravagantes e muita alegria. Ninguém se sentou ou ficou indiferente (como aconteceu com Interpol, em 2014 - trágico -). O meu coração disparou quando tocaram a Rome, a minha preferida. Foram maravilhosos.
The xx
O concerto que leva o segundo lugar do pódio. Confesso que estava um pouco apreensiva com a escolha do palco principal para uma banda tão intimista como The xx. O mesmo sempre achei para alt-J, Ben Howard... Até agora, estes últimos tinham comprovado a minha teoria. Até que o trio maravilha apresenta-se em palco com uma presença inabalável e um carisma surpreendente. É surpreendente porque é The xx, sempre foram tímidos, bem recatados... E conquistaram um público que já estava apenas a guardar lugar para The Weeknd. Uma das particularidades que mais me impressionou, durante todo o festival, foi a qualidade vocal dos artistas ao vivo. Raramente desafinavam e não desiludiam ao vivo. E devo dizer-vos que fiquei arrepiada ao ouvir a voz do Oliver ao vivo, perfeita, exactamente igual à voz de estúdio. Foi um concerto envolvente, cativante, com espaço para me deslumbrar a ouvir ao vivo as músicas que já oiço há anos, - especialmente quando ouvi aqueles acordes galopantes da Crystalised, que me fizeram dar pulos de alegria e entrar em êxtase - e para dançar sem parar no momento de antena de Jamie, que fez do palco principal um autêntico club cheio de misturas fantásticas e electrizantes que me fizeram fechar os olhos e dançar como se estivesse sozinha. Foram surpreendentes, muito interactivos e inesquecíveis. Agradeço todos os dias por ter tido o privilégio de estar ali, a viver aquele momento.
The Weeknd
Aquele por quem todos ansiavam, no dia 6. Sobre ele, os rumores não paravam. Acho que perdi a conta do número de vezes que ouvi "Vais ver The Weeknd? Não te enchas de esperanças, ele canta mal ao vivo". Cortaram-me o barato de tal forma que até estava com reservas nos minutos que antecediam o concerto. Reservas que foram eliminadas logo na primeira música, com um Abel cheio de presença de palco e uma energia enorme, que nos contagiava. Foi incrível dançar todas as suas músicas, especialmente a I Feel It Coming, cantar todos os refrões a plenos pulmões e vibrar com todas as canções. Só tenho imensa pena que grande parte da sua actuação tenha soado como um medley, cheio de transições inesperadas. Eu gostava que tivesse sido um concerto com uma cadência mais longa e que Abel me tivesse deixado saborear cada música até ao fim. Acabei o concerto com a sensação de que me tiraram a fatia do bolo de chocolate antes do tempo. Mas sem dúvida que adorei cada momento, surpreendi-me com a sua voz e saí desse primeiro dia com o corpo cansado, mas a alma radiante.
Foo Fighters
O melhor para o fim. O que eu mais aguardava. Aquele que eu tinha tantas expectativas e que não conseguia regrar. Estivemos o dia todo a poupar as pernas, a fazer tudo em câmara lenta para receber esta banda com a bateria cheia. E quando oiço os acordes da música de abertura, All My Life, só me lembro de olhar para o Diogo com um sorriso rasgado e os olhos a brilhar. Acho que ainda não tenho palavras para descrever o quanto eu gostei deste concerto. O concerto dos Coldplay sempre ganhou o galardão como melhor concerto da minha vida - um pódio um pouco inflamado, não fossem eles a minha banda preferida - mas, no final, tive de admitir: o concerto de Foo Fighters foi o melhor concerto de toda a minha vida.
À nossa volta, não havia grandes manifestações; as pessoas batiam palmas, erguiam os braços, abanavam levemente a cabeça, mas pouco mais. Já nós vibrámos cada segundo, pulando, cantando a plenos pulmões, batendo palmas, sorrindo. Saboreámos cada momento daquele espectáculo. E quando tocaram a These Days, a minha música preferida deles, o que nunca aconteceu concretizou-se: comecei a chorar. Cantei o refrão com a voz inflamada e os olhos marejados, sem culpa, transbordando de felicidade.
Aquilo que eu procuro quando referem "interagir com o público" foi aquilo que Dave Grohl fez na perfeição; nenhum dos elementos disse uma única vez uma palavra em português, mas comunicaram com o público como poucos artistas neste festival fizeram. O público reage sempre, comunica sempre. E as bandas que conseguem atender e compreender o seu público, não importa a língua, são as mais especiais. Aquilo que Foo Fighters fizeram chama-se música, porque comunicámos sem falar a mesma língua. Reparem que ele tocou "E salta, Dave, allez, allez" e terminou dizendo "não faço a mínima ideia do que estou a tocar". E o público explicou. Mas não importa, porque ele simplesmente atendeu ao pedido do público. Isto é música, é entreter, é comunicar, é um concerto à séria. Eu fiquei fascinada com a sua randomness, com o cuidado de apresentar todos os elementos da banda, com as suas picardias para cantarmos mais, para gritarmos, para ficarmos ali a noite toda. Eu teria ficado. No final, o Diogo disse "foi tão fixe" e eu quis responder, mas apercebi-me de que estava sem voz. Foi um concerto memorável e nem acredito que estive lá, ao vivo, a dividir cada momento.
Nunca tive grandes razões de queixa da organização e termino sempre cada NOS Alive com expectativas para o próximo. Mas este foi um dos meus anos preferidos do festival, com concertos que me surpreenderam e que vão ficar na minha memória para sempre. Sinto-me muito grata.
sábado, 1 de julho de 2017
Junho passou a voar e foi muito desafiante e surpreendente, em todos os sentidos. Foi um mês em que me senti irrequieta no bom sentido, cheia de planos e de combinações registadas na agenda, o que inevitavelmente resultou em memórias incríveis e muitas provas de que sou uma miúda corajosa - em muitas vertentes -. Entramos nos meses quentes, com o Sol a brilhar e só há luz no interior destes Favoritos. Prometo.
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